O que é Sinédrio na Bíblia? Qual era sua função?
O Sinédrio na Bíblia era um Conselho Judicial Supremo do judaísmo com 71 membros, localizado em Jerusalém.
Surge proeminentemente nas narrativas dos Evangelhos como o órgão que condenou Jesus.
E aparece novamente em Atos como corte judicial que investigou e perseguiu a crescente igreja cristã.
SIGNIFICADO DE SINÉDRIO
A palavra Sinédrio deriva do grego Sinedrion, que significa assembléia.
É um termo grego utilizado para indicar assembleias, conselhos e tribunais.
Significava, portanto, um Concílio supremo que regia as questões religiosas dos judeus.
O SURGIMENTO DO SINÉDRIO
A Surgimento do Sinédrio é difícil de se saber exatamente.
Mas, a tradição judaica registrada na Mishná entende que ele tem sua origem com Moisés e seu conselho dos 70.
Estes eram provavelmente encontros informais dos anciãos tribais (1 Rs 8.1; 2 Rs 23.1).
A origem mais provável do Sinédrio é o período pós-exílio.
Quando aqueles que organizavam Israel sem um rei fizeram das famílias dominantes antigas a base da autoridade.
O nome Sinédrio surge pela primeira vez no reinado de Herodes, o Grande.
Esse termo aparece no Novo Testamento por cerca de 22 vezes.
Depois da grande guerra de 70 d.C., quando os vestígios finais da autonomia judaica foram destruídos pelos romanos, o Sinédrio reuniu-se novamente em Jâmnia.
Seu poder, entretanto, era apenas teórico (lidando com as questões religiosas), e os romanos não deram atenção a ele.
REQUISITOS DO SINÉDRIO
Pouco se sabe sobre o procedimento para admissão ao Sinédrio.
Mas, porque o conselho tinha raízes aristocráticas (e não era verdadeiramente democrático), as nomeações foram provavelmente feitas entre os sacerdotes, escribas líderes e a nobreza leiga.
É provável que os indicados para o Sinédrio fossem amigos próximos da classe sacerdotal.
A Mishná estabelece que o único teste de membresia deveria ser o aprendizado rabínico junto com a verdadeira descendência israelita.
O concílio tinha 71 membros divididos em três categorias: os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas.
O SINÉDRIO POLÍTICO
Na literatura grega, sinedrion é usado no sentido de assembléia. Especialmente quando convocada com um propósito especial.
O termo aparece frequentemente nos escritos de Josefo no sentindo de um conselho.
Comenta-se que o conselho judaico se reuniu em diversas ocasiões com seus senhores romanos, representando os interesses do povo judeu.
O chefe do conselho era o sumo sacerdote ou o rei local, que escolhia seus membros.
Embora ao se aproximar do final de sua existência, este Sinédrio tenha incluído alguns dos fariseus ou líderes populares. Assim como em sua maioria, os sacerdotes saduceus (Atos 23.6-10).
Este conselho não tinha uma composição permanente, e também não se reunia com uma periodicidade definida.
Os participantes eram convocados pelo rei ou sumo sacerdote para solução de algum problema de natureza política (João 11.47).
Este grupo tinha autoridade para examinar acusações de rebelião contra indivíduos.
Podia dar um veredicto, mas não tinha poder para impor uma sentença de punição capital. Porque, esse direito era restrito às autoridades romanas.
O SINÉDRIO RELIGIOSO
Este grupo, composto por 70 ou 71 membros, era a corte legal judaica mais elevada. Antes da destruição do segundo Templo, chamavam-se tribunal.
O Sinédrio só se preocupava com o julgamento de indivíduos acusados de infringir as leis judaicas religiosas e criminais.
Toda cidade importante tinha uma corte com 23 anciãos.
A suprema corte, que tinha o poder de resolver todas as questões que estavam além da habilidade das cortes locais (Mt 10.17; Mc 13.9; Mt 5.22) e dar a correta interpretação da lei judaica, se reunia em Jerusalém.
Portanto, os dois tipos de Sinédrio tinham campos de ação completamente diferentes.
O conselho político se preocupava apenas com os problemas seculares, enquanto a corte religiosa lidava apenas com o fortalecimento da lei do Pentateuco.
AS REUNIÕES
Os membros do concílio se sentavam em forma de semicírculo. Dessa forma podiam ver uns aos outros bem e conversar. Sempre havia dois escriturários presentes para registrar os votos.
Para haver sessão, era preciso estarem presentes apenas vinte e três dos setenta membros. Por exemplo, no julgamento de um criminoso com doze votos ele era absolvido. E, se fosse condenado, poderia apelar para os outros membros.
Sempre que alguém era julgado, comparecia ao concílio vestido de luto. Tinha portanto, que assumir uma atitude de contrição, por respeito à autoridade do tribunal.
PROCEDIMENTOS TÍPICOS DOS SINÉDRIOS
Existem poucas informações sobre os atos do Sinédrio religioso.
Os procedimentos do Sinédrio religioso, como descritos na literatura rabínica, demonstravam a inclinação de tornar as sentenças de morte menos prováveis, e a absolvição mais fácil.
Era permitido lançar um novo argumento para absolvição, até mesmo depois da sentença. Portanto, a sentença era por votos.
MENBROS DO SINÉDRIO
Os menbros que formavam o Sinédrio na Bíblia eram as classes mais importantes do judaísmo.
OS SUMOS SACERDOTES
Geralmente a partir das origens dos saduceus, esses eram os homens mais poderosos do Sinédrio.
Alguns estudiosos creem que eles formavam um concílio executivo de dez cidadãos ricos e distintos, nos moldes de várias cidades gregas e romanas. Tiberíades na Galileia, por exemplo, era governada por eles.
Josefo se referia a eles como um conselho de “os dez homens mais importantes”.
Um era o capitão do templo, que supervisionava os procedimentos do templo e era o comandante da guarda do templo (At 5.24-26).
Outros serviam como tesoureiros que controlavam os salários dos sacerdotes e monitoravam a enorme quantidade de dinheiro que entrava no templo.
Havia um presidente do Sinédrio que também dirigia esse conselho, chamado de sumo sacerdote.
No Novo Testamento ele é uma figura de liderança: Caifás governou nos dias de Jesus (Mt 26.3), e Ananias nos dias de Paulo (At 23.2).
OS ANCIÃOS
Essa era a categoria principal e representava a aristocracia financeira e sacerdotal na Judeia.
Leigos notáveis, como José de Arimatéia (Mc 15.43), compartilhavam a visão conservadora dos saduceus e davam à assembleia a diversidade do moderno parlamento.
OS ESCRIBAS
Esses eram os membros mais recentes do Sinédrio.
No Novo Testamento, eram em sua maioria fariseus. Advogados profissionais, treinados em teologia, jurisprudência e filosofia.
Um famoso escriba do Sinédrio, Gamaliel, aparece no Novo Testamento (At 5.34) como estudioso rabínico que instruiu Paulo.
O SINÉDRIO NOS DIAS DE JESUS
O domínio do Sinédrio era formalmente restrito à Judeia, mas havia de fato influência que afetou a Galileia e mesmo Damasco (At 9.2; 22.5).
O conselho arbitrava assuntos da lei judaica em casos de discordâncias.
Portanto, em todos os casos, sua decisão era final.
Ele processava os casos de blasfêmia, como nos casos de Jesus (Mt 26.65) e Estêvão (At 6.12-14), e também participou da justiça criminal.
No julgamento de Jesus, as autoridades se empenharam em envolver Pilatos, que sozinho poderia levar Jesus à morte (Jo 18.31).
O CONFLITO DOS MEMBROS DO SINÉDRIO COM JESUS
Não há dúvida de que o Sinédrio foi quem julgou a Jesus.
Como os “crimes” a ele atribuídos eram de natureza religiosa, o concílio tinha autoridade para interrogá-lo e dar o veredito.
É fato que eles violaram muitas das regras durante o julgamento de Jesus. E uma falha que eles cometeram foi de não averiguar sua inocência ou culpa.
Já iniciaram o julgamento procurando um meio para condená-lo (Jo 11.53).
O veredito final foi unânime e não houve nenhum voto contrário (Mc 14.64; Lc 23.1).
Isso significa que Nicodemos, membro do Sinédrio, estava ausente no momento da votação ou então votou pela execução de Jesus.
Mas, à luz da defesa que ele fez de Cristo (Jo 7.50-52), podemos concluir que talvez estivesse ausente.
José de Arimatéia foi utro que também não deve ter votado (Lc 23.50,51).
Portanto, é possível que nem todos os membros estavam presentes nessa reunião.
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