Parábola da Candeia: Explicação, significado e lições
A Parábola da Candeia, registrada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, ensina sobre o propósito de iluminar o ambiente. Jesus utilizou a metáfora da candeia, ou lamparina, com o propósito de explicar os ensinamentos divinos e também nos ensinar muitas lições sobre a importância de manter acesa a nossa candeia.
Versículos da Bíblia que falam sobre a Parábola da candeia
Lucas 8:16-18
“E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz. Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver até o que parece ter lhe será tirado.”
Marcos 4:21-25
“E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não vem antes para se colocar no velador? Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.”
Mateus 5:15-16
“Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
Significado e contexto histórico da parábola da candeia
O contexto histórico da Parábola da Candeia está diretamente ligado à região da Galileia. Um local que ocupava uma posição social e religiosa peculiar no tempo de Jesus.
Geograficamente, a Galileia era uma região ao norte da Judeia e se destacava por ser um centro econômico e cultural, onde pescadores judeus, como os discípulos de Jesus, retiravam seu sustento do mar da Galileia, também conhecido como lago de Genesaré ou mar de Tiberíades.
Historicamente, a Galileia era conhecida como “Galileia dos gentios” devido à presença de povos não-judeus. Desde o tempo de Josué, quando as tribos de Israel tomaram posse da Terra Prometida, essa região nunca foi totalmente “purificada” de povos estrangeiros, como os cananeus, que ali continuaram vivendo.
Essa mescla com os gentios fez da Galileia uma área de menor prestígio religioso entre os judeus da Judeia. Além disso, durante o período dos reis, Salomão cedeu cidades da Galileia ao rei Hirão de Tiro. O que reforçou a influência estrangeira e atrasou ainda mais a região do padrão de pureza religiosa esperada pelo povo de Israel.
Culturalmente, havia um certo preconceito quanto à possibilidade de surgir algo significativo de uma região considerada espiritualmente e etnicamente “impura”. Por isso, muitos questionavam se algum profeta poderia vir da Galileia, uma região desprezada pelas autoridades religiosas de Jerusalém.
É nesse contexto que Jesus, rompendo barreiras culturais e espirituais, decide iniciar seu ministério precisamente na Galileia. Ele traz uma nova perspectiva sobre o Reino de Deus, enfatizando a fé, o arrependimento e a simplicidade do verdadeiro entusiasmo.
Assim, Jesus revela que a luz do Reino não se limita aos lugares “nobres” ou “puros” aos olhos humanos. Mas está disponível a todos os que abrem o coração.
A parábola da candeia reflete essa mensagem: assim como uma lâmpada ilumina todo o ambiente, a mensagem de Jesus deve brilhar e transformar todos os lugares, especialmente onde a escuridão parece reinar.
Explicação da parábola da candeia em Lucas 8:16-18
A parábola da candeia contada por Jesus é uma lição poderosa sobre o propósito da luz do evangelho e o papel dos discípulos como portadores dessa luz no mundo.
Jesus começa explicando que, após acender uma vela (ou lâmpada), ninguém a esconde colocando um vaso em cima, nem mesmo escondendo-a debaixo de uma cama; ao contrário, a coloca em um castiçal para que ilumine o ambiente e beneficie aqueles que estão presentes.
Aqui, Jesus não está apenas falando de uma lâmpada literal, mas usando uma metáfora para revelar verdades profundas sobre o propósito do evangelho e a responsabilidade que estava estabelecendo a Seus seguidores.
Jesus compara o evangelho à luz de uma vela que ilumina um ambiente escuro. A função da luz é dissipar as trevas, permitindo que as pessoas vejam com clareza. Da mesma forma, a verdade de Deus revelada no evangelho ilumina o entendimento humano, expondo o pecado, revelando o caráter de Deus e mostrando o caminho para a salvação.
O evangelho não é algo para ficar escondido; sua natureza é transformadora e deve ser divulgada para alcançar os corações e mentes, trazendo salvação e restauração.
Nesta parábola, também observamos claramente que Jesus aponta diretamente aos Seus discípulos. Ele enfatiza que, assim como ninguém acende uma vela para escondê-la, eles devem compartilhar a luz do conhecimento que receberam.
Assim como seria sem propósito esconder uma lâmpada acesa, é igualmente sem sentido um discípulo esconder a verdade de Cristo.
Ao colocar a luz em um lugar elevado (no castiçal), Jesus ilustra a importância de viver uma vida de testemunho autêntico. Os discípulos são, em essência, “castiçais” do evangelho, chamados para exibir suas vidas transformadas e seu conhecimento de Deus.
Outro aspecto dessa parábola é o princípio de que tudo o que foi dado aos discípulos deveria, no tempo certo, se tornar acessível a todos. Na prática, Jesus não apenas instrui os discípulos a falar sobre o evangelho, mas também a manifestar essa luz por meio de atitudes, vivendo de forma que as verdades do evangelho se tornem evidentes.
E por fim, Jesus também adverte nesta parábola da candeia os discípulos a ouvirem com atenção e zelo. Como portadores da mensagem de salvação, eles deveriam ser diligentes, não apenas em ouvir, mas em assimilar as verdades que aprenderam.
Jesus, ao dizer “cuidado como ouvimos”, destaca que a maneira como respondemos à verdade importa tanto quanto o conteúdo que recebemos. Ouvir com descuido ou negligência pode resultar em uma perda espiritual, pois aquele que não valoriza a verdade corre o risco de perder até mesmo o que julga possuir.
2 Lições que Jesus nos ensina na parábola da candeia
1. Somos chamados para manter acesa nossa candeia no meio das trevas
Jesus nos ensina com essa parábola que em nossa caminhada de fé, é essencial manter nossa “candeia” acesa, ou seja, manter uma vida de oração, comunhão com Deus e intimidade.
Sabendo que a luz do testemunho precisa brilhar em nossa vida e em nossa casa, sendo mantida com verdade e coerência.
Seja com nosso comportamento dentro de casa, especialmente na presença de nossos filhos e familiares, os valores cristãos, devem ser refletidos. Evitar discussões, críticas, pois a nossa casa deve ser um altar de testemunho e não um palco de contendas.
Jesus ensina que a nossa luz deve iluminar, conduzindo os outros a Deus através das nossas ações (Mateus 5:16).
2. Não importa os obstáculos, a candeia precisa permanecer acesa
Na reflexão mencionada, vemos que existem “inimigos” da luz, como o vento, a chuva ou até mesmo vasos e camas, que representam obstáculos e dificuldades que tentam impedir o brilho da nossa luz.
Esses elementos simbolizam os ataques espirituais, as tribulações e as adversidades que tentam apagar nosso fervor e nossa fé.
O vaso que cobre a candeia representa tudo aquilo que sufoca e esconde o propósito divino, extinguindo o oxigênio (necessário para manter a chama).
A cama representa, por outro lado, a tentativa de buscar refúgio nas dificuldades e desistir da missão que Deus nos deu.
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