As 9 Bem-aventuranças: Significado, explicação e lições
As bem-aventuranças, apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha, são mais do que simples declarações de bênção; elas formam a base da ética do Reino de Deus, revelando as características dos verdadeiros discípulos.
O termo “bem-aventurança” tem origem na palavra latina “beatus”, que significa abençoado ou feliz.
Cada bem-aventurança começa com “Bem-aventurados”, seguido pela descrição de uma virtude ou circunstância específica que conduz ao favor divino.
Contexto das Bem-aventuranças no sermão da montanha
Jesus havia recém-iniciado Seu ministério. Depois de realizar diversas curas, expulsar demônios, realizar milagres e compartilhar ensinamentos, o Filho do Homem atraiu um grande número de seguidores. Pessoas de toda a Judeia, Jerusalém, Tiro e Sidom se reuniram em multidão ao redor Dele, ansiosas para experimentar o poder de cura que emanava de Jesus (Lucas 6:17-19).
Ao ver a multidão, Jesus subiu a uma montanha próxima e dedicou a noite inteira em oração. Quando o dia amanheceu, Ele chamou seus discípulos e escolheu doze deles como apóstolos (Lucas 6:13).
Mesmo com as multidões ainda buscando Sua atenção, Jesus reuniu Seus discípulos, sentou-os na montanha e começou a ensiná-los, de forma que todos pudessem ouvir (Mateus 5:1,2).
Iniciando Seu ensinamento, Jesus pronunciou 9 declarações que combinavam bênção, instrução e promessa, conhecidas como as bem-aventuranças.
Significado das bem-aventuranças na Bíblia
As bem-aventuranças, proclamadas por Jesus no início do Sermão da Montanha ou do monte, como também conhecido, revelam uma nova visão sobre o que significa ser abençoado no Reino de Deus. A palavra “beatitude” vem do latim beatitudo, que significa “bem-aventurança” ou “felicidade suprema.”
No sermão, Jesus utiliza essa palavra para desafiar as ideias prevalentes da época sobre justiça e bênção, especialmente aquelas promovidas pelos líderes religiosos.
Jesus repete a frase “bem aventurado” nove vezes, em seu sermão. Destacando características que, aos olhos do mundo, podem parecer fraquezas ou até desvantagens, mas que, no Reino de Deus, são vistas como virtudes que levam à verdadeira bênção.
Cada uma dessas declarações de bem-aventurança oferece uma promessa condicional, mostrando que Deus abençoa aqueles que manifestam esses traços de caráter, tais como pobreza de espírito, mansidão e misericórdia.
Naquele tempo, o povo judeu estava acostumado a seguir uma série de regras rígidas e regulamentos ensinados pelos escribas e fariseus, baseados na lei de Moisés. No entanto, ninguém jamais conseguiu cumprir completamente esses requisitos e alcançar a justiça por meio deles.
Jesus, então, apresenta uma nova perspectiva: Ele simplifica as complexas leis judaicas, focando em sua essência mais pura, e oferece promessas de provisão divina ao invés de julgamento.
A mensagem de Jesus era profundamente contracultural e revolucionária. Enquanto as antigas leis pareciam inatingíveis, Jesus apresenta as bem-aventuranças como características que poderiam ser adquiridas e vividas por todos. Ele não apenas descreve essas virtudes como desejáveis, mas também como realizáveis por meio do poder de Deus.
Aqueles que O ouviam, especialmente os não regenerados, ficaram fascinados, sentindo a verdade em Suas palavras. Eles já tinham visto Seus milagres e reconheciam o poder de Deus em Jesus, o que os fazia acreditar nas promessas que Ele pregava.
Para os discípulos, as bem-aventuranças eram um anúncio das riquezas espirituais que eles haviam herdado através de Cristo. Eles entenderam que essas promessas não eram apenas palavras de consolo, mas uma verdadeira capacitação para viver uma vida de retidão, algo que ultrapassava a justiça dos escribas e fariseus.
Em essência, as bem-aventuranças mostram que a verdadeira bênção não está na conformidade com a lei, mas em viver de acordo com os valores do Reino de Deus, através do poder transformador de Cristo.
Mateus 5:3-12 Explicação versículo por versículo das 9 bem-aventuranças
1. “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus.” (Mateus 5:3)
Jesus começa exaltando aqueles que reconhecem sua completa dependência de Deus. Ao contrário do que muitos judeus acreditavam, o Reino não seria conquistado por poder militar ou força, mas seria dado àqueles que, em sua humildade espiritual, se rendem totalmente ao Senhor.
2. “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (Mateus 5:4)
O choro, aqui, simboliza a tristeza profunda resultante da consciência do pecado e da miséria humana. Jesus promete consolo àqueles que lamentam suas falhas e buscam arrependimento genuíno, ecoando a mensagem de Isaías 61 sobre o consolo divino para os aflitos.
3. “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mateus 5:5)
A mansidão, que implica em humildade e submissão a Deus, é contrastada com o desejo de conquistar pela força. Jesus cita Salmos 37, indicando que aqueles que confiam em Deus, em vez de em sua própria força, receberão a terra por herança.
4. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mateus 5:6)
Esta bem-aventurança reflete o desejo ardente por uma justiça que só Deus pode proporcionar. Não é algo que se conquista por esforço humano, mas que é concedido por Deus àqueles que o buscam com sinceridade.
5. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7)
Os misericordiosos, que agem com compaixão e perdão, imitam a natureza de Deus e, por isso, receberão misericórdia. Isso contrasta com a visão de um Reino conquistado por força e imposição, colocando a misericórdia como um valor central no Reino de Deus.
6. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.” (Mateus 5:8)
A pureza de coração vai além de uma conduta externa; é uma pureza interior que resulta de um relacionamento genuíno com Deus. Jesus promete que aqueles que mantêm essa pureza terão o privilégio de ver a Deus, uma promessa que ultrapassa a experiência dos israelitas no Sinai.
7. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)
Ser pacificador implica em promover a paz e a reconciliação, mesmo à custa de se submeter ou perdoar. Os verdadeiros discípulos, ao imitarem Deus neste ministério de paz, serão reconhecidos como Seus filhos.
8. “Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.” (Mateus 5:10)
Jesus termina destacando a perseguição como uma marca do verdadeiro discípulo. Assim como os profetas sofreram por falar a verdade, os seguidores de Cristo enfrentam perseguições por causa da justiça, com a promessa de que o Reino dos céus lhes pertence.
9. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.” (Mateus 5:11)
Jesus reconhece que seguir Seus ensinamentos e ser fiel a Ele pode levar a críticas, calúnias e até mesmo perseguições. Contudo, Ele nos instrui a encarar essas adversidades não como maldições, mas como bênçãos.
Jesus encerra as bem-aventuranças com uma promessa e uma exortação:
“Regozijai-vos e exultai, porque grande é o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” (Mateus 5:12)
Jesus nos chama a enfrentar as provações com uma perspectiva celestial. Ele promete uma grande recompensa nos céus para aqueles que perseveram na fé, mesmo enfrentando dificuldades. Essa promessa de recompensa eterna serve como uma fonte de motivação para os discípulos, incentivando-os a permanecerem firmes em sua caminhada.
4 Lições que aprendemos no estudo das bem-aventuranças
As bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, não são apenas princípios de vida, mas declarações revolucionárias que desafiaram a cultura e a religião de sua época.
Elas expuseram as falsas percepções sobre o que significa ser devoto a Deus e quem realmente herda o Reino dos Céus. A partir dessa reflexão, podemos extrair quatro lições poderosas:
1. A verdadeira bem-aventurança não está na autojustiça, mas na humildade espiritual
Jesus começa as bem-aventuranças exaltando os pobres de espírito, aqueles que reconhecem sua total dependência de Deus. Isso contrasta fortemente com a crença comum da época, que valorizava a autojustiça e a descendência de Abraão como garantia do Reino.
A lição aqui é clara: a verdadeira bênção não está em quem somos ou nas nossas realizações, mas na nossa humildade e reconhecimento da nossa necessidade de Deus.
2. As bem-aventuranças expõem a farsa da religiosidade superficial
A sociedade da época valorizava a observância externa das leis e a moralidade aparente, promovida pelos escribas e fariseus. Jesus, porém, desafia essa visão ao mostrar que o Reino dos Céus pertence àqueles que passam por uma transformação interior genuína, e não apenas àqueles que seguem regras religiosas.
Aprendemos assim, com essa lição que Deus valoriza a autenticidade e a integridade espiritual acima de qualquer demonstração externa de religiosidade.
3. O Reino de Deus é para os quebrantados e necessitados
Essa lição nos lembra que Deus se aproxima dos quebrantados e que a verdadeira entrada no Reino começa ao reconhecer nossa própria insuficiência.
4. As bem-aventuranças revelam o caminho para a verdadeira justiça
Jesus afirma que a justiça exigida para entrar no Reino dos Céus deve exceder a dos escribas e fariseus, o que só é possível por meio de uma transformação interior. Mostrando que nossas obras não alcançam essa justiça, Deus a concede aos que são pobres de espírito e humildes. Essa lição nos ensina que a verdadeira justiça é um presente de Deus, acessível a todos que se humilham diante Dele e buscam Sua graça.
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