Por que Jesus chamou a mulher cananéia de “cachorrinho”

“Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.” – Mateus 15:26-27

Jesus é um personagem que fascina e desperta muitas curiosidades até hoje. Uma das histórias mais intrigantes registradas na Bíblia é a do encontro de Jesus com uma mulher cananéia. Neste episódio, Jesus aparentemente chama a mulher de “cachorrinho”, o que tem gerado muitas interpretações equivocadas ao longo dos anos. Mas qual é o verdadeiro significado por trás disso?

O contexto histórico e cultural

Para entendermos a história, precisamos levar em consideração o contexto histórico e cultural da época. Os cananéios eram considerados pagãos e impuros pelos judeus, e muitos se consideravam superiores a eles.

Wiersbe, em seu comentário, explica: “Para os judeus, os gentios eram considerados tão “imundos” que, por vezes, eram chamados de “cães”. Mesmo considerando que seu ministério aqui na Terra tenha se concentrado no povo de Israel (Mt 10:5, 6), não causa espanto ver Jesus ministrando aos gentios (Mt 12:17-21).”

Além disso, a mulher cananéia era uma estrangeira, o que a tornava ainda mais suscetível à discriminação e exclusão social.

O teste de fé

Ao se deparar com a mulher cananéia, Jesus está testando a sua fé e perseverança. Ele sabe que ela está enfrentando grandes dificuldades com a sua filha possuída por um demônio, mas ele quer saber se ela realmente acredita que ele pode ajudá-la, mesmo sendo um estrangeiro.

Por isso, inicialmente, Jesus parece ignorar a mulher e declara que o seu ministério é apenas para os judeus.

Devemos lembrar que a forma como Jesus tratou essa mulher não tinha por objetivo destruir sua fé, mas sim fortalecê-la.

A metáfora do “cachorrinho”

Quando a mulher persiste e pede ajuda novamente, Jesus responde usando uma metáfora comum da época: “Não é certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”. É importante notar que Jesus não está usando a palavra “cachorrinho” de forma depreciativa ou insultuosa, mas sim como uma referência a um animal doméstico e bem cuidado.

Wiersbe explica que: “Em sua resposta, Jesus não a trata com desprezo, como seria o costume dos fariseus ao chamarem os gentios de “cães”; antes, o termo que usa no original se refere a um “cachorrinho de estimação”, não aos vira-latas que corriam pelas ruas e reviravam o lixo. Os “filhos” são, evidentemente, o povo de Israel.”

Jesus não estava fazendo um jogo nem tentando dificultar a situação da mulher. Estava extraindo dela uma resposta de fé cada vez maior.

Ele está testando a fé e a humildade da mulher, querendo saber se ela irá persistir e demonstrar a sua grande fé, assim como os cães de estimação são fiéis e persistentes aos seus donos.

A resposta da mulher cananéia

Ela prontamente compreendeu a analogia de Jesus sobre o pão das crianças – exatamente como Ele esperava que ela fizesse. Podemos parafrasear sua resposta da seguinte maneira: “É verdade que os gentios não se assentam à mesa como filhos nem comem o pão. Mas até mesmo os cachorrinhos de estimação sob a mesa conseguem comer algumas migalhas!” Que testemunho extraordinário de fé!

A mulher cananéia responde de forma surpreendente e demonstra uma grande fé e humildade. Ela afirma que, mesmo os cachorrinhos recebem as migalhas que caem da mesa dos seus donos. Com isso, ela está dizendo que acredita que Jesus pode ajudá-la, mesmo que seja com algo pequeno, como uma migalha.

A resposta da mulher é um exemplo de grande fé e perseverança, e Jesus a elogia por isso, afirmando que a filha dela está curada.

Conclusão sobre o significado de Mateus 15:21-28

Jesus reconheceu a fé dessa mulher e, no mesmo instante, curou a filha dela. É interessante observar que as duas pessoas de maior fé que aparecem no Evangelho de Mateus eram gentias: essa cananéia e o centurião romano (Mateus 8:5-13).

Perceba que nos dois casos, Jesus curou à distância. Em termos espirituais, os gentios estavam “distantes“. Mas isso mudou no Calvário, quando Jesus Cristo morreu tanto pelos judeus quanto pelos gentios e possibilitou a reconciliação (Efésios 2:11).

Jesus não faz acepção de pessoas e que a salvação é para todos, independentemente da origem étnica ou social.

Ele estava desafiando as mentalidades preconceituosas dos seus discípulos e de todos aqueles que achavam que os cananéios não mereciam a atenção ou a ajuda de Deus.

É uma lição importante para nós hoje em dia, à medida que enfrentamos divisões e conflitos em todo o mundo. Aprendamos a olhar além das diferenças e a valorizar a grande fé e perseverança, assim como fez Jesus com a mulher cananéia.

Em momentos difíceis, devemos confiar em Deus e persistir na busca pela nossa salvação. A fé dessa mulher era grande, pois persistiu quando tudo parecia estar contra ela.

Equipe Redação BP

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