10 Lições do livro de Juízes para os dias de hoje

O Livro dos Juízes abrange o período entre a morte de Josué e a instituição da monarquia em Israel. A data exata de sua composição é desconhecida, mas evidências internas sugerem que o livro foi escrito durante o início da monarquia, após a coroação de Saul e antes da conquista de Jerusalém por Davi, aproximadamente entre 1050 e 1000 a.C.

Qual o propósito do livro de Juízes?

O livro de Juízes tem um propósito triplo: 1) Histórico; 2) Teológico; e 3) Espiritual.

Historicamente, o livro descreve os acontecimentos que ocorreram durante um período específico da história de Israel e faz a conexão entre a conquista de Canaã e a monarquia.

Teologicamente, o livro enfatiza o princípio estabelecido na Lei de que a obediência à Lei traz paz e vida, enquanto a desobediência traz opressão e morte.

Além disso, o livro aponta para a necessidade de uma monarquia hereditária centralizada em Israel.

Quem escreveu o livro de Juízes?

O autor do Livro dos Juízes é desconhecido. O Talmude atribui o livro a Samuel, e é possível que ele tenha escrito partes do texto, uma vez que se afirma que Samuel era um escritor (1 Sm 10:25).

O autor inspirado selecionou cuidadosamente fontes orais e escritas para oferecer uma narrativa de Israel com uma orientação teológica.

10 Lições do livro de Juízes para os dias de hoje

Neste estudo, vamos explorar um resumo das lições do Livro de Juízes e sua relevância para os dias de hoje.

1. Deus Está à Procura de Servos

Deus busca pessoas dispostas a ouvir Sua Palavra, receber Seu poder e cumprir Sua vontade. Ele pode usar homens e mulheres de todos os tipos. Assim como Gideão (Juízes 6:14-16), alguns servos de Deus podem não ter força por si mesmos, mas encontram força no Senhor. Assim como Baraque (Juízes 4:8), alguns preferem não lutar sozinhos contra o inimigo. Cada um de nós é único, mas todos podemos servir ao Senhor para a Sua glória.

Quando Deus nos chama para servi-Lo, não é principalmente por nossas habilidades ou talentos. Frequentemente, Ele escolhe pessoas que parecem não ter as qualidades necessárias para a liderança.

Ele as chama porque se entregaram a Ele e estão disponíveis para fazer Sua vontade. Não olhe para si mesmo ou para o desafio à frente; olhe para o Senhor.

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2. Deus Governa e Prevalece sobre a História

O Livro de Juízes nos ensina que Deus opera em todas as nações, sejam elas Seu povo ou povos gentios. Ele é soberano sobre os tempos e os limites da habitação das nações (At 17:26). Deus age tanto na história quanto na geografia. Ele pode usar nações gentias para disciplinar Israel, elevar um governante e derrubar outro (Juízes 3:12-14).

Mesmo que a história pareça não ter um padrão claro, e os historiadores tentem encontrá-lo, ela segue um plano definido, pois Deus está no controle. Como disse o Dr. A. T. Pierson: “A história humana é a história de Deus”.

Acontecimentos que nos parecem acidentais são, na verdade, programados por Deus (Romanos 8:28). Nos dias sombrios dos juízes, Deus ainda estava em Seu trono, cumprindo Seus propósitos. Isso deve nos encorajar a confiar no Senhor e continuar a servi-Lo, mesmo quando as circunstâncias parecem desfavoráveis.

3. Deus Dá às Nações os Líderes que Merecem

O Livro de Juízes mostra que, com o tempo, as qualidades dos líderes se deterioraram, começando com Gideão. Quando chegamos a Sansão, vemos uma grande força física combinada com um caráter fraco.

Embora Gideão, Jefté e Sansão tenham cumprido suas missões dadas por Deus, espiritualmente, não ofereceram uma liderança sólida ao povo (Juízes 6-16).

Filósofos discutem há séculos se um indivíduo moralmente falho pode ser um bom líder. A questão mais importante, porém, é: “Que tipo de liderança estamos buscando?” Um general experiente pode liderar um exército com eficácia, mas se ele intimida, mente e ignora a Palavra de Deus, não dará o exemplo que constrói caráter.

Todos os servos de Deus têm seus defeitos, mas isso não justifica o pecado ou o serviço negligente. Devemos nos esforçar para construir um caráter cristão e desenvolver nossas habilidades para a glória de Deus.

Dedicação não substitui um trabalho malfeito, e sucesso aos olhos dos homens não substitui a semelhança a Cristo. Assim como Davi, devemos servir ao Senhor com integridade e habilidade (Salmo 78:72).

4. Em Sua Bondade, Deus nos Perdoa e nos Ajuda a Recomeçar

O ciclo histórico no Livro de Juízes nos ensina que Deus nos disciplina quando desobedecemos, mas também nos perdoa quando nos arrependemos e confessamos nossos pecados.

Mesmo que muitas vezes não aprendamos com os erros dos outros, ou até mesmo com nossos próprios fracassos, essa é uma das realidades de sermos humanos (Juízes 2:18-19).

Israel tinha uma relação especial de aliança com Deus. Ele prometeu abençoá-los se obedecessem à Sua lei e discipliná-los se desobedecessem (Juízes 2:1-3).

No Novo Testamento, Deus não promete uma vida fácil e confortável para aqueles que O seguem. Somos chamados a ser como Jesus, que viveu de maneira perfeita e sofreu como ninguém.

Mesmo Paulo, um homem profundamente dedicado ao Senhor, enfrentou inúmeras provações (2 Coríntios 11:23-27).

Se obedecermos a Deus apenas para obter algo em troca ou para evitar tribulações, estaremos buscando um “contrato”, e não um relacionamento de amor genuíno com Ele.

Jesus abordou essa atitude na parábola dos trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16), em resposta à pergunta de Pedro: “O que será, pois, de nós?” (Mateus 19:27).

Devemos obedecer ao Senhor porque O amamos. Às vezes, essa obediência nos levará por caminhos difíceis, mas Deus estará conosco e nos sustentará até o fim.

Precisamos ter a mesma fé que os três jovens na fornalha ardente: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quiser livrar-nos, Ele nos livrará… Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos aos teus deuses” (Dn 3:17-18).

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5. Apesar da Infidelidade das Pessoas, a Palavra de Deus Permanece

As realizações dos juízes foram fruto de sua fé na Palavra de Deus, como mencionado em Hebreus 11:32-34. Mesmo que essa fé, em algumas ocasiões, fosse fraca e imperfeita, Deus honrou a confiança que eles depositaram Nele, e o nome do Senhor foi glorificado por meio dessas pessoas (Juízes 4-6).

No entanto, mesmo quando os líderes de Israel e o povo desobedeceram ao Senhor, sua incredulidade e desobediência não puderam anular a Palavra de Deus.

A Palavra de Deus nunca falha. Quando obedecemos a ela, Deus é fiel em nos abençoar, cumprir Suas promessas e realizar Seus propósitos. Quando desobedecemos, Ele é fiel em nos disciplinar e nos conduzir de volta à submissão (Juízes 2:1-3).

A Palavra de Deus não muda, nem o caráter de Deus. Como Seus filhos, vivemos de promessas e não de explicações.

Deus não precisa nos explicar por que age de determinada forma, mas sempre dará a Seus servos as promessas necessárias para cumprir o Seu trabalho (Juízes 6:14-16).

6. Deus Usa o Governo Humano para Cumprir Seus Propósitos

Embora não houvesse rei em Israel durante o período dos juízes, Deus ainda operava de forma soberana (Juízes 21:25).

Mesmo quando Israel foi governado por reis, isso não garantiu que o povo obedeceria a Deus. O governo é importante e instituído por Deus, mas nenhum líder, seja rei, presidente, senador ou parlamentar, pode impor limites à operação divina.

Romanos 13 nos ensina que Deus instituiu o governo humano para o nosso bem, e é nossa responsabilidade respeitar e obedecer às autoridades. Mesmo que não respeitemos a pessoa no cargo, devemos respeitar a posição que ocupa.

Deus tem realizado Seus propósitos em meio a diferentes sistemas políticos, incluindo monarquias e ditaduras (Juízes 2:16-19). Ele não depende de uma democracia ou monarquia constitucional para fazer Sua vontade, pois é soberano sobre todas as nações.

Seja qual for a forma de governo, as palavras de Provérbios 14:34 permanecem verdadeiras: “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.”

7. As Nações Se Desintegram Quando o Povo de Deus Não É Espiritual

Apostasia e anarquia frequentemente caminham juntas. Como luz do mundo e sal da terra (Mateus 5:13-16), Deus nos chama a exercer uma influência positiva sobre a sociedade.

Quando a Igreja deixa de ser santa e obediente, o sal perde seu sabor e a luz se apaga. G. Campbell Morgan observou que a Igreja foi mais eficaz quando era menos parecida com o mundo. No entanto, muitas igrejas hoje acreditam que precisam imitar o mundo para alcançá-lo, o que é um grande erro.

Quando Israel adotou os costumes das nações pagãs ao seu redor, enfraqueceu a si mesmo. Ao se entregar à idolatria, o povo perdeu as bênçãos de Deus.

Nações não se desintegram por causa daqueles que vendem pornografia ou drogas, mas por causa dos cristãos que deixam de ser sal e luz. Deus espera que os pecadores ajam como pecadores, mas não espera que os santos ajam como pecadores.

Cristãos que fazem concessões não apenas prejudicam a si mesmos, suas famílias e suas igrejas, mas também contribuem para a degeneração de sua nação como um todo. Quando a Igreja falha em manter sua santidade, a sociedade inevitavelmente sofre as consequências.

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8. Deus Não Conta a História Toda de Uma Só Vez

No Livro de Juízes, conhecemos bem as histórias de Débora, Gideão, Jefté e Sansão, mas pouco sabemos sobre figuras como Sangar, Tola e Jair.

Deus escolheu não revelar todas as obras de todos os seus servos nas Escrituras, embora todos eles tenham desempenhado papéis importantes em Seus propósitos.

Talvez o trabalho que você realiza para o Senhor nunca seja amplamente reconhecido. Pode ser que você se sinta como Tola, Ibsã ou Elom,figuras menos conhecidas, mas ainda essenciais no plano divino.

Não se desanime! Deus mantém todos os registros e, no tempo certo, você será recompensado por seu serviço fiel. O que realmente importa não é o reconhecimento dos outros, mas servir ao Senhor e buscar agradá-Lo.

Essa reflexão também traz uma advertência: não se apresse em julgar o trabalho dos outros ou em pensar que você é o único servo fiel do Senhor.

Na época dos juízes, muitos estavam servindo a Deus em diferentes lugares, mesmo que não soubessem das atividades uns dos outros. O mesmo acontece hoje em dia.

Apesar de vivermos em um mundo com ampla circulação de informações, nem sempre sabemos o que Deus está fazendo através de Seus servos ao redor do mundo.

“Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus” (1 Co 4:5).

9. Deus Ainda Abençoa Aqueles que Vivem Pela Fé

Alguém sabiamente disse que ter fé não é crer apesar das evidências (isso seria superstição), mas sim obedecer a Deus apesar das consequências.

Eu acrescentaria que a fé também significa obedecer a Deus, independentemente do que vemos ao nosso redor, do que está à nossa frente, ou de como nos sentimos por dentro.

A verdadeira fé não depende de nossas emoções (Gideão quase sempre estava com medo e Sansão pensava que ainda possuía seu antigo poder), nem da nossa interpretação das circunstâncias. A fé confia na Palavra de Deus e faz o que Ele ordena.

Não é possível servir a Deus sem fé, pois “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6). Além disso, “Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23).

Se esperarmos até que nossa fé seja perfeita, jamais faremos grandes coisas para o Senhor. Deus honra até mesmo a fé que é fraca e procura fortalecê-la. Exercitar a fé é como exercitar os músculos: quanto mais você se exercita, mais fortes os músculos se tornam.

Deus continua abençoando aqueles que vivem pela fé, independentemente de suas fraquezas. Ele reconhece a confiança em Sua Palavra e sempre se mostrará fiel para realizar Seus propósitos através daqueles que confiam Nele, mesmo quando as circunstâncias parecem contrárias.

10. A História de Deus Ainda Não Chegou ao Fim

O Livro de Juízes não é conhecido por suas boas notícias. No entanto, o Livro de Juízes não é o fim da história! Na verdade, o livro começa com as palavras “E sucedeu que”.

A expressão “E sucedeu que” não é um erro; é uma indicação de que a história continua.

No Antigo Testamento, vários livros começam com essas palavras: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, Ester, Ezequiel e Jonas. Todos esses livros fazem parte de uma narrativa contínua que Deus está escrevendo.

O final do Livro de Juízes não marca o fim da obra de Deus neste mundo, pois ele começa com “E sucedeu que”. A história continua! Deus ainda está trabalhando.

Se Juízes relata uma nação sem rei, lembre-se de que 2 Samuel é o relato sobre o Rei de Deus; nele, Davi sobe ao trono e traz ordem e paz à terra. Quando as perspectivas parecem sombrias, lembre-se de que Deus ainda não terminou Sua história.

Às vezes, o povo de Deus observa um mundo caótico, uma nação marcada pela ganância e violência, e uma igreja fraca e dividida, e se pergunta se vale a pena seguir a Deus e fazer Sua vontade.

Quando isso acontecer, lembre-se de que conhecemos o desfecho da história! O último episódio não é o Livro de Juízes, mas o Livro de Apocalipse. E Deus nos garante que a justiça triunfará, o mal será julgado e a fé será recompensada.

Nenhum cristão pode fazer tudo, mas todo cristão pode fazer alguma coisa, e Deus reúne essa “alguma coisa” de todos para realizar Sua vontade neste mundo.

Nunca sabemos exatamente o que Deus tem planejado para nós, por isso, esteja sempre disponível. Afinal, um dia você precisará prestar contas e desejará estar pronto.

André Lourenço

Bacharel e professor de Teologia, Graduado em Gestão da Qualidade e Pós Graduando em Psicologia nas Organizações, André possui mais de 17 anos de experiência na pregação e ensino da Bíblia. É autor de cursos de Homilética e Hermenêutica. Já escreveu centenas de estudos bíblicos e ministra na EBD. Se considera um eterno aprendiz e apaixonado por Compartilhar a Palavra de Deus!

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