Igreja de Esmirna na Bíblia: 4 Lições da carta à igreja perseguida

Esmirna era uma igreja pobre e perseguida, localizada em uma bela cidade de grandeza comercial e luxuosa, com uma grande população judaíca. Apesar de os cristãos serem pobres, provavelmente devido a um boicote econômico, eles eram espiritualmente ricos.

A congregação de Esmirna foi duramente perseguida por sua fé, o que explica por que o Senhor enfatiza sua morte e ressurreição no início da mensagem de Sua carta. No entanto, ela tem muito a nos ensinar.

Sendo assim, vamos conhecer a história da igreja de Esmirna, as suas obras, quem a fundou e a pastoreou, bem como as principais lições que podemos aprender com a carta escrita à essa igreja perseguida da Ásia.

Carta do Apocalipse à igreja de Esmirna

“E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu: Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da segunda morte.” (Apocalipse 2:8-11)

História da igreja de Esmirna

A Igreja de Esmirna, cujo nome significa “amargo” e está relacionado à palavra mirra, tem uma história rica e significativa devido as grandes dificuldades e perseguições que enfrentava.

Seus membros eram perseguidos, provavelmente por sua recusa em ceder às exigências do mundo e dizer “César é Senhor”.

Esmirna era um centro importante do culto imperial romano, e qualquer um que recusasse reconhecer César como Senhor era excluído das associações de profissionais, resultando em desemprego e pobreza.

O termo usado para pobreza nesta passagem significa “pobreza abjeta, que não possui absolutamente coisa alguma”.

Além disso, havia em Esmirna uma grande e próspera comunidade de judeus. Os judeus não precisavam aderir ao culto imperial, uma vez que sua religião era aceita por Roma; mas, certamente, não cooperavam com a fé cristã.

Assim, os membros da igreja de Esmirna eram difamados e maltratados tanto por judeus quanto por gentios.

No entanto, esses cristãos eram ricos! Viviam baseados em valores eternos imutáveis e em riquezas que jamais poderiam perder.

“Pobres, mas enriquecendo a muitos” (2 Co 6:10; 8:9).

Na verdade, seu sofrimento por Cristo só aumentava essa riqueza.

Quais eram as obras da igreja de Esmirna?

As obras da igreja de Esmirna caracterizam-se por uma fé inabalável e uma perseverança diante da perseguição. Eles permaneceram fiéis a Cristo, não se deixando abater pelo sofrimento ou pelas ameaças, e como resultado, receberam promessas eternas de vitória e glória.

Diferente de outras igrejas mencionadas no Apocalipse, a igreja de Esmirna não recebeu qualquer palavra de acusação. Embora não tivessem a aprovação dos homens, certamente recebiam o louvor de Deus.

O Senhor lhes deu uma admoestação solene diante do sofrimento crescente, encorajando-os com a mensagem: “Não temas!” Ele assegurou que conhecia os planos de Satanás e estava inteiramente no controle da situação.

Alguns cristãos enfrentariam prisão e julgamento como traidores de Roma, mas sua tribulação duraria pouco; na Bíblia, a expressão “dez dias” significa “por pouco tempo” ou “alguns dias” (Gn 24:55; At 25:6).

O mais importante era a fidelidade: permanecer leal a Cristo apesar das ameaças do governo.

A “coroa da vida” era a coroa do vencedor entregue nos jogos esportivos anuais.Esmirna participava com grande expressão nesses jogos, tornando essa promessa especialmente significativa para os cristãos de lá.

O Senhor reiterou a promessa dada por Tiago (Tg 1.12) e garantiu a seu povo que não havia motivo para medo. Uma vez que creram Nele, eram vencedores – vitoriosos na corrida da fé (Hb 12:1-3) e, como vencedores, não precisavam temer coisa alguma.

Mesmo martirizados, seriam levados à glória usando coroas! Estavam livres de uma vez por todas do julgamento terrível da segunda morte, o lago de fogo (Ap 20:14; 21:8).

Quem era o pastor de Esmirna?

Policarpo

O pastor da igreja de Esmirna mais conhecido foi Policarpo, um dos primeiros líderes cristãos e um dos Padres Apostólicos. Como discípulo do apóstolo João, a tradição conta que o próprio João o nomeou bispo de Esmirna.

Lembrado por sua firmeza na fé e liderança durante um período de intensa perseguição aos cristãos, Policarpo desempenhou um papel crucial em manter a integridade doutrinária da igreja. Ele orientou os cristãos a permanecerem fiéis a Cristo, mesmo sob ameaça de morte.

A história mais notável sobre Policarpo é o relato de seu martírio. Por volta de 155 d.C., as autoridades romanas prenderam Policarpo e insistiram para que renunciasse à sua fé. Firmemente, ele recusou, afirmando: “Há 86 anos sirvo a Cristo, e Ele nunca me fez mal.”

Como posso blasfemar contra o meu Rei que me salvou?” Sendo queimado na fogueira por sua fé. Mas relatos históricos sugerem que o fogo não o consumiu rapidamente, resultando em sua execução final por meio de uma espada.

Policarpo é um mártir e santo venerado em várias tradições cristãs. Sua vida e testemunho continuam a inspirar muitos cristãos ao redor do mundo. Sua liderança e coragem exemplificam o espírito de perseverança e fidelidade que caracterizava a igreja de Esmirna.

Quem fundou a igreja de Esmirna?

A fundação da igreja de Esmirna não é explicitamente documentada nas Escrituras, mas a tradição cristã sugere que seguidores do apóstolo Paulo a estabeleceram durante suas viagens missionárias.

Pois Paulo passou muito tempo na Ásia Menor, onde Esmirna ficava. É provável que ele ou seus colaboradores imediatos, como Timóteo, Tito ou outros discípulos, tenham espalhado o evangelho e estabelecido igrejas na região.

O livro de Atos dos Apóstolos menciona que Paulo passou três anos em Éfeso, que é relativamente próximo de Esmirna, pregando e ensinando (Atos 19:10, 20:31). O que é provável que o evangelho tenha se espalhado para as cidades vizinhas, incluindo Esmirna.

Igreja de Esmirna hoje

Hoje, Esmirna, agora chamada Izmir, uma cidade vibrante e moderna na Turquia é predominantemente muçulmana, com várias mesquitas, sinagogas judaicas e algumas igrejas cristãs pertencentes a gregos e armênios.

No entanto, ao contrário de seu passado glorioso, a igreja cristã de Esmirna não é mais proeminente. Tendo sido suprimida pelo avanço do islamismo ao longo dos séculos.

4 Lições da carta escrita à igreja de Esmirna

lições da carta a Esmirna

O apóstolo João, ainda aprisionado na ilha de Pamos, recebeu a revelação divina e escreveu esta segunda carta a igreja perseguida de Esmirna. Da mesma forma que Filadélfia, Esmirna também não recebeu nenhuma repreensão, apenas elogios pelas suas obras. O qual nos ensina importantes lições para perseverarmos firmes em Cristo, sabendo que a coroa da vida nos espera. Veremos a seguir as principais lições:

1. A ressurreição de Jesus, nos dá esperança

A primeira lição que podemos aprender com a igreja de Esmirna é a coragem diante das perseguições. Jesus lembrou à igreja que Ele é o Primeiro e o Último, aquele que morreu e voltou à vida.

Este conhecimento dava-lhes a coragem necessária para enfrentar as perseguições, sabendo que Jesus, que estabeleceu a igreja, era também o juiz final. Mesmo diante da morte, os cristãos de Esmirna podiam confiar que suas vidas estavam seguras nas mãos de Cristo, e que a morte não era o fim, mas um passo rumo à vitória eterna.

Se este mundo fosse tudo o que existe, a perseguição e o sofrimento seriam esmagadores e sem propósito. No entanto, a ressurreição de Jesus nos dá uma perspectiva eterna.

Temos a certeza de que a vida não termina aqui e agora, mas continua com Jesus, onde não haverá mais dor ou perseguição. Essa certeza deve fortalecer os crentes a perseverarem, sabendo que a vitória final está assegurada em Cristo.

Portanto, assim como a igreja de Esmirna, enfrente as dificuldades e provações com a certeza de que Jesus, o Primeiro e o Último, aquele que morreu e ressuscitou, está no controle.

Crendo que Sua ressurreição nos dá esperança e coragem para continuar firmes na fé, sabendo que nossa recompensa eterna está garantida.

2. Nossa luta não é contra a carne e o sangue

Em Esmirna, a sinagoga judaica que perseguia os cristãos era, na verdade, uma sinagoga de Satanás. Esta expressão indica que, embora os membros fossem judeus de nascimento, suas ações estavam alinhadas com os planos do inimigo, não com os de Deus.

O verdadeiro judeu, de acordo com a Escritura, não é definido em termos físicos ou raciais, mas espirituais. Em Romanos 2:17-29, Paulo explica que ser judeu é mais sobre a condição do coração e a fé em Deus do que sobre a descendência biológica.

Da mesma forma, qualquer grupo religioso – seja judeu ou gentio – que não reconhece Jesus Cristo como Filho de Deus está, sem dúvida alguma, agindo de modo contrário à vontade de Deus.

A igreja de Esmirna nos ensina a olhar além das aparências e das identificações superficiais. Precisamos discernir espiritualmente e entender que a verdadeira batalha se dá no reino espiritual. Assim, nossa resposta às perseguições e dificuldades deve ser espiritual, buscando em Deus a força e a orientação para guerrear nossas guerras.

3. O preço da consagração

A terceira lição que aprendemos com a carta à igreja de Esmirna é que o cristão consagrado sempre paga um preço, e em alguns lugares, esse preço é mais alto do que em outros.

A igreja de Esmirna enfrentou severa perseguição e sofrimento, mas manteve sua fidelidade a Cristo.

À medida que as pressões dos tempos finais aumentarem, as perseguições também se multiplicarão.

O povo de Deus precisa estar preparado para enfrentar adversidades, como indicado em 1 Pedro 4:12-19, onde somos advertidos a não nos surpreender com as provações que vêm sobre nós, mas a nos alegrar por participarmos dos sofrimentos de Cristo.

4. Seja fiel até o fim, custe o que custar

A lição da igreja de Esmirna é clara e profunda: mantenha sua fidelidade a Cristo até o fim. Jesus exorta seus seguidores a serem leais a Ele mesmo diante da morte, prometendo a “coroa da vida” como recompensa. Esta coroa simboliza a vida eterna e a vitória sobre a morte.

Ser fiel até a morte significa permanecer firme na fé, não importa o custo. Em momentos de grande dificuldade e perseguição, a promessa de Jesus oferece esperança e encorajamento. A fidelidade em meio ao sofrimento é reconhecida e recompensada por Deus, mostrando que a vida eterna está segura nas mãos de Cristo.

Assim, mesmo quando enfrentamos tribulações severas, devemos lembrar que nossa perseverança não é em vão. A coroa da vida é a garantia de que, apesar das lutas, a vitória final é nossa, e a vida eterna aguarda aqueles que permanecem fiéis até o fim.

Conheça também a história das sete igrejas do Apocalipse:

Indiara Lourenço

Com mais de 20 anos atuando na Pregação e Ensino, Indiara possui experiência em ministério infantil, jovem e feminino. Estudante de Teologia e ministra aulas na EBD. Mãe, esposa e serva que ama fazer a obra de Deus. Contagia a todos com sua alegria e inspira com palavras motivadoras, deixando um impacto positivo por onde passa.

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4 Comentários

  1. Igreja rica, trocou os bens desta vida por valores eternos.
    Igreja que tinha o espírito de sabedoria, a sabedoria que vem do Espírito Santo.

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