Marcos 1:16-20 Explicação e lições de “Vos farei pescadores de homens”

Em Marcos 1:16-20, vemos Jesus chamando quatro pescadores de peixes, para agora serem “pescadores de homens”, ou seja, Jesus estava os convidando para viver um propósito muito maior do que suas ocupações diárias.

Pedro, André, Tiago e João já haviam encontrado Jesus anteriormente (Jo 1:35-49), mas agora recebiam um chamado mais profundo: segui-lo de forma integral e se tornarem ganhadores de almas.

Jesus usou um termo comum na época, “pescadores de homens”, para ilustrar Sua missão. Filósofos e mestres já empregavam essa expressão para descrever aqueles que conquistavam seguidores por meio do ensino. No entanto, Jesus transformou esse conceito, chamando discípulos para resgatar vidas com a verdade do evangelho.

As habilidades que faziam deles pescadores bem-sucedidos — coragem, paciência, trabalho em equipe e perseverança — também seriam fundamentais no ministério.

O chamado de Cristo não é para os inconstantes, mas para aqueles dispostos a persistir e confiar.

Sendo assim, vamos destacar as três lições que aprendemos nas entrelinhas desses versículos.

1. Jesus chama cooperadores para realizarem a Sua obra

“E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens.” (Marcos 1:16:17)

O Reino de Deus está em constante expansão e, para isso, Jesus convida trabalhadores interessados ​​em seguir Seus passos e compartilhar a mensagem do evangelho.

Quem recebe o chamado à salvação também é convidado para um processo de aprendizado e crescimento espiritual, capacitando-se para alcançar outras vidas.

J. Vernon McGee destaca que os discípulos foram chamados em três momentos diferentes nos evangelhos.

O primeiro chamado foi para a salvação, registrado em João 1:35-51.

Nesse episódio, André e Pedro, que eram seguidores de João Batista, consideraram Jesus como o Messias e decidiram segui-lo. No entanto, esse primeiro encontro não os removeu imediatamente de suas ocupações diárias.

Eles voltaram para a Galileia e continuaram com seu trabalho cotidiano. Nos ensinando que, muitas vezes, o chamado de Deus acontece por etapas e requer um processo de maturação.

O segundo chamado foi para o discipulado (Mc 1.16-20), quando Jesus encontrou Pedro, André, Tiago e João para segui-lo integralmente. A partir desse momento, começou um período intenso de aprendizado, onde eles começaram receber treinamentos para se tornarem pescadores de homens.

Ainda assim, vemos em Lucas 5.1-11 que Pedro, sentindo-se indigno, pediu para que Jesus se afastasse dele. Mas Cristo não desistiu, mostrando que Ele moldou Seus escolhidos, mesmo quando estes se sentem incapazes.

Por fim, o terceiro chamado foi para o apostolado (Mc 3.14-21), quando Jesus separou doze discípulos e os enviou para pregar e expulsar demônios. Essa fase marca a capacitação final, onde Jesus chama e disciplina seus seguidores, preparando-os para continuar a obra de Cristo.

A lição aqui é clara: Jesus inicia Sua obra em nós antes mesmo de nos enviar a realizá-la em favor de outros.

O primeiro passo é confiar em quem Ele é e aceitar Sua salvação. A partir daí, começa uma jornada de crescimento, na qual o nosso Senhor nos treina e nos prepara para sermos verdadeiros cooperadores no avanço do Reino de Deus.

2. Jesus não escolhe pessoas ociosas para sua obra

“E, deixando logo as suas redes, o seguiram. E, passando dali um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes.” (Marcos 1:18-19)

Ao longo da Bíblia, vemos que aqueles chamados por Deus estavam sempre ocupados, desempenhando suas responsabilidades diárias. O serviço no Reino exige esforço, dedicação e disposição.

“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.” (Lucas 9:62)

Podemos encontrar vários exemplos disso nas páginas da Bíblia Sagrada. Como por exemplo, Moisés, recebeu o chamado enquanto pastoreava o rebanho no deserto do Sinai (Êx 3.1-14).

Gideão estava malhando trigo quando o Senhor o chamou para libertar Israel (Jz 6.11).

O próprio profeta Amós, o qual era um simples pastor e colhedor de sicômoros quando Deus o escolheu como profeta (Am 7.14-15), e não podemos deixar de falar de Davi, retirado do meio das ovelhas para se tornar rei de Israel (Sl 78.70-72).

Magnífico, isso!

Exemplos que mostram essa verdade de forma muito real.

Então, acredite! Deus não procura pessoas desocupadas, mas sim aquelas que já demonstram responsabilidade e diligência em suas tarefas

Jesus reforçou esse mesmo padrão ao chamar Seus primeiros discípulos. Eles não estavam à toa, mas pescando e consertando suas redes.

Segundo o historiador Josefo, o Mar da Galileia era repleto de barcos de pesca, com cerca de 330 embarcações ativas. A pescaria era a principal atividade econômica das trinta cidades ao redor do lago na época de Jesus. E dentro desse contexto de trabalho árduo que Jesus escolheu quatro pescadores para uma missão muito maior.

Essa lição nos ensina que Deus valoriza a disposição e a diligência.

“E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei;” (Mt 25.21a).

O Senhor não chama os preguiçosos, mas aqueles que demonstram compromisso e esforço. Ele não escolhe pessoas perfeitas, mas sim aquelas dispostas a aprender e a se entregar ao seu chamado.

Se queremos que Deus nos use, precisamos estar prontos para trabalhar, pois a obra do Senhor exige dedicação, zelo e perseverança.

3. Jesus escolhe pessoas humildes para a Sua obra

“E logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os jornaleiros, foram após ele.” (Marcos 1:20)

De fato, o Reino de Deus não se fundamenta em riquezas, status ou conhecimento humano, mas no poder do Espírito Santo.

“E respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Zc 4.6)

Jesus não recrutou Seus discípulos entre os mestres da Lei, os fariseus ou a elite religiosa da época. Pelo contrário, escolheram pescadores, homens simples da classe trabalhadora, para serem os alicerces de sua igreja.

O apóstolo Paulo registrou essa verdade ao dizer que “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as riquezas”.

“Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;” (1Co 1.26-27).

Isso mostra que o chamado de Cristo não depende das qualificações que o mundo valoriza, mas da disposição do coração.

John Charles Ryle reforça essa ideia ao destacar que os primeiros seguidores de Jesus não eram homens poderosos ou ricos. Isso prova que o avanço do Reino não acontece por meio de prestígio ou influência, mas pelo agir de Deus.

William Barclay também destacou que ninguém como Jesus confiou tanto no homem comum.

Essa verdade é refletida na famosa frase de Abraão Lincoln:

“Deus deve amar as pessoas comuns, pois fez muitas delas.”

Jesus não buscou estrelas, mas pessoas dispostas a serem moldadas e capacitadas pelo Espírito Santo.

John Wesley ecoou esse princípio ao afirmar:

“Dê-me cem homens que não temam nada senão a Deus e com eles abalarei o mundo.”

Essa lição nos ensina que Deus não precisa de pessoas cheias de si, mas de corações humildes, quebrantados e disponíveis para a batalha.

A grandeza do Reino não está na força humana, mas na dependência de Deus. Aqueles que se rendem ao Senhor, independentemente de sua origem ou conhecimento, podem ser usados ​​poderosamente para transformar o mundo.

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Indiara Lourenço

Com mais de 20 anos atuando na Pregação e Ensino, Indiara possui experiência em ministério infantil, jovem e feminino. Estudante de Teologia e ministra aulas na EBD. Mãe, esposa e serva que ama fazer a obra de Deus. Contagia a todos com sua alegria e inspira com palavras motivadoras, deixando um impacto positivo por onde passa.

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