Surpreendente significado e lições da vida de Jacó e Esaú

A relação entre Jacó e Esaú é, sem dúvida, uma das histórias mais variadas da Bíblia. Os gêmeos são continuamente vistos em desacordo, com Jacó vencendo seu irmão mais velho uma e outra vez. 

Na verdade, podemos nos perguntar por que o manipulador Jacó é considerado um herói da fé. 

Os eventos mais positivos de sua vida, como sua visão da escada, seu casamento com Raquel e sua luta com o anjo, ocorrem no pano de fundo de seu engano. 

Além disso, onde Jacó é duvidoso, Esaú é alguém que “se consola com pensamentos de matar Jacó” (Gênesis 27:42). 

Então, não se sinta culpado por questionar o que esse relato bíblico pode nos ensinar.

Quem são Jacó e Esaú na Bíblia?

Jacó e Esaú são netos de Abraão, aquele com quem Deus estabeleceu uma aliança. Assim, os dois irmãos ocupam um lugar importante na história de uma nação escolhida. 

A Bíblia testificam que os dois gêmeos, nascidos de Rebeca, representam duas nações opostas (Gn 25:23). 

Os descendentes de Jacó são conhecidos como israelitas. Enquanto os descendentes de Esaú são chamados de “edomitas”. 

Embora Esaú seja o mais velho dos dois, a projeto redentor de Deus segue a linha de Jacó. “O mais velho servirá ao mais novo.”

O que aconteceu entre Jacó e Esaú?

Jacó e Esaú são opostos completos. Esaú é descrito como um caçador habilidoso coberto de pelos. Na verdade, o nome “Esaú” significa “peludo”. 

Ele também atende pelo nome de Edom, que significa vermelho. Razão pela qual chamam seus descendentes de edomitas. 

Jacó é seu oposto direto. Onde Esaú é ruivo e peludo, Jacó aparece como de pele lisa. Ele nasce agarrado ao calcanhar de Esaú. Por isso lhe dão o nome de Jacó. 

Na cultura hebraica, agarrar o calcanhar era uma forma figurativa de expressar engano. 

Depois de perder sua bênção, Esaú lamenta; “Ele não está corretamente chamado Jacó? (enganador)” (Gênesis 37:36). 

Como Esaú, Jacó vive o significado por trás de seu nome. Jacó é o manipulador consumado e se depara conosco inflexivelmente egoísta.

Vemos pela primeira vez a discórdia entre os irmãos quando Jacó deseja o direito de primogenitura. 

No mundo antigo, o filho primogênito recebia uma porção dobrada da herança familiar. Essa porção dupla transmitia que o filho mais velho preservasse a linhagem familiar. 

Dessa forma, o filho primogênito ocupava uma posição de honra, respeito e autoridade. Além disso, dependendo dos recursos da família, até segurança financeira. 

Por nada mais do que uma tigela de guisado, Esaú abandona o que é seu por direito e o entrega a Jacó.

Jacó também rouba a bênção de Esaú. Essa bênção, proferida pelo pai, envolvia a transferência da liderança familiar para o filho primogênito. 

A bênção também era uma proclamação profética de como Deus agiria em favor do indivíduo. Isaque, cego e em seu leito de morte, deseja dar sua bênção final a Esaú. 

Com o incentivo de Rebeca, no entanto, Jacó se apresenta como Esaú e rouba a bênção de seu pai. Esaú responde a isso prometendo matar seu irmão.

O que podemos aprender com as diferenças desses irmãos?

Embora não tenha uma mentalidade muito estratégica, Esaú é engenhoso e habilidoso. 

Ele aumenta seus recursos para um lugar de abundância através de sua própria habilidade e trabalho. 

Jacó também acumula muitos recursos. Jacó tem um intelecto aguçado e uma mente estratégica.

A singularidade de Jacó e Esaú está entrelaçada em sua própria origem. Suas habilidades e aptidões são dons de Deus. 

Jacó não é chamado para ser Esaú, nem Esaú é chamado para ser Jacó. Cada irmão traz habilidades e percepções únicas. 

Imagina o que os dois teriam realizado se tivessem permitido que seus pontos fortes trabalhassem juntos. Em vez de estar continuamente em desacordo, e se os dois escolhessem abençoar um ao outro?

Infelizmente, Jacó e Esaú não trabalhavam juntos. Eles tinham um relacionamento competitivo. 

Essa competividade não pode ser atribuída apenas à “rivalidade entre irmãos”. Uma das coisas infelizes que vemos na narrativa é o jogo de favoritos de Isaque e Rebeca

O texto diz definitivamente que “Isaque, que tinha gosto pela caça, amava Esaú. Mas Rebeca amava a Jacó” (Gênesis 25:28)

Os pais atiçaram o fogo da rivalidade entre os dois meninos, colocando um filho sobre o outro. 

Assim como imaginamos se Jacó e Esaú tivessem trabalhado juntos, também imaginamos como seria o relacionamento deles se Isaque e Rebeca tivessem amado seus filhos igualmente. 

Infelizmente, como Jacó cresceu em um sistema familiar enraizado no favoritismo, ele incorpora essa mesma dinâmica em relação a seus próprios filhos. Jacó ama sua esposa Raquel mais do que Lia, e assim favorece os filhos de Raquel sobre os de Lia. 

Jacó exibe seu favoritismo a José dando-lhe uma túnica colorida. Como resultado, José torna-se odiado por seus irmãos, que eventualmente o vendem como escravo.

3 lições surpreendentes da história e da vida de Jacó e Esaú 

Dado o caráter manipulador de Jacó e a maneira como ele trata Esaú, que lição devemos aprender? 

Como a história de Jacó e Esaú nos leva a um reconhecimento mais profundo do trabalhar de Deus em nossas vidas? 

Podemos tirar alguma lição da história desses dois irmãos em guerra? Vejamos:

1. Deus redime a todos

É notável ver como a redenção chega a esses gêmeos desalinhados. 

À medida que Jacó viaja para se encontrar com Esaú (Gênesis 33), vemos uma mudança em sua personalidade. 

Jacó não está mais enraizado no ganho egoísta. Enquanto se prepara para encontrar Esaú, Jacó ora:

“Sou indigno de toda a bondade e fidelidade que você mostrou ao seu servo… temo que Esaú me ataque, e também as mães com seus filhos” (Gênesis 32: 10-12). 

Durante os anos, Deus formou Jacó para ser um homem de espírito arrependido e preocupado com sua família. Certamente ele está muito longe da manipulação egoísta de sua juventude.

Há também crescimento com Esaú. Após a perda de sua bênção, Esaú ameaçava matar seu irmão. 

É por isso que Jacó teme o reencontro. No entanto, quando Esaú se aproxima de Jacó, não há sinal de vingança ou ressentimento. 

“Esaú correu ao encontro de Jacó e o abraçou; ele jogou os braços em volta do pescoço e o beijou. E choraram” (Gênesis 33:4). 

A Bíblia não registra o que ocorreu na vida de Esaú ao longo desses anos, mas é seguro dizer que Deus abrandou seu coração. O fogo da vingança lentamente se transformou no calor da compaixão.

O abraço de Jacó e Esaú é um testemunho maravilhoso da capacidade de Deus de redimir até mesmo as situações mais confusas em nossas vidas. 

Mesmo que sintamos que o perdão ou a restauração são impossíveis, Deus é capaz de abrandar os corações mais duros e trabalhar a reconciliação entre familiares ou amigos. Mesmo que isso possa levar algum tempo. 

A reconciliação nunca é instantânea. No entanto, para Jacó e Esaú, e para nós, sob a orientação da mão graciosa de Deus, o perdão é sempre possível.

2. Deus trabalha contra o grão

Ao estabelecer o plano redentor por meio de Jacó, o irmão mais novo, Deus se move na contramão das expectativas mundanas. Esta é uma tendência constante na Bíblia. 

Jacó é um herói improvável, mas, novamente, Moisés, Davi, Raabe, Rute, Pedro e Paulo também são. 

Deus escolhe o que é fraco aos olhos do mundo para testemunhar a suprema grandeza do próprio poder. 

Em última análise, a salvação não ocorre por meio de nosso próprio domínio, mas em resposta ao convite gracioso de nosso Senhor.

Se Deus trabalha através das experiências de Jacó, por mais imperfeitas e problemáticas que sejam, da mesma forma, Deus pode estar presente em nossa vida. 

A experiência de redenção de Jacó nos encoraja a considerar como Deus se move além de nossas próprias expectativas mundanas. 

Poderia haver uma bênção vindo de um lugar inesperado em nossa vida?

3. Bênção não é desprovida de luta

Podemos facilmente supor que a vida de bênção envolve uma existência fácil e sem problemas. Mas não é isso que vemos com Jacó. Nem de fato é isso que vemos em qualquer herói da fé. 

A vida de Jacó é cheia de lutas ou dificuldades. Sua vida é uma batalha constante. 

A bênção de seu pai é recebida apenas com ameaças assassinas e isolamento familiar. Tendo acabado de ser declarado o chefe da família, ele agora deve deixar a família com medo de sua vida.

As bênçãos de Deus não necessariamente nos removem das dificuldades da vida. De fato, às vezes, as bênçãos de Deus podem realmente nos chamar a lugares de dificuldades ou lutas. 

No entanto, embora as bênçãos de Deus não nos tirem da dificuldade, elas declaram a presença de Deus em meio à dificuldade. 

A bênção de Deus testifica que algo mais profundo está sempre em jogo em nossas vidas. Como Jacó descobriu em Betel, somos chamados a descobrir que “o Senhor está neste lugar” (Gênesis 30:17). 

Entender como somos abençoados por Deus significa reconhecer que vivemos dentro da sua obra redentora. 

Conclusão sobre a história de Jacó e Esaú

A história de Jacó e Esaú não é uma fábula fácil de moralidade bem definida. Não tem vencedores ou perdedores claros. Além disso, Jacó nunca é um personagem perfeito. 

No entanto, em última análise, como em todos os relatos bíblicos, nossos olhos não devem se fixar em indivíduos humanos. 

Devemos lançar nossa visão sobre a presença e obra de Deus. Apesar da rivalidade, engano e discórdia, o relato de Jacó e Esaú testemunha um Deus que trabalha continuamente na vida humana. 

Deus estava presente na vida dessas pessoas. Deus operou redenção, perdão e, finalmente, salvação. 

Tal obra pode nem sempre estar em evidência na vida, mas está lá. 

Da mesma forma, podemos afirmar, com fé, que Deus torna a redenção disponível em nossas vidas. Por mais falhos que possamos ser, ou tão propensos a decisões erradas quanto Jacó, podemos confiar no amor de Deus, 

Leia também: O que a história de Esaú e Jacó pode nos ensinar sobre autocontrole?

Equipe Redação BP

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