Como era a música nos tempos bíblicos
A música sempre ocupou um lugar importante nos tempos bíblicos. Ela estava presente nos momentos de alegria do povo.
A MÚSICA NOS TEMPOS BÍBLICOS
Para entendermos os judeus dos tempos bíblicos, precisamos vê-los como um povo que gostava imensamente de música. Mas eles não faziam música à nossa maneira hoje, em que um toca e outros ouvem.
A maioria deles tocavam seus instrumentos, cantavam e dançavam, não se limitando a escutar apenas.
Nos tempos bíblicos, quase toda reunião ou ocasião festiva servia de pretexto para se fazer música.
As atividades musicais variavam muito, desde corais bem ensaiados até espontâneas danças de rua. Eles levavam a vida muito a sério, mas também sabiam divertir-se.
A MÚSICA NO MEIO DO POVO DE DEUS
A lei de Deus continha muitas orientações que incentivavam a alegria e o divertimento. Logo nos primeiros capítulos da Bíblia, vemos a música ocupando um lugar importante na sociedade.
Os filhos de Lameque foram os iniciadores de três significativos segmentos sociais: os criadores de gado, os artífices e os músicos (Gênesis 4.20-22).
A música se tornou um excelente meio de comunicação entre os seres humanos, e destes com Deus. Os hebreus expressavam suas mais profundas emoções em composições poéticas, que cantavam.
A POESIA HEBRAICA
A estrutura da poesia hebraica não era baseada em ritmos, mas em formas de raciocínio, harmonia de ideias e antíteses.
Os antigos salmos eram sempre cantados, e geralmente com acompanhamento musical. Nem sempre era preciso haver uma ocasião especial para o canto coletivo. Era comum grupos de trabalhadores cantarem durante o trabalho.
A MOTIVAÇÃO PARA CANTAREM
Quando Deus prometeu a Moisés que daria água ao povo, ele os reuniu, e todos entoaram um cântico de louvor onde falavam do poço que Deus lhes dera e que os príncipes haviam cavado (Nm 21.16,17).
E tempos depois, quando da reconstrução do templo, os sacerdotes se apresentaram para louvar a Deus com cânticos. Tocaram címbalos e trombetas e cantaram em coro para louvor a Deus.
A letra desses cânticos falava de louvor e ações de graça. E quando foram lançados os alicerces do templo, todo o povo gritou em alta voz (Ed 3.10,11).
HABILIDADES DOS MÚSICOS
Muitos desses músicos eram bastante habilidosos e possuíam bom conhecimento musical.
O rei indicou alguns harpistas e tocadores de címbalos especificamente para serem os músicos oficiais (1 Cr 25.1,6).
E havia também os cantores, todos eles muito bem preparados, como os 288 que cantavam no tabernáculo (1 Cr 25.7).
Os músicos de Israel eram tão bons que, quando Senaqueribe, rei da Assíria, invadiu a terra, exigiu, para fazer o tratado de paz, que lhe entregassem alguns músicos, tanto homens quanto mulheres.
COMO DEUS USOU A MÚSICA NOS TEMPOS BÍBLICOS
Seria difícil precisar todas as vezes em que Deus fez uso da música para atender um de seus objetivos.
Sabemos que ele se utilizou de uma suave música (da harpa de Davi) para afastar os maus espíritos de Saul (1 Sm 16.23).
Além disso, através do cântico de Moisés, ele advertiu ao povo de Israel para que evitasse aqueles que estavam tentando corrompê-lo (Dt 31.30).
OCASIÕES ESPECIAIS PARA A MÚSICA NOS TEMPOS BÍBLICOS
As ocasiões especiais forneciam um motivo a mais para eles cantarem.
Um exemplo disso foi a época em que o rei Josafá reuniu o povo para entoar louvores a Deus e exaltar sua santidade, porque ele milagrosamente os tinha livrado dos moabitas e amonitas (2 Cr 20.20).
Após a famosa travessia do mar Vermelho também, Moisés e os filhos de Israel louvaram a Deus alegremente, porque ele havia lançado ao mar o cavalo e seu cavaleiro (Êx 15).
Outra ocasião em que eles cantaram para extravasar sua alegria foi o dia em que recuperaram a arca da aliança, que havia sido capturada pelos inimigos (1 Cr 16).
Eles saíram com liras e harpas, tocaram címbalos e fizeram soar as trombetas. E o rei Davi escreveu um salmo de ações de graça especialmente para comemorar o evento. Ao final dele, o povo gritava “amém” e louvava a Deus.
Alguns dos cânticos se incorporaram à sua tradição e folclore.
Na ocasião em que Davi derrotou os filisteus, seus feitos foram exaltados em cânticos pelas mulheres, o que irritou muito o rei Saul (1 Sm 18.6,7). É provável que elas tenham cantado em forma antifonal.
Um solista ou pequeno grupo de cantores dizia: “Saul feriu os seus milhares”, e um grande coral respondia cantando: “Porém Davi os seus dez milhares”.
COMPOSITORES NOS TEMPOS BÍBLICOS
Naquela época, os músicos não compunham suas cantigas com intuito comercial, como acontece hoje. E geralmente aqueles que cantavam entoavam suas próprias composições.
Provavelmente, os coros cantassem em uníssono, e não a muitas vozes, como se faz em nossos dias, mas isso não quer dizer que eles não ensaiassem. Tanto os solistas como os corais passavam muitas horas preparando seus números.
Um dos mais famosos compositores bíblicos foi o rei Salomão, um homem de muitos talentos, que escreveu cerca de 1005 músicas (1 Rs 4,32).
OS INSTRUMENTOS PARA A MÚSICA NOS TEMPOS BÍBLICOS
FLAUTA
A flauta antiga era um instrumento de madeira, e não de metal, que possuía apenas um orifício, pelo qual se controlava a altura do som.
Sendo um instrumento de sopra é um ancestral do clarinete. Seu tom musical bastante agudo era ideal para casamentos e funerais (Mt 9.23; Is 30.29).
Havia ainda outro tipo de flauta, parecida com a primeira e que era apreciada por pastores.
Às vezes era feita de madeira, às vezes de osso. Mas, geralmente não tocavam no templo.
SALTÉRIO (LIRA)
Era o instrumento que Davi tocava, feito de cordas montadas sobre madeira. Uma das madeiras usadas na confecção dele era o sândalo (1 Rs 10.12).
O saltério podia ter de 3 a 12 cordas. Nos dias de Josefo, fazia-se esse instrumento com dez cordas. O termo hebraico que designa saltério é kinnor.
TROMBETA
Constava de um tubo longa, suas pontas eram alargadas à semelhança da boca de um sino. Na maioria eram feitas de cobre ou de prata.
Nas cerimônias do templo, usavam-se sempre duas trombetas de prata. Mas houve ocasião em que os sacerdotes tocaram 120 (2 Cr 5.12).
SHOFAR
Tocado nas sinagogas, o shofar era um instrumento feito de chifre de carneiro de forma arredondada.
Foi ele que os israelitas tocaram por ocasião da queda das muralhas de Jericó (Js 6.20), e o termo ali empregado é yobel.
E o que Gideão e seus companheiros tocaram para pôr em fuga os midianitas também foi um shofar (Jz 7.16-22).
Mas, é importante lembrar que, a confecção dele não se poderia utilizar chifre de boi.
HARPA
A harpa era feita com um bojo de vidro ou de peles em cujas bordas se esticavam as cordas.
Mas havia também quem a montasse sobre bases de madeira ou metal. Geralmente se fabricava esse instrumento com dez ou vinte cordas.
TAMBORIL
Era um pequeno tambor semelhante ao pandeiro feito de um aro de madeira e peles de animais afixadas nele. Não era tocado no templo, mas muito apreciado nas festas e danças.
Na ocasião em que Davi mandou trazer a arca de volta a Jerusalém, esse instrumento foi um dos que se tocaram na comemoração (2 Sm 6.5).
CÍMBALOS (PRATOS)
Eram um importante instrumento do grupo de percussão, muito semelhante aos que existem hoje.
Como outros instrumentos próprios para a marcação do ritmo, eles eram mais utilizados em celebrações e festas do que nas cerimônias do templo.
ORQUESTRAS E BANDAS
Tanto em Israel como em outras nações, havia muitos grupos musicais organizados.
O rei Nabucodonosor era um dos que gostavam de ouvir bandas, bem como Davi (2 Sm 6.5) e outros governantes.
DANÇAS
Sendo um povo que apreciava a música rítmica, era difícil um israelita ficar parado ao ouvi-la. Por natureza, eles eram agitados e gostavam de expressar livremente as emoções, tanto as alegrias como as tristezas.
Muitas vezes os seus gritos de angústia eram tão ruidosos como os gritos de alegria e ações de graça.
Certa vez o rei Davi dançou perante o Senhor (2 Sm 6.14), e o mesmo fizeram Miriã e um grupo de mulheres (Êx 15.20).
No passado, os israelitas costumavam dançar por ocasião dos festivais de colheita (Jz 21.19). Nos tempos neotestamentários, as crianças dançavam nas ruas (Lc 7.32). E, também houve dança na festa de comemoração da volta do Filho Pródigo (Lc 15.25).
Não se sabe exatamente como seriam essas danças, mas provavelmente eram como as danças folclóricas, e não como as de hoje, quando homens e mulheres formam pares para dançar.
A MÚSICA NA ERA CRISTÃ
Entre os cristãos também o canto teve papel muito importante nos cultos. O próprio Jesus cantava durante as cerimônias religiosas.
Por ocasião da última ceia, antes de sair para o monte das Oliveiras, ele e seus discípulos cantaram um hino (Mt 26.30).
É provável que tenham entoado os Salmos 115 a 118, ou 113 e 114, que costumeiramente se cantava na Páscoa.
Ao que parece, nos momentos de aflição, os cristãos obtinham renovadas forças através do cântico.
Quando Paulo e Silas estavam no cárcere em Filipos, eles buscaram consolo na oração, no louvor e no cântico de hinos (At 16.25), enquanto os outros prisioneiros resmungavam e praguejavam.
O INCENTIVOS AO CANTO NOS TEMPOS BÍBLICOS
Os primeiros cristãos davam muito valor ao cântico. Era uma maneira de abrir o coração para Deus e uns aos outros, bem como para promover a própria edificação.
Paulo aborda a questão da música em três trechos de suas cartas Efésios 5.18,19; 1 Co 14.15; Cl 3.16.
Ele aconselhava os crentes a entoarem salmos, hinos e outros cânticos espirituais. Ensinava que eles deviam cantar e tocar.
Nos dias da tribulação, descritos no Apocalipse, destacam-se diversas manifestações musicais. Há o cântico dos vinte e quatro anciãos que dizem:
“Digno és de tomar o livro…” (Ap 5.9), dos 144.000 que já no final da tribulação cantam um “novo cântico” (Ap 14.3), e dos vencedores, que cantam o “cântico de Moisés” também ao término da tribulação (Ap 15.3).
Para os judeus a música tinha origem divina, pois uma concepção tão bela só poderia ter vindo do céu.
Por isso, incorporaram-na a suas festas, às cerimônias do templo, às sinagogas, e depois, naturalmente ela passou a ser adotada na igreja.
Esse foi, portanto, nosso estudo de como era a música nos tempos bíblicos. Espero ter ajudado!