Quem eram os descendentes de Esaú? 4 Lições que aprendemos com os Edomitas

Sabemos que a maioria dos adversários de Israel mencionados no Antigo Testamento tinham laços familiares com os patriarcas. Por exemplo, Ló, sobrinho de Abraão, deu origem a duas dessas nações: os amonitas e os moabitas. Entre os inimigos mais ferozes de Israel estavam os edomitas, descendentes de Esaú, que nutriam um ódio profundo e implacável contra os israelitas.

A animosidade dos edomitas e sua disposição para atacar Israel sem provocação resultaram em um destino trágico para sua nação. À seguir, vamos conhecer quem eram os descendentes de Esaú, porque eles odiavam o povo de Israel e as principais lições que podemos aprender com os Edomitas.

Quem eram os descendentes de Esaú na Bíblia?

Para entender quem eram os descendentes de Esaú e descobrirmos as lições que podemos aprender com os mesmos, é essencial conhecer primeiro a história de Esaú. Ele e seu irmão gêmeo Jacó tinham uma relação conturbada desde o nascimento. Ao saírem do útero, Jacó agarrou o calcanhar de Esaú, prenunciando uma vida de conflitos entre os dois.

Cada um dos pais dos gêmeos tinha um filho favorito. Jacó, com sua natureza astuta, conseguiu enganar Esaú e tomar sua herança e bênção. Enfurecido, Esaú jurou matar seu irmão. Jacó então fugiu, casou-se com várias mulheres, teve 12 filhos e ficou longe de Esaú por muitas décadas. Com o tempo, Esaú se acalmou e passou a sentir falta de seu irmão, levando-os a uma reconciliação amorosa quando se reencontraram.

Contudo, os descendentes de Esaú, conhecidos como edomitas, mantiveram uma inimizade com os israelitas. Este povo habitava a região da moderna Palestina e adorava deidades como Qos (ou Quas), além de deuses populares como Baal e Asherah, influenciados pelos babilônios.

Os edomitas se afastaram de Yahweh, embora pudessem ter vivido em paz se tivessem escolhido segui-lo. Eles residiam próximos ao Mar Morto, e seu nome significa “vermelho”, uma referência ao terreno e rochas avermelhadas da região. O próprio nome de Esaú também significa “vermelho”.

Infelizmente, além de Herodes, o Grande, não há muitos edomitas notáveis. A história dos edomitas é marcada por conflitos com Israel, atacando-os sem provocação e sendo uma constante ameaça durante os reinados de Davi e Saul. A pergunta que fica é: o que levou a essa animosidade?

Porque os descendentes de Esaú odiavam o povo de Israel?

À primeira vista, compreender o motivo exato do ódio dos edomitas pode parecer desafiador, especialmente considerando que Esaú e Jacó aparentemente se reconciliaram mais tarde em suas vidas.

Um dos motivos pode ser a questão da bênção: Esaú, como primogênito, tinha o direito de recebê-la, mas foi Jacó quem a obteve. No contexto do Antigo Testamento, as bênçãos eram mais do que palavras; elas previam a herança material e estabeleciam quem lideraria a tribo familiar nas gerações seguintes.

Quando uma aliança com Deus estava em jogo, como no caso de Isaque e Jacó, a bênção assegurava a prosperidade futura de um membro da família e de seus descendentes.

Os edomitas podem ter se sentido excluídos quando Deus escolheu Jacó para ser Israel — o herdeiro da bênção da aliança e antepassado de uma grande nação.

Embora não haja uma razão exata documentada, o que sabemos é que os edomitas atacaram Israel repetidamente ao longo da história.

Apesar de não terem recebido a bênção diretamente, os edomitas poderiam ter experimentado o favor de Deus se tivessem se aliado à nação-irmã. Ao contrário, eles rejeitaram essa possibilidade. Talvez por isso a Bíblia mencione que “Deus odiou Esaú”.

O que aconteceu com os descendentes de Esaú?

No período do Novo Testamento, os edomitas ainda não haviam desaparecido completamente. Mesmo após a agressividade dos reis Saul e Davi, que os maltrataram severamente, eles conseguiram sobreviver.

Mas o que acontece depois? Durante algum tempo, os edomitas permanecem à espreita. Quando os israelitas são deportados para o cativeiro, aproveitam a oportunidade para saquear o templo. Este comportamento é descrito no Livro de Obadias, que destaca como eles se aproveitaram da fraqueza de Israel, provocando-os e garantindo assim o julgamento de Deus.

Nos Anos de Silêncio, período em que Deus não ditou nenhuma Escritura para o cânon, João Hircano, um líder judeu durante a revolta dos Macabeus, forçou os edomitas a se converterem ao judaísmo. Esta conversão deu origem a uma linhagem que incluía Herodes, o Grande.

Herodes é conhecido por seu papel na construção do Segundo Templo e por tentar matar Jesus Cristo ainda criança. Seu esforço para construir o Templo visava conquistar o povo judeu, mas ele acabou morrendo de uma maneira horrível, com larvas infestando seu corpo.

A Bíblia não detalha o destino dos edomitas após Herodes. Seus descendentes governaram partes da Judeia até a destruição de Jerusalém em 70 d.C., quando os judeus foram dispersos. Herodes Agripa, um de seus netos, também teve uma morte terrível, sendo comido por vermes.

No final, os governantes edomitas são lembrados principalmente por seus fracassos: tentar matar Jesus, assassinar João Batista e ser morto por anjos. Séculos depois, os edomitas aprenderam que ir contra o povo abençoado por Deus nunca traz bons resultados.

4 Lições valiosas dos descendentes de Esaú

É natural sentir empatia pelos descendentes de Esaú. Afinal, muitos se revoltariam se seu irmão lhes roubasse a herança e a bênção. No entanto, é importante lembrar que Esaú e Jacó reconciliaram suas diferenças. Os descendentes de Esaú poderiam ter aprendido com essa reconciliação, aproveitando o exemplo dado por seus antepassados.

A seguir, quatro lições de vida que podemos aprender com a história dos descendentes de Esaú.

1. Feridas familiares podem deixar marcas profundas e duradouras

Mesmo que os membros da família se reconciliem, isso não garante que o núcleo familiar inteiro se cure por completo. Não se sabe ao certo se Esaú compartilhou com seus descendentes o ocorrido — talvez com raiva antes de perdoar Jacó. Essa raiva pode ter sido internalizada pelos seus descendentes. Nunca saberemos ao certo, mas é evidente que o perdão de Esaú não foi transmitido adiante. Da mesma maneira, é crucial observar nossas próprias famílias e identificar onde as feridas têm se espalhado descontroladamente. Enfrentar e resolver esses problemas agora pode evitar sofrimento para as futuras gerações.

2. A injustiça tem consequências terríveis

Os edomitas têm um histórico de ataques contra Israel sem que este último pudesse se defender. Por exemplo, durante a travessia dos israelitas pelo deserto, quando precisavam garantir segurança ao atravessar o território edomita, estes, alimentando ressentimentos, recusaram e fizeram com que os israelitas lamentassem terem solicitado permissão em primeiro lugar.

Além disso, atacaram o templo enquanto os israelitas estavam sendo levados para uma terra estrangeira — um insulto à injúria.

Deus observa isso e se inflama de ira. Da mesma forma, não devemos empurrar mais pro fundo do poço alguém quando está caído, especialmente outro crente. Em vez disso, devemos oferecer ajuda quando eles não puderem retribuir.

3. A justiça de Deus não falha

O livro de Obadias, escrito durante o cativeiro inicial por volta de 590 a.C., reflete um período de espera prolongado pela justiça divina. Por exemplo, Herodes, o Grande, cuja morte ocorreu por volta de 4 a.C., exemplifica essa espera. O longo intervalo de tempo, especialmente considerando os séculos de história dos edomitas, pode parecer desafiador. No entanto, Deus eventualmente intervém de maneiras profundamente significativas.

A narrativa poética ilustra como aquele que tentou matar Jesus Cristo encontrou um fim terrível, com suas consequências sentidas por gerações subsequentes. Esta história nos lembra que Deus triunfa no final.

Embora a justiça e os caminhos de Deus possam ser inicialmente incompreensíveis, em retrospecto, sua intervenção revela um propósito claro e redentor.

4. Somos resultados de nossas escolhas

Os edomitas, ao optarem por hostilidade contínua contra os israelitas em vez de buscar a paz e a comunhão, perderam a chance de construir um futuro conjunto próspero e harmonioso. Se tivessem escolhido um caminho de ajuda mútua e cooperação, poderiam ter experimentado benefícios mútuos e visto suas relações com os israelitas florescerem com bênçãos e prosperidade compartilhadas.

Essa reflexão nos leva a considerar como as escolhas individuais e coletivas moldam não apenas o presente, mas também o curso da história. Ela nos desafia a buscar a paz, reconciliação e comunhão em vez de perpetuar conflitos desnecessários.

Ao fazer isso, podemos imaginar um mundo onde a história dos edomitas teria sido marcada por uma trajetória diferente de prosperidade compartilhada e harmonia, em vez das repercussões dolorosas de um caminho de antagonismo e rivalidade.

Indiara Lourenço

Com mais de 20 anos atuando na Pregação e Ensino, Indiara possui experiência em ministério infantil, jovem e feminino. Estudante de Teologia e ministra aulas na EBD. Mãe, esposa e serva que ama fazer a obra de Deus. Contagia a todos com sua alegria e inspira com palavras motivadoras, deixando um impacto positivo por onde passa.

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