A igreja de Pérgamo: Um estudo profundo para os dias de hoje
A carta para a Igreja de Pérgamo, registrada em Apocalipse 2:12-17, é uma das mais reveladoras e desafiadoras das sete cartas às igrejas da Ásia.
Com uma mensagem endereçada diretamente ao “anjo” ou mensageiro da congregação, vinda do próprio Senhor Jesus Cristo. Na qual Jesus se apresenta como “aquele que tem a espada afiada de dois gumes”, simbolizando Sua autoridade para julgar.
Sob o qual podemos observar que não era apenas um recado do apóstolo João, mas sim uma comunicação direta do Senhor, revelando Sua disposição para trazer julgamento e correção aquela igreja.
Jesus destaca tanto a fidelidade quanto os pecados presentes na congregação.
Sendo assim, neste estudo sobre a Igreja de Pérgamo, vamos analisar o contexto histórico e espiritual dessa congregação desafiada por influências pagãs e políticas. Bem como aprender as mais importantes lições para nos mantermos fiéis nos dias de hoje.
3′ Carta do Apocalipse à igreja de Pérgamo
“E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois fios: Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio. Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe.” (Apocalipse 2:12-17)
Significado de Pérgamo na bíblia
Pérgamo, uma proeminente cidade da Ásia Menor, tem um nome que significa “casado” ou “casamento”. Este nome reflete a ideia de união ou compromisso, o que é particularmente relevante no contexto da Igreja de Pérgamo.
Em um sentido espiritual, a cidade é vista como uma metáfora para a Igreja como a “noiva de Cristo”. Chamada a manter-se fiel e pura em seu relacionamento com Deus.
A história e a condição da cidade também destacam a tensão entre a fidelidade a Deus e a pressão para se conformar com as práticas pagãs e políticas do mundo ao redor. Portanto, o nome Pérgamo, além de descrever uma localidade histórica, simboliza um chamado à pureza e ao compromisso espiritual.
Contexto histórico de Pérgamo
Pérgamo, atual Bergama localizada na atual Turquia, era uma cidade proeminente na Antiguidade. Construída sob uma montanha muito alta e íngreme, Pérgamo tinha no topo uma torre erguida pelos senhores da Ásia Menor, que ainda permanece.
A igreja representada por Pérgamo tinha sua sede principal em Roma, onde Satanás habitava (Apocalipse 2:13). Esse local também significa exaltado.
No período helenístico, Pérgamo se destacou como um dos principais centros culturais e intelectuais. Governada pela dinastia Atálida, a cidade floresceu economicamente e culturalmente.
Além disso, Pérgamo abrigava uma das bibliotecas mais importantes do mundo antigo, rivalizando com a famosa Biblioteca de Alexandria. Este fato atraiu muitos estudiosos e filósofos para a cidade. Pérgamo também era famosa por seu grande altar de Zeus, considerado uma das maravilhas do mundo antigo.
Durante a era romana, Pérgamo continuou a prosperar. Tornou-se a capital da província romana da Ásia. A cidade se tornou um importante centro administrativo e religioso. O culto ao imperador era uma prática comum, consolidando ainda mais a importância de Pérgamo no Império Romano.
História da igreja de Pérgamo
A Igreja de Pérgamo estava situada na cidade de Pérgamo, conhecida como a “maior cidade da Ásia Menor”. Pérgamo se destacava por abrigar o primeiro templo dedicado a César e por defender com fervor o culto imperial. Este zelo pelo culto ao imperador pode estar refletido na expressão “trono de Satanás” mencionada em Apocalipse 2:13.
A cidade também tinha um templo dedicado a Esculápio, o deus da cura. O templo exibia duas serpentes enroladas em uma vara, que hoje é amplamente reconhecida como um símbolo médico.
Interessantemente, Satanás é também descrito como uma serpente (2 Coríntios 11:3; Apocalipse 12:9; 20:2), o que reforça a ideia de uma oposição espiritual na cidade.
Apesar das severas perseguições enfrentadas pelos cristãos de Pérgamo, a igreja recebeu aprovação de Cristo por sua fidelidade.
Assim como os cristãos de Esmirna, os de Pérgamo sofreram por sua fé, com um dos membros da igreja sendo martirizado.
Mesmo diante de intensa pressão, a igreja se manteve firme, recusando-se a adorar César e a colocar incenso no altar, desafiando o culto imperial.
Explicação da carta à igreja de Pérgamo
Cristo se apresenta na carta à Igreja de Pérgamo como “aquele que tem a espada afiada de dois gumes” (Apocalipse 2:12). Essa imagem da espada não só animou a congregação, mas também contrastou com o poder romano, representado pela espada do procônsul. A espada de Cristo é superior à autoridade de Roma e serve como um lembrete do poder divino sobre as forças terrenas.
No entanto, a igreja não era irrepreensível. Apesar da resistência ao culto imperial, os cristãos de Pérgamo estavam enfrentando problemas internos. Um grupo de infiltrados, conhecidos como os “nicolaítas“, promovia doutrinas e práticas detestáveis por Cristo.
Esses infiéis se associavam à “doutrina de Balaão” (Apocalipse 2:14), fazendo com que a igreja se desviasse da verdade.
A história de Balaão, um profeta que usou seu dom para enganar os israelitas em troca de dinheiro, é uma lição relevante. Balaão, apesar de não conseguir amaldiçoar Israel, levou os israelitas a se envolverem com práticas pagãs. Isso resultou em grande pecado e punição (Números 25:1-9).
Da mesma forma, alguns na Igreja de Pérgamo estavam cedendo às práticas romanas, comprometendo sua pureza espiritual.
Cristo admoestou a Igreja de Pérgamo a se arrepender ou enfrentar a espada da Palavra de Deus (Hebreus 4:12). A falta de arrependimento resultaria em julgamento presente, não na volta de Cristo, mas em um castigo imediato por desobediência.
O apelo final de Cristo na carta é para que aqueles que ouvem se arrependam e vençam as tentações do mundo. Deus havia alimentado os israelitas com maná no deserto, e esse maná, guardado na arca da aliança (Êxodo 16:32-36; Hebreus 9:4), simboliza o alimento espiritual que os cristãos devem buscar.
Eles devem se alimentar do pão da vida encontrado em Jesus Cristo (Mateus 4:4; João 6:32-35), em vez de se envolver em práticas idólatras.
Além disso, a imagem das pedras brancas, usadas como ingresso para banquetes e para absolvição, serve como um símbolo espiritual. A pedra branca representa a justiça e a participação no banquete com Cristo, tanto no presente quanto na glória futura (Apocalipse 3:20; 19:6-9).
Quais os problemas da igreja de Pérgamo?
A igreja de Pérgamo enfrentava sérios problemas de falhas pecaminosas. Primeiramente, muitos seguiam a doutrina de Balaão, permitindo a prática de comer alimentos sacrificados a ídolos e considerando a fornicação como algo não pecaminoso. Essa adoração impura levava a práticas impuras, semelhante ao que Balaão fez com os israelitas.
Observe que a imundície do espírito e da carne frequentemente andam juntas. Doutrinas corruptas e uma adoração corrupta frequentemente resultam em comportamentos corruptos. Além disso, é lícito associar o nome dos líderes de qualquer heresia aos seus seguidores. Essa é a maneira mais direta de identificar a quem nos referimos.
Manter comunhão com pessoas de princípios e práticas corruptas desagrada a Deus. Isso atrai culpa e mancha toda a comunidade, tornando todos participantes dos pecados dos outros. Embora a igreja, como instituição, não possa punir com penalidades corporais aqueles que praticam heresias ou imoralidades, ela tem o poder de excluí-los da comunhão. Se não o fizer, Cristo, a cabeça e legislador da igreja, ficará descontente com ela.
Elogio à igreja de Pérgamo
Jesus elogia a igreja de Pérgamo por sua firmeza. Ele diz: “Tu reténs o meu nome e não negaste a minha fé.” Essas duas expressões são semelhantes em sentido. No entanto, a primeira pode significar o efeito e a última, a causa ou meio.
Primeiramente, “Tu reténs o meu nome.” A igreja de Pérgamo não se envergonha da sua relação com Cristo. Para ela, era uma honra carregar o nome de Jesus, assim como uma esposa honra o nome do marido. A igreja considera isso um privilégio e uma distinção.
Além disso, “Tu não negaste a minha fé.” A graça da fé os tornou fiéis. Eles não negaram as grandes doutrinas do evangelho nem se afastaram da fé cristã. Esse compromisso os manteve fiéis.
A fé influencia a nossa fidelidade. Homens que negam a fé de Cristo podem se gabar de sua sinceridade e fidelidade a Deus e à consciência. No entanto, raramente aqueles que abandonam a verdadeira fé mantêm sua fidelidade. Geralmente, quando naufragam na fé, também naufragam em uma boa consciência.
Nosso bendito Senhor engrandece a fidelidade da igreja de Pérgamo, considerando as circunstâncias dos tempos e o lugar onde viviam. Pois permaneceram firmes mesmo nos dias em que Antipas, o primeiro cristão que martirizado na Ásia. O qual foi lentamente assado num caldeirão de bronze, no reinado de Domiciano.
Um discípulo fiel de Cristo que sofreu o martírio e selou sua fé e fidelidade com seu sangue, no lugar onde Satanás habitava.
Mesmo cientes do martírio de Antipas, os crentes de Pérgamo mantiveram sua firmeza e não se deixaram desencorajar. Sendo considerada como uma honra adicional à eles.
Significado de “pedrinha branca” na carta à igreja de Pérgamo
Na carta à igreja de Pérgamo, Cristo promete dar aos vencedores uma “pedra branca”. Mas o que significa essa pedra branca?
Entre os latinos, a expressão “adicionar uma pedra branca” é usada para conceder aprovação. Isso pode ser aplicado aqui, sugerindo que Cristo aprova a igreja de Pérgamo e seu povo. Apesar das provas que enfrentam e das perseguições que suportam em Seu nome, Cristo os aprova. Ele os defenderá diante do Pai, dos anjos e dos homens no último dia.
Na Grécia antiga, pedras brancas eram usadas para marcar dias de sorte e boas notícias. Assim, Cristo pode estar prometendo aos vencedores da igreja de Pérgamo dias felizes após os tempos de escuridão e perseguição. Além disso, pedras brancas eram dadas aos vencedores dos Jogos Olímpicos, com seus nomes e prêmios inscritos nelas. Isso pode simbolizar a coroa da vida e a glória que Cristo oferece aos vencedores.
Os romanos usavam pedras brancas para absolver os acusados e pedras pretas para condenação. O poeta Ovídio menciona isso em seus escritos. Nesse contexto, a pedra branca pode simbolizar a absolvição dos membros fiéis da igreja de Pérgamo. Apesar das acusações de heresia e cisma, Cristo os justificaria.
Outra alusão pode vir da prática judaica. Os sacerdotes e levitas eram examinados antes de servir no templo ou no sinédrio. Se estavam em conformidade com os padrões, recebiam uma “pedra do santuário”. No contexto cristão, a pedra branca pode representar a aprovação de Cristo e a justificação da igreja, que é carregada em Seu coração e cuidada por Ele.
Além disso, a pedra branca tem um novo nome escrito, conhecido apenas pelo receptor. Esse nome pode se referir a “Jeová” nossa justiça, o nome de Cristo e de Sua igreja. Pode também denotar um novo nome dado a um filho de Deus, simbolizando a bênção da adoção. Esse nome é renovado e manifesto, melhor do que qualquer título terreno.
A pedra branca pode simbolizar a justificação e a adoção, que são inseparáveis e concedem direito à herança celestial. Essas bênçãos, como o maná escondido, são dádivas da graça e não resultado das obras humanas. Elas são dadas por Cristo e através d’Ele.
Em Roma, foram encontradas pedras brancas com nomes e inscrições, o que pode ilustrar esta passagem. Na versão etíope, ao invés de “pedra branca”, lê-se “livro famoso”.
Assim, a pedra branca dada à igreja de Pérgamo é um símbolo profundo de aprovação, justificação e a bênção da adoção divina.
O que era o maná escondido?
Na carta à Igreja de Pérgamo, encontramos uma referência ao “maná escondido”. Deus alimentou os israelitas com maná durante a jornada pelo deserto. Um pote desse maná foi colocado dentro da arca da aliança (Êxodo 16:32-36; Hebreus 9:4). Este maná simbolizava o alimento santo e a provisão divina.
Enquanto a Igreja de Pérgamo enfrentava a tentação de consumir “coisas sacrificadas aos ídolos” (Apocalipse 2:14), os cristãos eram chamados a buscar o verdadeiro alimento de Deus. Esse alimento é o pão da vida, que se encontra em Jesus Cristo e é revelado através da Palavra de Deus (Mateus 4:4; João 6:32-35).
A arca da aliança, que continha o maná, era o trono de Deus (2 Samuel 6:2; Salmo 80:1; Isaías 37:16). Ela contrastava fortemente com o “trono de Satanás”, que dominava sobre Pérgamo (Apocalipse 2:13). Este contraste destaca a necessidade de se afastar das práticas pagãs e se alimentar da verdadeira palavra divina, que é o sustento espiritual para os fiéis.
Quem era o pastor da igreja de Pérgamo?
O pastor da Igreja de Pérgamo mencionado no Apocalipse é identificado como Antipas. Acredita-se que ele tenha sido o líder da igreja na época em que a carta de Cristo foi escrita a Pérgamo (Apocalipse 2:13). Antipas é descrito como um mártir fiel que sofreu por causa de sua fé em Cristo.
Além de Antipas, alguns estudiosos sugerem que Caio pode ter sido o primeiro bispo da igreja de Pérgamo, conforme as Constituições Apostólicas. No segundo século, outros mártires notáveis associados a Pérgamo incluíam Carpo, Papulo e uma mulher chamada Agathonice, todos conhecidos por sua coragem e devoção cristã. Também é mencionado Átalo, um mártir nativo da região.
Ao longo dos séculos, a Igreja de Pérgamo teve vários líderes e bispos. No quinto século, um bispo de Pérgamo participou do Concílio de Éfeso. No sexto século, houve outro bispo presente no quinto sínodo de Constantinopla, e no sétimo século, Teodoro, o bispo da igreja, participou do sexto sínodo em Constantinopla. No oitavo século, Pastilas foi bispo de Pérgamo, e Basílio, outro bispo, esteve presente no sínodo de Nicéia.
A igreja de Pérgamo existe ainda hoje?
A Igreja de Pérgamo, mencionada no livro do Apocalipse, não existe como uma igreja organizada na forma que conhecemos hoje. Pérgamo foi uma cidade antiga na Ásia Menor, localizada na atual Turquia. Ela era um importante centro cultural e religioso durante o período romano.
Hoje, o local onde estava Pérgamo é conhecido como Bergama. Existem ruínas arqueológicas da antiga cidade, incluindo o altar de Zeus e a biblioteca de Pérgamo, que são atrações turísticas e locais de interesse histórico.
4 Lições que Podemos Aprender com a Igreja de Pérgamo
A Igreja de Pérgamo, conforme descrita em Apocalipse 2:12-17, oferece várias lições valiosas para a fé cristã. Aqui estão algumas das principais lições que podemos aprender:
1. A Importância de Permanecer Fiel em Meio à Perseguição
A Igreja de Pérgamo estava localizada em uma cidade onde o culto ao imperador e práticas idólatras eram comuns. Apesar das pressões e perseguições, a igreja conseguiu manter sua fé. Nos deixando um valioso ensinamento sobre a importância de permanecer firme em nossa fé, mesmo quando enfrentamos adversidades e tentações.
2. O Perigo da Compromissão Espiritual
A igreja de Pérgamo foi criticada por permitir a presença de falsos ensinamentos e práticas imorais entre seus membros. Isso mostra o risco de comprometimento da verdade e da santidade da fé. É crucial que os cristãos estejam atentos e evitem comprometer suas crenças e valores em troca de aceitação ou conforto.
3. A Necessidade de Discernimento e Correção
Jesus elogiou a igreja por seu esforço em manter a fé, mas também a advertiu sobre os erros e práticas a serem corrigidos. A lição que aprendemos com a igreja de Pérgamo é que, mesmo em uma comunidade de fé, há necessidade de discernimento para identificar e corrigir erros e práticas que não estão alinhadas com os ensinamentos de Cristo.
4. A Promessa de Recompensas Espirituais
Jesus prometeu aos que vencem “uma pedra branca” com um nome novo escrito nela. Simbolizando a aprovação de Cristo, a justificação e as recompensas espirituais. Para aqueles que permanecem fiéis e vencem as provações, Cristo promete bênçãos e uma nova identidade em Seu reino.
Conheça também a história das sete igrejas do Apocalipse: