O Governo da Igreja: Entendendo as Diferentes Tradições Cristãs
As diferentes tradições cristãs têm maneiras únicas de organizar e governar suas igrejas. Esses sistemas variam de acordo com a interpretação das Escrituras e as práticas históricas de cada denominação. Vamos dar uma olhada em três desses sistemas e como eles funcionam.
1. Sistema Episcopal
O termo “episcopal” vem do grego “episkopos” e aparece no Novo Testamento algumas vezes.
Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.
Atos 20:28
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
1 Timóteo 3:2
Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
Tito 1:7
O episcopalismo afirma que Cristo deu autoridade para governar a igreja a uma categoria de líderes chamados de “bispos” ou “supervisores“.
Com o tempo, esse sistema desenvolveu uma hierarquia com um bispo exercendo primazia sobre outros bispos, culminando no papado romano.
O Catolicismo, algumas denominações protestantes e pentecostais seguem esse modelo.
2. Sistema Presbiteral
O sistema presbiteral se baseia no ofício de presbítero (gr. presbyteros) encontrado no Novo Testamento.
O que eles fizeram também, enviando-o aos anciãos, por mão de Barnabé e de Saulo.
Atos 11:30
E, tendo havido não pequena dissensão e contenda a Paulo e a Barnabé contra eles, determinaram que Paulo, e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre esta questão.
Atos 15:2
Nesse sistema, a igreja elege presbíteros para formar um Conselho que tem autoridade sobre a igreja local.
Um Concílio ou Assembleia Geral suprema exerce autoridade sobre as igrejas em uma região ou país. As igrejas reformadas e algumas igrejas pentecostais na América do Norte adotam esse modelo.
3. Sistema Congregacional
O sistema congregacional se baseia na prática de eleger líderes da igreja local, como visto em Atos 14.23.
E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor, em quem haviam crido.
No sistema congregacional atual, o pastor é eleito pela Assembleia Geral da igreja local, que mantém autonomia em suas decisões, sem interferência externa. Esse modelo é seguido pelos batistas.
O Governo da Assembleia de Deus
A Assembleia de Deus, especialmente nos Estados Unidos, tende a seguir um modelo presbiteral de governo. No entanto, no Brasil, nossa igreja adota uma abordagem híbrida, incorporando elementos dos sistemas episcopal e congregacional. Inicialmente congregacional por influência batista, a estrutura de governo da igreja mudou com a criação da Convenção Geral de 1930, adicionando elementos do modelo episcopal.
No modelo atual, as igrejas mantêm certa autonomia administrativa, mas seguem uma liderança regional e local centralizada. As Convenções Estaduais geralmente têm autoridade para nomear líderes pastorais nas igrejas locais, e em alguns casos, essa responsabilidade recai sobre uma igreja-sede que supervisiona várias congregações locais.
Em resumo, entender as diferentes tradições de governo da igreja é essencial para compreender como as denominações cristãs organizam suas estruturas e tomam decisões importantes. Cada sistema tem suas próprias vantagens e desafios, mas todos visam servir à comunidade de fé e promover os ensinamentos de Cristo.