O Cisma do Oriente e a Divisão da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa
Quando se fala da história da Igreja Cristã não podemos deixar de falar do Cisma do Oriente, fato responsável pela divisão da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa.
Talvez você já tenha estudado esse evento na escola ou em outro lugar, não é mesmo? Mas vale a pena relembrar esse tópico que mudou o curso da História da Igreja no mundo.
O que foi o Cisma do Oriente?
A divisão da Igreja Católica, que aconteceu em 1054, ficou conhecida como Cisma do Oriente.
O que aconteceu foi o seguinte: Havia, nessa época, duas vertentes do catolicismo em vigor. Uma, com a liderança do papa, em Roma, e outra, liderada por um patriarca, em Constantinopla – localizada em Bizâncio, atual Istambul – Turquia.
Por conta de inúmeras divergências entre as práticas de cada vertente do catolicismo e por disputas sociopolíticas da região, aconteceu de fato uma divisão na Igreja Católica.
Práticas condenadas como heréticas na Igreja de Constantinopla
De acordo com relatos históricos, a Igreja Católica do Ocidente percebeu inúmeras práticas sendo realizadas pela Igreja de Constantinopla que foram consideradas heréticas. Mas quais foram essas práticas?
Iconoclastia
A Igreja do Oriente entendeu que a adoração a imagens ia contra a Palavra de Deus e se opôs fortemente à adoração delas, fato que era amplamente vivenciado no dia a dia da Igreja Católica do Ocidente.
Essa forte oposição ficou conhecida como iconoclastia e os opositores ficaram conhecidos como iconoclastas.
Os iconoclastas destruíam as imagens religiosas – fato que chocou a Igreja de Roma de forma extrema.
Monofisistas no Cisma do Oriente
Outro fator de grande impacto para o Cisma do Oriente foi a visão teológica dos monofisistas.
Segundo dados históricos, os monofisistas ficaram conhecidos por crer que Jesus não era plenamente homem quando andou na terra, mas era apenas um ser divino, e teve uma forte influência no pensamento cristão durante o império de Justiniano.
Além disso, os monofisistas também questionavam a Trindade – dogma fortemente aceito na Igreja liderada pelo papa, em Roma.
Vale lembrar que as práticas religiosas dos povos asiáticos que faziam parte do Império Bizantino influenciaram amplamente a prática iconoclasta e os pensamentos dos monofisistas.
Essa aceitação começou no intuito de manter um reino unificado, sem pressões externas. Porém, aos poucos, foram moldando os pensamentos cristãos de tal Igreja.
O Cesaropapismo como intervenção religiosa
Ao perceberem que as práticas iconoclastas e as ideias monofisistas estavam causando instabilidade dentro da Igreja de Constantinopla, foi criado o cesaropapismo.
O cesaropapismo foi a ação de intervenção do imperador dentro das estruturas administrativas da Igreja.
Ou seja, o imperador foi considerado como imagem de Deus e tinha supremacia sobre a Igreja, e tinha como objetivo minimizar heresias e falsos dogmas dentro da Igreja de Constantinopla e, ao mesmo tempo, manter unidade territorial e social dos diversos povos que habitavam a região.
Porém, inúmeras diferenças e crises foram crescendo entre as Igrejas de Roma e de Constantinopla, levando ao ápice: a Igreja de Constantinopla não reconhecer a autoridade papal da Igreja Romana.
O fator que levou ao Cisma do Oriente
Em 1054 d.C, o papa da Igreja de Roma excomungou o patriarca Miguel Cerulário, da Igreja Bizantina, por divergências dogmáticas.
Então, o patriarca proclamou que as duas igrejas estavam oficialmente separadas, fato conhecido como Cisma do Oriente.
Como resultado, a Igreja de Constantinopla passou a ser conhecida como Igreja Católica do Oriente, ou Igreja Ortodoxa, nome popularmente conhecido, e a Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma.
Aproximação entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa
Ao longo da história, diversas autoridades, dentre elas papas, diáconos, sacerdotes e presbíteros, tentaram aproximar a Igreja Católica Apostólica Romana da Igreja Ortodoxa. Ainda assim, as tentativas foram frustradas por inúmeras divergências dogmáticas que existem desde o Cisma do Oriente.
Em suma, esse evento marcou a História da Igreja por revelar que, embora abaixo de uma mesma religião, existem inúmeras diferenças de pensamento e interpretação sobre aspectos dogmáticos.
500 anos depois do Cisma do Oriente, outro evento importantíssimo acontecerá – especificamente dentro da Igreja Católica Apostólica Romana – que abalará as estruturas de pensamento da Igreja: A Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, e, posteriormente, pelos seus seguidores.
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