Salmo 11: Estudo versículo por versículo explicado e comentado
O Salmo 11 é uma expressão de confiança de Davi em meio a adversidades e perigos. Diante de um contexto de perseguição, onde ameaças externas e internas cercavam Israel, Davi reafirma sua fé em Deus, recusando-se a buscar segurança por meios humanos.
Neste estudo completo, vamos explorar cada versículo comentado e explicado do Salmo 11, compreendendo a profundidade desse cântico e o seu chamado à confiança na justiça divina mesmo em tempos de grande tribulação.
Sobre o que é o Salmo 11?
O Salmo 11 é classificado como um cântico de confiança em Deus em meio à adversidade, refletindo a tensão entre a corrupção interna e as ameaças externas que Israel enfrentava.
Onde Davi rejeita à tentação de fugir e se esconder diante da opressão, em que estava enfrentando. Pois muito embora a situação fosse desafiadora, e os conselhos sugeriam que ele deveria buscar refúgio longe das ameaças. No entanto, Davi rejeita essa ideia, reafirmando que seu refúgio verdadeiro está no Senhor.
O salmo também destaca que, embora os ímpios ajam como se Deus não visse suas maldades, o Senhor está em Seu santo templo, observando e testando tanto os justos quanto os perversos.
Quem escreveu o Salmo 11?
O Salmo 11 foi escrito por Davi em um momento de grande provação e perseguição, possivelmente durante o período em que ele enfrentava a crescente hostilidade e inveja do rei Saul.
Este salmo reflete a luta interna de Davi contra a tentação de desconfiar da proteção de Deus e a pressão de buscar sua própria segurança através de métodos humanos.
Nesse tempo, Davi estava constantemente em perigo, pois Saul, por inveja e medo de perder seu trono, tentava tirar sua vida, inclusive lançando dardos contra ele.
Contexto do Salmo 11?
O Salmo 11 surge em um contexto de tensão e provação tanto externa quanto interna para Israel e para o próprio Davi.
Nos Salmos 9 e 10, vemos duas ameaças distintas: o Salmo 9 trata do inimigo externo, invasores que colocam em risco a segurança e estabilidade da nação.
Já o Salmo 10 se volta para um problema interno, denunciando aqueles que vivem dentro da comunidade de Israel, dizendo conhecer a Deus, mas cujas ações revelam que não têm um relacionamento genuíno com Ele.
Esses indivíduos, descritos como “ateus pragmáticos”, reconhecem a existência de Deus em palavras, mas agem como se Ele não tivesse influência em suas vidas e ignoram a possibilidade de um julgamento divino.
No Salmo 11, Davi enfrenta essa realidade de um ambiente repleto de maldade, tanto externa quanto interna. Ele está cercado por nações perversas ao redor de Israel e, ao mesmo tempo, por pessoas ímpias dentro da comunidade que vivem de forma corrupta.
A situação é ainda mais pessoal para Davi, pois ele vive um período de perseguição por parte de Saul, que o vê como uma ameaça ao seu trono e busca tirar sua vida.
Qual a divisão deste Salmo?
O Salmo 11 pode se dividir da seguinte forma, conforme a divisão proposta por Wiersbe:
1. Questionando Deus (Salmo 10:1)
2. Rejeitando Deus (Salmo 10:2-13)
3. Confiando em Deus (Salmo 10:14-18)
Estudo do Salmo 11: Comentário versículo por versículo
1 # “NO SENHOR confio; como dizeis à minha alma: Fugi para a vossa montanha como pássaro?”
Quando a crise surgiu, os conselheiros de Davi imediatamente sugeriram que ele deixasse Jerusalém e buscasse refúgio seguro nas montanhas. Eles não pareciam acreditar que o Senhor poderia protegê-lo (veja 3:2 e 4:6).
Davi usa a imagem de um pássaro no Salmo 55:6-7, mas, neste caso, ele não precisa de asas de pomba para fugir. Ele necessita de asas como as de uma águia (Isaías 40:31), para que, pela fé, possa elevar-se acima da tempestade e vencer seus inimigos.
No texto original, o verbo “fugir” está no plural, referindo-se tanto a Davi quanto à sua corte. Embora seja correto fugir da tentação (2 Timóteo 2:22), como fez José (Gênesis 39:11-13), é errado fugir das responsabilidades, como Neemias foi convidado a fazer (Neemias 6:10-11).
Um líder que abandona suas responsabilidades durante a crise não é um pastor fiel às suas ovelhas, mas sim um mercenário (João 10:12-13).
Devemos ter cuidado com conselhos insensatos. Ao depositarmos nossa fé no Senhor, Ele nos protegerá e guiará em todos os nossos caminhos.
2 # “Pois eis que os ímpios armam o arco, põem as flechas na corda, para com elas atirarem, às escuras, aos retos de coração.”
A afirmação “pois eis que” revela que os conselheiros de Davi estavam analisando a situação apenas do ponto de vista humano, baseando suas decisões naquilo que podiam ver (ver 2 Reis 6:8-23). É importante estar ciente dos fatos, mas é ainda melhor interpretá-los à luz da presença e das promessas de Deus.
Nesse contexto, uma conspiração estava em andamento, algo comum nos palácios do Oriente. Embora os arcos e flechas possam ser literais, é mais provável que sejam metáforas para palavras enganosas e destrutivas (Salmo 57:4; 64:3-4).
Contudo, Davi, sendo um homem reto e justo (v. 2, 3, 5), confiava que Deus, em sua justiça, agiria de forma correta e justa (v. 7).
3 # “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”
Sabemos que Davi era um rei escolhido por Deus para reinar sobre Israel, e qualquer ameaça contra ele afetava diretamente os alicerces da nação.
Após rejeitar Saul como rei, Deus não escolheu Absalão para assumir o trono, apesar de suas tentativas de usurpar o poder. Tanto Saul quanto Absalão tentaram abalar o governo divino, conforme revelado em Salmos 75:3 e 82:5.
A estabilidade de uma sociedade depende da verdade, e quando essa verdade é questionada ou negada, os fundamentos dessa sociedade enfraquecem (Isaías 59:11-15).
No Salmo 11, a pergunta “Que poderá fazer o justo?” também pode ser interpretada como “O que o Justo está fazendo?”
Muitas vezes, Deus permite que as coisas sejam “abaladas” para que seu povo se concentre na edificação espiritual, em vez de se apegar à estrutura visível (Hebreus 12:25-29; Ageu 2:6).
4 # “O SENHOR está no seu santo templo, o trono do SENHOR está nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos homens.”
O salmista, logo no primeiro versículo, declara sua confiança em Jeová e menciona o conselho de seus amigos para que ele se proteja.
Em seguida, ele explica por que essa confiança em Deus é apropriada, mesmo diante de uma situação que parece desesperadora.
“Minha resposta a vocês é que o mundo não é governado pelo acaso, nem os homens podem fazer o que bem entendem. O Senhor, que habita em Seu palácio sagrado, onde nenhum conselho injusto entra, observa tudo do Seu templo nos céus. Seu trono está muito acima de qualquer rei da terra.”
Davi continua a afirmar que Deus é o governante supremo e justo sobre todos os eventos.
Nenhuma maldade pode ser planejada em segredo, nenhum plano perverso pode ser tão bem disfarçado que Deus não veja.
Ele não precisa se esforçar para descobrir esses desígnios, pois, enquanto falamos, Ele já discerne perfeitamente as inclinações dos corações humanos e conhece a fundo cada intenção.
5 # “O SENHOR prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.”
Aqui a expressão “pôr à prova” transmite a ideia de “testar metais pelo fogo”, como em Jeremias 11:20 e 17:10. Assim como o fogo purifica e revela a verdadeira natureza dos metais, os olhos de Deus sondam profundamente nosso coração e nossa mente (Hebreus 4:12; Apocalipse 2:23).
O Senhor testa os justos para revelar o que há de melhor neles. Diferente disso, Satanás os tenta para trazer à tona o que há de pior.
Quando enfrentamos dificuldades e confiamos em Deus, as tribulações se tornam um meio de crescimento e fortalecimento espiritual, beneficiando-nos em vez de nos prejudicar (2 Coríntios 4:7-18).
6 # “Sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso; isto será a porção do seu copo.”
Quando nos deparamos com o verso 6, vemos que Davi utiliza três imagens poderosas para descrever o julgamento que Deus preparou para os ímpios.
A primeira imagem é de fogo e enxofre descendo sobre eles, semelhante ao juízo que o Senhor enviou sobre Sodoma e Gomorra (v. 6a; Gn 19:24). Essa representação também aparece em passagens como Isaías 30:33 e Apocalipse 9:17.
Em seguida, Davi menciona uma terrível tempestade que destrói os inimigos. Ele descreve um “vento tempestuoso”, semelhante ao que frequentemente sopra no deserto (v. 6b).
Essa imagem de tempestade também aparece no cântico de Davi sobre seu livramento das mãos de Saul (Salmo 18:4-19), destacando a força da intervenção divina.
A terceira imagem é de uma poção venenosa em um cálice (v. 6c). A expressão “beber do cálice” refere-se ao julgamento do Senhor e aparece em várias passagens da Bíblia, como em Salmo 75:8, Isaías 51:17 e Jeremias 25:15-17.
Essa metáfora enfatiza a aversão de Deus ao pecado e à violência, como mencionado em Salmo 5:5.
Ressaltando a certeza do julgamento divino e a justiça que Deus exerce sobre os ímpios.
7 # “Porque o SENHOR é justo, e ama a justiça; Seu semblante contempla os retos.”
O versículo 7 do Salmo 11 afirma sobre a natureza de Deus e Sua relação com os justos. Onde a tradução correta é: “Porque Jeová é justo; Ele ama a justiça.” Afirmando que Deus não apenas é justo, mas também ama aqueles que praticam a justiça.
O versículo continua com a frase: “Seu semblante contempla os retos.” A palavra traduzida como “semblante” está, no hebraico, no plural, literalmente significando “seus rostos”.
O uso do plural pode ser complexo, mas é comum nas Escrituras. Uma interpretação possível é que o ser humano tem dois rostos: um à direita e outro à esquerda, assim como possui dois olhos, duas bochechas e duas narinas.
Quando aplicado a Deus, o plural não possui um significado místico; simplesmente indica que, assim como as características do semblante humano, o termo se refere a olhos.
Assim, Deus vê os perigos enfrentados pelos justos em suas necessidades e os contempla com favor e afeição. Essa constante atenção divina garante que os justos estejam seguros. Portanto, a mensagem central desse versículo é clara: os justos podem confiar em Deus como seu defensor.
Reflexão do Salmo 11
Deus governa o mundo com um olhar que não pode ser enganado. Enquanto os homens podem parecer justos ou ímpios, Deus conhece o coração de cada um. Ele é o refinador que, ao provar o ouro, revela seu verdadeiro valor.
Essa imagem nos lembra que, embora as pessoas justas possam enfrentar aflições, isso é parte do processo de purificação e julgamento de Deus, que visa sempre o bem de Seus filhos.
A prosperidade temporária dos opressores não deve nos desencorajar. Deus, que é santo, não tolera a maldade e promete punir os injustos.
A imagem de uma tempestade levando os perversos à morte é um aviso claro: o julgamento de Deus é certo e iminente. Cada um tem sua própria porção designada, e aqueles que persistem no pecado impenitente enfrentam a condenação.
Este chamado ao arrependimento nos confronta diretamente. Se estamos longe de Deus, devemos nos apressar em nos voltar a Ele, buscando refúgio na cruz de Cristo. A segurança de nossa alma está em Cristo, que é nossa esperança e consolação.
Somente por meio d’Ele podemos navegar pelas dificuldades da vida e vencer os conflitos que surgem em nosso caminho.
Portanto, confie plenamente em Deus, reconheça Sua justiça e busque sempre Sua proteção. Pois Ele é o nosso refúgio seguro em tempos de crise, e a certeza de que, Nele, encontramos não apenas segurança, mas também a vida abundante que Ele promete.
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