3 Lições da História de Onésimo: De Escravo a Colaborador de Paulo
Hoje vamos aprender sobre a história de Onésimo, um homem que passou de escrevo a servo de Deus em Cristo Jesus.
No Novo Testamento encontramos muitos relatos interessantes sobre fé, redenção e transformação. Uma dessas histórias notáveis é a de Onésimo, um personagem que teve a sua vida transformada pela palavra de Deus.
O evangelho o tornou um homem livre, pois renovou as suas esperanças e maneiras de enxergar a vida. Vamos continuar explorando a vida dele para entender o que sua história tem a nos ensinar.
Qual a História de Onésimo na Bíblia
Esse era um escravo que pertencia a um homem chamado Filemom, que era um cristão e residente em Colossos. Este é o mesmo personagem que lemos no Novo Testamento.
Para entender essa história, precisamos lembrar que o Apóstolo escreveu uma carta a Filemom quando estava preso em Roma. Sendo que durante sua prisão, conheceu Onésimo, um escravo fugitivo (Fl 1: 1-3).
1 PAULO, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso cooperador, 2 E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso camarada, e à igreja que está em tua casa: 3 Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Filemom 1:1-3
Além disso, precisamos entender que questão de escravidão era comum naquela época e alguém que fugisse, se capturado, recebia sérias punições, incluindo a morte.
O texto, no entanto, relata que Paulo anunciou o evangelho a Onésimo e este creu. Após algum tempo, por algum motivo, enviou o homem de volta ao seu senhor. “Solicito-te em favor do meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.” (Fl 1:10)
No versículo 13 deste mesmo capítulo, ele diz que poderia conservá-lo com ele, mas não queria fazê-lo sem o seu consentimento.
Como Filemom também era um servo de Deus, provavelmente, o objetivo desse encontro era eliminar os ressentimentos e promover a união e reconciliação entre os dois (Fl 1: 8-22).
8 Por isso, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém, 9 Todavia peço-te antes por amor, sendo eu tal como sou, Paulo o velho, e também agora prisioneiro de Jesus Cristo. 10 Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões; 11 O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu to tornei a enviar. 12 E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas. 13 Eu bem o quisera conservar comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho; 14 Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como por força, mas, voluntário. 15 Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre, 16 Não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no SENHOR? 17 Assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo. 18 E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta. 19 Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi; eu o pagarei, para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves. 20 Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor; recreia as minhas entranhas no Senhor. 21 Escrevi-te confiado na tua obediência, sabendo que ainda farás mais do que digo. 22 E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido.
Filemom 1:8-22
O que Onésimo roubou e por que ele fugiu?
Onésimo é mencionado como um escravo que fugiu de seu dono, Filémon, e acabou encontrando Paulo durante seu período de prisão. Onésimo posteriormente se converteu ao cristianismo sob a influência de Paulo e estava sendo enviado de volta a Filémon com uma carta na qual Paulo o recomendava como um irmão em Cristo.
As epístolas não detalham o motivo específico da fuga de Onésimo ou de seu eventual retorno, incluindo quaisquer ações ilícitas que possam ter ocorrido. Portanto, a resposta à pergunta sobre o que Onésimo roubou não é especificamente abordada nos textos bíblicos.
A diferença das relações servo e senhor no Novo Testamento
Ao iniciar a carta Paulo elogia o receptor da mesma. Em seguida, compartilha como Onésimo foi útil para ele e pede que o receba não mais como escravo, mas como um irmão em Cristo Jesus
A intenção do Apóstolo era expressar sua esperança de que o amor e compreensão, vencesse as diferenças; e o perdão prevalecesse nos corações.
Nesse contexto, Paulo se propõe, inclusive, a pagar algum prejuízo ou dívida do ex-escravo. Paulo enfatiza também o seu desejo de que haja livre vontade, não obrigação.
As diferenças nessas relações entre senhor e servo, não poderiam afetar a vida espiritual e o desenvolvimento da palavra de Deus.
Naquele tempo, homens que se converteram ao cristianismo eram donos de escravos. Por outro lado, também havia muitos escravos cristãos. Assim, promover o perdão e a reconciliação, promoveria a quebra de um sistema de injustiça e relações abusivas.
Na verdade, os novos convertidos, servos ou senhores precisavam se dispor a viver em novidade de vida. Levando uma vida de amor e justiça perante Deus e os homens. (Rm 6:4)
O evangelista deve demonstrar amor sincero
Evangelizar não é uma tarefa fácil, pois exige do evangelista disposição, discernimento e amor pela causa da verdade.
Notamos que Paulo não apenas compartilhou a mensagem de Cristo, mas também considerou Onésimo como parte de sua família espiritual.
Diante desses esclarecimentos, podemos aprender muitas lições com essa passagem bíblica.
Primeiro a importância da reconciliação e da graça em nossos relacionamentos. Segundo, estimular o perdão e demonstrar que todos somos iguais perante Deus, independentemente de nossa origem, status social ou passado.
Além disso, a história de Onésimo nos ensina sobre o poder transformador do evangelho. Na condição de escravo fugitivo, teve a oportunidade de ouvir e experimentar a mensagem da salvação.
Assim, o encontro com Cristo mudou sua vida de forma radical, transformando-o de um escravo fugitivo em um colaborador valioso e amado. (Cl 4:9)
Por que Onésimo enfrentou uma morte por apedrejamento?
Assim como muitos outros santos nos primeiros quatro séculos, a vida de Onésimo foi marcada por um trágico desfecho antes de ascender aos céus.
É uma questão que frequentemente nos intriga: o que leva as pessoas a perpetrarem atrocidades tão cruéis? Todavia, é essencial recordar que o Evangelho possui uma natureza ofensiva que atravessa todas as barreiras de tribos, idiomas e nações. Sua mensagem frequentemente contraria e incita a ira nas pessoas, a ponto de motivar assassinatos.
No contexto de Onésimo, ele estava sob a jurisdição do imperador Trajano, que permitia a perseguição aos cristãos. Vale mencionar que, dentre os imperadores, Trajano se destacava por ser relativamente mais tolerante nesse aspecto. Ainda assim, durante o seu reinado, diversos cristãos notáveis, incluindo Inácio, enfrentaram execução.
Ao ser julgado, Onésimo recusou-se a renunciar à sua fé. Após um período de 18 dias, o imperador teve a oportunidade de testemunhar a força inabalável da fé de Onésimo, o que o levou a ordenar sua tortura e subsequente morte.
O que podemos aprender com Onésimo?
Muitas facetas de Onésimo nos escapam. Conhecemos o fato de sua ofensa a Filêmon e sua subsequente fuga, motivada pelo temor das consequências. No entanto, o cerne de seu caráter permanece obscuramente oculto, envolto nas tradições eclesiásticas. Ainda assim, há valiosos ensinamentos que podemos extrair desse indivíduo.
1. Primeiramente, Onésimo trilhou os passos de Jesus.
Determinar o exato momento em que Onésimo abraçou a fé é um desafio. Se a tradição que o vincula aos setenta discípulos comissionados estiver correta, ele se uniu a Jesus desde o início.
Alternativamente, sua fé pode ter florescido sob a influência de Paulo. Independentemente do caminho percorrido, Paulo, ao referir-se a Onésimo como “um irmão amado” (Filemon 1:16), terminologia que usualmente empregava para a congregação, indica que Onésimo aceitara Jesus como seu redentor.
Sua fé foi tão inabalável que enfrentou torturas e uma morte brutal por causa do Evangelho. Da coragem e fé demonstradas por Onésimo, podemos ansiar por uma fração em nossas próprias vidas, em relação à fé e à determinação que ele nutriu diante do imperador Trajano.
2. Em segundo lugar, ele estava endividado com Filemom.
De alguma maneira, Onésimo acabou enredado em dívidas. Talvez o montante em questão correspondesse ao valor de um servo contratado para substituir a servidão original. Nesse cenário, sua trajetória serve como lembrança das advertências bíblicas contra o endividamento.
Outra possibilidade é que o débito resultasse do dinheiro subtraído de Filemom, o que implicaria em um ato de roubo por parte de Onésimo. Independentemente das circunstâncias exatas, a dívida estava presente. E é também o nosso caso.
Paulo utiliza a situação de Onésimo para ecoar a Filemom que todos enfrentamos obrigações. Somos, todos, servos da justiça, e essa realidade desafia qualquer hierarquia ou distinção.
3. Por fim, é plausível que Filemom o tenha perdoado.
As Escrituras nos deixam suspensos em um momento de ansiedade. Filemom seguirá os conselhos de Paulo? Ou punirá Onésimo com rigor?
Se a tradição eclesiástica refletir a realidade, é provável que Filemom tenha escolhido a primeira opção. Ele identificou a marca divina em Onésimo e lhe concedeu liberdade — apesar das dívidas pendentes. Que possamos também abrigar a essência do perdão.
Independentemente das “dívidas” que outros possam acumular conosco, que possamos perdoar nossos devedores, assim como Cristo nos perdoou.