Salmo 7: Estudo versículo por versículo comentado e explicado

O Salmo 7 trata principalmente da confiança do salmista na justiça de Deus em face da perseguição e da falsa acusação. Neste estudo podemos aprender várias lições em cada versículo explicado do Salmo 7 da Bíblia.

Quem escreveu o Salmo 7?

O título deste salmo em algumas traduções diz: Davi confia em Deus e protesta a sua inocência. E o subtítulo destaca “Sigaiom de Davi, que cantou ao Senhor, sobre as palavras de Cuxe, benjamita.”

Então, não temos dúvida de quem escreveu este Salmo. Davi é o autor do Salmo 7.

O que significa “Sigaiom” no Salmo 7?

Sigaiom” no Salmo 7 é um termo que não tem uma definição precisa, mas há algumas interpretações sugeridas por estudiosos.

Pode significar “um salmo fervoroso, com emoções intensas”, indicando a natureza apaixonada do salmo.

Alguns estudiosos também sugerem que o termo vem de uma palavra que significa “perambular, clamar em alta voz”, sugerindo uma expressão intensa de sentimentos.

Outra interpretação é que “Sigaiom” poderia significar “canções variáveis”, associadas à ideia de consolo e prazer, como sugerido pela comparação com o outro único “sigaiom” na Bíblia, encontrado em Habacuque 3.

Essas interpretações indicam que o termo se refere a um tipo de composição poética que expressa emoções intensas e variadas, possivelmente com o propósito de consolar e trazer prazer.

Quem foi Cuxe, o benjamita?

Cuxe, o benjamita, foi um dos bajuladores do rei Saul. Ele fazia parte de um grupo de homens perversos da tribo de Saul que relatavam informações sobre Davi durante os anos em que Saul estava determinado a capturar e destruir seu rival.

Saul manipulou a simpatia desses líderes e os subornou para agirem como espiões (1 Samuel 22:6ss; 23:21; 24:8ss; 26:18, 19).

Esses homens mentiram sobre Davi para obter a aprovação e as recompensas do rei, e Saul acreditou neles.

Embora não saibamos exatamente quais foram as mentiras contadas por Cuxe a Saul, suas falsas acusações foram suficientes para perturbar Davi, levando-o a clamar ao Senhor por livramento e justiça.

Como está dividido o Salmo 7 e o que nos ensina?

De acordo com o comentarista expositivo Wiersbe, podemos dividir o Salmo 7 em quatro partes:

1. Outras pessoas nos julgam incorretamente (Sl 7:1, 2): O salmista é acusado injustamente por Cuxe, levando Saul a perseguir Davi. No entanto, Davi busca refúgio no Senhor, confiante em Sua justiça, e nos ensina a encontrar refúgio em Deus quando somos alvo de acusações falsas.

2. Julgamos a nós mesmos honestamente (Sl 7:3-5): Davi declara sua integridade diante de Deus e pede para ser justificado, reconhecendo que somente Deus pode discernir os motivos e as ações verdadeiros do coração humano. Ele nos lembra da importância da sinceridade e da honestidade em nossa relação com Deus e conosco mesmos.

3. Deus julga os pecadores com justiça (Sl 7:6-13): Davi entrega nas mãos de Deus o julgamento de Saul e seus conspiradores, confiando na justiça divina para trazer retribuição. Isso nos leva a refletir sobre a paciência de Deus e a confiar em Seu tempo para agir em nosso favor.

4. No final, o próprio pecado julga os pecadores (Sl 7:14-17): O salmista descreve vividamente como o pecado se volta contra os ímpios, trazendo sobre eles sua própria destruição. Isso nos lembra da inevitável retribuição divina e nos ensina a confiar na justiça de Deus, mesmo quando não vemos imediatamente seus juízos.

Em suma, o Salmo 7 nos ensina a confiar em Deus diante de acusações injustas, a sermos honestos diante de Deus e conosco mesmos e a confiar na justiça de Deus. Além disso, aprendemos que o pecado tem suas consequências inevitáveis, mas que a justiça de Deus sempre prevalecerá.

Estudo do Salmo 7 Completo: Comentário e Explicação

estudo do salmo 7

1 – “Senhor meu Deus, em ti me refugio; salva-me e livra-me de todos os que me perseguem,”

Davi em muitos salmos fala sobre Deus ser seu refúgio. Para ele, Deus é um lugar de proteção. Mas, eu posso dizer que para Davi significa algo mais profundo. Era onde Davi se escondia, se sentia seguro e desfrutava do descanso da presença de Deus.

2 – “para que, como leões, não me dilacerem nem me despedacem, sem que ninguém me livre.”

Dizem que os tigres se enfurecem ao sentir o cheiro de certas especiarias aromáticas; assim os descrentes se enraivecem ao sentir o cheiro santificado dos que temem a Deus. Li que os indivíduos de certas nações bárbaras, quando sol os esquenta demais, atiram flechas contra ele. O mesmo fazem os ímpios diante da luz e calor dos tementes a Deus. Há uma antipatia natural entre o espírito dos tementes a Deus e dos ímpios. “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente” (Gn 3.15).

Jeremiah Burroughs, 1660

3 – “Senhor meu Deus, se assim procedi, se nas minhas mãos há injustiça,”

Davi tem tanta certeza da justiça divina que frequentemente ele recorre a ela. E ele não só confia na justiça do Senhor, mas age justamente. Por isso, ele ora confiante no agir de Deus em seu favor.

Se quer que Deus faça justiça por você, então seja justo! É isso que Davi tinha consigo.

4 – “se fiz algum mal a quem me fazia paz ou se despojei sem motivo o meu adversário,”

“Pagar o mal para os bons é corrupção humana; pagar o bem para os bons é retribuição civil; mas pagar o bem para os maus, é perfeição cristã. Não é a graça da natureza, mas a natureza da graça.”

William Secker

5 – “persiga-me o inimigo até alcançar-me; no chão, prostra-me e deixa-me à beira da morte.”

“A alusão é à maneira na qual os derrotados eram tratados na batalha, quando eram atropelados por cavalos ou pisoteados por homens. A ideia de Davi é que se ele fosse culpado ele estaria disposto a permitir que o inimigo triunfasse sobre ele, o subjugasse, o tratasse com extrema indignidade e desprezo.”

Albert Barnes,

6 – “Levanta-te, Senhor, na tua ira; ergue-te contra o furor dos meus adversários. Desperta-te, meu Deus! Determina a justiça!”

Parece que a oração de Davi ganha uma dinâmica diferente. É como se ele erguesse sua voz com confiança na justiça de Deus.

7 – “Que a assembleia dos povos te rodeie. Sobe às alturas, acima dela.”

O salmista Davi pede a intervenção divina diante da ameaça dos inimigos. Ele invoca a imagem de uma assembleia de povos cercando-o, simbolizando a magnitude do perigo.

O pedido para Deus “voltar-se para as alturas” sugere que Ele deve agir com sua soberania e poder supremos para proteger Davi. É uma súplica por intervenção divina diante da adversidade iminente.

8 – “O Senhor é quem julga os povos. Julga-me, Senhor, conforme a minha justiça, conforme a minha integridade.”

Davi ora, mas ele também procura ser justo diante de Deus. Pois, ele sabia que Deus não é injusto. Ou seja, ele poderia orar, chorar e reclamar, Deus não ouviria um injusto.

Além disso, eu me encanto com a confiança que Davi tinha de que Deus sondava seu coração e via sua integridade.

9 – “Ponha termo à maldade dos ímpios, mas estabeleça o justo, ó Deus justo, que sonda a mente e o coração dos justos.”

Mais uma vez aqui no Salmo 7, Davi menciona como Deus é justo e sonda o coração e mente dos justos. Em outras palavras, Deus sabe de tudo que acontece no oculto e comtempla o coração e obras dos justos.

10 – “O meu escudo está nas mãos de Deus, que salva os retos de coração.”

Qual era a proteção de Davi? Em que ele descansava? Davi via Deus como um escudo protetor de toda injustiça.

11 – “Deus é juiz justo, um Deus que manifesta cada dia o seu furor.”

O salmista diz que Deus não é apenas um juiz, mas um juiz justo. Ou seja, não basta ter poder, é preciso usar corretamente o poder.

Deus tem poder e faz bom uso de seu poder. Assim Davi descansava na justiça do Senhor.

12 – “Se o homem não se arrepende, Deus afia a sua espada, arma o seu arco e o aponta,”

Embora Deus fosse justo, Ele dá oportunidade para o homem se arrepender. Ele sempre dá uma chance, mas nem sempre o homem aceita. Então vem o juízo.

13 – “prepara as suas armas mortais e faz de suas setas flechas flamejantes.”

A tradução mais precisa do verso seria “Ele faz as suas setas inflamarem”. Essa ilustração provavelmente vem do uso de setas inflamadas, indicando uma imagem de juízo e punição divinos contra os ímpios.

John Kitto, 1804-1854

Aqui no verso 13 do Salmo 7, Davi descreve como Deus está pronto para agir contra seus perseguidores. Ele compara Deus a um guerreiro que prepara armas mortais e lança setas inflamadas, simbolizando o julgamento divino sobre aqueles que o perseguem.

Isso fala da prontidão e do poder de Deus para defender e proteger Seus fiéis seguidores, enquanto enfrenta e derrota seus inimigos.

14 – “Quem gera a injustiça concebe sofrimento e dá à luz a decepção.”

Em outras palavras, o que o homem semear isso colherá. Davi usa uma metáfora de nascimento para descrever que aqueles que geram a injustiça acabarão colhendo sofrimento e decepção.

15 – “Cava um poço e o aprofunda; contudo, cai na cova que fez.”

É assim a justiça de Deus. Davi compara as ações dos ímpios à ação de cavar um poço, sugerindo que eles estão tramando contra os justos. No entanto, essa armadilha que prepararam para outros, se voltará contra eles mesmos. Assim, Davi ressalta a ideia de que os planos malignos dos ímpios acabarão por resultar em sua própria destruição.

16 – “A sua maldade se volta contra ele mesmo; os seus atos de violência descem sobre a sua própria cabeça.”

Este verso reflete o princípio bíblico da retribuição. Davi entende que as ações dos ímpios eventualmente resultam em sua própria ruína.

17 – “Darei graças ao Senhor por sua justiça; ao nome do Senhor Altíssimo cantarei louvores.”

Davi termina o Salmo 7 da melhor forma, dando graças ao Senhor por sua justiça. Na ARC, diz “Eu louvarei ao SENHOR segundo a sua justiça”.

Davi estava dizendo que a justiça de Deus era motivo para dar graças e cantar louvores ao Senhor. Finalizando este estudo do Salmo 7, eu pergunto: Você tem reconhecido a justiça de Deus e é grato por ela?

Como posso fazer um estudo devocional no Salmo 7?

Para realizar um estudo devocional no Salmo 7, comece lendo-o atentamente, considerando seu contexto e significado.

Primeiramente, reflita sobre a confiança de Davi na justiça de Deus diante da perseguição injusta. Em seguida, examine as diferentes seções do Salmo, como as acusações injustas contra Davi e sua declaração de inocência perante Deus.

Medite sobre a confiança de Davi em Deus como Juiz supremo, pedindo Sua intervenção para trazer justiça.

Observe como Davi reconhece a retribuição divina sobre os ímpios e sua confiança na proteção e no julgamento de Deus.

Procure aplicar esses princípios em sua vida, especialmente em tempos de adversidade e perseguição.

Ore, pedindo a Deus por Sua orientação, proteção e justiça. Ao concluir, reflita sobre a importância de confiar na justiça de Deus e permanecer firme em Sua verdade, independentemente das circunstâncias ao seu redor.

André Lourenço

Bacharel em Teologia, Graduado em Gestão da Qualidade e Pós Graduando em Psicologia nas Organizações, André possui mais de 17 anos de experiência na pregação e ensino da Bíblia. É Professor de cursos de Homilética e Hermenêutica. Já escreveu centenas de estudos bíblicos e ministra aulas na EBD. Se considera um eterno aprendiz e apaixonado por Compartilhar a Palavra de Deus!

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