Por que não devemos guardar os Dez Mandamentos?

A compreensão dos mandamentos de Deus e sua aplicação na vida cristã são temas de grande relevância para os seguidores da fé. O texto dos Salmos 111:7-8 e Romanos 7:12 despertam questionamentos sobre a obrigatoriedade de observar os Dez Mandamentos.

Neste estudo, exploraremos esses versículos e examinaremos sua interpretação à luz da hermenêutica bíblica, buscando entender por que não devemos guardar exclusivamente os Dez Mandamentos.

Uma análise do Salmo 111 e seu contexto

O Salmo 111, em sua essência, faz referência a “todos os mandamentos” de Deus, e não especificamente ao decálogo.

7 As obras das suas mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. 8 Permanecem firmes para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão.

Salmo 111:7-8

Essa ampla abrangência inclui os mandamentos presentes em todo o Pentateuco, que vai desde Gênesis até Deuteronômio. Portanto, é importante entender que o texto em questão não pode se aplicar exclusivamente aos Dez Mandamentos.

A imutabilidade dos mandamentos de Deus

Deus é eterno e sua vontade é imutável. Não há nas Escrituras afirmações de que Deus revogue seus mandamentos. Ainda que os israelitas tenham sido incapazes de cumprir a Lei, conforme Romanos 8:3, isso não significa que os mandamentos tenham sido anulados.

Cristo, como cumpridor perfeito da Lei, cumpriu os mandamentos em nome daqueles que não foram capazes de fazê-lo.

A contextualização de Romanos 7:12

Ao analisarmos Romanos 7:12, percebemos que o apóstolo Paulo não se considerava mais “debaixo da Lei”. Ele usa a analogia de uma mulher que está livre da lei do marido após a morte deste.

Essa afirmação se faz dentro de um contexto judaico, uma vez que os não judeus não estavam submetidos à Lei mediante uma aliança.

A Lei mosaica continua sendo boa, santa e justa, mas não estamos mais sujeitos a ela em virtude de Jesus ter cumprido integralmente seus preceitos.

O argumento de Gálatas 3 e a justificação pela fé

No capítulo 3 de Gálatas, o apóstolo Paulo argumenta que a justificação ocorre pela fé e não pela Lei. A Lei precisa ser satisfeita para que alguém seja justificado, mas ninguém pode ser justificado somente por meio da Lei.

Abraão foi justificado pela fé antes mesmo da entrega da Lei a Moisés. Portanto, a justificação ocorre somente por meio do que Cristo realizou.

Conclusão

Embora os mandamentos de Deus, incluindo os Dez Mandamentos, sejam uma parte essencial do plano divino, a fé em Cristo é o meio pelo qual recebemos justificação.

A obra de Cristo cumpriu integralmente a Lei e, dessa forma, estabeleceu uma nova aliança baseada na graça e na fé. Isso nos leva a um relacionamento transformado com Deus, no qual buscamos viver em obediência aos princípios e valores expressos nos mandamentos.

É fundamental reconhecer que os mandamentos continuam sendo uma expressão do caráter e da vontade de Deus. Os mandamentos fornecem diretrizes valiosas para uma vida que honra a Deus e promove o bem-estar humano.

Portanto, não devemos descartar os Dez Mandamentos como irrelevantes ou obsoletos. Pelo contrário, eles nos desafiam a buscar a santidade e a justiça em todas as áreas de nossa vida.

A diferença fundamental reside no fato de que não alcançamos nossa justificação por meio do cumprimento perfeito da Lei, mas sim pela fé em Cristo e pelo poder transformador do Espírito Santo em nós.

Ao invés de encararmos os mandamentos como uma carga pesada ou uma lista de regras opressivas, devemos vê-los como um guia amoroso para uma vida plena e significativa. Eles nos direcionam a amar a Deus acima de tudo, a tratar nosso próximo com amor e respeito, a ser honestos e justos em todas as nossas ações e a viver em pureza e fidelidade nos relacionamentos.

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