5 lições do encontro de Rute com Boaz

O encontro entre Rute e Boaz ilustra uma história de amor que reflete a maior história de um Deus Redentor e provedor.

Havia outros homens que não hesitariam em se casar com Rute (v. 10), mas eles não tinham a capacidade de redimi-la. Somente um parente resgatador poderia cumprir esse papel, e Boaz era esse parente.

O encontro de Rute e Boaz

Sabendo que Boaz estaria na eira naquela noite, vigiando os cereais, Noemi orientou Rute a se preparar para encontrá-lo.

Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber. E há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então entrarás, e descobrir-lhe-ás os pés, e te deitarás, e ele te fará saber o que deves fazer. E ela lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.

Rute 3:3-5

A preparação de Rute para se encontrar com Boaz envolveu cinco etapas.

1. Rute se lavou (Rute 3:3a)

Em primeiro lugar, Rute se lavou (v. 3a). No Oriente, o calor e a poeira exigiam que as pessoas se lavassem com frequência, embora a água nem sempre fosse abundante.

A lei de Moisés prescrevia que os israelitas realizassem lavagens cerimoniais, se banhassem e trocassem de roupa antes de ocasiões especiais (Gn 35:1-3). Noemi estava orientando Rute a se preparar como uma noiva se prepararia para o casamento (Ez 16:9-12).

Para aprofundarmos nosso relacionamento com o Senhor, é essencial que nos purifiquemos “de toda impureza, tanto da carne quanto do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 7:1).

Sempre que pecamos, devemos orar pedindo: “Lava-me” (Sl 51:2, 7); às vezes, Deus nos diz: “Lavai-vos, purificai-vos” (Is 1:16).

Quando buscamos o perdão, Deus nos purifica completamente (1 Jo 1:9). Contudo, Deus não faz aquilo que é nossa responsabilidade. Somente nós podemos remover de nossas vidas as coisas que nos contaminam, e sabemos quais são essas coisas.

Os sacerdotes do Antigo Testamento que entrassem na presença de Deus contaminados corriam o risco de serem mortos (Êx 30:20-21).

O povo de Israel sabia que a santidade era necessária para adorar a Deus (Lv 15:24:1-6), mas muitos cristãos hoje se apressam a entrar na presença de Deus sem se purificar dos pecados que bloqueiam as bênçãos do Senhor.

Não é surpreendente que nossos cultos muitas vezes se tornem uma rotina vazia e que o poder de Deus não se manifeste em nossas reuniões?

2. Rute se ungiu (Rute 3:3b)

Em seguida, Rute se ungiu (v. 3b). No Oriente, era comum o uso de óleos perfumados para proteger e curar o corpo, além de tornar-se agradável aos outros. Assim como uma noiva dedica atenção especial aos perfumes para estar encantadora (ver Ct 1:3, 12-14; 4:11-16), Rute também se preparou com cuidado.

O óleo da unção simboliza a presença e operação do Espírito Santo em nossa vida. Como cristãos, recebemos a unção do Espírito Santo (1 Jo 2:20, 27) e devemos ser o “bom perfume de Cristo” para Deus (2 Co 2:15).

Quanto mais nos tornamos semelhantes a Jesus Cristo em caráter e conduta, mais aguardamos nosso Pai, e mais Ele pode nos abençoar e nos usar para Sua glória.

Certa vez, ouvi o Dr. A. W. Tozer dizer: “Se Deus tirasse o Espírito Santo deste mundo, muito do que a Igreja está fazendo não mudaria e ninguém perceberia a diferença”.

Atualmente, temos muitos recursos humanos na Igreja, e muitas vezes conseguimos “servir ao Senhor” sem a atuação do Espírito Santo em nossas vidas. Mas será que é isso que Deus deseja?

Enquanto esteve na Terra, Jesus viveu e trabalhou pela unção do Espírito Santo (Lc 4:16-19). Se o Filho perfeito de Deus precisava do poder do Espírito, quanto mais nós!

Temos a ousadia de orar apenas com o poder da carne, quando o Espírito está presente para nos ajudar (Rm 8:26; Ef 2:18)? Tentamos testemunhar de Cristo sem pedir o auxílio do Espírito (At 1:8)? Podemos ter comunhão com o Senhor em Sua Palavra sem o ministério do Espírito de Deus (Ef 1:15-23 e 3:14-21)?

3. Rute trocou de roupas (Rute 3:3c)

No terceiro passo da preparação de Rute para o encontro com Boaz, ela trocou de roupas (v. 3c). Ela deveria deixar para trás as vestes de viúva e se vestir para um casamento (ver Is 61:1-3).

Embora Rute não tivesse muitas roupas, é provável que possuísse um traje especial para ocasiões festivas. Noemi acreditava que Rute em breve estaria indo para um casamento!

As roupas têm um significado espiritual nas Escrituras. Após pecarem contra Deus, Adão e Eva tentaram se cobrir, mas somente o Senhor poderia perdoá-los e vesti-los de forma aceitável, o que envolveu o sacrifício de um animal (Gn 3:1-8, 21).

Os sacerdotes de Israel usavam vestes especiais e exclusivas (Êx 28). A salvação é representada como a troca de roupas (Lc 15:22; Is 61:10), e a vida cristã envolve despir-se das “roupas da morte” da vida antiga e vestir-se com as “roupas da graça” da nova vida (Cl 3:1-17; ver Jo 11:44).

Não podemos nos aproximar de Deus com nossa própria justiça, pois “todas as nossas justiças são como trapo imundo” (Is 64:6). Só seremos capazes de nos aproximar de Deus pela justiça de Cristo (2 Co 5:21), pois a graça nos foi concedida “gratuitamente no Amado” (Ef 1:6).

Se obedecermos à vontade de Deus e desejarmos agradá-Lo, nossas vestes serão resplandecentes (Ap 19:8); mas, se pecarmos, devemos confessar nossos pecados e buscar purificação no Senhor (Zc 3). Se você deseja um relacionamento mais profundo com o Senhor, então:

“Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça”.

(Eclesiastes 9:8).

4. Ela aprendeu como se apresentar a Boaz (Rute 3:3-4)

Para se preparar para seu encontro com Boaz, Rute aprendeu a forma adequada de se apresentar a ele (vv. 3, 4). Não havia nada de impróprio em seu procedimento, pois era a única maneira de se oferecer ao parente resgatador. Ela deveria colocar-se aos pés de Boaz e permitir que ele tomasse as providências necessárias.

Imagine se, a caminho da eira, Rute optasse por outro método. Por que se deitar aos pés do homem que desejava se casar? Por que descobrir seus pés e pedir que cobrisse ela com a ponta de sua capa? Se tivesse tentado uma abordagem diferente, Boaz ficaria confuso, e o plano não teria funcionado.

Os sacerdotes do Antigo Testamento sabiam como se aproximar de Deus, seguindo as instruções da lei. Da mesma forma, os cristãos do Novo Testamento devem seguir os princípios estabelecidos por Deus em Sua Palavra para se aproximarem Dele, tanto em comunhão pessoal quanto em culto público. Não temos permissão para alterar esses princípios.

Assim como o filho pródigo (Lc 15:11-24), os pecadores podem se aproximar do Senhor como estão, e Ele os receberá e transformará. No entanto, os filhos de Deus devem seguir as regras para manter a comunhão com o Pai (Hb 10:19-25).

Ao adorarmos a Deus, devemos fazê-lo “em espírito e em verdade” (Jo 4:24), seguindo os princípios das Escrituras e evitando substituir instruções divinas por ideias humanas.

5. Rute prometeu obedecer (Rute 3:5)

Por fim, Rute prometeu obedecer (v. 5): “Tudo quanto me disseres farei.” Ela não era apenas uma ouvinte da Palavra, mas também uma praticante.

A disposição de obedecer ao Senhor é fundamental para compreender Sua vontade e receber Suas bênçãos. Como está escrito: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina” (João 7:17).

A vontade de Deus não é um buffet onde escolhemos o que queremos; Ele espera que aceitemos todos os Seus planos e obedecemos plenamente.

Aproximar-se de Deus com interesses e reservas apenas nos afastará de Suas melhores bênçãos.

Estas são lições poderosas do encontro de Rute e Boaz que mostra que antes disso, Deus já os tinha encontrado.

Leia também: Rute e Boaz: bela história de amor com significado poderoso na Bíblia.