Setenta Semanas de Daniel: Explicação e Cumprimento da Profecia
As Setenta semanas de Daniel é uma das mais significativas e detalhadas profecias messiânicas do Antigo Testamento. Trata-se de uma profecia sobre o futuro de Jerusalém e a vinda do Messias.
Existem várias interpretações dessa profecia. Muitos acreditam que a última parte das 70 semanas será cumprida perto do fim dos tempos.
Nenhum a passagem do Antigo Testamento revela tanto os mistérios do plano profético de Deus para Israel e as nações quanto o livro de Daniel.
Explicação das Setenta Semanas de Anos de Daniel
69 semanas de anos x 7 anos em cada semana x 360 dias por ano = 173.880 dias.
5 de março, 44 a.C. (decreto de Artaxerxes) + 173.880 dias = 30 de março, 33 d.C. (a entrada triunfal).
Verificação:
444 a.C. a 33 d.C. = 476 anos
476 anos x 365.2421989 dias = 173.855 dias
- dias entre 5 de março (decreto de Artaxerxes) e 30 de março (a entrada triunfal) = 25 dias Total = 173.880 dias
Fundamentação para os Anos de 360 dias:
1/2 semana (ou 3 1/2 anos) — Daniel 9.27
1.260 dias — Apocalipse 11.3; 12.6
42 meses — Apocalipse 11.2; 13.5
42 meses = 1.260 dias = tempo, tempos, metade de um tempo = meia semana
Portanto, um mês = 30 dias; um ano = 360 dias
A Profecia das Setenta Semanas de Daniel
Shavuah (Hebraico) = Setes.
Em particular, a profecia das setenta semanas em Daniel 9.24-27 apresenta a chave cronológica indispensável para a profecia bíblica.
A profecia diz respeito tanto ao início quanto ao fim da “destruição de Jerusalém” (desde a conquista dos babilônios até o segundo advento de Cristo) e define este período como “os tempos dos gentios” (Lc 21.24), depois do qual o tempo de restauração de Israel terá início. Então veja:
- Isaías 2.2-4;
- Zacarias 8.1-15;
- Zacarias 14.3-21.
A profecia das setenta semanas, portanto, pertence ao grande acervo de textos sobre a restauração profética, dados a Israel como consolo em seu cativeiro.
Estas profecias prometem a redenção messiânica por intermédio da dinastia de Davi em Jerusalém. Veja então:
- Isaías 40—66;
- Jeremias 30—33;
- Ezequiel 33—48.
A profecia das setenta semanas está incluída na parte do livro de Daniel que registra visões dos reinos terrestres futuros, tanto humanos quanto divinos (caps. 7—12).
Ela fornece um modelo profético para posteriores revelações escatológicas como o Sermão do Monte proferido por Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc 21), o sermão do “dia do Senhor” feito por Paulo (2 Ts 2), e a seção sobre a ira divina no livro do Apocalipse (Ap 6—19).
Os autores do Novo Testamento usaram a profecia das setenta semanas para predizer eventos futuros, de modo que nós também devemos interpretá-la de forma futurista.
O Contexto da Profecia das Setenta Semanas de Daniel
Daniel entendeu, a partir das profecias de Jeremias, que o exílio na Babilônia duraria setenta anos. Veja:
- Daniel 9.2;
- Jeremias 25.11;
- Jeremias 29.10.
Ele reconheceu que a restauração dependia do arrependimento nacional (Jr 29.10-14), de modo que Daniel intercedeu pessoalmente por Israel com penitência e petições.
Ele orou especificamente pela restauração de Jerusalém e do Templo (Dn 9.3-19).
Aparentemente, Daniel esperava o cumprimento imediato e completo da restauração de Israel com a conclusão do cativeiro dos setenta anos.
No entanto, a resposta que lhe foi entregue pelo arcanjo Gabriel (a profecia dos setenta anos) revelou que a restauração de Israel seria progressiva e se cumpriria definitivamente somente no tempo do fim.
A Abrangência da Profecia das Setenta Semanas de Daniel
Deus decretou que completaria a redenção messiânica dos judeus e de Jerusalém (incluindo os dois adventos de Cristo) em setenta semanas.
Ele apresentou seis objetivos da restauração que se cumpriria no decorrer deste tempo:
- “extinguir a transgressão”;
- “dar fim aos pecados”;
- “expiar a iniquidade”;
- “trazer a justiça eterna”;
- “selar a visão e a profecia”;
- “ungir o Santo dos santos”.
As setenta “semanas”, na realidade, são setenta semanas de anos, ou 490 anos.
Estes são divididos, portanto, em sete semanas (49 anos), 62 semanas (434 anos) e uma semana (7 anos).
A RESTAURAÇÃO COMPLETA
A restauração completa de Israel não se cumprirá com o retorno de um remanescente dos exilados depois dos setenta anos.
Em vez disso, Deus cumprirá as suas promessas sobre o futuro de Israel depois de 490 anos.
Os estudiosos cristãos conservadores aplicam esta profecia à vinda e à morte de Jesus, o Messias (Dn 9.25-26) e à “destruição da cidade [Jerusalém] e do santuário [Templo]”.
Estes eventos aconteceram depois das 7 semanas e das 62 semanas, ou 483 anos (segundo o calendário lunar judeu).
Os 483 anos começaram com o decreto de Artaxerxes a Neemias para reconstruir os muros de Jerusalém em 44 a.C. e terminaram com a morte de Cristo, em 33 d.C.
Os futuristas interpretaram, de maneira clássica, a septuagésima e última semana (no v. 27) como tendo início muito tempo depois do final da sexagésima nona semana.
Daniel 12 e os textos proféticos do Novo Testamento que se baseiam na profecia das setenta semanas mostram que os acontecimentos da septuagésima semana descrevem a Tribulação, incluindo a revelação e a destruição do Anticristo.
A Bíblia também chama este período de:
- Sete anos de tribulação;
- Dia do Senhor;
- Dia da ira;
- O Dia de aflição;
- Dia de angústia;
- Tempo de angústia para Jacó;
- Dia de trevas e de tristeza;
- Ira do Cordeiro.
A septuagésima semana completa a restauração de Israel no tempo do fim (Dn 12.4,9), de modo que se segue a era da Igreja (que é consumada pelo arrebatamento).
O esquema em Daniel retrata a perspectiva pré-milenar e pré-tribulacional das setenta semanas.
Isto é, mostra o arrebatamento tendo lugar antes da Tribulação, e a segunda vinda de Cristo antes do Milênio.
Embora nem todos os evangélicos se apeguem a uma interpretação de arrebatamento pré-tribulacional, eles concordam que o Anticristo surgirá durante a Tribulação, e poderá estar em uma posição de autoridade antes do arrebatamento, mas as pessoas não o reconhecerão como o Anticristo até que se inicie a Tribulação (2 Ts 2.6, 8).
A Interpretação da Profecia das Setenta Semanas de Daniel
A profecia das setenta semanas será cumprida quando os seus seis objetivos de restauração forem satisfeitos (Dn 9.24).
Os não futuristas afirmam que a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus cumpriram estes objetivos.
Por isso consideram que toda a profecia foi cumprida, consecutivamente, sem interrupção, entre a sexagésima nona e a septuagésima semana.
Alguns futuristas concordam que alguns dos objetivos redentores podem ter se cumprido no primeiro advento de Cristo, mas creem que outros objetivos não podem ser cumpridos isoladamente dos eventos que acompanham o segundo advento.
Por exemplo, ainda não vemos a resposta ao interesse central de Daniel que é o tempo do fim do cativeiro dos judeus e de Jerusalém (Dn 9.2).
INTERPRETAÇÃO NÃO FUTURISTA
A interpretação não futurista aponta para as revoltas temporárias dos judeus, mas todas elas foram mal sucedidas e acabaram levando à destruição da cidade e do Templo e ao exílio.
Isto, naturalmente, não oferece nenhuma solução ao pedido específico de Daniel pelo retorno do seu povo a Jerusalém e pela reconstrução do Templo (Dn 9.16-19).
Como resultado, os não futuristas geralmente partem da interpretação literal histórica e recorrem a um cumprimento simbólico: uma “restauração espiritual” que surge pela expiação de Cristo.
Gabriel prometeu a Daniel que aquele que destruísse o Templo seria completamente destruído (Dn 9.27), o que nunca aconteceu.
Em vez disso, Tito, o general romano que destruiu o segundo Templo juntamente com seu pai, o imperador Vespasiano, desfilou com os utensílios do Templo pelas ruas de Roma.
A destruição profética do destruidor do Templo no versículo 27 deve ocorrer literalmente, assim como a destruição do Templo no versículo 26 ocorreu literalmente e as referências messiânicas nos versículos 25-26 foram cumpridas literalmente.
Esta destruição é “decretada”, será, claramente, o resultado do juízo divino.
Portanto, somente a interpretação futurista que vê o destruidor do Templo como o Anticristo (2 Ts 2.3-4; Ap 11.1-2), com a sua destruição no segundo advento de Cristo (2 Ts 2.8-9; Ap 19.11-20), está em harmonia com esta profecia.
O Cumprimento Progressivo da Profecia
Diversos outros fatores também apontam para um cumprimento progressivo futuro destes objetivos.
Por exemplo, segundo Daniel 9.24, a profecia de setenta semanas é para todo o Israel e para Jerusalém.
Em outras palavras, não é uma promessa universal. Pois, ela prediz o futuro dos judeus em sua terra histórica.
Em resposta à oração de Daniel, um remanescente judeu retornou a Judá para restabelecer a terra e reconstruir Jerusalém e o Templo.
Além disso, um Messias judeu veio à terra de Israel para “expiar a iniquidade” (Dn 9.24).
Da mesma maneira como estes eventos se cumpriram literalmente, pode-se esperar que os seis objetivos proféticos das setenta semanas também se cumpram literalmente.
Estes seis objetivos não foram, portanto, cumpridos na Igreja neste século, pois, eles se aplicam à nação judaica, no século futuro.
A Missão do Messias
Os três primeiros objetivos dizem respeito aos pecados nacionais de Israel, e os três últimos têm a ver com a salvação.
O Messias cumpre estes objetivos no seu primeiro e no segundo advento.
O retorno de Israel, no final dos setenta anos, não “extinguiu a transgressão”, nem “deu um fim aos pecados”, nem “expiou a iniquidade”.
Os intérpretes judeus também sustentavam que o cumprimento final destes objetivos não fora cumprido com o retorno de Zorobabel e a restauração empreendida por ele, em 538 a.C.
Segundo o intérprete judeu Abarbanel, o pecado de Israel não requeria setenta anos, mas 490, por causa da transgressão à lei sabática (2 Cr 36.21).
Outros intérpretes judeus como Rashi e Metzudos afirmaram que isto se referia a um período posterior aos 490 anos, que, segundo acreditavam, tinham terminado com a destruição do segundo Templo.
A Morte do Messias
A profecia de Daniel revela claramente que o Messias veio e cumpriu a primeira parte da sua missão (os três primeiros objetivos) no tempo predito nos versículos 25-26, 483 dos 490 anos.
No versículo 26, o Messias é morto, e Jerusalém e o Templo são destruídos.
Isto aconteceu no final do período do segundo Templo, precisamente quando as fontes rabínicas esperavam que o Messias viesse.
A morte do Messias deu um fim ao pecado e expiou a iniquidade, conforme predito no versículo 24.
Este ato serve como base para a futura salvação de Israel, no segundo advento. Veja então:
- Zacarias 12.10;
- Mateus 24.30-31;
- Lucas 21.27-28;
- Romanos 11.26-27.
As palavras “tirado… e não será mais” podem querer dizer “sem herdar o reino messiânico” (v. 26).
Depois da morte e da ressurreição de Jesus, Ele disse que o reino ainda era futuro (At 1.6-7).
O Messias nas Setenta Semanas de Daniel
O cumprimento dos três últimos obstáculos espera o tempo do fim.
A expressão “trazer a justiça eterna” refere-se à restauração milenar ou “era da justiça”. Então veja:
- Isaías 1.26; 11.2-5; 32.16-18;
- Jeremias 23.5-6; 33.15-18.
Esta restauração escatológica também pode “selar a visão e a profecia”.
O último objetivo, “ungir o Santo dos santos”, deve considerar uma futura dedicação do Santo dos santos do Templo.
A interpretação rabínica relaciona isto ao terceiro templo.
Segundo Tosefta Sotah 13.2, o segundo Templo não tinha sido ungido porque não continha a arca do concerto nem a Shekin á (a presença divina).
Quando o Messias retornar em glória, edificará o Templo milenar (Ez 40 ao 48), e o encherá com a presença divina (Ez 43.1-7).
Ele o consagrará para uso, por toda a era messiânica. Veja:
- Is 56.6-7; 60.7;
- Jr 33.18;
- Ez 43.11, 18-27; 44.11-28; 45.13 ao 46.15;
- Zc 14-16-21.
Portanto, Daniel descreve a missão do Messias para com Israel, começando com a sua crucificação como o Salvador de Israel, e culminando com o seu reinado como o Rei de Israel.
Deus cumprirá todos os elementos da oração de Daniel na era futura do reinado do Messias.
O evento notável que leva à conclusão do programa messiânico para Israel na segunda metade da septuagésima semana é a “abominação desoladora”.
Um líder (chamado de “príncipe” como o Messias, no v.25) do povo (os romanos) que destruiu o segundo Templo faria um concerto com os líderes (os muitos) de Israel.
A natureza específica deste concerto não está clara, mas tem a ver com a reconstrução do Templo, de alguma maneira.
Jesus disse que a futura profanação do Templo seria o sinal inevitável para Israel no tempo da Grande Tribulação. Veja, então:
- Mt 24-15;
- Mc 13.14.
O apóstolo Paulo também usou este sinal com o evidência para a ascensão inequívoca do “homem do pecado” (o Anticristo) e do juízo de Deus, que viria na Tribulação. Veja, então:
- 2 Ts 2.9;
- Ap 13.11-15.
Com a destruição do Anticristo e seus exércitos por Cristo (Ap 19.20), e o arrependimento nacional de Israel (Rm 11.26-27), a restauração final de Israel e a exaltação de Jerusalém e do santuário de Deus, porque Daniel orava, se cumprirão. Veja então:
- Is 2.2-3; 4.2-6;
- Jr 3.17;
- Ez 37.24-28; 48.35;
- Zc 8.3-8; 13.1-2; 14.8-20.
O Propósito da Profecia das Setenta Semanas de Daniel
Daniel procurara os profetas e orara, pedindo uma resposta para o mistério que rodeava a desolação do Templo nos seus dias.
Ele aprendeu que os tempos dos gentios começaram com o cativeiro dos seus dias e terminaria com um império internacional, liderado por um futuro governante ímpio.
Deus revelou que isto aconteceria no tempo do fim e que o ato final da destruição do Templo assinalaria o juízo final de Deus contra as forças gentias.
Finalmente, Deus cumpriria todas as suas promessas a Israel. Então veja:
- Dn 2.44-45;
- Dn 7.17-27;
- E Dn 12.1,7.
CONCLUSÃO
Na profecia das setenta semanas, Deus nos dá a chave para o enigma profético do tempo do fim, de modo que possamos saber o que esperar e tenhamos confiança em nossos dias.
Referência Enciclopédia Popular de Profecias Bíblicas.