O casamento na Bíblia e seus costumes
O casamento na bíblia era motivo para festejos alegres, cheios de animação, que poderiam durar até uma semana ou mais. Saiba como era o casamento nos tempos bíblicos.
Diz a Bíblia que Deus começou o casamento com o primeiro homem e a primeira mulher.
Quando Deus falou à Adão que um homem deveria deixar a sua parentela e se juntar a uma mulher assim se tornando um (Gênesis 2:24), ele estava descrevendo o casamento.
CASAMENTO, UMA INSTITUIÇÃO DE DEUS
A estrutura social que Deus considerou a melhor para a raça humana foi o casamento, como uma união para a vida toda.
Nos séculos que a história bíblica abrange, ao que parece, a condição normalmente era o adulto se casar. Alguns, no entanto, não se casaram.
Em certos casos, existe até uma recomendação no sentido de manterem o celibato aqueles que tiverem esse dom (1 Co 7.8,9).
Mas a maioria das pessoas busca o casamento, compelida pela necessidade de amar, de ter a companhia de outro ser humano, de se satisfazer sexualmente, bem como pelo instinto de reprodução.
Casar-se era uma prática tão normal naquelas alturas que quem não o fazia ficava estigmatizado socialmente.
Em alguns círculos, suspeitava-se de que aqueles que não se casavam eram portadores de algum defeito físico ou de deficiência mental, ou tinham uma perversão sexual.
A mulher solteira, então, via-se seriamente limitada em sua vida social.
A atitude de Paulo demonstrando aceitação tanto do casado como do solteiro ajudou muito a remover em parte esse estigma.
O fato de Jesus ter permanecido solteiro também demonstrou possível ter uma vida plena sem ser casado.
Mas apesar de tudo, Deus instituiu o casamento para esta vida terrena (Mt 22.30), para plenamente se apreciar.
E, a despeito de algumas exceções, a condição de casado era a regra para a grande maioria da população.
Com o passar dos séculos, a estrutura familiar sofreu algumas mudanças devido à variação do senso de valores, mas os elementos básicos de uma união para toda a vida, de modo geral, permaneceram inalterados.
CASAMENTO E SEUS COSTUMES NOS TEMPOS BÍBLICOS
As escrituras se referem à diferentes formas e costumes de casamentos.
Este, é um tópico complexo, porém, podemos tirar algumas conclusões sobre o casamento na bíblia, examinando leis bíblicas e as descrições dos casamentos.
A AUTORIDADE DO MARIDO NO CASAMENTO BÍBLICO
Na sociedade Israelita, o pai era a figura de autoridade na casa. Sua esposa e filhos eram considerados sua posse, quase como suas terras e gados (Deuteronômio 5:21).
Ele tinha o direito de vender suas filhas (Êxodo 21:7), e até tinha o poder de decisão de vida ou morte sobre a vida de seus filhos.
A facilidade com a qual o marido podia acabar com seu casamento divorciando sua esposa, mostra a medida de sua autoridade na família (Deuteronômio 24:1-4; 22:13-21).
Na verdade, a frase “se casar com uma esposa” vem da raiz da palavra que significa “se tornar mestre” (Deuteronômio 21:13).
A esposa tratava o seu marido e se referia à ele como seu mestre.
POLIGAMIA E MONOGAMIA
Há vários exemplos de poligamia, o casamento de um homem com duas ou mais esposas, no Velho Testamento. Jacó, por exemplo, era casado com Raquel e Lia.
No entanto, não há dúvida que a maioria dos Israelitas eram monógamos, ter uma esposa por vez.
Apesar de a bíblia não condenar a poligamia, ela com certeza não encoraja.
Se formos procurar um texto bíblico que condene claramente a poligamia veremos que a restrição só é feita para os reis (Dt 17.17).
Contudo, existem muitas passagens que dão a entender que o plano de Deus para o casamento era a união de um homem com uma só mulher.
O objetivo básico do casamento na bíblia era que marido e mulher se tornassem uma só carne (Gn 2.24).
Cristo incentivou esse modelo (Mt 19.6; Mc 10.8), o que demonstra que a poligamia não é o ideal cristão.
A CONCUBINA
Havia situações em que outras mulheres entravam para a família e tinham uma relação conjugal com o chefe da casa.
Embora não fossem consideradas esposas, ocupavam lugar definido na escala social.
De um modo geral, as concubinas provinham da classe pobre ou eram escravas.
Na maioria dos casos, tinham por finalidade proporcionar sexo ao homem, e ter filhos, principalmente meninos.
A prática de ter várias concubinas existiu desde o início da história de Israel até o princípio do estabelecimento do reino e era muito comum entre os que podiam se dar ao luxo de mantê-las.
Ha época dos juízes, por exemplo, há diversas menções a concubinas. Algumas eram mulheres prisioneiras de guerras. Outras eram escravas hebréias, dadas a seus donos por reis ou homens ricos; ou então filhas das famílias mais pobres.
Quando um homem rico tinha uma concubina judia, muitas vezes tratava-a com respeito, e seus filhos herdavam seus bens em bases iguais com os da esposa legítima.
As concubinas gentias muitas vezes eram desprezadas e maltratadas por toda a família.
Em alguns casos é difícil saber ao certo, pelo texto, se determinada mulher é uma concubina ou uma segunda esposa.
Em Juízes 19 há o relato de um homem que possuía uma concubina, e que depois é identificado como “marido”.
O DIREITO DAS CONCUBINAS
A lei mosaica contém dispositivos para a proteção das concubinas.
Isso talvez não seja uma indicação de que se aprovava essa relação, mas, sim, uma orientação com o objetivo de manter a ordem.
Os textos de Êxodo 21.7-11 e Deuteronômio 21.10-14 estabelecem os direitos da concubina.
O concubinato foi prática muito comum para alguns dos homens mais influentes de Israel.
Líderes importantes como Jacó, Gideão, Saul, Davi, Salomão e Roboão, todos tiveram concubinas. Dentre esses, o que teve o maior número foi Salomão.
Ele chegou a ter 700 esposas de nobre nascimento e mais 300 concubinas (1 Rs 11.3), uma quantidade que pode parecer espantosa, mas perfeitamente possível.
Muitos daqueles reis antigos formaram haréns enormes.
As concubinas de Salomão não apenas lhe proporcionavam prazer, mas também lhe davam mais filhos para o reino.
Está claro que muitas das esposas eram partes de tratados de paz, enquanto as concubinas eram muitas vezes presentes de outros reis.
Não há dúvida de que o casamento que Deus instituiu é o de um homem com uma mulher.
Contudo, ao que parece, ele permitiu que Davi mantivesse as “mulheres de seu senhor” (2 Sm 12.8).
No caso de Salomão, sabe-se que suas esposas estrangeiras lhe perverteram o coração para seguir a idolatria, e o destruíram espiritualmente (1 Rs 11.4).
Mas, apesar disso, ele ainda realizou muita coisa, pois manteve Israel em paz durante 40 anos.
É interessante observar que quando ele escreveu Cantares, um apaixonado poema de amor para a Sulamita, já tinha sessenta esposas e 80 concubinas (Ct 6.8,9).
O DOTE NO CASAMENTO
Havia três maneiras de se praticar o dote:
1. O noivo dava uma quantia ao pai da noiva em pagamento pelo valor que ele perdia com a saída da filha.
2. O pai da noiva ou do noivo dava um presente ao seu filho ou filha.
3. E o noivo dava um presente à noiva, que também daria um presente ao noivo.
Mas parece que esses costumes não prevaleceram, durante todo o tempo, sempre nos mesmos moldes.
O DOTE PARA O PAI
O primeiro tipo de dote às vezes era um presente de grande valor dado ao pai da noiva.
Poderia ser em forma de um serviço. Um exemplo disso é Jacó que trabalhou para o sogro para casar-se com Raquel (Gn 29.18).
Quando Davi quis se casar com Mical, o pai dela exigiu dele um presente muito insólito (1 Sm 18.25), na esperança de que ele fosse morto.
DOTE PARA A NOIVA
Outra prática era o pai dar um presente à filha que deixava o lar.
Nos dias de Cristo, costumava-se tirar 10% desse dote para a noiva comprar alguns artigos de luxo para si.
Geralmente a quantia era suficiente para ela adquirir perfumes, joias e, às vezes, até dentes postiços.
Quando Salomão se casou com a filha do faraó, este deu à filha, de presente, a cidade de Gezer, que estava devastada (1 Rs 9.16). Mas Salomão astutamente mandou reedificar a cidade.
DOTE ENTRE OS NOIVOS
Era bem comum também o noivo e a noiva trocarem presentes.
O servo de Abraão, por exemplo, presenteou Rebeca, a escolhida de Isaque, com muitas jóias de ouro e prata, e com vestimentas (Gn 24.53).
Essa prática durou até o primeiro século de nossa era.
O valor e o número dos presentes variavam bastante, de acordo com o tempo, o lugar e as famílias envolvidas.
CASAMENTO ENTRE PARENTES E COM ESTRANGEIROS NA BÍBLIA
Em Israel, o casamento acontecia com aqueles que eram da família imediata. Uma razão para isso acontecer, era para que o casal tivesse a mesma crença.
Mas é lógico que se a pessoa tivesse o parentesco muito próximo, aí seria considerado incesto.
Deus deu então regras ao povo para desencorajar as pessoas a se casarem com pessoas com o parentesco muito próximo ou mesmo muito distante.
Casamentos entre primos, tais como Isaque e Rebeca eram comuns.
A ESCOLHA DO CONJUGUE
De um modo geral, os jovens se casavam muito novos.
Chegou ao ponto de os rabis terem de estabelecer idades mínimas para o casamento 12 para as meninas, e 13 para os meninos.
Na maioria dos casos, o casamento era decidido pelos pais, sem uma consulta prévia a ambos.
Alguns dos interessados objetavam à escolha feita, e assim não se concretizava a decisão tomada pelos pais.
O fato de todos os familiares de um casal constituírem uma só família tornava mais conveniente os casamentos arranjados.
Geralmente a primeira preocupação dos noivos era saber o que os parentes achavam da união dos dois.
Muitas vezes eles moravam próximos, e, portanto, era importante que todos se relacionassem bem.
Com o passar do tempo, o aumento dos deslocamentos e mudanças acabou anulando esses fatores.
E os jovens começaram a se casar com pessoas de outras nacionalidades e até de outras crenças.
Esperava-se que os jovens viessem a se amar depois que o casamento fosse consumado, já que se via o amor como uma questão de decisão pessoal, e, portanto como algo que dependia apenas da vontade de cada um.
Contudo, havia para as jovens ocasiões especiais, contando com a aprovação geral, nas quais eles podiam encontrar-se e se conhecer melhor.
Algumas dessas eram as festas religiosas ou a da colheita, desfiles e danças comunitárias.
Em se tratando da escolha do cônjuge para um filho, os pais em geral podiam ser bastante exigentes.
Mas, apesar disso, havia casos em que o jovem tinha o direito de dar sua opinião sobre o futuro noivo ou noiva. A maioria preferiam mesmo deixar a escolha com os pais.
O NOIVADO
O período de noivado, que geralmente durava um ano, era de grande importância.
Muitas vezes, para oficializar o compromisso, realizava-se uma cerimônia, seguida de um banquete e troca de presentes.
Na antiguidade, o rapaz noivo era dispensado do serviço militar. Isso para não correr o risco dele morrer antes de se casar (Dt 20.7).
Um importante aspecto do processo eram as conversações sobre a questão financeira: quanto o pai da noiva iria receber, e qual a forma de pagamento.
Eles conversavam também sobre o dote e quais os bens que a noiva levaria ao se casar. Combinavam também a quantia a ser restituída, caso isso fosse necessário.
Assim, se o marido morresse ou por alguma outra razão eles não se casassem, parte dos bens era devolvida aos pais.
Após o noivado, os jovens já eram chamados de esposa ou de marido (Mt 1.19).
Entretanto só um ano depois é que os dois passavam a viver juntos e consumavam o matrimônio.
O COMPROMISSO DO NOIVADO
Devido ao grande número de pessoas envolvidas e as promessas financeiras de parte a parte, era muito raro o casal desfazer o compromisso.
Sem dúvida alguma, a grande proximidade entre as famílias devia causar muitos problemas para o casal, mas também lhe proporcionava muitas vantagens.
Se um homem viesse a ter relações sexuais com a noiva de outro, poderia ser apedrejado até a morte, por adultério (Dt 22.23,24).
Se a jovem não fosse ainda comprometida, o homem não seria condenado (v. 28), mas teria que fazer um pagamento ao pai dela, e se casar com a moça.
Quando Maria, mãe de Jesus, ficou grávida, já estava legalmente desposada com José, e as negociações necessárias para o casamento já tinham sido feitas (Lc 2.5).
De acordo com o costume da época, eles ainda não haviam coabitado (Mt 1.25), mas ele já era considerado o esposo dela (Mt 1.19).
O rompimento do compromisso seria muito embaraçoso, não só para os dois, mas também para as duas famílias.
Por isso, José, um homem afetuoso, procurou descobrir um meio de terminar o noivado sem revelar que a noiva estava grávida.
CASAMENTO MISTOS NA BÍBLIA
Atendendo as graves advertências feitas por Deus, os israelitas tinham muito cuidado em não macular sua pureza religiosa, casando-se com gentios.
Mas geralmente havia muitos casamentos mistos entre o povo, com grandes prejuízos para eles.
Isso aconteceu durante toda a história da nação. Moisés mesmo se casou com uma midianita (Êx 2.21).
E o rei Salomão também estava sempre tomando por esposa mulheres estrangeiras, o que fazia parte dos acordos de paz que celebrava o país de origem delas (1 Rs 11.1).
Mas, apesar disso, havia uma grande preocupação em proibir o casamento com indivíduos de outras religiões, e em se orientar o povo a esse respeito (Êx 34.15,16).
Esses relacionamentos infalivelmente enfraqueciam a fé dos hebreus (Ed 9.1,2).
Contudo, a despeito de todas as tentativas para se manter pura a raça, houve certos eventos que dificultaram esse esforço os exílios dos israelitas para a Assíria e Babilônia, por exemplo.
O povo foi levado de sua terra para esses países e lá se casaram com gentios.
Os samaritanos eram remanescentes do Reino do Norte que se casaram com estrangeiros transportados para Israel pelos assírios.
Os filhos deles já não eram considerados israelitas.
A Bíblia condenava todos os tipos de casamento misto, mesmo assim houve muitas dessas uniões durante todo o período bíblico.
No Novo Testamento, é condenado o casamento com incrédulos (2 Co 6.14,15).
A CERIMÔNIA NUPCIAL DO CASAMENTO NA BÍBLIA
Os judeus sempre gostaram muito de festas, festejos e comemorações bem elaborados.
O casamento era motivo para festejos alegres, cheios de animação, que poderiam durar até uma semana ou mais.
Havia casos em que parentes viajavam longas distâncias para assistirem ao evento, e todos os amigos e vizinhos concorriam à casa.
Muitas vezes, casavam-se no outono, após a colheita, para ser assistido pelo maior número de pessoas possível.
As testemunhas, tanto do lado da noiva como do noivo, eram sempre em grande número.
O noivo tinha por costume escolher um amigo para ser o seu “paraninfo” (Jz 14.20), que no Novo Testamento é chamado de “amigo do noivo” (Jo 3.29).
O CORTEJO NUPCIAL
Antes do casamento havia o cortejo nupcial.
A noiva saia de sua casa acompanhada das pessoas que formavam o seu grupo, já o noivo vinha de outro lugar por ele escolhido. O destino era a casa do pai do noivo.
Supõe-se, por isso, que era ele quem arcava com as despesas da festa.
Os dois grupos eram constituídos de amigos de cada um, que iam tocando instrumentos musicais ou cantando e espalhando flores pelo caminho.
Quase sempre, eles cantavam as tradicionais músicas de casamento, das quais, às vezes, constavam versos de amor de Cantares (3:6).
É a esse cortejo que Jesus se refere ao narrar a parábola das dez virgens (Mt 25,1-13).
A função delas era acompanhar o noivo à cerimônia.
A PREPARAÇÃO DA NOIVA PARA O CASAMENTO NA BÍBLIA
A noiva transportada numa liteira, ia sempre muito enfeitada, vestida com belos trajes e as joias mais vistosas que o casal pudesse arranjar.
Era comum eles passarem muitos meses preparando as roupas para essa ocasião especial.
Tradicionalmente, a noiva usava um véu sobre o rosto, que seria removido quando os dois estivessem a sós.
A CERIMONIA NO CASAMENTO NA BÍBLIA
Os convidados também usavam roupas festivas ou vestes nupciais (Mt 22.11).
O nome da cerimônia nupcial era huppah, que significa “toldo”.
Era possível que a noiva e o noivo ficassem sentados debaixo de um toldo durante parte da cerimônia.
Ao que parece, não havia a presença de um religioso ou juiz no casamento, sendo, pois, um paralelo da prática antiga observada por Isaque e Rebeca.
Ele simplesmente conduziu a noiva para a tenda de sua mãe, e assim se tornaram marido e mulher.
OS VOTOS CERIMONIAIS
Os votos matrimoniais e compromissos tinham sido feitos anteriormente (Gn 24,67)
O casal se colocava diante dos amigos e parentes que provavelmente recitavam passagens bíblicas ou textos da sabedoria tradicional.
Mas em vez de uma cerimônia silenciosa e reservada, o grupo participava do evento com muita alegria e animação.
Depois os noivos ficavam a sós para consumar a união em uma tenda ou quarto, previamente preparado para ser a câmara nupcial.
E enquanto o casal consumava o casamento, os convidados continuavam a festejar.
A FESTA NO CASAMENTO NA BÍBLIA
Tocavam instrumentos musicais, dançavam, cantavam e faziam jogos.
Comida e vinho eram distribuídos em abundância.
E embora isso possa parecer estranho aos nossos olhos de ocidentais, algum tempo depois o casal saía da câmara nupcial trazendo as provas de que a noiva era virgem, e de que eles haviam se unido.
Feito isto, os recém-casados se juntavam ao resto dos convidados, e as comemorações continuavam ainda durante sete dias ou mais, grande parte da festa sendo realizada do lado de fora.
Foi numa dessas festas que pediram a Jesus para providenciar mais vinho (Jo 2.1-11).
A parábola das bodas narrada por Jesus nos dá mais algumas informações sobre um casamento em famílias ricas (Mt 22.1).
Bois e novilhos cevados eram abatidos, pois geralmente se esperava o comparecimento de todos os convidados.
No caso dessa parábola, eles não apareceram, e o rei ficou grandemente encolerizado.
Entre eles havia o costume também de atirarem frutas e sementes para o alto à frente dos noivos.
Isso era quase uma superstição, pois significava que estavam-lhes desejando felicidades e muitos filhos alegres e saudáveis.
COMO ERA O CASAMENTO NOS DIAS DE JESUS
Como era o casamento nos dias de Jesus? Veremos a seguir como era o costume nos dias de Jesus.
O NOIVADO
Depois de escolhida a noiva, seja pelos pais ou pelo jovem, tinha o início o período que precedia o casamento, o noivado.
Este era muito importante, especialmente nos casos em que os noivos mal se conheciam ou nem mesmo se tinham conhecido antes.
Ele durava geralmente um ano, mas, curiosamente, embora os judeus dificilmente tivessem conhecimento do “prazo da viúva” da moderna legislação francesa, eles concordavam que o noivado das viúvas du-
rassem apenas um mês.
Segundo as nossas leis só o casamento tem um aspecto legal e absoluto de contrato, o rompimento do noivado raramente é considerado como passível de ação judicial, e então apenas nos casos onde tenham ocorrido prejuízos reais.
Mas na Lei judia isso não era assim.
Duas condições eram claramente distingüidas: o noivado e o casamento.
Os jovens noivos, não eram verdadeiramente casados. Segundo as palavras de Deuteronômio, até que o marido “a recebesse”.
A posse, hakhnashah, era na verdade a “união” de dois seres por toda a vida; a palavra continha ambos os significados.
Assim, em Mateus, o anjo diz a José: “Não temas receber Maria, tua mulher” — isto é, “Permita que ela, que foi sua noiva, se. torne sua esposa”.
Mas embora essas duas condições fossem teoricamente muito diversas, elas na verdade se confundiam.
O fato é que a Lei reconhecia direitos e obrigações durante o noivado que eram quase os mesmos do casamento.
A noiva suspeita de infidelidade ficava sujeita à famosa prova da água amarga estabelecida nas Sagradas Escrituras.
O Proto-Evangelho de Tiago um dos livros apócrifos mais largamente difundido na igreja primitiva, diz que Maria foi submetida a ela.
A noiva culpada de adultério era apedrejada, exatamente como se fosse esposa.
Por outro lado, ela tinha a vantagem de alguns direitos legais: não podia ser rejeitada exceto mediante carta de divórcio; se o noivo morresse, era considerada como viúva; e a criança nascida durante o noivado era tida como legítima.
Este estágio preliminar era portanto muito semelhante ao casamento definitivo.
O DOTE
Antes da união matrimonial havia necessidade de decidir uma questão importante: o dote.
Não se tratava realmente de um dote no sentido que conhecemos, pois não era o pai quedava à filha dinheiro ou bens, mas era ele quem os recebia. 0 costume remontava à uma época antiqüíssima, e a Bíblia o menciona repetidamente.
O dote dado pelo noivo ao pai da noiva era chamado mohar. Seria um preço de compra?
Os árabes afirmam que o seu mahr é apenas um elemento no acordo que une as duas famílias.
Ele continua obscuro. De qualquer modo, a Lei exigia o pagamento do mohar da virgem se o sedutor, legalmente obrigado a casar-se com a moça com quem se deitara, fosse recusado pelo pai dela.
A discussão do dote era uma questão prolongada e dava lugar a intermináveis argumentos.
Concordava-se geralmente, com base num texto em Deuteronômio, que cinqüenta siclos de prata constituíam um mohar adequado.
Uma vez chegados a um acordo quanto à soma, era preparado e assinado um contrato, numa quarta-feira para a virgem e na terça para a viúva, sempre em meados do mês, pois a lua-cheia trazia sorte.
Este não era porém o fim das obrigações financeiras do noivo: o costume exigia que oferecesse à futura esposa uma coleção de presentes, que recebia o nome de mattan.
Este não era o Morgengabe da lei germânica, o presente dado após a noite de núpcias, mas sim um dote que a mulher reteria caso ficasse viúva.
Acoptecia também que alguns pais, a fim de melhorar a posição da filha, a presenteavam com um dote apreciável, o siiiuhim. Mas Jesus, o filho de Siraque, diz no capítulo 25 de sua obra, que é vergonhoso para o homem ser mantido pela esposa.
Todas essas formalidades continuavam sendo cumpridas nos dias de Cristo? Não se sabe ao certo.
Alguns tinham um conceito mais elevado da posição das mulheres, e entre esses é possível que o velho costume da compra da noiva tivesse cedido lugar a uma simples certidão de casamento.
Parece, outrossim, que em alguns casos era o jovem que passava a fazer parte da família da noiva, como Jacó se unira à de Labão, onde foi bem recebido, mesmo sem um mohar, pois ofereceu-lhes sua força, sua juventude e seu entusiasmo para trabalhar.
Deve ter sido assim nas famílias onde só havia mulheres e onde o homem que podia gerar descendentes aparecia como um salvador.
As palavras do pai: “Você é hoje meu genro” nada mais deixavam para ser dito.
A FESTA DO CASAMENTO
Quando tudo estava finalmente combinado, terminado e assinado, o período de noivado chegava ao seu término.
Vinha agora o casamento, a festa a que Jesus repetidamente referiu-se nas parábolas como sendo um dia mais festivo que os demais, e ao qual a tradição cristã deu um significado místico quando ligado ao casamento do Esposo.
O outono era a melhor época para essas festas: a colheita já tinha sido feita, a vindima terminara, as mentes estavam livres e os corações em repouso.
Essa é a estação em que as noites são deliciosas e quando é agradável ficar acordado até tarde.
Todos os parentes eram convidados, a cidade inteira, todos os amigos e amigos dos amigos; é assim que vemos Jesus sendo convidado para as Bodas de Caná.
OS CONIDADOS
Muitos vinham de longe e valia certamente a pena, pois as festividades duravam vários dias.
Na véspera do grande dia o noivo, acompanhado por seu amigos, ia buscar a noiva na casa do pai dela.
AS ROUPAS
Ele usava roupas especialmente feitas para a ocasião, e alguns usavam até
uma coroa, seja para seguir o exemplo de Salomão ou por causa da passagem em Isaías.
Formava-se uma procissão, organizada pelo “amigo do noivo”, que atuava como mestre de cerimônias e que ficava ao lado dele todo o tempo, “regozijando-se também”.
COMO TRANSPORTAVAM A NOIVA
Transportavam a noiva numa liteira, com o cabelo cobrindo os ombros, um véu no rosto, e círculos dourados sobre a testa; durante todo o percurso o povo cantava aqueles hinos nupciais transmitidos de geração em geração, sendo um dos melhores exemplos os contidos nos Cantares de Salomão, tais como:
“Que é isso, que sobe do deserto, como colunas de fumo, perfumado de mirra e de incenso, e de toda sórte de pós aromáticos do mercador?”
AS BENÇÃOS
A procissão chegava assim à casa do noivo.
Os pais dele pronunciavam a bênção tradicional, acompanhada por todos os presentes que expressavam os seus votos de felicidade e fertilidade no casamento.
As Escrituras continham várias dessas bênçãos e esperava-se que o povo as conhecesse.
FESTIVIDADES NO CASAMENTO
Este era quase o único elemento religioso nas bodas. Comemoravam a noite com jogos e danças.
O noivo participava, mas a noiva se retirava em companhia
das amigas, as damas-de-honra, para um quarto preparado para ela.
O grande dia chegava na manhã seguinte e a atmosfera era festiva, uma alegria geral e um feriado.
Os homens mais jovens participavam de vários tipos de jogos onde exibiam suas habilidades e as moças, como podemos ler no tratado Taan, dançavam nas vinhas, cantando para atrair a atenção dos que pudessem estar pensando em casar-se.
O BANQUETE E PRESENTES
Realizava-se um banquete no final do dia, ficando os homens e mulheres separados durante o mesmo.
Esta era a hora em que se davam os presentes.
As damas-de-honra ficavam ao redor da noiva, todas vestidas de branco havendo geralmente dez delas e, se devemos julgar pela parábola das virgens sábias e loucas, levando lâmpadas acesas nas mãos.
A CERIMÔNIA DO CASAMENTO
A noiva ficava sentada debaixo de um toldo, o huppah, que fazia parte do ritual desde há muito e que lhe dava o ar de uma rainha a cerimônia inteira, verdade seja dita, tinha algo de realeza.
Com certeza era nessa ocasião que ela cantava aqueles belos hinos de amor dos Cantares de Salomão “Beija-me …melhor é o teu amor do que o vinho . .. Leva-me após ti, apressemo-nos I” Ao que o noivo respondia, dirigindo-se para ela:
“Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas dos penhascos, no esconásrijo das rochas escarpadas”.
O esposo finalmente chegara, e felizes ficavam as virgens sábias que possuiam óleo suficiente em suas lâmpadas para brilhar sobre o encontro.
“Eis que és formosa, ó querida minha, eis que és formosa” cantava o noivo, elogiando os encantos da noiva um por um, usando as imagens poéticas que as Escrituras ofereciam copiosamente seu cabelo negro como as cabras que descem o monte de Gileade.
Os seus dentes brancos como as ovelhas recém tosquiadas que sobem do lavadouro, seus lábios como um fio de escarlate, suas faces rosadas como a romã partida.
Lançavam diante do casal ou esmagavam uma romã, ambos ritos antigos de fertilidade e quebravam um vaso cheio de perfume.
Uma promessa solene e uma bênção eram dadas pelo representante da comunidade? Não sabemos, mas o ritual judeu moderno é assim.
O que é praticamente certo é que a festa recomeçava com mais
barulho e entusiasmo do que antes.
Os homens e mulheres ocupavam agora a mesma mesa;
todos comiam e bebiam muito a tal ponto que o vinho algumas vezes acabava, como aconteceu em Caná da Galiléia.
Poder-se-ia dizer que foi de propósito, a fim de que Jesus pudesse realizar ali o primeiro e mais bondoso dos seus milagres.
As festividades duravam sete dias, e certas vezes o dobro desse prazo.
Mas na primeira noite o jovem par desaparecia e as bodas eram consumadas.
NÚPCIAS E LUA DE MEL
Segundo o costume, guardavam os lençóis manchados de sangue como lembrança da noite de núpcias, porque o capítulo 22 de Deuteronômio dizia que era bom ter provas contra futuras insinuações
por parte do marido.
Depois disso o jovem casal não viajava em lua de mel, mas voltava para participar da alegria, das canções e danças sob o céu estrelado.
O AMOR NO CASAMENTO NOS TEMPOS BÍBLICOS
Será que nas sociedades antigas, onde o casamento era arranjado por outrem, os casais se amavam ou aceitavam a relação por pura conveniência? O que podemos saber ´que havia amor em muitas famílias.
A Bíblia contém afirmações nesse sentido (Ec 9.9), dando evidências disso (a afeição de José por Maria etc.).
Contudo, devemos ter cuidado para não revestir aquela sociedade de uma falsa aura de romantismo. É possível que muitos casais não se amassem.
O conceito de amor daquela época era bastante diferente de algumas das noções que temos em nossos dias.
Enquanto hoje é muito comum os jovens se “amarem” primeiro, naquela ocasião a crença era de que depois que se casassem viriam a amar-se.
Isso é comprovado por mandamentos bíblicos para que eles se amem (Ef 5.25).
Para eles, o amor era uma questão de decisão pessoal e o sentimento estava sob o controle de cada um.
Encarando o amor dessa forma, eles tinham grandes possibilidades de acertar o relacionamento.
Jesus achava que mesmo que um dos cônjuges fosse infiel, o outro poderia perdoá-lo e tomar a deliberação de voltar a amá-lo (Mt 19.8,9).
O DIVÓRCIO NO CASAMENTO NA BÍBLIA
A questão da separação de um casal sempre foi um tanto nebulosa.
O Velho Testamento estabelece uma regra geral (Dt 24.1), mas ela não resolve todos os problemas que podiam surgir.
Portanto, no que tange à história bíblica, estamos a par de muitas coisas que aconteceram, mas não de como deveriam ter sido.
A QUESTÃO DO DIVORCIO (CASAMENTO NA BÍBLIA)
De modo geral, o casamento era considerado uma união para a vida toda, mas abriam-se exceções para casos especiais, como o citado em Deuteronômio 24.1.
Mas durante muitos séculos se discutiu que exceções seriam essas.
Nos dias de Cristo, havia duas teses que eram largamente aceitas.
A escola do rabi Shammai ensinava nesse texto de Deuteronômio que o divórcio só era permitido em caso de adultério.
Os seguidores do rabi Hillel acreditavam que a mesma passagem permitia que o marido se divorciasse da mulher por qualquer motivo.
Alguns chegavam a ensinar que o homem poderia mandá-la embora até se ela deixasse queimar a sopa, ou se encontrasse outra que lhe agradasse mais.
O DIVÓRCIO NOS DIAS DE JESUS
Jesus também abordou essa questão, e desde então a igreja vem debatendo o assunto na tentativa de definir bem o que ele disse e o que quis dizer (Mt 5.27-32; 19.3-12; Mc 10.2-12; Lc 16.18).
0 temperamento e a formação de cada um de nós pesa muito quando interpretamos essas passagens, como ocorreu com os judeus, em relação à interpretação de Deuteronômio 24.
Contudo, acima de nossos preconceitos e sentimentos pessoais deve estar o desejo de fazer uma interpretação séria e honesta, seja qual for o texto focalizado.
Sabemos que nos dias de Jesus, pelo menos teoricamente, os homens tinham liberdade quase ilimitada para se divorciar da esposa.
Mas a mulher, por seu lado, não dispunha de quase nenhuma força para dar início a um processo de divórcio.
Alguns estudiosos concluem que, devido a essas atitudes, pode ter sido elevado o número de divórcios nesse período.
Mas outros já acreditam que eles eram poucos.
A QUANTIDADE DE DIVÓRCIOS ERAM POUCOS
É possível que fossem realmente poucos porque, ao contrário do que ocorre hoje, as pessoas não se casavam com grandes expectativas de felicidade no casamento.
Além disso, mantinham um relacionamento muito estreito com a família do cônjuge, o que provavelmente contribuía para diminuir as probabilidades de separação.
Em geral seus familiares lhes ofereciam apoio emocional, o que fortalecia bastante a união.
Além disso, se o casamento fracassasse, eles se sentiriam bastante frustrados.
O fato é que enquanto muitos homens nem pensariam na possibilidade de se separar da esposa, outros viviam procurando meios de se livrar dela.
Na época de Jesus, quando um casal se divorciava, o marido tinha que dar à mulher uma carta de divórcio.
Isso dava a ela o direito de se casar de novo.
E quando se separavam, o marido tinha que devolver parte do dote, conforme fora estabelecido por ocasião do casamento.
Evidentemente, os casos de divórcio eram raros entre os israelitas, mas muito comuns entre os romanos.
OS ENSINAMENTOS DE JESUS A CERCA DO CASAMENTO
Os ensinamentos de Jesus tinham ênfases diferentes das do Antigo Testamento.
Por exemplo, o Antigo Testamento não apontava a infidelidade do marido como adultério contra sua esposa.
Quando contestado pelos judeus, Jesus disse que Deus havia feito uma esposa para um homem.
Por isso mesmo não deveria haver divórcio (Marcos 10:2-9).
Mais adiante ele diz que se um homem se divorcia de sua esposa e se casa novamente, ele “adultera contra aquela” (Marcos 10:11).
Desta maneira, Deus fez o homem e a mulher iguais quando se diz respeito a adultério.
Um marido infiel é tão adúltero quanto uma esposa infiel.
Assim eram os costumes dos tempos bíblicos sobre o casamento e quanto ao que encontramos na bíblia.
Ótimo estudo biblico, sobre casamento e noivado. muito bom.