Os animais vão para o céu após a Morte?
Os animais vão para o céu quando morrem? Bom, já conhecemos a cena: O amado animal de estimação de uma criança, um peixinho dourado, hamster ou gato morre de repente. A família se reúne em torno de um túmulo improvisado para dar seu último adeus. Palavras de conforto são ditas à criança enlutada.
Em algum momento, a pergunta é feita: “O animal foi para o céu?”
Os animais vão para o céu?
Parece uma pergunta fácil de responder. Filmes populares muitas vezes se debruçaram sobre esse tópico. O premiado filme da Pixar, Soul , por exemplo, mostra claramente a alma de um gato a caminho do além. Mas isso é biblicamente correto? Os animais vão para o céu?
Esta é uma questão profundamente teológica, baseada em uma variedade de fatores. O que queremos dizer com “céu”? Como se chega ao céu? O que faremos no céu? Essas perguntas são naturais.
Até os fariseus perguntam sobre a natureza do céu em relação a uma mulher que se casou com sete irmãos (Mateus 22:25).
Quando se trata de animais no céu, no entanto, a questão é mais difícil de resolver. Existem outros fatores a serem considerados.
Os animais têm a capacidade de responder à mensagem salvadora do evangelho? A alma animal é equivalente à alma de alguém feito à imagem de Deus? Se os animais podem ir para o céu, isso significa que um animal pode ir para o inferno?
Para responder a essa pergunta, precisamos emparelhar a compreensão bíblica do céu com a representação bíblica dos animais. É somente quando entendemos corretamente esses dois elementos que podemos responder de forma definitiva e confiante a essa pergunta intrigante.
O que a Bíblia diz sobre o céu
Pode ser difícil separar a imagem bíblica do céu das imagens populares fornecidas por filmes e programas de televisão.
O céu é muitas vezes imaginado como um lugar de luzes brilhantes e nuvens almofadadas, onde anjos com harpas fornecem uma eternidade de música de fundo celestial.
Nenhuma dessas imagens é encontrada nas escrituras. A Bíblia descreve o céu de duas maneiras principais.
Em primeiro lugar, o céu é definido pela presença de Deus.
Disto as escrituras são claras. O Livro do Apocalipse é talvez a fonte primária para esta compreensão.
A visão do céu de João contém uma imagem do trono de Deus, cercado por uma grande multidão de pessoas que se curvam em adoração. João escreve:
“E clamaram em alta voz: A salvação pertence ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro” (Apocalipse 7:10).
A imagem de João é clara, o céu é o lugar de adoração incessante ao Cordeiro sentado no trono.
Essa adoração envolve animais?
João não diz. João nunca menciona a presença de animais correndo pelas ruas douradas da cidade celestial. Embora ele mencione “quatro seres viventes” (Apocalipse 4:6-8), essas criaturas são claramente de natureza angélica.
Isso significa que podemos supor que os animais não estão presentes no céu? Não necessariamente.
A segunda coisa que precisamos saber sobre o céu é que ele envolve a renovação de toda a criação.
As imagens usadas para descrever como o céu “se parece” têm uma importante função teológica.
Tome como exemplo as imagens carregadas de pedras preciosas encontradas em Apocalipse 21:19-21.
A descrição de João é uma imagem da Jerusalém celestial. A Jerusalém terrena é apenas um prenúncio do brilhante reino de Deus, aqui retratado como uma cidade adornada com as melhores pedras preciosas.
Da mesma forma, muitas das imagens bíblicas do céu anunciam a reversão do Éden caído. Assim como Deus criou o Éden tinha uma árvore da vida e da morte no centro, assim também a cidade celestial contém uma árvore no centro.
A diferença, no entanto, é que as folhas da árvore na cidade celestial fornecem cura, não condenação (Apocalipse 22:2). Deus refaz o mundo.
Por fim, a visão de João atinge seu clímax na criação de um “novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21:1).
Durante sua revelação divina, João testemunha a Jerusalém celestial descendo e repousando sobre a terra. O céu não é uma realidade mística e efêmera. É real.
O reino de Deus é totalmente revelado no ato da recriação.
Como Paulo escreve, “toda a criação aguarda ansiosamente a revelação dos filhos e filhas de Deus” (Romanos 8:19).
As Escrituras ensinam que, como a própria criação foi sujeita aos efeitos do pecado, o resultado da redenção de Cristo é a cura completa de toda a criação.
A vida eterna não é viver como espíritos desencarnados em nuvens fofas. As Escrituras deixam claro que recebemos novos corpos e vivemos na nova terra.
Assim, quando falamos de céu, estamos falando da realidade de uma eternidade na presença de Deus no contexto de uma criação renovada. Isso é o que define a compreensão cristã do céu.
O que a Bíblia diz sobre os animais?
Os animais são parte da criação de Deus.
Eles não são um pensamento posterior ou um subproduto da queda. Os animais são uma expressão da criatividade e do amor de Deus.
No quinto e sexto dias da criação, Deus cria intencionalmente “animais conforme sua espécie” (Gênesis 1:20-25). Deus então responde à criação dos animais da mesma forma que Deus responde a todos os atos criativos: Deus declara isso bom. Os animais, portanto, são parte da boa criação de Deus.
As Escrituras não apenas deixam claro que Deus criou os animais, mas também testificam o cuidado amoroso de Deus com os animais.
A vida de um animal está sob o olhar de Deus.
Jesus declara que nenhum animal “se separa da vontade do Pai” (Mateus 10:29).
Deus provê e sustenta cada criatura viva sobre a terra.
Deus declara “porque todo animal da floresta é meu, e o gado de mil colinas. Conheço todas as aves das montanhas, e os insetos dos campos são meus” (Salmo 50:10-11). Cada animal ou inseto é, de alguma forma, um recipiente do amor de Deus.
Embora as escrituras tenham muitas coisas a dizer sobre o cuidado de Deus com os animais, as escrituras não apresentam os animais de forma domesticada. Isso é incrivelmente importante.
Como os animais eram vistos nos Tempos Bíblicos?
O mundo antigo via os animais como úteis para a subsistência ou empreendimentos comerciais.
Simplificando, não há “animais de estimação” nas escrituras. A única referência possível a um animal domesticado é encontrada em 2 Samuel 12.
Ao confrontar Davi com esse pecado de adultério, o profeta Natã fala de um homem que “não tinha nada além de uma ovelhinha que havia comprado.
Ele a criou, e ela cresceu com ele e seus filhos. Ele compartilhou sua comida, bebeu de sua xícara e até dormiu em seus braços. Era como uma filha para ele (12:3).
Esta é a única referência a um animal sendo tratado como um companheiro em vez de uma mercadoria. No entanto, mesmo aqui, isso só ocorre no contexto de uma história profética. O mundo antigo simplesmente não via os animais da mesma maneira que nós.
Onde fala na Bíblia que no Céu vai ter animais?
Onde isso nos leva em termos de se os animais vão para o céu? Podemos dizer com confiança que os animais farão parte da nova criação.
A redenção de Cristo é expressa na recriação de toda a ordem criada.
À medida que o reino de Deus for estabelecido na terra, isso sem dúvida envolverá a recriação do mundo animal. Cães, gatos, coelhos, mosquitos, crocodilos e aranhas vagarão pela nova terra, tanto quanto fazem esta.
Da mesma forma, o reino de Deus também envolverá a recriação de árvores, flores, rochas e espinheiros. Todos são refeitos.
Isso significa que nosso amado gatinho, ou nosso fiel companheiro cãozinho, virá saltitando em nossa direção quando chegarmos ao céu? Infelizmente, as Escrituras não respondem a essa pergunta.
Isso porque essa pergunta nunca teria passado pela cabeça dos escritores bíblicos.
Cães, especificamente, eram entendidos como necrófagos impuros (que se alimentam de coisas mortas ou impuras).
As Escrituras não contêm nenhuma referência positiva a um cachorro. Assim, a ideia de um cachorro receber um nome, uma cama e um brinquedo barulhento seria impensável para aqueles dos tempos bíblicos.
Além disso, há questões sobre a capacidade individual de nosso animal de estimação de responder à graça ou ao amor de Deus.
Meu cãozinho vive em um relacionamento ativo com o Senhor? Meu gatinho pode escolher rejeitar o amor divino? As aranhas pecam? Todas essas questões dizem respeito ao senso de personalidade espiritual de um animal.
Em última análise, embora possamos afirmar que os animais “segundo sua espécie” são refeitos na nova criação, não temos referência para responder se um animal contém a espiritualidade necessária para uma resposta pessoal ao evangelho.
Uma última palavra sobre se os animais vão para o céu
Isso, no entanto, não é o fim da discussão. Como mencionado acima, a certa altura, os fariseus se aproximam de Jesus com uma pergunta sobre uma mulher que se casa com sete irmãos.
Eles estavam, é claro, tentando prender Jesus com este enigma teológico (Mateus 22:28). A pergunta deles: de quem ela será esposa no céu, já que se casou com todos os irmãos?
A resposta de Jesus é instrutiva para nossa compreensão do céu. Jesus diz:
Vocês estão errados porque não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Na ressurreição as pessoas não se casarão nem se darão em casamento; eles serão como os anjos no céu. Mas sobre a ressurreição dos mortos, você não leu o que Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, mas de vivos (Mateus 22:29-32).
Os fariseus estão errados porque supõem que o céu é baseado em princípios e lógica humanos. Jesus aponta para eles, e para nós, longe das preocupações humanas com relação ao funcionamento interno do reino de Deus.
Questões como a aparência do céu, o que fazemos no céu ou quem estará no céu estão além de nossa preocupação. O reino de Deus está sempre além de nossa compreensão e controle. O céu é sobre residir no poder e no amor de Deus.
Este deve ser, portanto, o nosso foco final, pois, no final, essa será a realidade que desfrutaremos por toda a eternidade.