As crianças de pais não-crentes serão salvas?

No contexto da fé e da salvação, surge uma pergunta que tem intrigado muitos: “As crianças de pais não-crentes serão salvas?” Para abordar esse assunto complexo, vamos explorar diferentes perspectivas e entender as nuances envolvidas.

A condição das crianças diante da fé

Quando nos deparamos com essa questão, é importante ter em mente algumas considerações fundamentais.

Primeiramente, reconhecemos que as crianças não possuem a capacidade de arrependimento, pois ainda não desenvolveram plenamente a compreensão do certo e do errado. Além disso, elas não podem ser batizadas ou assumir qualquer responsabilidade em relação à fé.

A interpretação bíblica em foco

Alguns argumentam, contrariando o ponto de vista bíblico, que a condenação mencionada em Romanos 3.23 (“todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”) abrangeria também as crianças dos não-crentes, já que estariam incluídas na categoria de “todos”.

No entanto, essa interpretação levantaria um questionamento sobre as crianças dos próprios crentes, que também estariam incluídas nesse grupo condenado.

Se considerarmos que as crianças filhas de não-crentes estão automaticamente condenadas, isso nos levaria a refletir sobre a prática do batismo infantil, adotada por algumas igrejas como forma de preparar as crianças para a eternidade.

No entanto, é importante ressaltar que o batismo infantil não é uma prática bíblica, e nem o batismo em si é um meio de alcançar a graça divina.

A abrangência da expiação de Cristo

A expiação realizada por Cristo é um tema central na teologia cristã. Ela se estende a todos os seres humanos e opera sobre aqueles que aceitam o sacrifício de Cristo. Nesse sentido, também inclui aqueles que não têm a capacidade de aceitá-lo, como as crianças e outras pessoas consideradas irresponsáveis perante a fé.

Podemos fazer um paralelo entre a expiação e os efeitos do pecado de Adão. Assim como as crianças e pessoas incapazes de rejeitar o pecado herdaram a maldição do pecado original, elas também fazem parte da expiação, que tem o propósito de remover essa maldição.

Portanto, as crianças permanecem protegidas pela obra redentora de Cristo até atingirem a idade em que possam fazer uma escolha consciente de aceitar ou rejeitar a salvação.

A inocência das crianças diante de Deus

Uma vez que as crianças não têm a capacidade de crer ou compreender o pecado, é incorreto afirmar que o reino dos céus é exclusivo para aquelas que vêm a Jesus. Como podemos exigir que crianças inocentes e irresponsáveis tomem essa decisão?

Além disso, é importante esclarecer um trecho de Apocalipse 20:12, que menciona “pequenos e grandes diante do trono de juízo. A palavra utilizada nesse texto para “pequenos” não se refere especificamente a crianças, como as palavras gregas “Teknos” ou “Phaidion”, que têm esse sentido. Em vez disso, a palavra empregada é “Mikros”, que se refere a uma posição ou condição de pequenez.

Essa passagem indica que tanto os grandes, como os reis ou príncipes, quanto os pequenos, como os pobres, passarão pelo julgamento diante do trono de juízo. No entanto, é importante destacar que o julgamento se baseará nas obras de cada indivíduo.

Nesse contexto, surge a pergunta: onde estão as obras de uma criança? É possível justificar uma criança por suas obras? Afirmamos que a criança, embora tenha o pecado original pela sua origem, não cometeu pecado algum devido à sua inocência.

Uma passagem frequentemente mencionada por aqueles que questionam a salvação das crianças é a referência feita por Paulo aos “filhos imundos” e aos “filhos santos”. No entanto, devemos compreender que o apóstolo estava se referindo à limpeza cerimonial dos cônjuges, que concordavam em viver em conformidade com a disciplina evangélica, afastando-se das práticas de prostituição idolátrica.

Portanto, quando Paulo menciona que os filhos são “santos” (no original grego, “ÁGIOS”), ele está se referindo a eles como separados dessas práticas profanas, socialmente puros e castos. Essa passagem não trata da salvação ou do castigo eterno das crianças.

Conclusão

À luz dessas reflexões, torna-se evidente que o pecado original das crianças que ainda não têm capacidade de compreensão, Deus não leva em consideração. As crianças estão incluídas na redenção e seu pecado original é lavado pelo precioso sangue de Cristo, de acordo com o eterno plano divino.

É importante ressaltar que a salvação de uma pessoa não se garante apenas por ter um cônjuge crente. Nem os filhos de pais crentes são automaticamente salvos devido à condição de santificação de seus pais. Cada indivíduo é responsável por sua própria fé e decisão pessoal em relação a Cristo.

No caso das crianças que vivem em lares ímpios, elas estão sob a proteção da obra redentora de Cristo até que tenham idade suficiente para compreender e escolher entre o bem e o mal. Nesse momento, exercitando sua faculdade de razão, elas poderão crer e receberem a salvação pela graça de Deus.

Em resumo, embora o assunto seja complexo e possa gerar diferentes interpretações, acreditamos que Deus, em sua infinita sabedoria e amor, trata as crianças de maneira especial. Ele considera sua inocência, protege-as sob a obra redentora de Cristo e aguarda o momento em que possam fazer uma escolha consciente em relação à fé. A salvação das crianças está nas mãos de um Deus gracioso e misericordioso, que as ama e cuida delas com ternura.

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