As duas testemunhas de Apocalipse 11: quem são elas e qual o seu propósito?

Você já ouviu falar das duas testemunhas mencionadas no capítulo 11 de Apocalipse? Elas são um mistério para muitos e geram muitas especulações. Mas quem são essas testemunhas e qual é o seu propósito?

Neste estudo, vamos buscar entender essa passagem bíblica para saber quem são essas figuras enigmáticas.

As duas testemunhas

O capítulo 11 do livro do Apocalipse apresenta a obra de duas pessoas notáveis que proclamarão o evangelho por 1260 dias, durante a primeira parte da Tribulação.

Chamamos esses indivíduos de “as duas testemunhas” e eles direcionam seu ministério sobrenatural a Jerusalém e à nação de Israel, fornecendo um testemunho especial do programa de juízo de Deus.

Mesmo enfrentando forte oposição dos gentios e opressão por parte de Israel durante a segunda parte da Tribulação (Ap 11:2), Deus continuará oferecendo oportunidades de arrependimento, e Sua soberania sobre a história e a natureza humana será evidente durante todo o período da Tribulação.

No Antigo Testamento, eram necessárias duas testemunhas para garantir um testemunho legal competente que levasse à condenação (Dt 17:7; 19:15; Nm 35:30). No entanto, a obra dessas duas pessoas descritas em Apocalipse 11:3 é mais profética do que processual.

As testemunhas pertencem a Deus e são mensageiros proféticos especiais vestidos de pano de saco. Sua vestimenta, que simboliza aflição, humilhação e tristeza, é um remanescente dos profetas do Antigo Testamento e indica que as testemunhas são profetas de condenação, convocando a nação de Israel ao arrependimento (veja Sl 69:11; Is 37:1-2; Dn 9:3; Jo 11:13; Jn 3:5-8).

A identidade das duas testemunhas

A identidade das duas testemunhas

Diversos estudiosos das profecias identificaram as duas testemunhas como sendo Moisés e Elias, embora outras opções também tenham sido sugeridas ao longo dos séculos.

Uma solução simples para interpretar as duas testemunhas é identificá-las como Moisés e Elias. Ambos apareceram na transfiguração de Jesus (Mt 17:3; Mc 9:4; Lc 9:30), e os sinais milagrosos que realizam (Ap 11:5-6) são semelhantes aos realizados pelos dois profetas.

Entre os pares históricos propostos pelos intérpretes, estão Enoque e Elias (por terem sido levados ao céu sem morrer), Jeremias e Elias, Tiago e João, Pedro e Paulo, dois cristãos martirizados pelo general romano Tito, e dois profetas judeus que ainda não viveram.

Alguns argumentaram que as duas testemunhas são uma mistura de figuras históricas e simbólicas.

Alguns intérpretes argumentam que as testemunhas simbolizam a Igreja, baseados na referência às testemunhas como “castiçais” em Apocalipse 11:4, e nos castiçais sendo símbolos das igrejas em 1:20. No entanto, essa interpretação presume que toda a passagem (11:3-13) seja simbólica.

Além disso, apenas indivíduos podem vestir pano de saco, e a descrição das testemunhas mostra que elas possuem poderes extraordinários e identidades específicas, semelhantes aos profetas do Antigo Testamento.

Essa interpretação simbólica também sugere que todos os crentes desta época serão martirizados.

Algumas interpretações divergem da hipótese de que as duas testemunhas sejam Moisés e Elias. Alguns argumentam que João Batista já cumpriu a profecia de Malaquias e que Moisés realmente morreu, tornando problemático o fato de morrer novamente (Ap 11:7).

Uma questão levantada é se Elias foi glorificado após ser levado ao céu em um redemoinho (2 Rs 2:11). Se isso for verdade, como ele poderia voltar à terra em um corpo físico, mortal e morrer novamente?

Moisés e Elias como a escolha mais apropriada

Moisés é uma escolha melhor do que Enoque como a outra testemunha, porque Enoque não seria um companheiro de testemunho apropriado com Elias em um ministério profético voltado exclusivamente para Israel.

Portanto, é possível que Moisés e Elias sejam as duas testemunhas mencionadas em Apocalipse 11, e que juntos representem a Lei e os Profetas do Antigo Testamento. Moisés representaria a Lei, enquanto Elias representaria os profetas, e ambos teriam a função de testemunhar a mensagem de Deus para Israel antes do retorno de Jesus Cristo.

Em resumo, embora existam outras opções sugeridas, a identificação das duas testemunhas como Moisés e Elias é a mais popular entre os estudiosos das profecias. No entanto, algumas questões ainda são levantadas sobre a identidade dessas testemunhas e a natureza de sua missão, e algumas interpretações simbólicas também foram propostas.

O ministério das duas testemunhas

As duas testemunhas terão um ministério que envolve pregação, profecias e milagres, chamando as pessoas ao arrependimento e anunciando a chegada do reino de Deus. Elas encorajarão a fidelidade a Deus, assim como Zorobabel e Josué procuraram restaurar Israel à sua terra.

Apocalipse 11:4 as descreve como “as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Deus da terra”, referindo-se a Zacarias 4:3, 11, 14, em que Zorobabel e Josué são retratados como luz para Israel, movidos pelo poder do Espírito Santo.

Deus protegerá as duas testemunhas daqueles que tentarem prejudicá-las antes que sua missão esteja concluída.

Apocalipse 11:5-6 registra os poderes milagrosos que as testemunhas terão e declara que aqueles que tentarem prejudicá-las serão destruídos pelo fogo, assim como Elias fez descer fogo do céu em duas ocasiões quando soldados tentaram aprisioná-lo (2 Reis 1). De maneira similar, os idólatras e inimigos de Moisés foram destruídos pelo fogo (Nm 16:35).

A morte e ressurreição

De acordo com um decreto divino, o ministério das testemunhas terá a duração de 1260 dias. Durante três anos e meio, elas ministrarão em Jerusalém, conhecida como a “grande cidade… onde o seu Senhor também foi crucificado” (Apocalipse 11:8), sem sofrerem qualquer mal.

No final deste período, Deus removerá sua proteção especial e a Besta as matará. Ela “fará guerra” contra elas (Apocalipse 11.7), uma expressão que remete a Daniel 7:21 e prenuncia Apocalipse 13:7. Durante este período, Jerusalém será semelhante, espiritualmente, a Sodoma e ao Egito, indicando uma completa degradação moral e espiritual, com total antagonismo em relação a Deus e ao Seu povo.

Segundo Apocalipse 11:9, os corpos das duas testemunhas não serão sepultados, ficando pelas ruas de Jerusalém durante três dias e meio, como um espetáculo para que todos possam vê-los. Este era um dos piores modos de desonrar um corpo nos tempos bíblicos (Salmo 79:2-3).

Haverá regozijo mundial pela morte das testemunhas por parte dos “que habitam na terra” (Apocalipse 11:10), uma expressão apocalíptica para o mundo incrédulo (Apocalipse 3:10; 6:10).

Os profetas morrerão na mesma cidade onde morreu o seu Senhor e, como Ele, também serão fisicamente ressuscitados e levados ao céu em uma nuvem (Apocalipse 11:11-12; cf. Atos 1:9), assim como a Igreja será arrebatada (1 Tessalonicenses 4.17).

A ascensão das duas testemunhas será pública e vista por seus inimigos e zombadores (Apocalipse 11:12). Depois do arrebatamento das testemunhas, um terremoto destruirá a décima parte de Jerusalém e matará 7.000 pessoas.

Depois disso, os restantes se converterão a Deus com arrependimento. O arrependimento vem no final dos juízos das taças, oferecendo encorajamento em meio ao maior horror do mundo.

o que significa Apocalipse 11

O que isso significa para nós hoje?

As duas testemunhas descritas no livro do Apocalipse têm um ministério sobrenatural direcionado a Jerusalém e à nação de Israel.

Embora existam diversas interpretações sobre a identidade das duas testemunhas, muitos estudiosos as identificam como sendo Moisés e Elias.

Independentemente de sua identidade, essas duas testemunhas simbolizam o poder de Deus e a soberania de Deus sobre a história e a natureza humana, mesmo durante o período da Tribulação.

O livro do Apocalipse é um lembrete de que a história e o futuro do mundo estão nas mãos de Deus e que devemos estar sempre preparados para a volta de Cristo.

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