Mateus 26

1 - Tendo Jesus acabado todo este discurso, disse a seus discípulos:

2 - Estando Jesus em Betânia, na casa de Simão o leproso,

3 - Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, procurou os principais sacerdotes

4 - No primeiro dia dos pães asmos vieram os discípulos a Jesus perguntar-lhe: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?

5 - Estando eles comendo, tomou Jesus o pão e, tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei

6 - Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

7 - Então lhes disse Jesus: A todos vós serei esta noite uma pedra de tropeço: pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas

8 - mas depois que eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia.

9 - Disse-lhe Pedro: Ainda que sejas para todos uma pedra de tropeço, nunca o serás para mim.

10 - Declarou-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás.

11 - Replicou-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. Todos os discípulos disseram o mesmo.

12 - Em seguida foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.

13 - Levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se.

14 - Então lhes disse: A minha alma está numa tristeza mortal

15 - Adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou: Pai meu, se é possível, passe de mim este cálice

16 - Depois voltou para seus discípulos e, encontrando-os dormindo, perguntou a Pedro: Nem ao menos uma hora pudestes vigiar comigo?

17 - Vigiai e orai, para que não entreis em tentação

18 - Tornando a retirar-se, orou: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.

19 - Voltando outra vez, encontrou-os dormindo, porque estavam com os olhos pesados.

20 - Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras.

21 - Então voltou para os discípulos, dizendo-lhes: Agora dormi e descansai

22 - Levantai-vos, vamo-nos

23 - Enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão armada de espadas e varapaus, enviada pelos principais sacerdotes e pelos anciãos do povo.

24 - O traidor lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele a quem eu beijar, esse é que é

25 - No mesmo instante chegou-se a Jesus e disse: Salve, Mestre! e o beijou.

26 - Jesus perguntou-lhe: Amigo, a que vieste? Nisto se aproximou a escolta e, pondo as mãos em Jesus, prendeu-o.

27 - Um dos que estavam com Jesus, estendeu a mão, puxou da espada e, dando um golpe no servo do sumo sacerdote, decepou-lhe uma orelha.

28 - Então Jesus lhe disse: Embainha a tua espada

29 - Acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e que ele não me mandará neste momento mais de doze legiões de anjos?

30 - Como, pois, se cumpririam as Escrituras que dizem que assim deve acontecer?

31 - Naquela hora disse Jesus à multidão: Viestes armados de espadas e varapaus para me prender, como se eu fora salteador? Todos os dias, sentado no templo, eu ensinava, e não me prendestes.

32 - Mas tudo isto aconteceu, para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos o deixaram e fugiram.

33 - Aqueles que tinham prendido a Jesus, levaram-no à casa de Caifás, sumo sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e os anciãos.

34 - Pedro, porém, o ia seguindo de longe até o pátio da casa do sumo sacerdote e, entrando, sentou-se entre os oficiais de justiça para ver o fim.

35 - Os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam algum falso testemunho contra Jesus, para o entregarem à morte

36 - e não o acharam, não obstante se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas afinal compareceram duas, afirmando:

37 - Ele disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias.

38 - Levantando-se o sumo sacerdote, perguntou: Nada respondes? que é o que estes depõem contra ti?

39 - Jesus, porém, conservou-se calado. O sumo sacerdote disse-lhe: Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.

40 - Respondeu Jesus: Tu o disseste

41 - Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou: acabais de ouvir agora mesmo a blasfêmia

42 - que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.

43 - Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram punhadas, e outros o esbofetearam,

44 - dizendo: Adivinha-nos, ó Cristo, quem é o que te deu?

45 - Entretanto Pedro estava sentado fora no pátio

46 - Mas ele o negou diante de todos, exclamando: Não sei o que dizes.

47 - Saindo para o alpendre, uma outra viu-o e disse aos que ali se achavam: Este também estava com Jesus o Nazareno.

48 - Outra vez Pedro o negou com juramento: Não conheço esse homem.

49 - Logo depois se aproximaram de Pedro os que ali estavam e disseram-lhe: Também tu és certamente um deles, pois até a tua fala o revela.

50 - Então começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem. Imediatamente cantou o galo.

51 - Pedro lembrou-se das palavras que Jesus proferira: Antes de cantar o galo, três vezes me negarás