O que sabemos sobre Agur, autor de Provérbios 30?

Se você já leu Provérbios 30, certamente se deparou com Agur. Mas, quem é Agur na Bíblia e por que devemos saber sobre ele?

Quem foi Agur na Bíblia?

Ao se perguntar sobre a identidade de alguém, é comum começar com perguntas como “Quem é você?” seguidas muitas vezes por “O que você faz?” Contudo, em culturas como a indiana e outras do Extremo Oriente, a troca de nomes é frequentemente seguida por uma investigação mais profunda: “E quem é o seu pai?

Isso se deve ao fato de que, nesses contextos, a confiança da família transcende o nome e a ocupação da pessoa, pois no nome do pai reside toda a história familiar. Na Bíblia, Agur, filho de Jaque, emerge como o portador da sabedoria encontrada no livro de Provérbios 30 (Provérbios 1:1).

O nome “Agur” se traduzi como “reunido“. Já o nome de seu pai, Jaque, significa “piedoso” ou “cuidadosamente religioso”. Será que Agur continuará a tradição de uma vida repleta de significado por trás de seu nome?

Existe a possibilidade de que Jaque pertença à tribo ismaelita, pois uma nota em Provérbios 30:1b sugere que o oráculo pode ser Jaque, um homem de Massa. Contudo, pouco sabemos sobre esses dois personagens além de Provérbios 30:1.

Vale ressaltar que os ditados encontrados em Provérbios 30 prometem uma visão única sobre o homem, pois Deus escolheu Agur para escrever um capítulo nas Sagradas Escrituras. Que honra é incumbir alguém de inscrever palavras que se tornem parte integrante das Escrituras.

Quanto aos outros dois nomes mencionados em Provérbios 30:1 – Itiel e Ucal – ambos são provavelmente discípulos de Agur.

Itiel, cujo nome significa “Deus está comigo”, foi benjamita desde os dias de Neemias. O nome de Ucal, por sua vez, significa “devorado“.

O papel desses discípulos adiciona camadas de significado legado de Agur, destacando a transmissão e o compartilhamento da sabedoria ao longo das gerações.

Algumas informações importantes de Agur em Provérbios 30

Tal como acontece com outros provérbios, os versículos de Provérbios 30, atribuídos a Agur, oferecem uma riqueza de sabedoria. O termo “provérbio” denota semelhança, e Provérbios 30 não foge à tradição, fornecimento comparações entre imagens físicas do cotidiano e verdades mais profundas da vida. Este livro sagrado contém declarações éticas e claras que iluminam as realidades fundamentais da existência humana.

Agur inicia seus versículos demonstrando uma profunda humildade, reconhecendo que apenas aqueles com humildade de coração podem receber instruções do Senhor. Seu ponto de referência é Deus (v. 5), e, em comparação, ele se declara totalmente destituído de sabedoria (v. 2).

Agur compreende que a verdadeira sabedoria emana exclusivamente de Deus, que governa os céus, a atmosfera e as águas da terra. Ele dirige seus pensamentos para Deus e Seu Filho (v. 4), levantando questões que só podem ser respondidas pelo Divino, revelando assim a profundidade de seu espírito modesto.

Sem rodeios, Agur ecoa as palavras do Salmo 19:7 ao falar da pureza de cada palavra de Deus (v. 5a). No versículo 5b, ele se espelha no Salmo 18:30, retratando Deus como um escudo.

Agur continua com uma advertência severa para não exigir nada às palavras de Deus (v. 6), pois isso seria rejeitar a autoridade divina. Ele alerta que quem ousa fazer isso é um mentiroso, sujeito à repreensão do Senhor.

Nos versículos 7-9, Agur suplica para afastar dele a falsidade e as mentiras, pedindo ainda que não seja nem rico nem pobre. Ele busca uma vida modesta, registrando os perigos potenciais tanto na riqueza quanto na pobreza, pois ambos levam ao afastamento de Deus ou à transgressão.

A partir do versículo 11, Agur destaca tipos de pessoas que podem variar de acordo com a sociedade:

  • Versículo 11: Aquele que amaldiçoa pai e não abençoa mãe.
  • Versículo 12: A aparência de pureza, mas com impureza interior.
  • Versículo 13: A arrogância, uma característica que Agur despreza.
  • Versículo 14: Aquele que profere discurso ímpio e demonstra desdém pelos pobres.

Os versículos 15-16 denunciam os gananciosos como sanguessugas insaciáveis, enquanto o 17 aborda o desdém pelos pais e suas consequências.

Ao contrastar o sublime com o profano, Agur utiliza imagens impressionantes para transmitir lições práticas. Ele compara a hipocrisia a uma adúltera que esconde seu pecado, alegando inocência (v. 20).

Nos versículos 24-31, Agur faz comparações entre pequenos animais, destacando sua sobrevivência baseada em instintos, apontando para seu sábio Criador. Ele conclui nos versículos 29-31, descrevendo o ritmo majestoso de um leão, um galgo e uma cabra, direcionando a atenção para a sabedoria e poder de Deus.

Os versículos 31-32 alertam contra a própria exaltação, enfatizando que tal atitude só traz ira.

Quem escreveu Provérbios?

O livro de Provérbios, parte da literatura sapiencial da Bíblia, é uma coleção de ditados que abordam questões de sabedoria geral, a corte do rei e instruções parentais para os filhos.

A autoria principal se atribui ao rei Salomão, conforme indicado em Provérbios 1:1. Salomão, conhecido por seu amor ao Senhor (1 Reis 3:3), foi abençoado com uma audiência divina em Gibeão, onde Deus lhe ofereceu escolher o que desejava.

Salomão, em sua humildade, pediu sabedoria para julgar o povo, um pedido que Deus prontamente atendeu (1 Reis 3:5, 9). Dos cerca de 3.000 provérbios proferidos por Salomão, 513 estão registrados em Provérbios (1 Reis 4:32; Eclesiastes 12:9).

Os capítulos 30 e 31 de Provérbios, no entanto, se atribui a outros dois escritores, Agur e Lemuel, respectivamente.

Provérbios, em linha com outras obras sapienciais, é ricamente poético na tradição hebraica. Apresenta pensamentos equilibrados em linhas correspondentes, todos relacionados à saúde espiritual. Algumas verdades e ensinamentos são repetidos ao longo do livro, sendo as instruções referentes a tolos e tolice um exemplo proeminente. Estas são citadas repetidas vezes, enfatizando a importância dessa sabedoria.

O livro se destaca também por suas frases curtas e incisivas, características que preenchem cada um dos trinta e um capítulos. A repetição não é apenas uma característica literária, mas serve como uma instrução robusta, uma ênfase constante em princípios essenciais.

Agur, embora um escritor desconhecido, contribui significativamente para as Escrituras ao apresentar o capítulo 30 de Provérbios. Sua importância reside não apenas no seu nome, mas na exaltação ao Senhor, e é a partir desta perspectiva que aprendemos e crescemos.

Em última análise, Provérbios nos lembra que Deus utiliza uma variedade de instrumentos para cumprir Seus propósitos. Além disso, a humildade e a busca por sabedoria são traços que transcendem as eras.

Equipe Redação BP

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