Qual a importância da genealogia bíblica

Você sabe qual a importância da genealogia bíblica, ou porque ler um tema tão seco e desinteressante? 

A primeira vista, a genealogia bíblica não provoca muito interesse, mas, na verdade, ela contém tesouros escondidos para quem se dispõe a explorá-la. 

Por isso, ao mergulhar nas listas de nomes aparentemente intermináveis, logo descobrimos não apenas a história da linhagem de personagens bíblicos importantes, mas também pistas sobre a história de Israel e do mundo antigo

Além disso, estudar a genealogia bíblica nos ajuda a entender a continuidade da história da salvação ao longo dos séculos. 

Por exemplo, ela nos mostra como Deus cumpriu suas promessas de enviar o Messias desde os primeiros patriarcas até a chegada de Jesus Cristo. 

Neste artigo, vamos explorar a importância de entender a genealogia bíblica e como ela pode enriquecer a nossa compreensão da história e da mensagem das Escrituras.

Qual a importância da genealogia na Bíblia?

As genealogias nos mostram como Deus opera o seu plano histórico por meio de algumas pessoas. Em Gênesis, capítulo 5:1-32, por exemplo, podemos entender pela idade das pessoas que o plano divino era que o homem vivesse para sempre. 

Essas listas de nomes também serviam para inspirar os israelitas de várias maneiras como:

1- Estabelecer herança

Por meio dessa relação de nomes era possível incluir o direito de herança e de propriedade, como também o sacerdócio. Além disso, conhecer a genealogia era importante para definir quem seria o líder entre eles e que se destinavam ao propósito de Deus.

Podemos encontrar, por exemplo, que os semitas são descendentes de Sem (1Cr. 1: 24-27). No capítulo 11 de Gênesis encontramos os nomes provenientes dele. Foi da sua herança que saiu Abrão, vers. 27, o qual ouviu a voz de Deus separou para glorificar o seu nome.

Vemos também qual a origem dos filhos Cam que originou os povos do Egito, da Etiópia, do Norte da África e de Canaã. (Gn. 10: 19-20)

2- Estratégia de organização

No mundo antigo, já havia a necessidade de organizar a sociedade de maneira estratégica, por isso, vemos em algumas passagens a lista de nomes para:

  • Armar tendas;
  • Escolher espias;
  • Distribuir a terra (Js.13,7), entre outros.

3- Manter o povo em contato com Deus 

A importância da genealogia bíblica também tem relação com manter o povo em contato com a origem da sua fé. Uma vez que ela mostra ao povo qual a trajetória do seu relacionamento histórico com Deus.

Por exemplo, Abraão é considerado o pai da fé pelos seus descendentes tanto por parte de Isaac quanto de Ismael, pois foi no pai deles que Deus fez a promessa de abençoar todas as famílias da terra. (Gn. 12: 1-3)

Outro livro que trata das genealogias é o primeiro livro de Crônicas, do capítulo 1 ao 8, em que encontramos todos os descendentes desde Adão a Benjamim.

Podemos perceber, portanto, que os planos de salvação seguem a linhagem daqueles que mais demonstraram sua fé e confiança em Deus ao longo da história.

A importância para os judeus

Champlim, em Novo Dicionário Bíblico, explica:

“Dentro da cultura dos hebreus, as genealogias preservavam as identificações tribais e as possessões sob forma de terras, sendo muito importantes para uma cultura nitidamente agrícola. […] Seus registros contêm genealogias que se estendem por um período de mais de três mil e quinhentos anos, desde a história da criação de Adão até o cativeiro de Judá (cativeiro babilônico). Além disso, na obra de Esdras-Neemias vemos a mesma preocupação, referente ao período após o cativeiro.”

Jesus e as Genealogias

A abordagem de Mateus para demonstrar como Jesus cumpre o enredo do Antigo Testamento começa com uma genealogia. Você pode pensar: “Outra genealogia?” Mas não se apresse.

Lembre-se de que as genealogias do Antigo Testamento transmitem múltiplas camadas de informação aos leitores. Elas não apenas traçam árvores genealógicas, mas também nos ajudam a acompanhar as linhas sacerdotais e reais ao longo da história de Israel.

Podemos observar esses tipos de genealogias nos primeiros nove capítulos de Crônicas. De fato, é provável que o autor de Mateus tivesse em mente o livro de Crônicas e suas genealogias ao escrever seu próprio evangelho e iniciá-lo com uma genealogia.

Mas por que essa genealogia é importante?

Bem, vamos começar com a frase de abertura do livro. Mateus nos apresenta as duas pessoas-chave que são mais importantes nesta genealogia:

“O registro da genealogia de Jesus, o Messias, filho de Davi, filho de Abraão.” – Mateus 1:1

A partir desta declaração inicial, esperamos que esta árvore genealógica nos ajude a compreender não apenas o passado ancestral de Jesus, mas também sua identidade e missão. Jesus é chamado de filho de Davi e de Abraão. Trabalhando de trás para frente, a partir de Abraão, vamos ver como cada uma dessas pessoas molda a genealogia que se segue.

Filho de Abraão:

Ao chamar Jesus de “filho de Abraão”, o autor está conectando Jesus ao patriarca do povo de Israel. Abraão representa o momento em que Deus escolheu e separou sua família do restante das nações, conforme registrado no livro de Gênesis. Foi através deste povo israelita que Deus prometeu trazer bênçãos a toda a humanidade (Gênesis 12:1-3).

Ao ligar Jesus a Abraão, Mateus está chamando a atenção do leitor para a promessa do plano de resgate de Deus para o mundo. Ele quer que vejamos que Jesus é o tão esperado filho de Abraão que trará a bênção de Deus a toda a humanidade.

Um Rei da Linhagem de Davi:

A identidade de Jesus como descendente de Davi é o foco principal do evangelho de Mateus. Para entender a teologia de Mateus e o retrato que ele faz de Jesus, é necessário examinar como ele introduz Davi na história.

“Filho de Davi” é um termo que o autor de Mateus usa repetidamente. O versículo um é a primeira das dez ocorrências da frase no livro e destaca a linhagem real do rei Davi. O nome de Abraão aponta para a pertença ao povo de Israel. O nome de Davi nos diz que Jesus é da realeza.

O objetivo do autor pode ser visto pelo fato de que a ascendência de Jesus é traçada através do filho de Davi, o rei Salomão.

No evangelho de Lucas, a linhagem familiar é traçada através do filho de Davi, Natã. No entanto, o autor de Mateus não está apenas preocupado com a linhagem genética. Ele também está estabelecendo Jesus como sucessor real e herdeiro legítimo do trono do reino de Davi.

O autor traça a linhagem familiar de Salomão até Jeconias, o último rei da linhagem de Davi, que estava vivo na época do exílio.

14 gerações:

Pense nas seções distintas da genealogia de Mateus. Ela é dividida em três partes, cada uma cobrindo 14 gerações. Mas por que 14?

No hebraico, as letras também são usadas como números. O nome de Davi em hebraico é “דוד“, e, somando os valores numéricos das letras, obtemos 4+6+4=14, o valor numérico do nome “Davi”.

Mateus estruturou a genealogia de forma a ligar Jesus a Davi, tanto explicitamente como através do desenho literário da lista. Na verdade, Mateus quer enfatizar tanto essa associação que deliberadamente omite várias gerações da linhagem de Davi (três, para ser exato) para fazer os números funcionarem.

Mas Mateus excluiu algumas pessoas da genealogia?

Sim, mas isso não é controverso. Deixar de fora gerações para criar números simbólicos em genealogias é uma prática literária comum no hebraico, remontando às genealogias de Gênesis (as 10 gerações de Gênesis 5).

As genealogias antigas eram formas de fazer declarações teológicas, e os leitores de Mateus entenderiam exatamente o que ele estava fazendo e por quê.

Mateus não apenas fez ajustes numéricos, mas também ajustou alguns nomes para o mesmo propósito. Por exemplo, ele alterou os nomes de Asa e Amon para Asafe (o poeta dos Salmos) e Amós (o profeta).

Mateus está sinalizando para seus leitores, sabendo que eles reconheceriam esses nomes fora do lugar. A questão é que Jesus não apenas cumpre as esperanças reais de Israel, mas também as esperanças dos Salmos (Asafe) e dos Profetas (Amós).

Jesus pertence a uma linhagem de sucessão real que também abraça a rica tradição de adoração e profecia de Israel. Assim, os leitores são lembrados de toda a história de Israel ao encontrar Jesus pela primeira vez.

A ironia é que algumas traduções modernas não captam a jogada de palavras e, portanto, reverteram os nomes para seus referentes “originais”.

Mateus inclui ainda mais nesta genealogia. Observamos a presença única de quatro mulheres na genealogia de Mateus: Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba. Todas são não-israelitas ou estão ligadas a famílias não-israelitas.

Não é apenas incomum para Mateus listar esses nomes femininos numa genealogia exclusivamente masculina, mas essas mulheres em particular estão associadas a potenciais escândalos sexuais.

Mateus poderia ter destacado a conexão de Jesus com Sara, Rebeca e Raquel, as matriarcas de Israel. Mas em vez disso, ele menciona cananeus, prostitutas e mulheres moabitas, associadas ao pecado de Israel e ao fracasso da aliança.

Mateus quer que seus leitores reconheçam que Deus tem usado todos os tipos de pessoas para avançar com Seu plano.

Este retrato de um Deus e um reino inclusivos e em expansão continua além da genealogia de Mateus, no restante do seu evangelho. Ele continuará a incluir os rejeitados e os estranhos em sua família (veja a lista em Mateus 4:18-25).

Ao lermos a genealogia de Mateus, vemos a linhagem real de Jesus:

  • Ele é aquele que trará a bênção de Abraão ao mundo inteiro.
  • Ele é o filho real de Davi que todo Israel estava aguardando.
  • Ele é aquele sobre quem os profetas escreveram e os salmistas cantaram.
  • Ele será o rei de Israel que abençoará todas as nações do mundo, especialmente as estrangeiras.

Tudo isso nós sabemos porque Mateus nos apresenta numa genealogia que revela cuidadosamente a esperança que chegou em Jesus.

Genealogia bíblica, qual a importância dessa lista de nomes desconhecidos?

Essas listas de nomes que vemos em alguns livros da bíblia, servem para mostrar ao seu povo que Deus os escolheu para um papel de destaque na história da humanidade.

Em alguns momentos, essa relação de nomes serviam para incentivar os judeus que retornavam do exílio e ajudavam a se organizar para reconstruir sua história.

Era uma maneira de recontar a história daqueles que Deus usou para cumprir seus propósitos, como Davi, Moisés, Abraão, entre outros.

Foi por meio dessas genealogias que os judeus sobreviventes conseguirem acreditar que os planos de Deus para a vida deles, ainda estavam de pé.

Sem contar que nos ajuda a entender a história de Israel e do mundo antigo, obtendo informações sobre a migração das tribos israelitas, a divisão do reino, as conquistas de outras nações e as alianças feitas entre diferentes famílias e clãs. 

Além disso, podemos aprender como Ele preparou o caminho para a chegada do Messias. Por exemplo, a genealogia de Jesus Cristo, registrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas, mostra como Jesus era descendente de Abraão e Davi, conforme as profecias messiânicas do Antigo Testamento. (Mt.1: 1-16 e Lc. 3: 23-37)

Josiane Silva

Olá, eu sou a Josiane Silva, mãe, avó e procuro servir a Deus. Amo estudar a bíblia para compreender o comportamento humano. Afinal podemos aprender muito com as histórias dos outros, não é mesmo? Como gosto muito de ler e de escrever, também trabalho como redatora freelancer.

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