Jesus prometeu fazer “tudo quanto pedirdes em meu nome”?

“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.” – João 14:13-14

Antes de mais nada, precisamos reconhecer que todos lutam com a oração. Seja você um cristão de longa data ou alguém novo na fé, a frustração com nossas vidas de oração é comum. 

Todos nós já tivemos experiências de orar por algo ou alguém e encontrar pouca resposta para nossos pedidos. 

Thomas Merton escreveu uma vez que, na oração, sempre seremos nada mais do que principiantes. Então, se você já lutou com sua vida de oração, tenha coragem, você está em boa companhia.

O frustrante é que nossas experiências com orações não respondidas, à primeira vista, não parecem corresponder à promessa de Jesus de responder aos nossos pedidos. 

Jesus frequentemente faz declarações ousadas como “tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei” (João 14:13). 

De fato, tão enfático é esse convite que Jesus se repete no versículo seguinte: “Se em meu nome pedirem alguma coisa, eu o farei!” (João 14:14). 

Isso então é repetido uma terceira vez apenas dois capítulos depois: “Se você pedir alguma coisa ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá” (16:23). 

Tais declarações ousadas soam como se Jesus estivesse segurando um cheque em branco – um convite aberto para nomear e receber qualquer coisa que desejamos.

Jesus realmente quis dizer “tudo quanto pedirdes…”

Mas, é isso que Jesus quer dizer? Alguns supõem que sim. Alguns apresentam uma teologia de oração do tipo “nomeie e reivindique”, sugerindo que simplesmente precisamos ser ousados ​​em “nomear” nossos desejos de oração. 

Se o “nomearmos” – qualquer que seja “isso” – então podemos “reivindicar”. Isso pode parecer bom, mas não é bíblico.

O que exatamente Jesus quer dizer quando nos convida a “pedir qualquer coisa”? Existem limitações para o que devemos orar? 

Como exatamente combinamos o convite ousado de Cristo à oração com a forma certa de orar em seu nome?

O que significa “Tudo o que você pedir em meu nome”?

Cristo quer que oremos, disso não há dúvida. Pois, no amor ilimitado de Cristo por nós, somos convidados a orar sobre qualquer coisa que pertença às nossas vidas. 

No entanto, a palavra “tudo o que” é ambígua. Sejam as lutas da vida, as esperanças ou as alegrias vividas, Cristo nos chama a apresentar essas coisas em oração. 

Orar sobre o “seja o que for” de nossas vidas é nos abrirmos ao seu Espírito em humilde honestidade. É reconhecer que toda a nossa vida é vivida com Jesus. Nada deve ser retido.

Às vezes, limitamos nossas experiências de oração porque acreditamos erroneamente que há coisas que não podemos trazer a Deus. 

Podemos acreditar que Deus tem “coisas melhores para fazer” do que ouvir nossas orações. Talvez acreditemos que nossos pedidos de oração não são suficientemente espirituais para merecer a atenção de Deus. Tais dúvidas são fáceis de entreter. No entanto, este nunca é o caso.

“Tudo quanto pedirdes em meu nome”, até as pequenas coisas?

Um exemplo fabuloso disso está escondido nas páginas do Antigo Testamento. No livro de 2 Reis, lemos um relato curioso em que o profeta Eliseu, junto com a companhia de profetas, tenta construir casas à beira do rio Jordão. 

Tudo está bem até que o machado de ferro de um dos profetas cai na água. Em desânimo, ele grita “Ai, Mestre! Foi emprestado” (6:5). Em resposta, Eliseu se aproxima, discerne o lugar onde a cabeça do machado está sob a água e milagrosamente faz o machado de ferro flutuar até o topo.

É um pequeno conto curioso, mas que contém uma profunda lição sobre a presença de Deus em nossas vidas. 

Pergunte a si mesmo, onde você classificaria um machado caído contra orações por cura, orações por paz ou orações por salvação? 

Dadas todas as coisas do mundo para se preocupar, um machado caído em Israel provavelmente não está no topo da lista. Quem pensaria que Deus apareceria para algo tão banal?

No entanto, esse é o ponto. Não há nada muito grande ou muito pequeno que não possamos vir ao Senhor em oração. 

Este é o coração do convite de Jesus. Somos convidados a apresentar em oração o que quer que esteja em nossos corações ou mentes. 

A totalidade de nossas vidas é uma questão de oração. E, quando chegam aqueles momentos em que não sabemos pelo que orar, o Espírito Santo faz provisão para nós por “suspiros profundos demais para palavras” (Romanos 8:26). 

O convite de Cristo para orar é expansivo e inclusivo. Assim, quando Cristo nos manda orar sobre “tudo” que pedir “qualquer coisa”, podemos ter certeza de que ele fala sério.

Deus nos dará “tudo quanto pedirdes em meu nome” ou existe alguma coisa que não?

Isso significa, então, que podemos “reivindicar” tudo o que apresentamos em oração? Não! 

Embora sejamos convidados a orar sobre todas as coisas, em todos os momentos, Jesus deixa claro que nossas orações devem ser feitas “em seu nome”. 

Embora não haja limitações sobre o que podemos trazer em oração, há uma limitação sobre como oramos.

Orar em nome de Jesus não significa terminar nossas orações com um encerramento específico. Em vez disso, trata-se de alinhar nossa vontade e desejos aos desejos e vontade de Jesus. 

Quando oramos em nome de Jesus, colocamos nossas vidas sob a autoridade do senhorio de Cristo. Isso é importante. 

Na oração, nunca procuramos “reivindicar” o que queremos. A oração, na verdade, nos chama a liberar nossa reivindicação sobre nossas vidas, exceto o que está dentro da vontade de Deus.

O pedido de Tiago e João

Observamos isso nos Evangelhos. Marcos registra que Tiago e João vêm a Jesus com uma pergunta ousada. “Jesus”, dizem eles, “queremos que faças por nós tudo o que te pedirmos” (Marcos 10:35). 

O interessante aqui é que Tiago e João adotam a mesma linguagem que Jesus usa em seu convite à oração. Além disso, os dois “nomeiam” aquilo que gostariam de “reivindicar”, que é sentar-se à direita e à esquerda de Jesus em seu reino. 

Não é uma pequena pergunta por qualquer meio. No entanto, o tamanho da oração não é o ponto. Se a visão de oração “Nome e reivindique” estiver correta, então Tiago e João cumpriram claramente o requisito.

No entanto, Jesus não cumpriu o pedido deles! Jesus responde aos dois dizendo “vocês não sabem o que estão pedindo” (10:38), dando a entender que a oração deles não se baseia no conhecimento da vontade de Deus, nem no desejo de ser encontrado na vontade de Deus.

Sua oração, por mais ousada que fosse, estava enraizada em seu próprio desejo orgulhoso de status e aclamação. Jesus, distintamente, não faz por Tiago e João “tudo o que eles pedem”.

Então, Jesus estava mudando o chamado expansivo à oração? Novamente, não. 

A oração de acordo com a vontade de Deus

Fundamentalmente, a oração é descobrir e experimentar a vontade de Deus em nossas vidas. Não se trata apenas de conseguir o que queremos. 

É por isso que Jesus construiu a oração do Senhor como ele fez. Na Oração do Senhor, oramos por “nosso pão de cada dia” (nossos desejos, necessidades, desejos, esperanças) somente depois de orarmos pelo estabelecimento do reino e da vontade de Deus. 

É importante ressaltar que quando oramos para que Deus seja feito “na terra como no céu”, o primeiro e principal local dessa obra é em nossas vidas. Orar é abrir nossas vidas para a obra contínua do Espírito Santo.

Até mesmo Jesus entrou nessa forma de oração quando orou no Jardim do Getsêmani pouco antes de sua traição. 

Jesus orou: “Pai, se possível, afasta de mim este cálice, mas não pelo que eu quero, mas pelo que você quer” (Lucas 22:42). 

Esta é a nuance de orar em nome de Jesus. Enquanto somos convidados a nomear tudo o que desejamos, reconhecemos que somos chamados a nos submeter à vontade de Deus além de todas as coisas. 

Nossas vidas não são vividas meramente para a maximização de nossos desejos, mas para a realização do reino de Deus. É assim que oramos no próprio nome de Jesus.

Explorando a oração e “tudo quanto pedirdes em meu nome”

A realidade é que nem sempre sabemos exatamente o que é melhor para nós, ou qual pode ser a plena vontade de Deus para nossas vidas. Essas são coisas divinas, e nossas mentes finitas nunca compreenderão completamente todos os detalhes do plano de Deus. 

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os meus caminhos os vossos caminhos, diz o Senhor.” (Is 55:8). 

Humildade e devoção fiel a Jesus são de extrema importância para a oração. Em última análise, é isso que está errado com o modelo “nomeie e reclame”. 

O modelo assume que sempre vamos “nomear” o que for melhor para nossas vidas. No entanto, a queda da humanidade e a história de Tiago e João provam o contrário.

Orar em nome de Jesus não é um atalho para receber tudo o que queremos. Não é uma brecha divina na oração. 

Todo pedido deve estar de acordo com a vontade de Cristo

A oração é, em última análise, sobre nosso relacionamento interativo com o Senhor. Nesse relacionamento, somos apenas servos humildes diante de nosso Salvador. 

Isso significa que haverá momentos em que aquilo pelo qual oramos, até mesmo imploramos, não se realizará em nossas vidas. 

Não devemos minimizar o quanto isso é difícil ou tentar explicá-lo como falta de fé ou falta de “técnica! de oração. Infelizmente, haverá momentos em que nossas orações não serão realizadas.

Ainda assim, mesmo aqui, não devemos desanimar. A promessa das Escrituras é verdadeira. Jesus nos ouve quando chamamos e nos encoraja a perseverar em nossas orações. 

Como é bom ter um Salvador que nos atende quando chamamos! De fato, Cristo prometeu estar conosco, até o fim dos tempos (Mateus 28:20). 

É a partir desta base sólida da presença inflexível de Cristo que podemos apresentar nossos pedidos a Deus, confiantes em seu amor e misericórdia. 

Oramos, com ousadia, sempre olhando para aquele que mostra o caminho. Na oração, nossa atitude deve ser aquela em que buscamos não a promoção de nossa própria vontade, mas a realização da vontade de Cristo para nós.

Equipe Redação BP

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