Ordem cronológica dos 66 livros da Bíblia

Ao começar ler a bíblia, me peguei questionando por que um livro que eu lia parecia preceder outro, embora na minha concepção, deveria vir depois. Então de forma errônea deduzi que a Bíblia seguia uma ordem cronológica, levando algum tempo para perceber meu equívoco.

Por exemplo, os primeiros cinco livros do Antigo Testamento – Gênesis até Deuteronômio – seguem uma ordem cronológica, mas posteriormente descobri que as linhas do tempo começaram a se entrelaçar e a se sobrepor.

A Bíblia é, de fato, uma coleção meticulosamente organizada de escritos, redigidos em média por 40 autores ao longo de milhares de anos. Em vez de seguir uma organização cronológica, ela adota uma estrutura baseada em gênero literário. Por exemplo, os livros dos profetas são agrupados em uma seção, enquanto os livros históricos ocupam outra.

Então, qual é a ordem cronológica dos 66 livros da Bíblia? E existe alguma vantagem em ler a Bíblia seguindo essa ordem em vez da sua sequência atual?

Como é comum em muitas situações, a resposta é ambígua.

Quais são os 66 livros da bíblia e como está organizada?

Na Bíblia, os livros não seguem uma ordem cronológica, mas sim uma organização baseada no tipo de literatura. Composta por um total de 66 livros, a Bíblia apresenta 39 livros do Antigo Testamento, antes de Cristo, e 27 livros do Novo Testamento, após Cristo. Esses livros são agrupados de acordo com o gênero literário.

No Antigo Testamento, encontramos:

• Livros da lei, como Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
• Livros de história, como Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester;
• Livros de poesia, como Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos;
• Profetas maiores, incluindo Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel;
• Profetas menores, como Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

No Novo Testamento, temos:

• Relatos do Evangelho, que narram a vida de Jesus, apresentados em Mateus, Marcos, Lucas e João;
• História da Igreja, como registrada em Atos dos Apóstolos;
• Cartas (epístolas) de Paulo às igrejas, como Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses e 2 Tessalonicenses;
• Cartas de Paulo a pessoas individuais, como 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito e Filemom;
• Cartas de outros autores, como Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipse.

Vale ressaltar que alguns consideram o Apocalipse não como uma carta, mas como um livro de profecia.

Qual é a ordem cronológica dos livros da Bíblia?

No Novo Testamento, a ordem dos eventos segue uma linha temporal clara, embora haja sobreposição e diferenças nos momentos em que os relatos foram registrados. Os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João narram a vida de Jesus, datando aproximadamente de 4 AC a 30 ou 33 DC.

Após os Evangelhos, acompanhamos os eventos em Atos, seguidos por algumas epístolas. Durante o mesmo período coberto por Atos, diversas cartas de Paulo e outros apóstolos foram redigidas. Posteriormente, temos as epístolas da “liberdade”, escritas durante um período em que Paulo estava livre, incluindo 1 Timóteo, Tito e as cartas de Pedro.

A segunda prisão romana de Paulo marca o período de escrita de 2 Timóteo, Hebreus e Judas. Por fim, concluímos com as epístolas de João e o livro profético do Apocalipse.

Já no Antigo Testamento, a ordem cronológica inicial se mistura em alguns pontos. Começamos com Gênesis, seguido simultaneamente pelo Livro de Jó. Avançamos para Êxodo, Levítico e assim por diante, até os períodos de exílio em Babilônia, com os livros de Daniel e Ezequiel.

Posteriormente, vemos a reconstrução de Israel com Esdras e Neemias, e durante esse período, acompanhamos eventos simultâneos em outros livros proféticos como Ageu, Zacarias e Malaquias.

Como ler a bíblia e por onde começar?

Ao ponderar sobre como abordar a leitura da Bíblia, surge a questão: começar por ordem cronológica ou não? Este dilema apresenta seus prós e contras.

Ao optar pela sequência cronológica, podemos enriquecer nossa compreensão e contexto histórico. Ao mergulhar nos eventos em sua sequência temporal, percebemos como os cronogramas e a linhagem ancestral moldaram a trajetória, e as advertências dos profetas e de Deus ressoam com maior clareza, destacando o distanciamento do povo de Deus e de Sua Lei.

Entretanto, a Bíblia transcende a mera narrativa histórica. As lições que dela extraímos vão além de meras instruções morais ou insights sobre o passado. É uma narrativa de amor, atemporal e universal, revelando a natureza divina. Assim, não devemos nos prender a uma ordem sequencial restrita, pois a vontade de Deus transcende nossa compreensão limitada.

O cânon bíblico, em sua totalidade, trabalha em harmonia para revelar a beleza, a perfeição e o amor de Deus, uma realidade que transcende o tempo.

Caso se sinta sobrecarregado ao deparar-se com a vastidão histórica da Bíblia, lembre-se: a leitura não é apenas um exercício intelectual, mas um bálsamo para a alma. Ela é mais do que uma narrativa – é a expressão suprema do amor divino pelo Seu povo.

Independentemente de escolher ler a Bíblia de ponta a ponta, saltitar entre os livros ou seguir um plano cronológico, saiba que o Espírito Santo nos guia para a verdadeira compreensão.

Basta pedir a Deus sabedoria e discernimento, pois Ele suprirá todas as nossas necessidades.

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