Catástrofes climáticas: 3 lições da maior enchente do Rio Grande do Sul em 2024
O final de semana começou de forma estranha. Foi quando peguei meu celular e a notícia tão temida chegou: os tios estão aguardando pelo resgate. Com um sentimento tão grande impotência, sentei-me em frente à televisão, e comecei a mergulhar no noticiário.
Foi a primeira vez que testemunhei as águas subindo a tal ponto, invadindo tudo em seu caminho: casas, igrejas, supermercados, escolas e até mesmo grandes redes de lojas. Confesso, foi devastador.
Acompanhei as notícias, imagem após imagem, a devastação era avassaladora e contínua. Assim como muitos de vocês, fiquei colado à tela da televisão, alternando entre diferentes emissoras.
Frases como: “nunca vimos isto antes na história dessa Cidade” ecoavam. Mensagens como: “Estamos seguros, mas nossos vizinhos não” tornavam a situação ainda mais angustiante.
E quem pode esquecer o relato do cidadão no barco, resgatando uma menininha que, ingenuamente, pediu para ele pegar a bonequinha que boiava na água? Uma tristeza indescritível, pois não era uma bonequinha, era o corpo de um inocente já sem vida.
Se fosse apenas um filme, seria esplêndido. Mas não é. É a realidade que meus tios, tias, primos e milhares de outras pessoas estão vivenciando nestes últimos dias.
Então, o que fazer diante de uma sensação de impotência avassaladora?
Em primeiro lugar, devemos orar. Oramos para que Deus cesse as chuvas torrenciais, que as águas voltem para o seu lugar e alivie o sofrimento.
Em seguida, devemos ajudar. Neste momento inicial, além da oração, a maior necessidade é de doações para organizações que prestam ajuda humanitária.
Claro, é importante encontrar instituições sérias que garantam que as doações cheguem realmente aos necessitados.
Mas não paramos por aí. Além de orar e ajudar, acredito que precisamos aprender.
Jesus criticou os líderes de sua época por estarem tão focados no tempo e ignorarem os sinais:
“E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?” – Mateus 16:3.
Dito isso, quais as lições que podemos aprender com toda essas trágicas catástrofes climáticas? Será que Deus está nos enviando alguns lembretes? Pois bem, eu acredito que sim e pelo menos três lições vêm à mente neste momento devastador:
#Lição 1: Somente a vida importa
As enchentes catastróficas que estão ocorrendo no Rio Grande do Sul trazem à tona uma reflexão profunda sobre o que realmente importa na vida. Em meio à destruição e ao caos, é evidente que são as pessoas, não os bens materiais, que ocupam um lugar central nas preocupações e nos corações daqueles que são afetados.
Ao ouvir os relatos dos evacuados e sobreviventes, torna-se claro que ninguém está lamentando a perda de posses materiais como televisões de plasma, carros luxuosos ou objetos de valor. Em vez disso, as lágrimas são derramadas por entes queridos perdidos e alegrias são compartilhadas quando pessoas são resgatadas em meio ao caos.
Esses eventos trágicos nos fazem lembrar das palavras de Jesus, que nos alerta sobre a importância de não colocarmos nossa felicidade e segurança na acumulação de bens materiais.
Em Lucas 12:15, Ele nos lembra:
“E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.”
Essas catástrofes climáticas nos ensina a seguinte lição de que as coisas materiais são passageiras e efêmeras. Carros caros podem ser demolidos e casas luxuosas podem ser destruídas em questão de segundos. Mas a nossa comunhão com Cristo é eterna.
Assim como Mateus 16:26 nos lembra:
“De que adianta alguém ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.
Esses desastres naturais nos confrontam com a fragilidade da vida e nos incentivam a reavaliar nossas prioridades, colocando em perspectiva o verdadeiro valor das coisas.
#Lição 2: O amor é o maior dom
A segunda lição que aprendemos com as catástrofes naturais e ou climáticas é sobre o poder do amor em meio à tragédia.
Ver as enchentes devastadoras e as pessoas perdendo suas casas, suas posses e, em alguns casos, entes queridos, é uma experiência angustiante. Mas mesmo diante desse caos, há uma beleza que emerge: o amor e a solidariedade que surgem entre as pessoas.
Nesses momentos, as fronteiras que normalmente nos separam parecem desaparecer. Não importa a cor da pele, a afiliação política, a classe social; todos somos igualmente vulneráveis diante da força da natureza. As equipes de resgate não fazem perguntas sobre quem precisa de ajuda; elas simplesmente se lançam ao trabalho para salvar vidas, independentemente de quem seja.
Essas enchentes e catástrofes climáticas nos lembram que, em meio à adversidade, o amor é o maior dom que podemos oferecer e receber. Não precisamos de desastres naturais para demonstrar compaixão e empatia uns pelos outros. Em nossas vidas cotidianas, há sempre alguém que precisa de apoio, de um ombro amigo, de uma mão estendida.
Às vezes, essa pessoa pode ser alguém do nosso próprio círculo, um colega de trabalho enfrentando uma crise pessoal, um vizinho que se sente perdido ou isolado. O importante é estarmos dispostos a oferecer ajuda, mesmo quando as circunstâncias não são tão dramáticas quanto uma enchente.
#Lição 3: Somente a graça nos basta
É difícil encontrar palavras para expressar a tristeza e a devastação que as enchentes catastróficas trouxeram ao Rio Grande do Sul. É como se a própria terra estivesse gemendo, como se estivesse passando por dores de parto, esperando por um novo começo. Romanos 8:19-22 ressoa profundamente nestes tempos sombrios, quando vemos a natureza rugindo em sua angústia.
Nesses momentos, é difícil manter a esperança, difícil não se deixar levar pelo desespero. Como a mãe que está em trabalho de parto, somos chamados a olhar além da presente dor, para o momento em que seremos consolados. Mas enquanto esperamos por esse novo começo, nossos corações doem pelas vidas perdidas, pelas casas destruídas, pelos sonhos arrastados pelas águas impiedosas.
Jesus nos lembra de não nos desesperarmos diante das tragédias que assolam o mundo. Ele nos encoraja a respirar fundo, a segurar a mão daqueles que amamos, a encontrar conforto uns nos outros. Ele prometeu que as dificuldades não durarão para sempre, que haverá um dia em que todas as lágrimas serão enxugadas e todas as dores serão curadas.
Neste momento de provação, é importante lembrar do valor dos relacionamentos, da solidariedade e, acima de tudo, da esperança que temos em Deus. Assim como Noé encontrou graça aos olhos do Senhor em meio ao dilúvio, também podemos encontrar conforto na promessa da graça divina, que nos sustenta mesmo nos momentos mais sombrios.
Enquanto as equipes de resgate trabalham incansavelmente para ajudar aqueles afetados pelas enchentes, podemos encontrar conforto na certeza de que Deus está conosco, lançando uma corda em nossas vidas inundadas de desespero. Ele está pronto para nos resgatar, para nos tirar do caos, se apenas abrirmos nossos corações para Ele.
Enfim, que as lições aprendidas com as catástrofes climáticas nos fortaleçam, que nos lembrem do que é verdadeiramente importante na vida e nos inspirem a buscar a graça divina em todas as circunstâncias.