Quem foi Malco e porque Jesus curou sua orelha?

A narrativa sobre quem foi Malco e porque Jesus curou sua orelha, é um episódio marcante nos relatos bíblicos com algo para nos ensinar. 

Encontramos essa história nos Evangelhos que expressam a mesma opinião sobre o assunto, especificamente, em Lucas 22:49-51 e João 18:10-11. 

Na verdade, em todos os relatos bíblicos encontramos algum ensinamento que nos ajuda em nossa jornada terrena. 

Por isso, vamos mostrar neste artigo quem foi Malco, porque Jesus curou sua orelha e o contexto desse acontecimento. Além disso, refletiremos sobre as lições que podemos aprender com essa passagem.

Quem foi Malco e porque Jesus teve que curar sua orelha?

A Bíblia não mostra detalhadamente quem foi Malco, refere-se a ele apenas como um servo do sumo sacerdote. Por isso, sabemos apenas que ele veio com os outros soldados para prender Jesus no Jardim de Getsêmani, pouco antes de Sua crucificação. 

Em João 18:10, encontramos que Pedro, um impetuoso e fervoroso seguidor de Jesus, tentou protegê-Lo. Para isso, desembainhou a sua espada e cortou a orelha direita de Malco. No entanto, Jesus, mesmo em meio à adversidade, demonstrou Sua compaixão e poder ao imediatamente restaurar a orelha de Malco. (Lc 22:51)

O que aprendemos com a atitude de Pedro?

Pedro, ao ver Seu Mestre sendo preso injustamente, tentou defendê-lo, por isso, agiu de maneira impulsiva. Apesar de sua intenção legítima em defender e proteger Jesus, sua ação se baseou em uma perspectiva humana.

Conduzido pelas emoções, ele não considerou os planos e propósitos divinos. Foi nesse contexto que Jesus, então, corrigiu Pedro, dizendo em Mateus 26:52: “Embainha a tua espada; pois todos os que empunham a espada, à espada morrerão”. 

Na verdade, Ele estava ensinando a Pedro e aos demais seguidores que Seu reino não se estabeleceria pela força ou violência.

Mas, o que levou Pedro a fazer isso? Em primeiro lugar, ele precisava agir de acordo com as palavras presunçosas que havia dito no cenáculo (Lc 22:33) e repetido a caminho do jardim (Mt 26:30-35). Pedro dormiu quando deveria orar, falou quando deveria ouvir e se vangloriou quando deveria temer. Agora, lutava quando deveria entregar-se!

Wiersbe explica ainda que “o apóstolo cometeu todos os erros possíveis! Lutou contra o inimigo errado, com a arma errada, pelo motivo errado e obteve o resultado errado!”

Jesus demonstra a misericórdia de Deus

Como podemos ver nessa passagem, Jesus agiu com amorosidade ao curar a orelha de Malco. Esse gesto demonstrou o coração compassivo de Jesus, que mesmo diante de uma situação difícil, estendeu a mão para oferecer cura e restauração. 

Nesse exemplo, ele mostrou que o fundamento do Seu ministério era a graça e o perdão, buscando a salvação e o bem-estar daqueles que O perseguiam. 

Assim, compreendemos que a cura da orelha de Malco foi um ato simbólico de redenção e reconciliação, mostrando a todos que Jesus veio trazer paz e restauração aos corações feridos.

Wiersbe comenta que “Em vez de realizar um feito espetacular, Jesus realizou um gesto de amor curando a orelha de um servo desconhecido e, em seguida, apresentou suas mãos para serem atadas. É preciso decidir se passaremos a vida fingindo, como Judas; lutando, como Pedro; ou nos entregando à vontade perfeita de Deus, como Jesus. O que escolheremos: o beijo, a espada ou o cálice?”

O que podemos aprender com essa história de Malco?

Primeiramente, ela nos mostra a importância de confiar nos planos de Deus e não agir impulsivamente com base em nossas emoções. 

Apesar da boa intenção, Pedro agiu precipitadamente, mas Jesus corrigiu seu comportamento e o instruiu sobre a verdadeira natureza de Seu ministério. 

Com isso aprendemos a importância de discernir entre a justiça humana e a justiça divina, percorrendo o caminho do amor, do perdão e da misericórdia.

Além disso, esse relato nos ensina sobre a importância da compaixão em nossas interações com os outros. Jesus poderia ter ignorado Malco ou até mesmo condenado sua presença naquela multidão, mas Ele escolheu curar a sua ferida.

Isso nos lembra que, como seguidores de Jesus, devemos imitar Seu exemplo, sendo compassivos e procurando oferecer cura e restauração em vez de vingança ou julgamento.

Outra lição importante é a de que a violência não é o caminho para o reino de Deus. Nesse episódio fica claro que aqueles que vivem pela espada perecerão pela espada.

Portanto, isso nos convida a seguir um caminho de pacificação, buscando resolver conflitos por meio do diálogo, da reconciliação e do amor, ao invés de responder com violência.

“É típico de Jesus demonstrar graça quando outros usam de malícia (Sl 103:10). Demonstrou graça para com Pedro ao repreender seu pecado de presunção e reparar o estrago que havia causado. Demonstrou graça para com Malco ao curar a orelha dele e graça para com o mundo todo ao entregar-se voluntariamente à turba e ir para o Calvário. Jesus não veio para julgar, mas para salvar (Lc 19:10; Jo 3:17).”