João Batista perdeu a cabeça, mas não a coroa

Curiosamente, essa frase pode não te fazer sentido algum por dois motivos: um ser sem cabeça não ostenta uma coroa, ou um rei morto é um descoroado.

O tema dessa frase lembra uma personagem folclórica — a famosa mula sem cabeça. Mas é bem longe disso. Sua mente fértil será iluminada pelo Espírito Santo se você se encantar pela história bíblica de João — o Batista. Ele fora precursor de Jesus e o batizou, abrindo as portas para sua missão – Mt 3:13-15.

Mas João não viveu só do privilégio de ser o batizador de Jesus de Nazaré. Ele foi mártir por amor ao evangelho. Viveu numa época em que Jerusalém era governada pela tirania romana e mergulhada numa velada corrupção do clero judaico.

João denunciava toda maldade e pecado da hegemonia romana. Sem medo, ele confrontava o povo para que se arrependesse de toda sorte de pecado e, sem medir palavras, chamava os fariseus e saduceus de raça de víboras (Mt 3:7).

Como se não bastasse esse cenário cruel de iniquidades e desvios da fé, João Batista vivia no deserto e se alimentava de gafanhotos.

Apesar de, na atualidade, haver uma crescente onda de estudos sobre alimentos alternativos. E de Levítico 11:20-23 relatar a permissão religiosa de ingerir esses insetos. Raramente, mesmo se você for um teólogo ou nutrólogo, toparia andar comendo proteínas de perninhas voadoras por aí.

O resumo da história de João, que perdeu a cabeça, se embasa no furor do casal Herodes e Herodias, que viviam um adultério incestuoso enquanto eram confrontados pelo Batista à luz do temor a Deus – Marcos 6:17–28.

No decorrer desse enlace, aparece Salomé, filha de Herodias, que, instigada por sua mãe e se aproveitando do desejo herodiano, pede então a cabeça de João Batista. Ele é decapitado para satisfazer os cruéis passatempos de um rei infame, uma incestuosa companheira e sua filha volúvel — Marcos 6:14–29.

Creio que agora a metade da frase tema já te fez todo sentido. João perdeu a cabeça por ter morrido degolado, por não se curvar compactuando com o pecado.

Caminharemos agora juntos pela segunda parte do tema: a coroa que não foi perdida. João não virou um desencarnado sem cabeça perambulando com uma coroa levitando em cima do corpo. Longe disso, a Bíblia garante que ele guardou a carreira da fé e, por isso, receberá como prêmio uma coroa incorruptível nas mansões celestiais.

Vamos viajar juntos com o apóstolo Paulo, que transitava nos contextos de Roma e Grécia, onde o atleta ou guerreiro que se destacava como vencedor ganhava uma coroa de louros. Paulo então usa essa figura para falar da redenção em Cristo Jesus. Das suas mãos, receberemos uma coroa, a qual, para o apóstolo João, foi revelada como sendo a da vida – Ap 2:10.

Para que não haja nenhuma dúvida para você sobre essa coroa incorruptível que João Batista não perdeu, quero abrir o texto de Apocalipse 2:10. Nele há três verdades imprescindíveis:

• A primeira é que, para receber essa coroa, tem que ser fiel, ou seja, leal ao santo evangelho e ao seu autor – Jesus.
• A segunda é que essa fidelidade precisa ser até o último fôlego de vida.
• E a terceira verdade é que a coroa da vida é uma dádiva de Deus, não prevalecendo nenhuma obra humana.

A Palavra é bem clara ao dizer que, pela graça, somos salvos e que isso não vem de nós, e que muito menos vem das obras do homem para que ninguém se glorie – Ef 2:8-9.

Sendo assim, caros leitores, aprendam com o exemplo de João Batista. Se você for como ele, um combatente do evangelho de Cristo, sem se curvar ao pecado e constante na fé até a morte, também receberá das mãos do Rei dos reis a divina coroa da vida eterna.