6 Coisas que você precisa saber sobre o falar em línguas
A prática de falar em línguas envolve a emissão de palavras e sons que não são compreensíveis, frequentemente dentro de um contexto ritualístico ou religioso. No contexto bíblico, “falar em línguas” é mencionado como um dom espiritual dado aos fiéis pelo Espírito Santo, permitindo que eles se expressem em idiomas desconhecidos entre eles. Esse fenômeno é especialmente abordado no Novo Testamento, sendo uma característica marcante da igreja cristã primitiva.
Pensamentos de grandes teológos sobre o falar em línguas:
Agostinho de Hipona, renomado teólogo e filósofo, mencionou o fenômeno de falar em línguas em suas reflexões sobre milagres e o Espírito Santo. Em “A Cidade de Deus”, ele observou que esse dom era mais frequente na igreja primitiva:
“No início, o Espírito Santo desceu sobre os crentes; e eles falaram em línguas que não tinham aprendido, conforme o Espírito lhes permitia falar. Esses eram sinais apropriados àquela época. Era necessário que houvesse aquele sinal do Espírito Santo em todas as línguas, para mostrar que o Evangelho de Deus deveria se espalhar por todas as línguas sobre toda a terra. Isso foi feito como um sinal, e cessou.”
John Wesley, fundador do Metodismo, acreditava nos dons do Espírito, incluindo o falar em línguas, embora alertasse contra a ênfase excessiva em qualquer dom espiritual específico.
Charles Spurgeon, pregador batista de renome, era cético quanto à continuidade de certos dons miraculosos, incluindo o falar em línguas, na era pós-apostólica. Ele destacava a importância das Escrituras como guia e fonte de instrução.
Martinho Lutero, o reformador protestante, mencionou o falar em línguas entre os apóstolos como um sinal do poder do Espírito Santo, mas não focava muito nisso em seus ensinamentos. Ele dava ênfase à primazia das Escrituras e à pregação do evangelho no idioma local.
O dom espiritual de falar em línguas continua sendo um tema controverso e merece nossa atenção. Neste estudo bíblico vamos descobrir as seis coisas que você precisa saber sobre o dom de falar de línguas.
1. As “línguas” faladas no Dia de Pentecostes eram línguas reais
Na narrativa do Dia de Pentecostes, descrita em Atos 2, as línguas faladas eram línguas humanas reais, como evidenciado pela diversidade das nações mencionadas (Atos 2:8-11).
A palavra “língua” usada aqui (vv. 6, 8) se refere a dialetos específicos (cf. Atos 1:19; 21:40; 22:2; 26:14). Este fenômeno ainda pode ocorrer nos dias de hoje? Sim, embora possa ser raro.
Alguns argumentam que as línguas mencionadas em Atos 2 não eram línguas humanas, mas sim um fenômeno de audição na própria língua.
Segundo J. Rodman Williams em “Renewal Theology, 2:215”, o Espírito Santo traduzia imediatamente as “outras línguas” para os diversos idiomas da multidão. Dessa forma, o Espírito Santo facilitava tanto a manifestação miraculosa da “fala” em línguas espirituais distintas quanto o “entendimento”.
Certamente, se esta perspectiva estiver correta, o Espírito Santo concedeu o dom extraordinário da interpretação a cada descrente presente no dia de Pentecostes. No entanto, Lucas objetiva vincular a descida do Espírito à atividade entre os crentes, não sugerindo um milagre do Espírito entre aqueles que ainda não criam (Carson, Showing the Spirit, 138).
De acordo com Max Turner, Lucas certamente não pretendia implicar que o grupo apostólico apenas falava em línguas de maneira incompreensível, enquanto Deus realizava o milagre ainda maior da interpretação das línguas pelos descrentes (The Holy Spirit and Spiritual Gifts, 223).
2. O falar em línguas pode englobar dialetos “celestiais”
Este dom, presente ao longo da história da igreja e amplamente difundido nos dias atuais, refere-se à capacidade dada pelo Espírito Santo de orar e louvar a Deus em uma linguagem celestial.
Esta língua pode até ser considerada angelical, sem relação com idiomas terrenos como alemão, francês, Árabe ou inglês. O Espírito Santo cria uma linguagem especial e única, permitindo que o cristão se comunique com Deus em oração, louvor e gratidão.
Diferente de qualquer língua humana encontrada em países estrangeiros, o Espírito fortalece essa habilidade, permitindo a expressão de palavras significativas compreendidas apenas pela Trindade. Somente quando Deus permite a interpretação, o próprio falante ou outro crente pode compreender essas palavras.
3. Falar em línguas é para uma edificação pessoal
De acordo com Paulo, quem fala em línguas “não fala aos homens, mas a Deus” (1 Cor. 14:2). Isso revela que as línguas representam uma forma de oração. Em 1 Cor. 14:14, a relação entre línguas e oração é destacada de maneira especial. Além disso, as línguas são uma expressão de louvor (1 Cor. 14:15) e um meio de agradecer a Deus (1 Cor. 14:16-17).
As línguas também servem como um meio de fortalecimento pessoal. Paulo afirma: “O que fala em língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1 Cor. 14:4). A edificação pessoal é positiva e incentivada, conforme Judas 1:20: “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos na vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus.”
É importante lembrar que a edificação pessoal só é negativa, quando realizada como um fim em si mesma. Tomar medidas para se fortalecer é benéfico, pois isso permite estar mais capacitado para edificar e apoiar os outros (1 Cor. 12:7).
4. A interpretação das línguas faladas servem para edificar a igreja mais que as profecias
Em 1 Coríntios 14:5, está escrito: “Quero, pois, que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que alguém interprete, para que a igreja seja edificada.”
O dom de profecia é mais valorizado nas reuniões da igreja porque é compreensível, sendo mais eficaz para corrigir, instruir e encorajar os fiéis. No entanto, essa edificação ocorre somente quando não há interpretação das línguas. Se houver uma interpretação (1 Coríntios 14:5 b), as línguas também podem contribuir significativamente para o fortalecimento e instrução do povo de Deus.
5. O falar em línguas não salva ninguém, porém todo salvo deve almejar esse dom
Falar em línguas, um dom espiritual mencionado na Bíblia, não é um requisito para a salvação. Pois a mesma só é alcançada através da fé em Jesus Cristo e sua obra redentora na cruz. No entanto, Paulo, em suas cartas, encoraja os crentes a desejarem esse dom, pois ele pode edificar tanto o indivíduo quanto a igreja.
Em 1 Coríntios 14, Paulo fala sobre a importância dos dons espirituais e incentiva os crentes a buscarem esses dons para fortalecerem sua fé e a comunidade cristã. Falar em línguas, especificamente, os crentes consideram isso um meio de comunicar-se diretamente com Deus, proporcionando uma experiência espiritual profunda. Além disso, Paulo enfatiza a necessidade de buscar todos os dons espirituais como um caminho para o crescimento e amadurecimento na fé.
6. O apóstolo Paulo falava em línguas
Racional, lógico e altamente educado, Paulo orava em línguas mais do que qualquer outra pessoa (1 Coríntios 14:18-25).
É importante lembrar que ele foi o autor de Romanos. Sua mente incomparável e capacidade de argumentação lógica derrotavam opositores teológicos. Paulo ganhou reconhecimento como o maior teólogo, sendo considerado inferior apenas a Jesus.
Ele enfrentou e superou filósofos em Atenas (Atos 17)! Sim, o racional, lógico e altamente educado Paulo orava em línguas mais do que qualquer um. Ele acreditava no valor espiritual de orar em línguas não interpretadas em particular e praticava isso com alegria, declarando que orava em línguas ininteligíveis mais do que todos os coríntios juntos.
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