A singularidade do uso de ‘Abba’ para Deus
Havia um cuidado no uso da palavra Abba para dirigir-se a Deus como pai na história do povo hebreu.
O uso de ‘Abba’ para Deus
Em nenhum lugar, em toda a imensa riqueza da literatura devocional produzida pelo judaísmo antigo, achamos ‘abba’ empregado como modo de se dirigir a Deus.
O judeu piedoso sabia demais acerca do grande abismo entre Deus e o homem (Ec 5:1) para se sentir livre para se dirigir a Deus com a palavra familiar que se emprega na vida de todos os dias.
Na literatura do judaísmo rabínico, achamos um só exemplo de ‘abba’ empregado numa referência a Deus. Veja então…
Ocorre numa história registrada no Talmude babilônico (Taanith 23b):
“Quando o mundo tinha necessidade de chuva, nossos mestres mandavam as crianças da escola ao Rabi Chanin Hanechba [fim do século I a.C.] e pegavam na orla do seu manto e clamavam a ele: `Pai querido (‘abba’), pai querido (‘abba’), dá-nos chuva’.
Disse diante de Deus: `Soberano do mundo, faz isto por amor daqueles que não podem distinguir entre um ‘abba’ que pode dar chuva e um ‘abba’ que não pode dar chuva alguma”‘ (cf. SB I 375, 520).
Certamente seria exagerado e impróprio se concluíssemos deste texto que, no judaísmo antigo, Deus era descrito como sendo ‘abba’, e tratado assim.
O Rabino Chanin aqui meramente retoma o clamor de ‘abba’ a fim de apelar à misericórdia paternal de Deus; ele mesmo, do outro lado, emprega a invocação respeitosa “Soberano do mundo”.
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