Como era o trabalho nos tempos bíblicos?
Nos tempos bíblicos os israelitas consideravam o trabalho um mandamento de Deus e por isso davam uma certa importância nele.
Assim, nas suas atividades faziam seus objetos de cerâmica, aravam os campos ou amassavam e assavam o pão sempre para a glória de Deus.
É possível que nos tempos bíblicos nem todo mundo encarasse o trabalho dessa forma, mas isso estava pelo menos em seu conhecimento.
O homem fora criado para trabalhar, e não para ficar ocioso. Então a atitude geral era de aceitação do trabalho, pois, esperava-se que cada um tivesse uma ocupação.
O TRABALHO DESDE O INÍCIO
Desde o início da criação, o homem já tinha o propósito de utilizar os recursos da natureza dados por Deus, e trabalhar com eles (Gn 1.28; 2.15).
O conceito de que trabalhar é honroso se manteve até o Novo Testamento, onde vemos Paulo recomendar aos leitores que trabalhassem de “todo o coração” para os seus patrões (Cl 3.22,23).
Isso não significa, porém, que todos os israelitas e cristãos do primeiro século fossem pessoas laboriosas. Porque havia muitos que evitavam as responsabilidades.
Outros preferiam lançar mão de espertezas para viver, em vez de arranjarem um trabalho honesto nos tempos bíblicos.
Mas muitos eram trabalhadores, conscienciosos, e aceitavam suas tarefas de boa vontade.
A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NOS TEMPOS BÍBLICOS
Nos dias de Jesus, a sociedade já era constituída de grupos rurais e urbanos.
Joachim Jeremias, um estudioso do assunto, calcula que a população de Jerusalém era de 25.000 pessoas.
A população de toda a Palestina talvez chegasse a 500.000, e alguns historiadores acreditam em números superiores a esse.
Uma sociedade urbana exigia muitos tipos de serviços, e indivíduos com todo tipo de habilidade profissional.
Numa sociedade complexa, as necessidades básicas de um trabalhador eram muitas, e isso os levou a organizar corporações.
Já no tempo em que Cristo viveu na terra, havia em vários lugares corporações de trabalhadores bem organizadas e bem conceituadas.
Não eram exatamente um protótipo dos sindicatos modernos, mas tinham muitas analogias com eles.
Embora houvesse pessoas que trabalhavam sozinhas, em áreas isoladas, raramente tendo contato com outras, a maioria delas estava ligada a outros grupos na relação de trabalho, tanto no labor manual como no comércio de mercadorias.
Mas a existência de corporações é bem remota, e no século XXIV A. C. já havia sido criada para resolver problemas específicos.
OS TRABALHOS COLETIVOS
Os trabalhadores nos tempos bíblicos que pertenciam a uma corporação tinham mais facilidade para comprar matéria-prima, e podiam aprender novas técnicas de trabalho uns com os outros, e passar serviço entre si.
Além disso, eles tinham formas de proteger o emprego, restringindo um pouco o acesso de outros a ele.
Embora o objetivo original não tivesse sido criar um meio de fazer negociações, por fim eles passaram a utilizar a força coletiva dos trabalhadores para isso.
AS CORPORAÇÕES
Em muitos casos, os membros de uma determinada corporação residiam mais ou menos na mesma área. Muitas vezes isso era causado pelo fato de ali estar concentrada a matéria-prima por eles utilizada.
Em Edom, por exemplo, havia grande quantidade de minério, então os que trabalhavam com metais se estabeleceram ali.
Os tintureiros tinham que morar perto de Tiatira, pois necessitavam do molusco do qual se retirava a tinta.
O vale Tiropeano era habitado por pecuaristas, e fora apelidado de “vaie dos queijeiros”.
E essas corporações não apenas eram localizadas em cidades estratégicas, mas também nas grandes cidades, cada uma tinha seu setor próprio.
Os tecelões ficavam concentrados num lado da cidade, os peixeiros em outro, os padeiros, num terceiro.
Existem evidências de que havia corporações de fabricantes de carruagens, de oleiros, de músicos, de açougueiros, carpinteiros, metalúrgicos, escultores, caçadores, sacerdotes, barqueiros, etc.
As pessoas tinham orgulho de pertencer a uma corporação dessas.
AS PROFISSÕES
Muitos indivíduos eram identificados por uma profissão, como Malquias, filho dum ourives” ou filho de porteiro, naturalmente fazendo referência ao fato de ser membro de uma dessas corporações (Ne 3.31; Ed 2.42).
Havia também uma corporação de profetas (1 Rs 20.35), que provavelmente era constituída dos profetas da corte.
Quando Amós afirma que não era filho de profeta, estava querendo dizer que não pertencia à corporação (Am 7.14).
E é provável que nenhum dos outros profetas que escreveram livros pertencesse. De modo geral, os profetas das corporações se opunham aos verdadeiros profetas (1 Rs 22.6-28).
PROFISSÃO NA FAMÍLIA
Em muitos casos, quando se lê a expressão “filho dum ourives”, isso significa que o pai da pessoa mencionada era ourives, e pertencia à corporação dos ourives.
Era muito comum os filhos aprenderem o ofício do pai, e entrarem para a corporação correlata.
Isso nos leva a querer saber algumas coisas sobre Jesus e sua atitude para com a profissão. Sabemos que seu pai de criação, José, era carpinteiro (Mt 13.55) e que ele também o era (Mc 6.3).
Não sabemos se ele pertencia à corporação da classe, mas é bem provável que sim, já que muitos operários pertenciam.
O CRESCIMENTO DAS CORPORAÇÕES
Por essa época, havia tantas corporações que o governo romano resolveu exercer certo controle sobre elas, pois o imperador não desejava que se tornassem forças políticas.
Quem se filiasse a uma corporação gozava de outras vantagens, além das que já mencionamos.
Algumas delas ofereciam seguro contra roubo de ferramentas e equipamentos.
Outras forneciam o túmulo para o sepultamento do indivíduo. Ofereciam também uma espécie de seguro-desemprego.
Em alguns lugares havia tal concentração de trabalhadores de uma só atividade que a congregação da sinagoga local era constituída apenas deles.
Mas além dos benefícios existiam também pequenos atritos causados por inveja.
Alguns operários tinham sentimentos de rivalidade em relação aos membros de outras corporações, e por vezes impediam que pessoas de outros grupos arranjassem emprego em seu território.
GREVE NO TRABALHO DOS TEMPOS BÍBLICOS
Não temos registros escritos a respeito da ocorrência de greves organizadas, mas sabemos que havia paralisações.
Sabe-se de diversos casos em que trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho, cruzaram os braços. Fazia-se greve por reivindicação salarial por exemplo.
Na Babilônia, certa ocasião, os trabalhadores em pedreiras se recusaram a trabalhar enquanto não recebessem do rei o pagamento de seus serviços.
No primeiro século, houve uma greve dos padeiros que fabricavam o pão utilizado no cerimonial judaico que não permitiram que outros o fabricassem. Aliás a receita era segredo deles.
Mas a incidência de greves era relativamente baixa, se levarmos em consideração o grande número de operários e de corporações existentes.
Nos dias de Cristo, o índice de desemprego era muito elevado, e isso pode ter servido como desestímulo à paralisação.
Em certas ocasiões, houve tentativas de se desestabilizar as corporações.
As autoridades do templo, certa vez, mandaram buscai fora artesãos não sindicalizados, mas por fim foram obrigados a readmitir os ex-empregados com o dobro do salário anterior.
A grande proliferação dessas corporações não significa, porém, que elas tivessem direitos exclusivos sobre todo o mercado de trabalho nos tempos bíblicos.
Fora dos grandes centros populacionais havia carpinteiros e ourives que não se filiavam a elas.
A DIGNIDADE DO TRABALHO NOS TEMPOS BÍBLICOS
A maioria das pessoas que seguiam a Jesus e ouviam seus ensinamentos era constituída de trabalhadores.
E a mensagem do evangelho defendia a dignidade do trabalho, o perigo da ociosidade, e a necessidade de salários justos. E Jesus e seus discípulos logo se posicionaram ao lado dessas ideias.
Referindo-se a uma tese israelita antiga, Jesus afirma que todo trabalhador honesto é digno do seu salário (Lc 10.7), e Paulo ensina a mesma coisa (1 Tm 5.18; 1 Co 9.7).
Mas Deus sempre se preocupou em que o homem não se excedesse no trabalho, e por isso instituiu a observância do “sabá” (Êx 20.8,9).
Tiago retrata Deus como um amigo do trabalhador. Ele diz que quando o empregador retém o salário de seu empregado, e este clama ao Pai celestial, é ouvido por ele (Tg 5.4).
Pela perspectiva bíblica, o trabalho não é simplesmente um inevitável aspecto da vida.
A Bíblia ensina que devemos trabalhar para nosso patrão da melhor forma possível, mesmo que sejamos escravos de um senhor perverso (1 Pe 2.18), liada justifica o empregado roubar do patrão (Tt 2.10).
A igreja deve auxiliar aqueles que por um motivo ou outro perderam o emprego. Entretanto, se uma pessoa se recusar a trabalhar, também não deve receber alimento (2 Ts 3.10).
Jesus pertencia à classe trabalhadora e se identificava com ela. Em muitas das parábolas que contou, ele focalizou formas de trabalho bem como o relacionamento patrão empregado (Mt 6.28; 9.37; 20.1).
Tanto Jesus como os principais apóstolos Pedro, Paulo e Tiago enfrentaram os mesmos problemas que afligiam os trabalhadores em geral.
PROFISSÕES, NEGÓCIO E OFÍCIOS
A bíblia fala de trabalhadores altamente habilitados e de outros menos qualificados.
Vamos descrever sucintamente algumas das profissões mais significativas no contexto bíblico.
Focalizaremos algumas outras ocupações (como pescador, publicano, etc.) mais detalhadamente em outros capítulos.
AÇOUGUEIROS
Esse grupo tinha sua própria corporação. Achavam-se concentrados numa determinada rua, que levou o nome deles.
Entre o povo de Israel, sempre houve muitos açougueiros.
BANQUEIROS
O sistema bancário começou a florescer no primeiro século antes de Cristo.
Isso se deveu à necessidade de se fazer o câmbio monetário e se recorrer ao crédito.
A maioria dessas agências bancárias nada mais era que uma simples mesa.
Contudo, ali estavam-se desenvolvendo instituições financeiras que recebiam investimentos e pagavam juros sobre o dinheiro depositado nelas (Lc 19.23).
Mas o débito sempre foi considerado uma situação incômoda, e muitos banqueiros eram detestados pelo povo.
Segundo a lei romana, aquele que não pagasse suas dívidas poderia ser lançado na cadeia (Mt 18.25).
Nos tempos antigos, as pessoas tinham o costume de enterrar dinheiro e objetos de valor para pô-los a salvo de ladrões.
Deus proibira ao povo de Israel cobrar juros de empréstimos feitos aos pobres (Êx 22.25).
Os historiadores informam que, na época em que João escreveu o Apocalipse, Laodicéia era um grande centro bancário.
Aliás, o apóstolo afirma que os crentes estavam sofrendo espiritualmente por causa de sua grande riqueza (3.17).
O mais conhecido confronto de Jesus com cambistas é o que ocorreu no templo (Jo 2.14; Mt 21.12). Parece que houve duas ocasiões dessas durante o ministério dele.
É verdade que as pessoas que iam ao templo precisavam fazer o câmbio da moeda, mas, ao que parece, aqueles cambistas estavam cobrando preços exorbitantes.
SEMELHANÇA DAS PRÁTICAS BANCÁRIAS COM OS DIAS DE HOJE
As semelhanças entre as práticas bancárias daquela época e as de hoje chegam a ser surpreendentes.
Já existiam poupanças, por exemplo, faziam-se hipotecas, havia empréstimos de emergência com a cobrança de juros, geralmente em torno de 12 ou 13%, mas podendo chegar até 50%.
Já havia cartas de crédito, faziam-se empréstimos internacionais, e guardavam-se depósitos em cofres fortes.
CARPINTEIROS
Essa profissão tem um significado todo especial porque tanto Jesus (Mc 6.3) como José (Mt 13.55) exerciam esse ofício.
Em geral, eles não trabalhavam como construtores, pois as casas não eram feitas de madeira. Mas eles fabricavam móveis e outros objetos de madeira para a casa, como os portais.
É possível que Jesus tenha feito cangas de bois, tamboretes, arados, baús, carroças e grades para janelas.
Vez por outra, os carpinteiros fabricavam também dentes postiços.
As ferramentas que Jesus deve ter usado eram machado, machadinha, serrote, facas, plaina e esquadro. Além disso, naquela época já se utilizavam também martelo e pregos de bronze.
É possível que ele tenha trabalhado também com verrumas.
CORREIOS
Como o número de alfabetizados era bastante elevado, o volume de correspondência era grande. E a necessidade de se transportar essa correspondência precipitou a criação de um sistema postal.
Já no século VI A. C., os persas utilizavam correios que viajavam em lombo de animal.
Havia estações, localizadas a um dia de distância umas das outras, onde se encontravam bons cavalos e mensageiros a postos, para levar a correspondência oficial.
Os romanos tinham um sistema semelhante, com hospedarias para descanso dos mensageiros.
Contudo, ainda não sabemos ao certo se o público em geral tinha acesso a esses serviços.
Até onde temos informações, a correspondência das pessoas do povo era transportada por amigos ou por mercadores.
Evidentemente, o apóstolo Paulo deve ter usado desse expediente para circular suas cartas.
CURTIDORES
O couro era muito utilizado na antiguidade estando muito presente na vida do povo, já que com ele se fabricavam calçados, tendas, recipientes, peças de vestuário, armadura e pergaminhos para escrita.
Como o curtidor trabalhava com animais mortos, era um pouco depreciado, embora fosse muito necessário à sociedade.
Ele era obrigado a viver fora dos limites da cidade primeiro porque as substâncias que usava em seu trabalho tinham um odor muito desagradável, e também porque precisava ter acesso a grande volume de água.
Simão, o curtidor, morava à beira-mar, na cidade de Jope (At 10.6). De modo geral, as pessoas o evitavam.
O fato de Pedro ter ido à sua casa constitui um acontecimento-chave no evangelho, já que isso mostra que o apóstolo ignorou as velhas leis sobre a impureza, e entrou na nova era, quando Deus declara que todas as coisas são limpas.
EUNUCOS
Nos dias de Jesus, havia um bom número de eunucos que trabalhavam nos palácios, como guardas dos haréns.
Alguns deles eram realmente castrados, mas outros, não, e simplesmente assumiram o título.
Não sabemos como era o eunuco que Felipe evangelizou e ganhou para Cristo (At 8.26). Muitos desses homens exerciam uma forte influência nas cortes reais.
No Velho Testamento há menção de muitos eunucos (2 Rs 20.18; Jr 41.16). Supõe-se que Daniel e seus amigos também fossem eunucos (Dn 1.19).
Jesus afirmou que algumas pessoas, para servirem ao reino de Deus, iriam voluntariamente desistir de se casar (Mt 19.12), tomando-se praticamente eunucos.
FILÓSOFOS
Alguns gregos e romanos ganhavam a vida divulgando sua sabedoria e conhecimentos. Eles cobravam uma taxa de quem os procurasse para aconselhar-se com eles, fosse gente do povo ou homens do governo.
Sabe-se que imperadores como Nero e Aurélio muitas vezes recorriam a esses sábios. Esses homens representavam uma grande parcela do pensamento da época.
Aqueles que concordavam com as ideias de um determinado filósofo consideravam-no um grande intelectual.
Os que discordavam de seus postulados olhavam-no como uma figura cômica.
Paulo advertiu aos cristãos de Colossos que tivessem cuidado com os filósofos, pois suas ideias eram contrárias ao ensino das Escrituras (Cl 2,8).
Por seu lado, alguns estoicos e epicureus contenderam com o apóstolo considerando absurdo seu modo de encarar a vida (At 17.18).
Mas quando ele lhes discursou no Areópago (At 17.32-34), parece que foi muito bem aceito.
HOTELEIROS
Na antiguidade, normalmente, os viajantes pernoitavam acampados ao ar livre, ou então se hospedavam em casas particulares.
Mas, à medida que a vida foi-se tornando mais complexa e passou-se a viajar mais, surgiu um novo ramo de as hospedarias.
É possível que Raabe, a meretriz (Js 2.1), mantivesse uma dessas hospedarias.
Mais tarde, elas se desenvolveram, transformando-se em caravançarás, locais onde se ofereciam acomodações para pessoas e para animais.
Nos dias de Cristo, todas as áreas mais populosas tinham hospedarias.
Por ocasião das festas religiosas e dias festivos, era muito difícil encontrar vaga nesses estabelecimentos, e foi por isso que seus pais não encontraram lugar na hospedaria em Belém (Lc 2,7).
Quando o número de forasteiros numa cidade era muito elevado, alguns se viam obrigados a procurar hospedagem nas cidades vizinhas, ou a dormir em tendas.
Pelo que diz a Bíblia, alguns hospedeiros eram bondosos e confiáveis (Lc 10.34,35). Mas é possível que as pousadas atendessem apenas às necessidades básicas dos hóspedes.
JARDINEIROS E HORTELÕES
Havia diversas formas de cultivo da terra como pomares, hortas e jardins.
O rei Acabe chegou a matar um homem, Nabote, por causa de uma horta (1 Rs 21).
O rei Salomão gostava muito de jardins e é possível que tenha cuidado deles também (Ec 2.5).
Por determinação de Deus, Adão foi jardineiro (Gn 2.15).
A única menção direta a um jardim, no novo Testamento, é a que se encontra em João 20.15.
O túmulo de Jesus ficava num jardim muito bem tratado, que provavelmente era cuidado por um jardineiro profissional.
MARINHEIROS
Os israelitas, de modo geral, não eram muito afeitos ao mar. Mas, à medida em que a nação enriquecia, eles começaram a sentir a necessidade de arriscar-se a sair em busca de mais comércio, matéria-prima e artesãos.
Os fenícios, povos mais experientes em viagens marítimas, eram os grandes navegadores da época.
Pelas cidades costeiras de Israel circulavam constantemente muitos marinheiros.
A vida deles era muito penosa. Havia ocasião de ficarem até três anos longe de casa.
A mais extensa menção de marinheiros no Novo Testamento é a relacionada com a viagem de Paulo a Roma (At 27, 28).
MENDIGOS
Devido ao grande número de enfermidades, lesões e defeitos de nascença, bem como ao alto índice de desemprego em Jerusalém, mendicância tomou-se uma forma de vida muito comum.
Havia alguns que passavam a vida toda como pedintes, sem outro meio de sustento.
E a cidade favorecia muito a mendicância principalmente por causa das romarias religiosas ao templo.
Dar esmolas era uma prática tradicional dos israelitas, e quando se realizavam as festividades religiosas, o povo se sentia ainda mais inclinado a dar.
E a renda obtida desse modo era muito boa, pois incentivava alguns a fingir-se de aleijados para despertar a piedade do povo, e assim receber mais auxílios.
Como a área do templo estava sempre muito cheia de indigentes, foi preciso que se fizessem regulamentos para definir bem o que eles poderiam fazer ou não, onde eles poderiam entrar ou não.
Alguns iam de uma cerimônia religiosa para outra, de um casamento para um culto fúnebre, sempre na esperança de receber alguma esmola.
Em suas caminhadas, Jesus passou por muitos pedintes, e utilizou a imagem deles para ilustrar seus ensinamentos.
Na parábola do rico e Lázaro, descreveu um mendigo, Lázaro, com o corpo todo coberto de feridas (Lc 16.20).
Alguns dos mendigos mais conhecidos do Novo Testamento são o cego Bartimeu (Mc 10.46) e o coxo que estava à porta Formosa (At 3.2).
De todos, que causou maior agitação foi o cego que Jesus curou em Siloé (Jo 9).
MERCADORES
No período testamentário, era grande o número de comerciantes e vendedores ambulantes.
Alguns estavam apenas vendendo artigos que eles mesmos fabricavam ou cultivavam. Outros compravam esses artigos no atacado e os vendiam no varejo.
O AUMENTO DOS COMERCIANTES
Enquanto em outras nações o comércio sempre fora bem desenvolvido, em Israel o número de comerciantes aumentou derrepente devido a dois eventos históricos.
O primeiro foi a urbanização promovida pelo rei Salomão e a grande prosperidade que o país experimentou no reinado dele. O segundo foi o exílio babilônico.
Quando se encontravam exilados, eles não dispunham de muita terra para cultivar, e foram obrigar dos a recorrer ao comercio como forma de subsistência.
Retornando à sua terra, muitos voltaram a dedicar-se à agricultura, mas o crescimento da população e as mudanças trazidas com a passagem do tempo provocaram um aumento nas transações comerciais.
TIPOS DE COMERCIANTES
Havia diversos tipos de venda a varejo. Um deles era o comércio lojista. Havia comerciantes que tinham filiais em mais três ou quatro cidades.
Em Jerusalém, essas casas eram chamadas de sugs, e as ruas onde estavam localizadas eram todas muito estreitas.
Outro tipo de comércio era o dos mascates, ou vendedores ambulantes. Esses não tinham local fixo, armavam uma banca ou mesinha pela manhã, para fazer suas vendas durante o dia, e à noite desmontavam tudo.
Um outro tipo era o viajante.
Esses homens vendiam suas mercadorias de cidade em cidade, mas também, por ocasião das grandes festas, como a Páscoa, procuravam estar em Jerusalém, para onde haveria grande afluxo de pessoas.
Mas para que o comércio prosperasse, seria necessário haver boas estradas e segurança para o viajante.
E tanto o rei Herodes como os governadores instituídos pelo Império Romano se esforçaram muito nesse sentido.
Os consumidores da época tinham as mesmas preocupações que nós hoje observávamos, peso correto, boa qualidade do produto e preços justos.
Acredita-se que a margem de lucro do comerciante ficava em torno de 20 a 30%, embora às vezes pudesse chegar a 100%.
Historiador Josefo afirma que muitos dos judeus de seu tempo não apreciavam muito o ofício de comerciante.
Entretanto a realidade econômica os obrigava a dedicar-se a ele, e a Bíblia fala de muitos que viviam do comércio (Mt 22.5).
Lídia era uma comerciante que vendia púrpura (At 16.14).
Quando Jesus narrou a parábola das dez virgens (Mt 25.9), disse que as prudentes falaram às néscias para irem comprar óleo à mão dos que o vendiam.
Por ocasião da purificação do templo, quando Jesus derrubou as mesas dos cambistas, expulsou também os que estavam vendendo pombas (Mc 11.15).
OLEIROS
A fabricação de potes de cerâmica era uma atividade conhecida desde a pré-história.
Em muitos casos, preferia-se o vasilhame de cerâmica ao de couro, ou aos cestos, por serem mais resistentes. Além disso, eles retinham melhor os líquidos, e ofereciam maior proteção contra insetos e animais.
Os vasos mais antigos eram manufaturados sem qualquer equipamento. Mas, após a invenção do torno do oleiro, eles puderam trabalhar com mais rapidez e criar produtos de formato mais regular, mais simétrico (Jr 18.1-6).
E eles não fabricavam apenas potes e tigelas, mas faziam também bonecas e outros brinquedos.
Depois que o oleiro dava forma ao objeto, colocava-o num forno para ser cozido.
A “Torre dos Fornos” mencionada em Neemias (3.11) talvez fosse um lugar onde havia muitos deles.
Alguns dos habitantes de Jerusalém protestavam contra a fabricação de objetos de cerâmica ali, pois a fumaça que provinha deles era bastante incômoda.
OBJETOS IMPORTANTES FEITOS PELOS OLEIROS
No Novo Testamento há menção de vários desses artigos, como talha para água (Jo 2.6), vasilha de azeite (Mt 25.1-13) lâmpadas (Mt 25.1-8).
Por ser grande a quantidade de vasos de cerâmica em Israel, ali se encontravam também muitos cacos.
As descobertas arqueológicas têm demonstrado que na antiguidade usavam-se os cacos para escrever.
Em Israel, o povo preservava suas mensagens ou pensamentos escrevendo os enfim pedaços de vasos quebrados
De modo geral, os papiros e o couro eram muito caros, a gente do povo não podia usá-los. Então cartas, mapas e documentos eram feitos em pequenas placas de argila ou cerâmica.
Inicialmente os caracteres usados na escrita eram pequenos desenhos de figuras, mas depois surgiram as letras. Quando se tratava de um documento oficial gravava-se um sinete nele.
Os escritos desses objetos de cerâmica e argila encontrados atualmente são de grande importância para a arqueologia moderna.
O SETOR DE CONSTRUÇÃO
Durante o período em que Israel foi governado pelos herodianos, o setor da construção experimentou um grande progresso.
Os Herodes reconstruíram o templo e o palácio, e mandaram edificar túmulos suntuosos, um teatro e um hipódromo.
Esses projetos, bem como alguns outros, propiciaram significativo aumento na oferta de empregos.
PADEIRO
O pão era o alimento mais consumido em Israel, e na maior parte das vezes era feito em casa mesmo.
Contudo, após o reinado de Salomão, grande parte da sociedade se tomou urbana, gerando a necessidade de padeiros profissionais.
Na antiguidade, somente os ricos, os reis e faraós (Gn 40.2) tinham padeiros, mas a partir de certa época, eles passaram a trabalhar para o povo em geral.
Mais tarde, eles criaram as padarias e elas se multiplicaram tanto que nos dias de Jeremias, havia uma rua chamada “Rua dos Padeiros” (Jr 37.21).
Ainda hoje existem muitas delas perto do Portão de Damasco, em Jerusalém. Consta que na época de Cristo já existiam padarias semelhantes a essas.
TRABALHO EM METAL NOS TEMPOS BÍBLICOS
A arte de trabalhar com metais floresceu durante o reinado de Salomão e se difundiu bastante entre o povo de Israel.
Havia diversos artesãos habilidosos que trabalhavam com ouro, prata, ferro, chumbo, cobre, latão e outros tipos de metal.
Eles confeccionavam joias que eram apreciadas por muitas pessoas, além de outros trabalhos utilizados como adorno de casas e prédios. Mas fabricavam também imagens de deuses pagãos.
Em Éfeso, os artífices tinham prosperado tanto com seu comércio de imagens da deusa Diana que, quando a pregação do evangelho ali começou a ameaçar o negócio, eles se revoltaram (At 19.24).
Esse foi nosso estudo sobre o trabalho nos tempos bíblicos. Tivemos uma grande noção de como naquela época o trabalho já tinha sua importância.
Olá! Realmente a (biblion), em Grego, que significa livro ou rola; é exatamente eficiência em nossas vidas, como base de aprendizado da parte do Deus. Confesso que eu tenho muito a sebar sobre os 66 livros na bíblia, 39 do antigo e 27 do novo testamento. E isso tem me ajudado bastante a entende. Obrigado pelas informações desse conteúdo, forte abraço!..