Como eram as casas nos tempos bíblicos
As habitações nos tempos bíblicos variavam conforme a região e as condições econômicas, mas em geral eram construções simples, feitas com barro, pedra ou madeira, projetadas para atender às necessidades básicas da família.
Conhecer essas moradias ajuda a entender melhor o contexto em que a Palavra de Deus foi revelada, já que muitos ensinamentos, metáforas e situações descritas nas Escrituras se relacionam diretamente ao cotidiano dessas pessoas.
Quando nos aproximamos dos costumes da época, especialmente do modo como as pessoas viviam em suas casas e aldeias, compreendemos com mais clareza o significado das mensagens bíblicas.
CARACTERÍSTICAS DAS HABITAÇÕES DA TERRA SANTA

As habitações na Terra Santa tinham duas marcas importantes. A primeira era o estilo típico, com casas quadradas, teto plano e escada externa, feitas principalmente com blocos de calcário branco.
Esse padrão surgiu por causa do clima, da facilidade de encontrar materiais e da necessidade de aproveitar bem o espaço.
A segunda característica era a mistura do antigo com o novo, permitindo que ainda hoje se vejam moradias semelhantes às do tempo de Abraão ao lado de construções modernas.
As casas variavam muito de tamanho, já que a diferença entre ricos e pobres era evidente. Mesmo assim, as famílias de classe média compartilhavam alguns padrões, vivendo em estruturas simples e pequenas.
Como a vida cotidiana acontecia ao ar livre, a casa servia apenas como abrigo, lugar de descanso e espaço para as refeições.
COMO ERAM AS CASAS NO TEMPO DE JESUS
No tempo de Jesus, a maioria das casas tinha só um cômodo, quase nenhum móvel e poucos enfeites.
Muitas mediam cerca de 3,5 metros quadrados, contavam com duas ou três janelas e possuíam piso de terra batida. Eram espaços simples, feitos apenas para o essencial.
Mesmo as moradias mais humildes tinham uma escada externa que levava ao telhado plano. Ali aconteciam muitas reuniões de família e atividades sociais.
Nos dias quentes, era comum dormir no telhado sob o céu aberto. Quando precisavam de mais privacidade, montavam uma pequena barraca ou construíam um quartinho no alto.
COMO SE DIVIDIDIAM AS TERRAS NOS TEMPOS BÍBLICOS
As terras nos tempos bíblicos tinham grande importância para os israelitas. Cada tribo e família via sua porção como um presente de Deus, conquistado com esforço e cuidado ao longo dos anos.
A divisão dessas terras é descrita na segunda metade do livro de Josué. Ali se explica que cada região foi distribuída por sortes.
A sorte era um pequeno disco de dois lados. As pessoas acreditavam que, ao lançá-lo, Deus mostrava Sua vontade.
Um provérbio confirma essa ideia ao dizer: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição” (Pv 16.33).
Davi também reconheceu essa direção divina ao afirmar que recebeu uma herança agradável: “Coube-me uma formosa herança” (Salmos 16.6).
Depois de definidas, as heranças eram marcadas por pilhas de pedras, sinais naturais ou marcas na terra arada. Esses limites não podiam ser removidos, conforme orienta Deuteronômio 19.14.
Alterar um marco era o mesmo que mexer no presente de Deus. Por isso, vender a própria herança era visto como desonra. Esse entendimento explica por que Nabote recusou vender sua vinha ao rei Acabe (1 Reis 21.3).
HABITANTES DAS CAVERNAS NOS TEMPOS BÍBLICOS

Nos tempos bíblicos, a maior parte das pessoas já não vivia mais em cavernas, embora sempre existisse quem morasse nelas. Ló, por exemplo, se refugiou numa caverna depois de fugir de Sodoma (Gênesis 19:30).
Os edomitas também usavam cavernas, ampliando-as nas rochas de Petra para moradia e atividades públicas. Obadias menciona esse povo como aqueles que habitavam nas fendas das rochas (Obadias 1:3).
Em Nazaré, havia cavernas sob as casas, contemporâneas de Jesus, e muitos estudiosos acreditam que Ele tenha vivido em uma caverna usada por pastores.
As cavernas também serviam como esconderijo. Há relatos de pessoas que se ocultaram nelas (Js 10:16 ; 1 Sm 22:1), e os filisteus chegaram a zombar dos israelitas por cavarem buracos no chão para se esconderem (1 Sm 14:11).
Naquele período, as pessoas preferiam morar em assentamentos com acesso à água. Levavam uma vida seminômade, vivendo em tendas e deslocando-se com seus rebanhos de oásis em oásis, onde podiam cultivar pequenas colheitas.
AS HABITAÇÕES NAS AREIAS

As habitações nas areias lembram a trajetória de Abraão, que deixou Ur, na Caldeia, e passou a viver como um habitante das areias pela fé. Ele acreditava que Deus daria aos seus descendentes uma terra permanente no futuro (Hebreus 11:9).
O estilo de vida do beduíno moderno é muito semelhante ao de Abraão. Suas tendas e deslocamentos refletem bem aquele modo antigo de viver.
A história dos hebreus em tendas virou uma metáfora importante. Os profetas chamavam o povo materialista de volta a Deus lembrando o tempo simples passado no deserto.
“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade, que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim” (Isaías 46:9).
João usa essa mesma imagem ao dizer que o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14). A palavra usada por ele significa “armou sua tenda” ou “acampou”.
Isso mostra que Jesus veio montar sua tenda entre nós, mas logo partiria, indicando que sua presença aqui era temporária.
Paulo também usa essa ideia ao comparar nossa vida a uma tenda que um dia será desfeita (2 Co 5:1,4).
COMO ERAM AS HABITAÇÕES NAS TENDAS

As tendas foram, junto com as cavernas, as primeiras formas de habitação nos tempos bíblicos. Eram estruturas simples, usadas especialmente pelos povos que viviam no deserto.
A tenda era feita com um longo pedaço de couro de cabra, geralmente com 1,52 m ou 1,82 m de largura. Esse material resistente ajudava a proteger do sol forte e dos ventos secos.
O couro era estendido sobre várias estacas, criando uma cobertura comprida, semelhante a um toldo. Essa construção oferecia abrigo prático e podia ser montada e desmontada com rapidez, ideal para a vida nômade.

As duas extremidades da tenda eram presas ao solo com pregos especiais, fortes o suficiente para sustentar o peso do couro (Juízes 4:21).
No livro de Cantares, aparece a referência à cor preta ou escura das tendas do deserto (Cânticos 1:5).
As tiras de apoio eram feitas em um tear fixado no chão, e novos retalhos eram adicionados da mesma forma, criando grandes remendos costurados.
As cortinas verticais eram feitas com partes usadas do teto ou outros materiais coloridos. Elas formavam a frente, o fundo da tenda e também as divisões internas.
AS PARTES DA TENDA
Uma área com fundo e duas cortinas laterais formava uma varanda aberta, onde as visitas eram recebidas (Gênesis 18:1,2). As conversas desse espaço podiam ser ouvidas pelas pessoas que estavam atrás das cortinas (Gn 18:9-15).
Para aumentar o tamanho da tenda, bastava tecer um pedaço extra para a cobertura e acrescentar mais uma cortina. Essa ampliação virou metáfora para a expansão de Israel (Is 54:2).
O toldo não era impermeável até que as primeiras chuvas fizessem o tecido encolher. No interior, colocavam tapetes no chão e organizavam os pertences da família.
Alimentos, utensílios, recipientes de água e outros objetos eram guardados junto às estacas que sustentavam a tenda.
O ACESSO À TENDA

O único homem que podia entrar na tenda era o pai da família. Os outros homens ficavam apenas na varanda.
A entrada de um estrangeiro nos aposentos das mulheres era punida com morte. A Bíblia mostra isso quando Sísera perdeu a vida por ter entrado na tenda de Jael, mesmo após o convite (Jz 4.18,21).
As tendas nem sempre eram simples. Algumas eram luxuosas, especialmente quando usadas por reis em viagens com o exército.
A tenda que Davi fez para guardar a Arca da Aliança em Jerusalém também tinha esse caráter especial (1 Cr 16.1).
Os ismaelitas mantinham uma organização entre suas tendas (Gn 25.16). Durante a peregrinação entre Egito e Canaã, havia uma ordem rígida para armá-las (Nm 2).
O costume beduíno incluía colocar uma lança em pé junto à porta do líder (1 Samuel 26.7).
Mais tarde, quando os israelitas já viviam em casas, passaram a celebrar a Festa dos Tabernáculos. Nessa época, as famílias construíam “barracas” de galhos, lembrando o tempo em que moraram em tendas e caminharam pelo deserto.
PAULO, O FABRICANTE DE TENDAS
No tempo do Novo Testamento, alguns pastores nômades e guardadores de gado ainda viviam em barracas no campo. As tendas também apareciam em festas e eventos especiais, embora a maioria da população preferisse morar em casas.
A procura por tendas era grande. Por isso Paulo, Áquila e Priscila trabalhavam nesse ofício para garantir o sustento enquanto o apóstolo anunciava o evangelho (At 18.3).
O termo traduzido como “fazer tendas” significa literalmente trabalhar com couro, o que amplia o sentido da atividade. Assim, Paulo provavelmente produzia vários objetos feitos desse material, e não apenas tendas.
Ele vinha de Tarso da Cilícia, região famosa pelo cilícium, um tecido de pelo de cabra. Tudo indica que Paulo atuava como artesão, usando esse material sem precisar lidar com carcaças de animais, o que o manteria ritualmente puro.
Quando comentou sobre o seu espinho na carne, Paulo recorreu à imagem da tenda. Ele afirmou que a graça de Deus bastava e que o poder de Cristo o cobria como uma tenda que “habita em mim” (2 Co 12.9). Essa figura expressava proteção e cuidado.
Talvez ele pensasse numa tenda comum ou no Tabernáculo, mas o detalhe não muda o essencial. A ideia da tenda lembrava a proteção divina, algo que fortalecia o apóstolo em tempos difíceis.
A metáfora fica mais clara no grego do que em português. Outros autores do Novo Testamento também usaram essa figura para falar da esperança cristã.
O escritor de Hebreus descreve Jesus como o sumo sacerdote que ministra no tabernáculo feito pelo Senhor (Hebreus 8.2). João afirma que aquele que está no trono estenderá seu tabernáculo sobre o povo de Deus (Ap 7.15).
Para o judeu, tabernáculo significava segurança, cuidado e esperança. Por isso, a Bíblia usa a tenda como símbolo da presença protetora de Deus.
COMO ERAM AS CASAS DE TIJOLOS

As habitações dos tempos bíblicos passaram por um processo natural de evolução. Depois de um período vivendo em tendas, muitas famílias começaram a construir casas de tijolos.
Quando os israelitas seminômades, liderados por Josué, conquistaram as cidades e povoados cananeus, a arquitetura doméstica já mostrava bastante avanço. As moradias estavam bem à frente dos antigos abrigos usados quando os povos das cavernas passaram a viver ao ar livre.
As primeiras casas deixaram o formato de colmeia, com piso mais baixo que o nível externo, e adotaram o modelo retangular, comum até hoje.
O material básico era o tijolo de barro seco ao sol. Com o tempo, a técnica melhorou e surgiu a possibilidade de queimar os tijolos em fornos, tornando-os mais resistentes.
Mais tarde, as casas passaram a ser construídas com pedras brutas e alvenaria. No período do reino unido sob Salomão, os construtores começaram a usar pedras trabalhadas, algo possível graças às ferramentas de ferro, que permitiam dar acabamento às rochas.
Na maior parte do país, onde predominava o calcário branco, esse tipo de pedra virou o principal material das habitações nos tempos bíblicos.
COMO ERAM AS CONSTRUÇÕES DAS CASAS

As casas eram vistas como um dom de Deus, por isso recebiam grande valor nos tempos bíblicos. Quando alguém iniciava a construção de uma moradia, realizava um ato de dedicação ao Senhor (Dt 20.5).
A casa mais simples, usada pelas famílias pobres do campo, tinha apenas um aposento com cerca de três metros quadrados, servindo como abrigo, local de descanso e espaço para as atividades básicas do dia a dia.
AS PAREDES DAS CASAS

réplica casa tempos bíblicos
As paredes eram grossas, feitas de barro seco, pedras brutas, cascalho ou tijolos. Eram lisas e sem adornos, já que a lei proibia qualquer figura decorativa.
Qualquer desenho que lembrasse pessoas ou animais era visto como idolatria e, por isso, não podia ser usado.
Mesmo assim, descobriu-se uma sinagoga com paredes ricamente trabalhadas, mostrando que existiram algumas exceções.
Para produzir os tijolos, as pessoas cavavam um buraco no chão, misturavam água, palha picada e terra, e amassavam tudo com os pés.
Depois colocavam a massa em fôrmas de madeira, deixavam secar ao sol e então os tijolos estavam prontos. Para construções ricas, os oleiros estampavam motivos decorativos e cozinhavam os tijolos em fornos.
A argamassa usada pelos mais pobres também era feita de barro. Já as famílias de posses utilizavam areia e cal, ou até gesso.
Outros materiais como betume e piche também apareciam na construção (Gn 11.3). Depois de erguidas, as paredes recebiam cal, mas precisavam de manutenção constante, pois o material se desgastava com vento e chuva. A cobra citada em Amós 5.19 provavelmente entrou na casa por uma fresta na argamassa.
Mesmo frágeis, muitas dessas construções duraram séculos, graças a alicerces sólidos e tijolos bem feitos, alguns deles cozidos em forno.
No interior das casas, era comum haver nichos nas paredes para guardar alimentos e utensílios.

AS JANELAS DAS CASAS
Na maioria das casas havia poucas janelas, sempre colocadas no alto para melhorar a ventilação, já que o verão na região era muito quente.
Apesar de já existir vidro, eles não usavam vidraças. Preferiam grades de madeira trabalhada, com desenhos que controlavam a entrada de luz.
À noite, quando o frio chegava, fechavam as persianas. Como as janelas serviam como chaminé, provavelmente viviam sujas de fuligem.
Nas casas construídas sobre a muralha da cidade, as janelas podiam servir como rota de fuga (2 Co 11.33). Porém representavam perigo para quem se sentasse nelas, especialmente durante sermões longos, caso a pessoa pegasse no sono (At 20.9).
A maioria das janelas era pequena e alta, às vezes com uma treliça de madeira (Pv 7.6) que protegia contra intrusos.
No inverno, cobriam essa treliça com peles ou cortinas para segurar o frio. Como as paredes eram mal construídas, podiam abrigar muitos tipos de animais (Am 5.19).
A principal entrada de luz vinha da porta única, fechada com uma barra de madeira durante a noite. Dentro da casa, a iluminação vinha de uma lamparina de azeite, colocada em uma saliência, alcova ou suporte próprio (Mt 5.15).
O ASSOALHO DA CASA
A maioria das casas tinha piso de cerâmica ou terra batida. Em alguns casos usavam barro endurecido ou argamassa. As famílias mais ricas faziam pisos com pedra calcária, muito mais fáceis de limpar.
A base do terreno precisava ser firme e estável (Mt 7.24-27). A região sofria com terremotos e tempestades repentinas que podiam corroer os alicerces. Se alguém construísse a casa sobre areia, o desastre era quase certo. Sempre que podiam, buscavam fundações profundas, até encontrar uma camada de argila dura ou rocha.
As casas antigas que se desgastavam com o tempo eram derrubadas para dar espaço a novas construções, mas muitas vezes reaproveitavam os mesmos alicerces.
O assoalho tinha duas partes. A área perto da porta era de terra nivelada e batida. No fundo do aposento havia uma plataforma mais alta de pedra, usada para comer, sentar e dormir.
Por causa do chão irregular e da pouca luz, uma moeda perdida era difícil de achar. Era preciso varrer o chão e acender a candeia para encontrá-la (Lc 15.8).
O fogo usado para aquecer o ambiente ou cozinhar muitas vezes ficava aceso no chão, e a fumaça precisava achar sua própria saída pela casa.
O TETO DAS CASAS

As casas nos tempos bíblicos tinham um teto muito usado no dia a dia das famílias. Ele era feito colocando gravetos sobre vigas de sicômoro e cobrindo tudo com barro.
É curioso imaginar que, naquela época, o país tinha florestas extensas, que só desapareceram depois das depredações dos romanos e dos turcos. Sobre o teto, mantinham um rolo pesado para comprimir o barro depois das chuvas.
Os telhados não eram à prova d’água, e por isso apresentavam duas marcas típicas: vazamentos e uma cor esverdeada.
Durante a estação das chuvas, de novembro a março, o clima ficava frio e difícil, o que explica o pingar constante mencionado em Provérbios 19.13 e 27.15.
A cor verde surgia porque sementes brotavam no barro, tanto as que vinham naturalmente quanto as dos grãos colocados para secar no telhado. Esse detalhe aparece em 2 Reis 19.26, Salmos 129.6 e Isaías 37.27.

modelo casa dos tempos bíblicos
O teto plano oferecia várias vantagens. Ele servia como ponto de observação (Is 22.1; Mt 10.27) e também como um lugar fresco e silencioso, ideal para momentos de adoração (Sf 1.5; At 10.9).
O telhado também era usado para secar e guardar colheitas (Js 2.6) e para dormir nas noites quentes de verão, quando o interior da casa ficava abafado.
O uso constante desse espaço era tão grande que a lei exigia a construção de um parapeito ao redor do telhado, para evitar acidentes e quedas (Dt 22.8).
Nas cidades, as casas ficavam coladas umas às outras (Is 5.8), e as pequenas brechas entre elas formavam as ruas. Assim, as pessoas podiam passar de teto em teto, criando uma rota de fuga rápida, mencionada por Jesus em Mateus 24.17.
OS QUINTAIS DAS CASAS
O quintal era a parte mais apreciada da casa. O tamanho e o estilo variavam conforme as condições financeiras da família. Em algumas moradias maiores, a construção formava um U, ocupando três lados do pátio e deixando o centro livre.
A maioria das casas, porém, tinha apenas um aposento e um quintal pequeno. Quase todas as famílias judias usavam bastante esse espaço, transformando-o em um centro de atividades.
Algumas famílias colocavam ladrilhos no chão e decoravam o quintal com folhagens, flores e até árvores. Em certos casos havia um poço para recolher água da chuva, embora a água do dia a dia precisasse ser buscada em uma fonte ou rio próximo.
As famílias mais ricas já contavam com água encanada, e cidades grandes, como Jerusalém e Cesareia, possuíam sistemas de esgotos. O esgoto de Cesareia era extenso e refletia a engenharia romana.
HORTAS E JARDINS
Raramente as casas tinham hortas e jardins. Geralmente cultivavam apenas algumas folhagens no quintal. As hortaliças que abasteciam a cidade vinham de grandes plantios nos arredores, fora dos muros. Um exemplo é o jardim onde ficava o túmulo de Jesus (Jo 20.15).
O lugar onde Cristo foi traído era um bosque de oliveiras, fora das muralhas, perto do ribeiro Cedrom (Jo 18.1). Esses jardins costumavam ser protegidos por muros de pedra.
Os judeus preparavam muitas refeições no quintal, e ali também realizavam festas familiares. Nesses encontros, parentes e amigos cantavam, dançavam e celebravam ao som de instrumentos musicais, enquanto compartilhavam a comida.
A ILUMINAÇÃO DAS CASAS

A iluminação das casas nos tempos bíblicos vinha da lamparina de azeite, um elemento essencial na rotina das famílias. A versão mais antiga era um simples pires de barro, aberto, cheio de óleo de oliva.
Durante a fabricação, os oleiros apertavam uma das bordas do pires para criar um espaço onde o pavio de linho pudesse ser colocado. Esse modelo, porém, causava muitos problemas, porque o óleo derramava com facilidade.
Com o tempo, surgiram recipientes fechados, feitos com dois orifícios: um para o pavio e outro para adicionar o azeite. Quando o óleo diminuía, o pavio deixava de iluminar bem, e a lamparina precisava ser reabastecida, como mostra Mateus 25.8.

Com o tempo, surgiram lamparinas decoradas e esmaltadas, algumas com cabos e até vários pavios para aumentar a luz dentro da casa. Quanto mais alta a lamparina ficava, melhor iluminava o ambiente.
Essas lâmpadas passaram a ser colocadas em saliências das paredes, penduradas no teto ou apoiadas em suportes simples, como um galho grosso fincado no chão de terra.

Se nenhuma opção estivesse disponível, colocavam a lamparina sobre uma medida de cereais virada ao contrário ou simplesmente no chão, garantindo alguma iluminação mesmo em condições simples.
O AQUECIMENTO DAS CASAS

O aquecimento das casas era um elemento essencial nas habitações dos tempos bíblicos. O fogo servia tanto para cozinhar quanto para aquecer os ambientes.
Os combustíveis mais usados eram naturais, como:
• Esterco seco de animal (Ez 4:15)
• Gravetos e erva seca (Mt 6:30)
• Arbustos espinhosos (2 Sm 23:7; Is 10:17)
• Carvão (Jo 21:9)
O fogo podia ser aceso fora de casa, numa depressão feita no chão, ou colocado em algum recipiente de cerâmica, que ajudava a concentrar o calor e evitava acidentes.

As casas mais completas tinham chaminé (Os 13.3), mas, na maioria delas, a fumaça escurecia o teto e sufocava quem estava dentro.
O fogo era aceso com pederneira ou por fricção entre materiais secos.
Um dos combustíveis mais valiosos era a madeira da giesta branca, pois suas brasas permaneciam quentes por muito tempo, e até as cinzas, mesmo parecendo frias, podiam ser abanadas e voltar a queimar.
O aquecimento tinha grande importância, especialmente nas regiões montanhosas, onde os invernos eram frios, úmidos e, em algumas ocasiões, até com neve.
ÁGUA E SUA IMPORTÂNCIA

A água também ocupava um lugar essencial nas casas, já que o povo precisava buscá-la no poço local, tarefa cansativa e demorada. Por isso muitos sonhavam com o dia em que teriam sua própria cisterna.
A cisterna era um buraco escavado na rocha, impermeabilizado com gesso, permitindo armazenar água e usá-la quando necessário. Ter uma cisterna significava conforto e segurança, além de ser um símbolo de status.
Não por acaso, o rei Senaqueribe prometeu aos israelitas de Jerusalém que, se se rendessem, ele lhes daria esse privilégio (2 Rs 18.31).

Quando a cisterna secava, no fim do verão, ela muitas vezes servia como esconderijo, algo que aparece claramente em 2 Samuel 17:18,19.
As casas simples dos camponeses não tinham recursos sanitários. Sistemas avançados de drenagem e esgoto só surgiram mais tarde, em cidades maiores, como Cesareia e no próprio complexo do templo em Jerusalém.
Mesmo assim, havia um cuidado importante com as leis sanitárias. A Torá estabeleceu regras claras. Em tempos de guerra, por exemplo, os excrementos deviam ser queimados (Dt 23.13), e outras normas surgiram no judaísmo para manter o mínimo de higiene.
Entre essas regras, uma delas proibia construir estábulos sob as moradias, evitando sujeira, doenças e contaminação.
CASAS RICAS DOS TEMPOS BÍBLICOS

Nas habitações dos tempos bíblicos, a diferença entre as casas dos ricos e dos pobres aparecia em elementos simples, como a presença de um pátio.
Nas casas mais humildes, o pátio era apenas um cercado anexado à construção. Mesmo assim, ele já transformava o espaço. Os animais podiam ficar do lado de fora, a comida era preparada em um canto específico e a escada para o teto ficava protegida dentro do pátio.
As janelas também podiam se abrir para esse espaço, o que deixava a casa mais iluminada. A porta do cercado permanecia fechada, garantindo mais segurança.
As famílias mais ricas construíam dois ou três aposentos ao redor do pátio e, em alguns casos, até um segundo andar (2 Rs 4.10). Era uma casa mais ampla, aberta para o céu, lembrando a antiga vida seminômade dos tempos de Abraão.
Pilares sustentavam as vigas do teto e permitiam ampliar o tamanho dos cômodos. Eles eram colocados paralelos às paredes, possibilitando a criação de colunatas ou varandas quando desejado.
A VARANDA DA CASA

Uma casa rica não parecia muito convidativa por fora. A entrada tinha apenas uma porta de cedro, sempre fechada e normalmente vigiada por um porteiro.
A fechadura ficava do lado de dentro, então a pessoa precisava enfiar o braço por um orifício para introduzir a chave (Ne 3.3). A chave era grande, pois servia para levantar os ganchos que seguravam a barra de madeira (Is 22.22).
O porteiro ficava sentado numa varanda interna, logo atrás do portão, e esperava até reconhecer a voz de quem desejava entrar. Rode fez esse papel ao ouvir Pedro, mas não abriu a porta até avisar aos outros quem estava lá (At 12.13,14).
Quando Jesus afirmou que estava à porta da igreja de Laodiceia e batia, a imagem sugeria uma igreja rica, com esse tipo de entrada protegida (Ap 3.20).
COMO ERA A MOBÍLIA DAS CASAS

Enquanto as famílias remediadas conseguiam comprar uma cama, mesa e cadeiras (2 Rs 4.10), os ricos desfrutavam de camas cheias de almofadas e travesseiros (1 Sm 19.15,16; Pv 7.16,17). As mesas de jantar eram comuns nas casas abastadas, mostrando como o mobiliário também fazia parte das habitações nos tempos bíblicos.
Quando Jesus celebrou a Páscoa com os discípulos, a cena provavelmente diferia muito da famosa pintura de Leonardo da Vinci. Se a celebração ocorreu na casa de alguém rico, é possível que usassem uma mesa, mas ela seria baixa, e todos ficariam deitados em esteiras ou almofadas, e não sentados em cadeiras. Também é improvável que todos se posicionassem de um mesmo lado da mesa.
Nos tempos bíblicos, as refeições eram feitas reclinados, e fora das refeições as pessoas se sentavam no chão, ao estilo oriental. As casas mais ricas podiam ter banquinhos para os pés e cadeiras com espaldar (1 Rs 10.18,19). A iluminação dessas residências vinha de grandes candelabros, que clareavam bem o ambiente.
Os palácios da época podiam oferecer inúmeras facilidades, embora houvesse menos ricos do que hoje. E assim se destacavam as principais características das habitações nos tempos bíblicos, revelando como eram suas casas e moradias.
A HOSPITALIDADE
Sempre que alguém chegava a uma casa judaica, era recebido com muita atenção. A hospitalidade marcava profundamente a sociedade judaica e se tornou também uma característica dos cristãos primitivos.
Embora existissem pessoas rudes ou insociáveis, a atitude mais comum era de generosidade aberta. Jesus reforçou esse valor ao ensinar que devemos receber pobres e aleijados (Lc 14.13).
O lar judaico era um lugar acolhedor, onde tudo podia ser compartilhado. Mesmo havendo indivíduos que tentavam tirar proveito dessa generosidade, a hospitalidade ocupava um papel central tanto na fé judaica quanto no ensino de Cristo.
Um forasteiro que chegasse à porta era tratado como amigo. Recebia alimento, abrigo e até roupas, se necessário. O termo grego para hospitalidade significa literalmente “aquele que ama os forasteiros” (Rm 12.13; Tt 1.8; 1 Pe 4.9).
Quebrar as regras da boa hospitalidade era visto como atitude pagã (Lc 16.19-25). Os cristãos da igreja primitiva mantiveram essa prática com grande zelo, a ponto de três livros bíblicos, Filemom, 2 João e 3 João, abordarem diretamente o tema. Uma das regras mais importantes dizia que o anfitrião deveria lavar os pés da visita.
Nas casas ricas, um escravo realizava esse serviço; nas mais humildes, a própria esposa do anfitrião. Jesus usou esse costume para ensinar uma lição de profundo significado espiritual (Jo 13.3-16), e Paulo destacou o valor das viúvas que serviram dessa maneira (1 Tm 5.10).
Os judeus também tiravam os sapatos ao entrar na casa, para evitar trazer poeira e para se preparar para o lava-pés (Lc 7.38,44). Esse gesto fazia parte da tradição judaica desde os tempos antigos.
Essas eram as principais características das habitações nos tempos bíblicos e da vida dentro delas.
VEJA TAMBÉM ROUPAS NOS TEMPOS BÍBLICOS.




Em metros quadrados qual era a área de uma casa pequena e média?
Muito obrigado pelo texto!! Muito interessante!!!
ESTOU A POCURA DE UMA DE CONSULTA PARA MELHOR APROVEITAMENTO DESTE MATERIAL…