Deus realmente criou o inferno?

Quando nos deparamos com a ideia do inferno, surgem questionamentos intrigantes: Será que Deus realmente criou esse lugar de sofrimento? Essa indagação nos leva a explorar as profundezas das Escrituras em busca de respostas esclarecedoras.

O Que é Inferno?

As Escrituras utilizam metáforas impactantes para descrever o inferno, cada uma carregada de simbolismo e significado.

Por exemplo, a imagem de um “lago de fogo” evoca não apenas a ideia de tormento, mas também a de uma purificação ardente. A “escuridão exterior” sugere não apenas ausência de luz, mas a total privação da presença divina.

Essas metáforas, embora possam parecer sombrias, são uma tentativa de transmitir a profundidade da condição infernal. Apocalipse 20:14-15 é uma passagem que descreve o inferno:

¹⁴ E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
¹⁵ E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.

A expressão “lago de fogo” é o local para onde a morte e o Hades são lançados, marcando a segunda morte. Esta descrição intensifica a ideia de que o inferno não é meramente um lugar geográfico, mas um estado de separação eterna da presença benevolente de Deus.

No cerne do entendimento do inferno está a noção de julgamento. O inferno é onde se paga o preço do pecado. Essa perspectiva não apenas ressalta a seriedade do pecado, mas também destaca a justiça divina. É a consequência inevitável para aqueles que persistem em escolher o caminho oposto à bondade de Deus.

Simplificando, o inferno se caracteriza pela separação eterna da bondade divina. Se Deus está presente no julgamento, o inferno se torna o local onde essa presença é ausente, e a separação se manifesta como um estado de afastamento irreversível. Essa ausência de Deus é intrínseca à natureza do inferno, tornando-o um lugar de completa desconexão com a fonte de todo o bem.

Para Quem é o Inferno?

Mateus 25:41 inicialmente esclarece que o inferno foi preparado para o diabo e seus anjos, entidades espirituais que se rebelaram contra Deus:

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;

Aqui, a origem do inferno está associada à punição destinada aos seres espirituais que se opuseram à vontade divina.

No entanto, a complexidade dessa questão se aprofunda quando consideramos Apocalipse 21:8 que diz:

Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.

Este versículo revela que parte da humanidade também compartilha o destino do inferno. Ao persistir na rebelião contra Deus, aqueles que se entregam ao pecado e à maldade estão destinados a esse lugar de separação eterna. Essa dualidade na destinação do inferno destaca a universalidade da escolha que leva a tal condição.

A reflexão de C.S. Lewis sobre o assunto enfatiza essa escolha consciente:

“Existem apenas dois tipos de pessoas no final: aquelas que dizem a Deus: ‘Seja feita a tua vontade’, e aquelas a quem Deus diz, no final, ‘seja feita a tua vontade’. Todos que estão no inferno escolhem isso. Sem essa auto-escolha não poderia haver inferno. Nenhuma alma que deseja séria e constantemente a alegria jamais sentirá falta dela. Quem procura encontra quem bate, está aberto.”

Sua declaração ressalta a decisão que cada indivíduo faz em relação ao seu destino eterno. A dualidade se torna clara: aqueles que aceitam a vontade de Deus e aqueles que, teimosamente, escolhem seguir seu próprio caminho, alheios à bondade divina.

Essa perspectiva adiciona uma dimensão ética à compreensão do inferno. Não é apenas um destino imposto, mas uma resposta divina à escolha humana contínua de se afastar da fonte da bondade.

A dualidade nas Escrituras e nas reflexões de C.S. Lewis destaca que o inferno não é apenas para os que inicialmente se rebelaram, mas também para aqueles que persistem nessa rebeldia por escolha própria.

Por Que um Deus Amoroso Criaria o Inferno?

Essa indagação crucial sobre por que um Deus amoroso optaria por criar o inferno levou o renomado pensador C.S. Lewis a uma profunda reflexão. Lewis, embora inicialmente relutante em aceitar a existência do inferno, reconheceu a sua presença nas Escrituras e buscou compreender sua lógica dentro do contexto divino.

Segundo Lewis, o inferno não é apenas um local de punição, mas sim o resultado de uma escolha persistente e consciente de se opor à bondade divina. Ele o descreve como uma “ruína eterna“, uma decadência que se volta para dentro de si mesma. Essa imagem evoca um desmoronamento interno, um afundar contínuo em direção à própria miséria.

“O inferno é uma ruína eterna, uma decadência, um desmoronamento, um recuo para dentro de si mesmo, uma perda de toda racionalidade e alegria, um mergulho na miséria. Mas, é um auto-mergulho. É uma tortura e uma dor, mas está voltado para dentro, para baixo, para o abismo.”

Ao abordar a questão da criação do inferno por um Deus amoroso, Lewis oferece uma perspectiva que destaca a justiça e a santidade divinas. Para ele, o ato de separar o mal de Sua perfeição é uma demonstração dessa justiça.

A criação do inferno não é um capricho cruel, mas sim uma resposta coerente àqueles que persistem em prejudicar, recusando-se a parar mesmo diante da bondade oferecida.

Essa ideia, embora complexa, pode se comparar a uma necessidade moral. Assim como um pai pode tomar medidas difíceis para proteger seus filhos do mal, um Deus amoroso pode criar o inferno como um meio de preservar a integridade de Sua criação. É uma resposta àqueles que, ao escolherem prejudicar continuamente, optam por um caminho de autodestruição.

Como Posso Evitar o Inferno?

Todos, não apenas os extremamente iníquos, enfrentam a sombra da morte devido ao pecado, conforme Apocalipse 21:8.

Mas, em meio a essa sombra, desponta uma esperança luminosa através do plano de redenção generosamente estendido por Deus.

Ao examinarmos Apocalipse 21:8, percebemos que a lista de transgressões não se reserva apenas para aqueles que se destacam como os mais malvados. Somos todos participantes desse cenário de queda. Desde o momento em que Adão e Eva cederam à tentação proibida, a humanidade se viu desterrada do Éden, símbolo da presença benevolente de Deus.

Contudo, o enredo não termina na ruína. Deus, em Sua infinita misericórdia, desenha para nós um caminho de redenção. Aqui, Jesus se destaca como o segundo Adão, oferecendo uma rota de volta à proximidade divina. A escolha de aceitar esse de redenção é a chave para evitar o inferno.

É como uma mudança de equipe. Se optarmos por permanecer ao lado daqueles que persistem na rebelião, perpetuando o mal e recusando-se a abraçar a graça de Deus através da fé em Jesus, estamos, conscientemente ou não, optando pelo destino infernal. Esta é a “equipe” de origem, mas Deus nos convoca a uma mudança de lealdade.

Ao nos arrependermos, realizamos essa mudança de equipe, alinhando nossas vidas com o reino do Filho amado de Deus. Quando essa escolha é feita, as promessas de Apocalipse 21:1-7 deixam de ser descrições aterrorizantes do desconhecido e tornam-se nossas âncoras de esperança.

Portanto, a resposta sobre como evitar o inferno está intrinsecamente ligada às escolhas que fazemos. Ao abraçar o plano de redenção divino e unir-se a Jesus, encontramos não apenas uma fuga do destino sombrio, mas também a promessa de sermos reintegrados à plenitude e bondade para as quais fomos originalmente criados.

Conclusão: Deus Criou o Inferno?

Em suma, sim, Deus criou o inferno como um destino para aqueles que persistem na rebelião, prejudicando a glória divina. No entanto, Ele também oferece um caminho de redenção. Ao escolher se unir a Jesus, somos restaurados à bondade e à glória originalmente destinadas a nós.

Além disso, a compreensão do inferno como parte do plano divino nos leva a contemplar a justiça e a misericórdia de Deus.

Ao refletir sobre essa complexa questão teológica, é crucial lembrar que a compreensão do inferno muitas vezes ultrapassa os limites da razão humana. No entanto, através da fé e da aceitação da graça divina, encontramos um caminho para evitar a separação eterna da bondade de Deus.

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