Período intertestamentário: O que aconteceu no período interbíblico?

O período Inter bíblico ou intertestamentário, que alguns o chamam de “400 anos de silêncio” é momento histórico que compreende o espaço de tempo entre o Antigo e o Novo Testamento.

Entre o último livro escrito do Antigo Testamento, Malaquias, e o primeiro escrito no Novo Testamento, Marcos, ocorreram mais de 400 anos.

Período em que não houve revelação profética, chamados por muito de “anos de silêncio”.

Porém, em termos sociais e políticos, nestes anos aconteceram muita coisa.

O que é o período intertestamentário?

O período entre o final do Antigo Testamento e a aparição de Cristo é conhecido como intertestamentário ou interbíblico.

Porque não houve nenhuma palavra profética de Deus durante esse período, alguns também o chamam de “400 anos de silêncio”. 

Durante esse período, Israel esteve, primeiro, sob o domínio persa, depois, sob o domínio grego e, por fim, sob o julgo romano.

Após Malaquias, não houve mais manifestações proféticas ou livros inspirados.

Livros como os de I e II Macabeus, por exemplo, que tratam desse período, embora lidos e reverenciados, somente foram aceitos como canônicos por uma parcela minoritária de judeus e cristãos.

Para facilitar esse estudo, falaremos dos persas, depois dos gregos e, por fim, dos romanos.

1. Período persa

Esse período vai de 539 até, aproximadamente, 333 a.C. Quando Alexandre, o Grande, entrou em Jerusalém e foi recebido pelo sumo sacerdote Jado, como escreveu Flávio Josefo.

A política religiosa persa era totalmente diferente de seus antecessores.

Seus monarcas respeitavam os deuses dos povos conquistados.

Além disso, Ciro, após conquistar Babilônia, permitiu que os desterrados voltassem às suas terras, contanto que lhe pagassem tributos.

Foi assim que os judeus retornaram a Jerusalém e reconstruíram a cidade e o templo.

Ciro devolveu também todos os vasos sagrados levados por Nabucodonosor para a Babilônia.

Como resultado disso, há uma grande consolidação do judaísmo por essa época.

O cativeiro curou os judeus da idolatria, definitivamente.

Sob a liderança de Esdras, o estudo da lei e dos profetas foi instituído nas sinagogas.

No geral, foi um período calmo para os judeus, exceto por certas disputas internas pelo cargo de sumo sacerdote.

2. Período grego

Filipe da Macedônia

Iniciou-se, efetivamente, com a tomada da Grécia por Filipe da Macedônia, que derrota Atenas e Esparta, unificando as cidades gregas debaixo de seu governo.

Dois anos depois de consolidar a Grécia, Filipe morre e seu filho assume a liderança.

Alexandre o Grande

Alexandre foi um esplêndido guerreiro, conquistando todas as regiões por onde passava.

Ele entrou em Jerusalém por volta do ano 333 a.C.

Ao cercar a cidade de Tiro, Alexandre solicitou a ajuda dos judeus, que se recusaram, por terem uma aliança com os persas e serem fiéis a essa aliança.

Alexandre o Grande entra em Jerusalém

Após destruir Tiro, Alexandre marchou furioso contra a cidade de Jerusalém. Mas, foi recebido com flores pelos sacerdotes.

Esse fato histórico está nas crônicas do historiador judeu Flávio Josefo, que diz:

“Quando esse ilustre conquistador, Alexandre tomou essa última cidade Gaza, avançou para Jerusalém e o sumo sacerdote Jado, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se com todo o povo em tão grande perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe sacrifícios.

Deus apareceu-lhe em sonhos na noite seguinte e disse-lhe que fizesse espalhar flores pela cidade, mandar abrir todas as portas e ir revestido de seus hábitos pontificais com todos os santificadores também assim revestidos e todos os demais vestidos de branco ao encontro de Alexandre, sem nada temer do soberano, porque ele os protegeria […]

Os fenícios e os caldeus, que estavam no exército de Alexandre, não duvidavam que, na cólera em que ele se achava contra os judeus, ele lhes permitiria saquear Jerusalém.

Mas, aconteceu justamente o contrário, pois o soberano apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos de branco, os sacrificadores revestidos de seus paramentos de linho e o sumo sacerdote, com seu éfode, de cor azul, adornado de ouro e a tiara sobre a cabeça, comum a lâmina de ouro, na qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e saudou o sumo sacerdote, a quem ninguém havia saudado.

Então, os judeus se reuniram ao redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e prosperidade.

Após a morte de Alexandre, o império é dividido

Mas, com a morte de Alexandre, em 323 a .C., o império grego, que, então, abrangia a Grécia, o Egito e todo o Oriente Próximo, foi dividido entre quatro principais generais.

A Ptolomeu, coube o Egito, fundando, assim, a dinastia Ptolemaida.

A região da Síria, que abrangia Israel, ficou sob o do mínio de Seleuco, iniciando a dinastia dos Selêucidas.

Ptolomeus e Selêucidas vão realizar inúmeras guerras para obterem o domínio sobre toda aquela região, com efeitos devastadores sobre os judeus.

Poderiam os subdividir, ainda, esse período em três partes. Vejamos:

3. Período egípcio

Foi o período mais longo dessa época. Por meio de severa luta, o Egito e a Judeia caíram nas mãos dos ptolomeus.

Ptolomeu Soter

O primeiro conquistador foi Ptolomeu Soter, que significa Salvador.

Os judeus se recusaram ser fiéis a esse dominador, o que o levou a atacar Jerusalém e levar cem mil judeus presos.

Apesar de ter sido severo com a nação judaica, algum tempo depois, tornou-se amigável.

Ptolomeu Filadelfo

Seu sucessor, Ptolomeu Filadelfo, foi mais amigável ainda.

Em seu tempo, os judeus traduziram as Escrituras para o grego, a famosa versão conhecida como Septuaginta (LXX), escrita por 72 sábios judeus em setenta dias.

O terceiro rei da dinastia ptolemaica também foi favorável à nação de Israel e, por isso, os judeus prosperaram como nunca naquele império.

Cidades como Alexandria tornaram-se grandes centros de cultura judaica e os judeus constituíram cerca de um terço da cidade.

Ptolomeu Filopatro

O quarto rei, Ptolomeu Filopatro, porém, devido às guerras contra Antíoco, o Grande, da Síria, foi hostil aos judeus.

Seu principal agravo foi tentar entrar no Santo dos Santos.

Então, perdeu a disputa e o rei da Síria apossou-se da Palestina.

4. Período sírio

A administração dos selêucidas foi, na maioria das vezes, nociva para os judeus e, em alguns casos, houve sangrenta perseguição a eles.

Nessa época, dividiram a Palestina em cinco províncias: Judeia, Samaria, Galileia, Pereia e Traconites.

Tanto Antíoco, o Grande, quanto o seu sucessor, Seleuco Filopatro foram muito cruéis, embora alguns judeus tenham permanecido com certas liberdades para administrar suas próprias leis.

Todavia, com ascensão de Antíoco Epifânio (175-164 a.C.), um reinado de terror sobreveio sobre os judeus e, por conta disso, Antíoco Epifânio ficou conhecido como o anticristo do Antigo Testamento.

Os helenistas

Por esse tempo, surgiram os helenistas, grupo que queriam implantar a cultura grega entre os judeus.

Os nacionalistas ortodoxos se opuseram, iniciando-se, com isso, contendas e assassinatos.

A grande devastação de Antíoco

Por fim, Antíoco utilizou essa disputa para descarregar o seu furor sobre eles, fazendo uma grande devastação na terra, em 170 a.C.

Saquearam Jerusalém, derrubaram os muros, profanaram o templo e o povo sofreu terríveis crueldades.

Além disso, houve massacres e escravidões. A religião judaica proibida e o paganismo forçado.

Uma pessoa foi encarregada de profanar o templo de Jerusalém, dedicando-o ao deus Júpiter Olímpio.

As cópias da lei foram queimadas e deformadas com figuras idólatras. Seus proprietários assassinados.

Muitos judeus apostataram e perseguiram seus compatriotas.

Em 168 a.C., Antíoco ordenou para oferecer um porca sobre o altar de sacrifícios e, a seguir, mandou erguer a estátua a Júpiter no lugar do altar.

Nesse período, ocorre o famoso martírio dos sete irmãos juntamente com sua mãe, por se recusarem a comer carne de porco.

5. Período macabeu

Judas Macabeu

O movimento de resistência teve início pela instrumentalidade de um sacerdote idoso, chamado Matatias, e desenvolveu-se com seu filho, Judas, mais tarde chamado Judas Macabeu, nome derivado do termo hebraico que significa “marte”.

Esse foi um poderoso movimento de resistência sem paralelo entre o povo judeu.

A bravura e a fé desses homens os fizeram lutar até a morte contra o extermínio de sua crença.

Refugiados nas montanhas, iniciaram seus ataques contra as tropas do exército selêucida.

A estratégia de Judas Macabeu

Judas desenvolveu uma poderosa estratégia de guerrilhas e seu exército cresceu muito.

Combateu os exércitos invasores, sobressaindo nas batalhas.

Em 25 de dezembro, Jerusalém foi retomada e o templo, restaurado (esta é a origem da Festa de Dedicação).

Embora Antíoco tenha planejado se vingar, os reveses pelos quais passou deixaram-o extremamente doente.

Conta-se que ele morreu num estado de completa loucura.

Para os judeus, ele é a abominação da desolação descrita pelo profeta Daniel.

Lísias ataca Jerusalém

Com sua morte, seu filho, Lísias, voltou com um exército de 120 mil homens para atacar Jerusalém.

Judas e seu exército foram sitiados na cidade santa e tiveram que se render.

Lísias faz paz com os Judeus

Quando tudo parecia perdido, uma revolta nas regiões da Síria obrigou Lísias a buscar paz com os judeus e restabelecer sua religião.

Com todos os altos e baixos do governo Macabeu sobre a Judeia, o poder permaneceu em suas mãos até o ano 63 a.C., quando a região passou a ser uma província romana.

6. Período romano

Pompeu entra em Jerusalém

No ano 63 a.C., Pompeu entra em Jerusalém, após um cerco de três meses, fazendo da Palestina uma das províncias romanas.

Na ocasião, morreram aproximadamente, doze mil judeus, ou seja, quando da tomada da cidade, que foi facilitada pelo fato de os judeus se recusarem a guerrear em dia de sábado.

Tanto é que nem mesmo a entrada dos exércitos romanos os impediram de continuar sacrificando.

Júlio César nomeia Antípater

Após apossar-se do trono de Roma, Júlio César nomeia Antípater procurador da Judeia (47 a.C.).

Herodes apodera-se do trono

Em 37 a .C., Herodes toma Jerusalém, mata Antígono Macabeu, que havia sido colocado no lugar de Antípater pelos partas, e apodera-se do trono .

Reformas no templo

No ano 19 a.C., após haver construídos enormes obras na Judeia, Herodes resolve fazer uma grande reforma no templo de Jerusalém, que durou quarenta e seis anos, conforme declaram as Escrituras (João 2 .20).

Esse foi o templo que Jesus conheceu, no qual entrou, e sobre o qual ele lançou sua profecia de destruição.

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