A verdade magnífica em “Fazei isto em memória de mim”

“Fazei isto em memória de mim” é uma frase comum escrita na toalha da mesa da Santa Ceia. Lembro-me claramente disso e vi escrito de alguma forma em muitas igrejas desde então. Por que essas palavras ocupam uma posição tão proeminente em nossa fé?

A lembrança é um aspecto importante do cristianismo. Como crentes, somos encorajados e fortalecidos lembrando a fé e as obras daqueles que nos precederam. 

Lembramos que a nossa fé é antiga, lembramos das promessas da palavra de Deus e, e com isso, nossa confiança está firmada em confiar em Deus e viver em sua verdade.

Há vários lugares na Bíblia onde somos encorajados a lembrar, mas o mandamento de Jesus falado na noite em que foi traído se destaca dos demais. 

Há um significado profundo e vibrante nessa instrução, e essa lembrança continua a ser a pedra angular de nossa fé.

A origem da lembrança e seu cumprimento

“E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós.” (Lucas 22:19-20).

Acontecimentos no Antigo Testamento muitas vezes servem ao duplo propósito de cumprir as promessas de Deus a seu povo no momento, ao mesmo tempo em que fornecem uma visão do que está por vir. Esta ocorrência é uma das mais óbvias, pois Jesus cumpre o significado da Páscoa.

Este versículo se passa no contexto da Última Ceia que Jesus teve com seus discípulos. Essa refeição fazia parte do festival judaico da Páscoa, observado anualmente desde que Moisés conduziu o povo de Israel para fora do Egito. 

A Páscoa original foi uma ocorrência milagrosa e o evento central na formação do povo de Deus como nação. Depois de escravizados no Egito por séculos, os israelitas foram libertados de acordo com a promessa de restauração de Deus. O relato de Êxodo 12:12-14 descreve o que aconteceu:

Êxodo 12:12-14

“Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e trarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue será um sinal para vocês nas casas onde vocês estiverem, e quando eu vir o sangue, passarei por cima de vocês. Nenhuma praga destrutiva o atingirá quando eu atacar o Egito. Este é um dia que você deve comemorar; para as gerações vindouras você deve celebrá-lo como uma festa ao Senhor, uma ordenança perpétua”.

O povo judeu observava essa refeição todos os anos para lembrar o cumprimento de sua promessa por Deus. Todos os anos eles reencenavam a preparação para fugir do Egito e se preparar para o que viria a seguir. Jesus leva este conceito à sua conclusão ao revelar que ele é o verdadeiro cumprimento da Páscoa.

Aqui vemos Jesus comemorando, observando e lembrando o que Deus fez, ao mesmo tempo em que revela o que Deus está fazendo e fará. 

Assim como o sangue do cordeiro cobriu os batentes das portas, o sangue de Jesus cobre nossos pecados. Os discípulos certamente observariam esta refeição novamente, assim como toda a nação de Israel e a igreja vindoura, mas Jesus agora está acrescentando um significado mais profundo a ela. 

Ao nos lembrarmos da liberdade da escravidão física, também nos lembramos do sacrifício de Jesus que nos liberta da escravidão espiritual.

Lucas é o único evangelho que inclui a frase: “Fazei isto em memória de mim”?

Para uma ordem tão importante dita por Jesus, imaginamos que registrariam em todos os quatro Evangelhos. No entanto, este não é o caso, e a frase “Fazei isto em memória de mim” é encontrada apenas no Evangelho de Lucas. Isso lhe dá menos importância? De jeito nenhum!

Fica claro pelos escritos de Paulo mais tarde que esta frase era bem conhecida e compreendida dentro da igreja. Paulo repete literalmente em 1 Coríntios 11:23-26:

“Porque eu recebi do SENHOR o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha”.

É claro que essas palavras de Jesus tiveram uma importância significativa sendo fixadas nos corações e mentes da Igreja primitiva.

Como os cristãos podem praticar “Fazei isto em memória de mim”?

A maneira mais óbvia pela qual podemos praticar este mandamento é fazendo o que a Igreja tem feito há séculos: observar a comunhão juntos regularmente, em oração e ponderação, considerando o que o Senhor fez por nós.

Em João 6:56, Jesus diz algo estranho que não faz sentido fora do contexto: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele”. 

Naquele momento, essas palavras fizeram com que muitos se afastassem dele, mas agora podemos ver claramente a que ele se referia, o cumprimento da ceia pascal em sua vida, sacrifício e ressurreição. 

Ao observarmos a Comunhão hoje, estamos nos declarando em comunidade com ele e uns com os outros.

Em nosso contexto, parece quase impossível lembrar de Jesus por meio da comunhão, como ele instruiu seus discípulos a fazer. Dessa forma, podemos ficar desanimados. 

No entanto, não podemos assumir que Jesus não previu isso! Independentemente de nossa situação, podemos nos lembrar fielmente de seu sacrifício por nós diariamente em todos os nossos pensamentos, palavras e ações.

Equipe Redação BP

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