3 Verdades do lugar chamado Getsêmani
Estudo e Esboço de pregação expositiva em Marcos 14:32-41 com o tema: 3 Verdades do Getsêmani.
Tema: 3 Verdades do Getsêmani
Texto desta pregação: Marcos 14:32-41
E foram a um lugar chamado Getsêmani, e disse aos seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro.
Marcos 14:32
Introdução deste sermão:
Estamos avançando em nosso estudo do Evangelho de Marcos, nos aproximando do momento crucial em que o Senhor Jesus sacrificará Sua vida pela redenção pecadores na cruz. Nesse período intenso da vida de Jesus, testemunhamos eventos sagrados e hediondos se desenrolando lado a lado. A passagem que exploramos hoje é particularmente sagrada.
Ao nos unirmos a Jesus e Seus discípulos, encontramos-los no meio de uma noite agitada após a Páscoa, conforme descrito nos versículos 12-26. Deixando a sala onde a Páscoa foi celebrada, dirigiram-se de Jerusalém pelo Vale do Cedron até um local conhecido como Getsêmani.
Durante essa trajetória, Jesus transmite ensinamentos profundos a Seus discípulos, abrangendo temas como o Céu, a paz de Deus, a entrega ao Senhor, a vinda do Espírito Santo, culminando na poderosa oração registrada em João 17.
O foco de nossa atenção está no que ocorreu quando chegou ao Getsêmani, transformando este jardim em um local onde assuntos eternos foram tratados para a glória de Deus.
Hoje, exploraremos 3 Verdades do Getsêmani como um lugar de pressão, um lugar de oração e um lugar de prioridades. Estes aspectos têm valiosas lições a nos oferecer.
I. GETSÊMANI FOI UM LUGAR DE PRESSÃO (Mc 14:32-34)
O Significado de Getsêmani:
O nome deste jardim, “Getsêmani”, sugere propriedade provável de um amigo do Senhor, e embora hoje seja famoso, na época era provavelmente um refúgio cercado por muros e obstáculos. Para Jesus, era um lugar especial, frequentemente visitado para encontrar solidão, comunhão com o Pai e refúgio contra inimigos. “Getsêmani” em aramaico significa “Pressão de Azeite”, uma alusão às oliveiras e ao processo de extrair azeite sob intensa pressão.
Era um refúgio frequente para Jesus e Seus discípulos, um lugar de solidão, comunhão com o Pai e abrigo contra os ataques inimigos. Getsêmani era um santuário especial, um local de refrigério após longos dias de ministério (Lucas 22:39).
O nome “Getsêmani” em aramaico significa “Pressão de Azeite“. O jardim era rico em oliveiras, e a remoção do azeite era um processo que envolvia colocar as azeitonas sob intensa pressão.
Ao chegarem, Jesus deixa oito discípulos no portão e leva consigo Pedro, Tiago e João mais fundo no jardim. A escolha dessas três sugere que eram líderes e testemunhariam algo significativo para orientar os outros discípulos no futuro. Da mesma forma, Deus ainda coloca algumas em situações únicas para que possam ensinar outros sobre a graça e a suficiência divinas (Lucas 22:31-32).
Naquela noite, Jesus entrou no “Lagar de Azeite”, onde a pressão intensa produziria o azeite doce da graça e da submissão ao Pai. Getsêmani seria um lugar de pressão intensa, e nosso texto revela algumas das pressões enfrentadas por Jesus naquela noite.
A. Houve Pressões Internas
- Jesus ficou muito surpreso: Esta expressão indica que Ele foi atingido pelo terror e ficou surpreso ao encarar o copo que teria que beber. Sua angústia era única e incomparável.
- Ele sofreu o peso: Demonstrando grande angústia e aflição, Jesus sentiu um fardo esmagador.
- Sua alma estava extremamente triste: Ele estava cercado por uma tristeza avassaladora, uma angústia profunda que o envolvia completamente.
- Disse até a morte: Indicando que Jesus estava à beira da morte enquanto orava no Getsêmani. Sua angústia era tão intensa que poderia levar à morte.
Esses detalhes revelam a extrema provação emocional e espiritual que Jesus experimentou ao entrar no Getsêmani. Ele antevia a dor física, tornar-se pecado na cruz, ser julgado pelo Pai, a quebra temporária da comunhão, o abandono por parte da nação, seguidores e do Pai, bem como a ira do governo terreno.
B. Houve Pressões Externas
Quando lemos o relato de Lucas, vemos que durante a oração, o suor de Jesus tornou-se como grandes gotas de sangue caindo no chão (Lucas 22:44).
Apesar de ser Deus encarnado, Jesus experimentou a fragilidade humana, com seu corpo sujeito à fadiga, dor, fome, sono e cansaço.
As emoções foram tão intensas que seu corpo humano quase não suportou. No entanto, Ele perseverou, superando a agonia do Getsêmani para cumprir o propósito da cruz.
C. Houve Pressões Infernais
Embora não haja evidências bíblicas diretas, a opinião é expressa de que Jesus foi um ataque satânico. Acredita-se que Satanás tentou sobrecarregá-lo emocionalmente, a ponto de fazer-lo morrer ali mesmo.
A presença de um anjo enviado do Céu para fortaleza-Lo sugere uma intervenção celestial diante desse ataque. Satanás, embora não quisesse a cruz, tentou impedir Jesus de chegar lá, pois sabia que seria sua derrota final.
No Getsêmani, Jesus exigiu pressão interna, externa e até infernal, mas chegou firme para cumprir a missão redentora na cruz.
II. GETSÊMANI FOI UM LUGAR DE ORAÇÃO (Mc 14: 35-36)
(Ilustração: Jesus deixa oito de Seus discípulos no portão do jardim, levando consigo três mais adentro, a saber, Pedro, Tiago e João. Ele instrui esses três a aguardarem e “vigiar”, significando prestar atenção cuidadosa. Esses alunos deveriam estar atentos a qualquer problema iminente e orar com é possivelmente por Jesus enquanto Ele se retirava para orar, conforme registrado em Marcos 14:38.)
Jesus adentra ainda mais o Getsêmani para se dedicar à oração. Vamos explorar Sua oração nos próximos momentos.
A. O Objeto de Sua Oração
- Abba, Pai: Jesus, em um momento de intensa intimidação, chama Seu Pai de “Abba”, uma expressão aramaica equivalente a “papai”. Este termo denota proximidade e relacionamento afetivo, algo incomum ao falar de Deus. Essa intimidade é contínua a nós, por meio de Jesus, que nos permite clamar “Aba, Pai”, estabelecendo uma relação próxima com o Criador.
- Todas as coisas são possíveis; afasta de mim este cálice: Jesus autoriza a soberania do Pai e a possibilidade de evitar a angústia iminente. Não é uma tentativa de escapar da cruz, pois Ele nasceu para esse propósito. A oração pode ser vista como uma indagação, uma busca sincera de compreender se há outra maneira dentro do plano redentor do Pai.
- Ó meu Pai, se é possível, passe de mim esta cálice: Essa expressão em Mateus sugere a profunda agonia e repugnância de Jesus ao enfrentar a cálice representando a ira divina contra o pecado. Ele não teme a dor física da cruz, mas a ideia de se tornar pecado, ser julgado e abandonado pelo Pai é angustiante. Jesus, sem pecado, sente a repulsa de carregar o peso do pecado.
- Deixe-Me fazer assim: Jesus, mesmo desejando a vontade do Pai, apresenta sua humanidade ao expressar o desejo de encontrar outra maneira de realizar a salvação. A pressão de se tornar pecado e enfrentar a ira de Deus é avassaladora, demonstrando a humanidade real de Jesus.
B. A Opressão da Sua Oração
- Acredita-se que Satanás estava se opondo a Ele: Há uma sugestão de que Jesus estava sob um ataque satânico intenso no Getsêmani, talvez com tentando Satanás impedi-Lo de ir para a cruz. A intensidade da opressão espiritual é comparada à luta enfrentada por Jesus no Monte da Tentação, onde o diabo o trouxe em três benefícios.
- O diabo precisou de três vezes para se esgotar no Monte da Tentação: A referência ao número três pode estar associada a três momentos específicos de ataque satânico durante as três orações de Jesus no Getsêmani. A resistência e perseverança de Jesus são destacadas, pois Ele prevalece sobre os ataques perigosos e segue em direção à crucificação.
- Cada oração provavelmente está associada a um momento de ataque satânico: A repetição das orações de Jesus pode sugerir uma resistência contínua contra as forças malignas que buscam impedi-lo de cumprir a missão da cruz. Jesus, apesar da intensidade da opressão espiritual, persiste em buscar a vontade do Pai.
C. A Obediência da Sua Oração
- Expressão de Obediência: Apesar da angústia e das intensas pressões enfrentadas, Jesus conclui Sua oração com uma rendição completa à vontade do Pai. Ao dizer “eu quero”, Jesus revela Sua vontade humana natural de evitar a agonia iminente, mas imediatamente seguida por “tu queres”, demonstrando Sua submissão à vontade divina. Este é um momento de teste significativo, onde a humanidade de Jesus é evidente, mas Sua obediência à vontade do Pai prevalece.
- Um Verdadeiro Momento de Teste: O fato de Jesus, mesmo sendo incapaz de pecar, enfrente um momento de diversas tentativas enfatizar Sua identificação com a humanidade. Essa vitória sobre a tentação no Getsêmani reflete a consistência de Jesus em permanecer submisso à vontade do Pai, assim como havia sido feito no Monte da Tentação anos antes.
III. GETSÊMANI FOI UM LUGAR DE PRIORIDADES (Mc 14:37-41)
(Ilustração: Enquanto Jesus orava no jardim à noite, dois conjuntos de prioridades estavam sendo estabelecidos. Essas prioridades revelaram o contraste entre o Salvador sem pecado e os homens pecadores.)
A. As Prioridades do Mestre
Jesus tinha uma prioridade fundamental e abrangente em sua vida. Ele viveu para realizar a vontade de Seu Pai. Aos doze anos, Ele afirmou: “Não sabeis que devo cuidar dos negócios do meu Pai?” (Lucas 2:49). Mais tarde, declarou: “A minha comida é fazer a vontade daquela que me invejo e terminar a sua obra” (João 4:34). E ainda disse: “Porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquela que me invejo” (João 6:38).
A cruz do Calvário e a morte de Cristo nunca estiveram em questão! Jesus veio a este mundo com o propósito de morrer pelos pecados e pelos pecadores, e foi isso que Ele fez. Cumprir a vontade de Seu Pai foi o foco exclusivo de Sua vida. Ele consumiu completamente o plano do Pai no Calvário (João 19:30). Essa é uma verdade que todos podemos comemorar hoje!
B. As Prioridades dos Discípulos
Enquanto Jesus orava e enfrentava a carga mais pesada que qualquer homem já havia carregado, os discípulos estavam dormindo.
Embora Jesus tivesse instruído a “vigiar“, eles estavam cansados e todos adormecidos. Estes mesmos três homens já dormiram durante a transfiguração (Mateus 17) e agora, novamente, dormiram durante a maior luta espiritual que o mundo já testemunhou.
Esses discípulos tiveram a oportunidade de observar o Grande Sumo Sacerdote do Céu enquanto Ele se aproximava do Pai no Santo dos Santos. Um privilégio sem igual, mas eles dormiram durante todo esse momento crucial.
A prioridade do Senhor era a vontade de Seu Pai, enquanto a prioridade dos discípulos eram eles mesmos e suas próprias necessidades.
Pode-se argumentar que já era bastante tarde e que eles estavam fisicamente exaustos. No entanto, dormir tornou-se uma fuga para eles. Dada a gravidade do que tinham ouvido sobre a traição e a morte iminente de Jesus, estavam deprimidos, frustrados e confusos. Ainda assim, isso não os isenta da responsabilidade de permanecerem vigilantes quando o Mestre assim instruiu.
Jesus encontra os discípulos dormindo e então dirige-se a Pedro chamando-o de “Simão”. Este era o antigo nome de Pedro, significando “ouvir ou escutar”. Pedro não estava como o novo homem, o “Rocha”, que havia prometido morrer com Jesus momentos antes.
Jesus sai para orar mais duas vezes, e em cada retorno, encontra os discípulos novamente dormindo. Esta passagem destaca que os discípulos mantiveram prioridades diferentes de Jesus.
A lição
A lição evidente aqui é clara. Jesus alcançou a vitória porque foi vigilante e diligente na oração, confiando no poder de Seu Pai. Em contraste, os discípulos confiaram em si mesmos e, quando chegaram à hora da prova, falharam (v. 50).
Se quisermos experimentar a vitória em tempos de tentativa e provação, é imperativo confiar no Senhor e em Seu poder. Não podemos depender de nossa própria força, mas somente na dEle (Efésios 6:10-12). Confiar em nós mesmos nos leva ao fracasso, enquanto render-se ao poder e controle de Deus em nossas vidas nos conduz ao sucesso, permitindo-nos viver para Ele e seguir Sua vontade.
Os discípulos seguiram um padrão previsível em suas vidas. Vamos observar isso mais de perto:
- Autoconfiança: inicialmente, demonstrou autoconfiança (v. 31), acreditando que poderiam permanecer em seu próprio poder.
- Indiferença e Falta de Vigilância: Durante a agonia de Jesus no Getsêmani, dormiam (v. 37), demonstrando indiferença ao mal ao seu redor e cuidando de verdadeira vigilância moral e espiritual.
- Tentação: Quando confrontados com a tentação (v. 50), cederam à pressão de pensar primeiro em si mesmos, rebelando-se contra o plano de Deus para suas vidas.
- Pecado: Em consequência, pecaram (v. 50ss), confiando em si mesmos e ignorando o poder de Satanás, caindo no pecado. A mensagem é clara: nenhum crente é páreo para o diabo!
- Desastre Espiritual: O padrão culminou em desastre espiritual (v. 50ss). Como a tentativa não enfrentada no poder de Deus leva ao pecado, e o pecado não confessado e purificado resulta em tragédia espiritual.
Uma lição crucial aqui é que este mesmo padrão pode se manifestar em nossas vidas se seguirmos no poder da carne.
Para evitar um naufrágio espiritual, devemos permanecer próximos a Deus e manter nossas vidas purificadas. O poder divino é essencial para resistir às tentações e manter-nos firmes em nosso caminho espiritual.
Conclusão deste Estudo e Pregaação sobre o Getsêmani:
A contemplação dos eventos no Getsêmani é motivo de profundo agradecimento ao Senhor. Que alegria saber que nosso Salvador superou todas as batalhas em nosso lugar e saiu vitorioso!
Esta passagem não apenas nos convida à reflexão, mas exige de nós. Ao pensar em tudo o que Ele suportou por nós naquela noite, devemos adorar a Deus de todo coração.
Se nos situarmos na posição dos discípulos, esta passagem nos convocará ao despertar do sono espiritual e nos engajaremos fervorosamente para o Senhor. Este é um momento que exige ação; não é hora para o povo de Deus dormir.
Para aqueles que ainda não experimentaram a salvação, a visão do Salvador sofreu no Getsêmani deveria despertar o desejo de buscar Sua redenção hoje.
Ele já falou ao seu coração? Se assim for, responda ao Seu chamado. Ame-O! Adoro-O! Acredite Nele! Receba-O! Este é o momento de render-se a Ele.
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Maravilhosa esclarecedor. Abre a visão em grandes dimensões.