Quais são as 5 Ofertas em Levítico e Como elas Apontam para Cristo

Levítico é o livro que tem como tema principal o culto ao Senhor na Antiga Aliança e podemos tirar muitas lições dele. Nesse estudo, veremos quais são as 5 ofertas que aparecem em Levítico e como elas Apontam para Cristo.

Israel foi livre da escravidão do Egito, figura da escravidão do pecado, fez o Tabernáculo e estava ao pé do monte Sinai, onde Deus deu a Lei. Então foi armado o Tabernáculo e a glória do Senhor o encheu, em forma de nuvem de dia e de fogo à noite (Êxodo 40:34,38).

Ali deu Deus as instruções sobre o cerimonial de Levítico, que representa todos os detalhes da obra de Jesus Cristo na cruz. Quem estuda cuidadosamente este livro, descobre a verdadeira razão pela qual Jesus morreu crucificado.

A tipologia de Jesus no livro de Levítico está nas cinco ofertas no Dia da Expiação e nas festas do capítulo 23.

As cinco ofertas estão nos capítulos 1 a 7 e explicam tudo que foi realizado no Calvário. Formam um todo, mas podem ser estudadas separadamente.

Fatos a Respeito das Cinco Ofertas em Levítico

1 – Foram ordenadas ainda que eram voluntárias.
2 – Todas, exceto a de manjares, tinham sangue.
3 – Todas, exceto a de manjares, eram expiatórias.
4 – O sangue derramado era um sacrifício, a entrega de uma vida, uma substituição.

As Cinco Ofertas em Ordem

1 – O holocausto (com sangue).
2 – A oferta de manjares (sem sangue).
3 – A oferta pacífica (com sangue).
4 – A oferta pelo pecado (com sangue).
5 – A oferta pela culpa (com sangue).

Cristo como holocausto

Pela perfeita obediência até a cruz, Cristo satisfaz a justiça. Se o primeiro homem desrespeitou a Deus, o segundo o glorificou.

Pela obra da cruz veio mais glória para Deus do que a que Ele perdeu pela queda de Adão. Esta oferta é, portanto, a que vem em primeiro lugar.

Cristo e a oferta de manjares

Nesta aparece sua perfeição. Depois de apresentar o sangue precioso que nos deu a paz, Ele alegra a Deus pelo que é em si mesmo.

Cristo e a oferta de paz

Colocando-se entre Deus e os homens, Jesus Cristo nos trouxe a paz. Esta oferta encerra o significado da reconciliação.

Cristo e a oferta pelo pecado

O Evangelho ensina que Ele se ofereceu por nossos pecados e agora pode perdoar.

Cristo e a oferta de culpa

Uma falta, um pecado é considerado por Deus como uma dívida que tem de ser paga. É também um sujo ou impureza que deve ser lavada.

Com a sujeira não poderíamos ir ao Santo dos Santos, mas, Jesus Cristo se fez pecado por nós, para nos lavar. Seu sangue então “nos purifica de todo o pecado” (1 João 1:7b).

“Se alguém pecar, temos um advogado” (1 João 2:1b).

O livro de Levítico começa com a voz do Senhor chamando Moisés, da tenda da congregação (Lv 1.1b). Lembra a voz dos céus que disse: “…Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17b).

A exortação aqui não se dirige ao pecador perdido, mas aos que têm um pacto com Deus e aos corações movidos pela gratidão, a ponto de trazerem uma oferta a Deus.

Fala aos que voluntariamente desejam trazer alguma coisa que Ele aprova.

Aqui não se trata, portanto, de obrigação. Mas, quem quiser, ou seja, qualquer pessoa.

As Cinco Ofertas em Levítico e os Evangelhos

A oferta de manjares (sem sangue) representa a perfeição do Homem Jesus.

  • Mateus, apresenta o perfeito Messias de Israel;
  • Marcos, o Servo perfeito;
  • Lucas, o Varão perfeito;
  • João, o Filho de Deus feito carne.

As Quatro Ofertas de Sangue e os Quatro Evangelhos

Mateus – Oferta pela culpa

Cristo encontra o pecador no momento de sua necessidade, quando ele reconhece sua dívida para com Deus.

O livro se ocupa, portanto, com o pensamento do pecado como débito, ou uma ofensa ao governo divino.

Marcos – Oferta pelo pecado

A ênfase está no pecado como mancha. A oferta de pecado olha para a cruz.

Lucas – Oferta pacífica

A paz deve ser a base da comunhão com Deus.

Os capítulos 14 e 15 de Lucas mostram o caminho pelo qual Deus, em sua graça, vem ao encontro do homem e o atrai para si.

João – Holocausto

Nosso Senhor é a oferta queimada, dá-se a si mesmo, como um sacrifício de cheiro suave a Deus. Não há referência em João ao grito de angústia: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Este grito se refere ao pecado e à culpa. Só pode aparecer em Mateus e Marcos.

Não poderia vir, portanto, onde a morte é vista como aquilo que glorifica plenamente a Deus num mundo onde ele é desprezado.

Significação das Ofertas em Levítico

1 – Holocausto – consagração pessoal.
2 – Manjares – Consagração dos bens.
3 – Pacífica – Comunhão com Deus.
4 – De Pecado – Perdão.
5 – De Culpa – Restituição.

1. A Oferta de Holocausto (Levítico 1:1-17; 6:8-13; 7:8)

Essa oferta era diferente das outras quatro, porque nela a carne da vítima era toda queimada. Representa a consagração pessoal.

Um exemplo se acha nas igrejas da Macedônia que “…não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus” (2 Coríntios 8:5).

É, portanto, a consagração completa do próprio ser, para a obra de Deus.

Tipifica a obediência perfeita de Cristo.

a) Jesus foi tentado a evitar aquele propósito: por Satanás (Mt 4.8), pelos discípulos (Mt 16.21-23) e pelo povo (Jo 6.15).

b) Jesus fez a vontade do Pai (Lc 2.29; Jo 4.30; 5.30; 6.29; Hb 10.7).

c) Jesus teve um propósito fixo (Lc 9.5; 22.42; Jo 18.11).

2. A Oferta de Manjares (Levítico 2:1-16; 6:14-23)

Essa oferta é diferente das outras quatro em cinco pontos:
a) Não era uma vida.
b) Não tinha sangue.
c) Não recebia imposição de mãos.
d) Não havia substituição.
e) Não era pelo pecado.

Por a mão na cabeça representava identificação do ofertante com a vítima. Na oferta de manjares, não havia substituição do culpado por um inocente.

Esta oferta representa a consagração dos bens. Era, portanto, um presente, uma dádiva de gratidão a Deus.

Mas, então, o que tinha na Oferta de Manjares?

Consistia em alimentos: flor de farinha, óleo, sal e espigas tostadas. Junto com estes vinha o incenso. Não era uma coisa rara, mas uma substância que todos podiam ter em casa.

O que representava cada elemento da Oferta de Manjares?

1 – Flor de farinha, a melhor farinha. Para chegar àquele ponto, era preciso esmagamento do trigo, que lembra o sofrimento de Jesus.

2 – Óleo ou azeite representa o Espírito Santo (At 10.38; Hb 1.9).

3 – Incenso representa a oração (Sl 141.2; Lc 1.10; Ap 5.8).

4 – Sal, incorrupção e preservação. Significa que a consagração não é temporária, é eterna e incorrupta.

Elementos proibidos na Oferta de Manjares:

1 – Fermento, que na Bíblia tem sentido de maldade, coisa rejeitada por Deus (1 Coríntios 5:7-8).
2 – Mel, coisa agradável e nutritiva, mas que, sob a influência do calor, azeda. Representa os sentimentos naturais, a bondade humana que nem sempre permanece.

Jesus como Oferta de Manjares.

Em Jesus Cristo não havia somente os sentimentos naturais, mas o amor divino, santo, aplicado ao homem.

Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim. (João 13:1).

Só o amor de Deus em nossos corações pode fazer existir em nós os sentimentos aprovados por Ele.

Em relação a Jesus Cristo, a oferta de manjares fala de sua perfeição. Pois, o santo se tornou homem perfeito, sem pecado nem falta.

Também faz lembrar Jesus como o pão da vida, o pão que desce do Céu para nos alimentar.

O holocausto, com sangue, redimiu o pecador, e a oferta de manjares com sua perfeição alimenta e sustenta os salvos pelo sangue.

A humanidade de Cristo não terminou com a morte na cruz, mas, Ele continua sendo homem perfeito e santo.

Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. (1 Timóteo 2:5).

3. A Oferta Pacífica (Levítico 3:1-17; 7:11-34)

Diferente de todas as outras, porque nela o ofertante comia uma parte. Na de holocausto tudo era queimado para Deus. Já nas outras três ofertas, o sacerdote tirava uma parte para si e seus filhos.

Representa a oferta pacífica – a comunhão com Deus.

Então, nesta oferta podia se trazer para sacrifício:

  • Um novilho ou novilha (Levítico 3:1-5);
  • Um cordeiro (Levítico 3:6-11);
  • Uma cabra (Levítico 3:12-16).

Outro fato sobre essa oferta, é que não era permitido o sacrifício de pombos, como na do holocausto.

O pombo ou rolinha era de menor valor financeiro. Espiritualmente tem aplicação ao crente menos desenvolvido no conhecimento de Jesus Cristo. O crente que só sabe que Jesus é do Céu e que vai encontrar com Ele no Céu, não cresceu. Ou seja, não aprendeu a servir, não produziu o fruto do Espírito, não tem paz. Tal crente não faz a oferta pacífica.

Jesus Cristo cumpriu o sentido da oferta pacífica:

 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio… (Efésios 2:14).

E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. (Colossenses 1:20).

Detalhes da Oferta Pacífica:

O peito era comido pelo sacerdote (7.30,31). Peito, lugar de afeição. Somos agora sacerdotes e nos alimentamos do amor de Cristo que nos dá a paz.

A espádua direita (7.32) também pertencia ao sacerdote. A força representada pela espádua é o poder que vem do Senhor Jesus, para seus servos realizarem a obra do testemunho neste mundo.

O sangue pertencia a Deus (v 20). O sangue trouxe o perdão dos pecados.

Não pode haver comunhão sem perdão. O sangue de Jesus Cristo nos purifica. O ato de comer uma parte da oferta lembra, portanto, o significado da Ceia do Senhor.

Recebendo pela fé o que Jesus realizou na cruz, temos paz com Deus. O crente tem, portanto, obrigação de buscar a paz se quiser experimentá-la.

Aparte-se do mal, e faça o bem; Busque a paz, e siga-a. (1 Pedro 3:11).

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. (Filipenses 4.6,7).

4. A Oferta pelo Pecado (Levítico 4:1-35; 5:1-13; 6:24-30)

As ofertas de sangue têm duas classes: cheiro suave e restituição. Holocausto e oferta pacífica são cheiro suave para Deus. As ofertas de pecado e de culpa não são, porque têm lugar quando há alguma coisa errada perante Deus.

A oferta pacífica lembra a comunhão com Deus e uns com os outros. Mas enquanto a alma não vir Cristo tomar o lugar do pecador, não tem paz.

Diferenças entre a oferta de pecado e de culpa:

  • O pecado aqui significa impureza, fraqueza, condição. A culpa é um ato, uma dívida.
  • O pecado é a natureza má, a culpa, o erro.
  • O pecado torna o pecador rejeitado por Deus pelo que é. A culpa pelo que ele faz.

Em Isaías 41:24 Deus diz: “…sois menos do que nada e a vossa obra é menos do que nada…”.

Menos do que nada é quantidade negativa, como o exemplo de quem tem dívidas e não tem cobertura para estas dívidas, suas finanças são menos do que nada.

Este é o valor do homem para Deus. Sendo menos do que nada, precisa então da oferta de pecado, para se habilitar perante Deus.

Na morte de Jesus foi cumprida a oferta de pecado. “Deus o fez pecado por nós” (Hebreus 9 e 10).

O pecado referido nesta oferta é entendido pela expressão: “pecar por ignorância” (Lv 5.15). É um pecado não deliberado.

Desde que Jesus morreu, só há um pecado deliberado, é a rejeição do Filho de Deus. Todos os outros são cometidos por ignorância.

Pedro disse aos que o crucificaram: “Pela vossa ignorância fizestes isso” (Atos 3:17). Paulo declarou: “Nenhum dos príncipes deste mundo o conhece; porque se o conhecessem nunca crucificariam ao Senhor da Glória” (1 Coríntios 2:8).

A oferta de pecado é daquele que deseja ser salvo. Quem recusa trazer a oferta de pecado, tem um pecado deliberado. É o caso tratado em Hebreus capítulo 6. Não se refere a um cristão falhar, mas à atitude de um esclarecido da verdade que volta a recusar o Filho de Deus como Salvador.

“Do pecado, porque não crêem em mim” (João 16:9).

5. A Oferta de Culpa (Levítico 5:14-16; 6:7; 7:1-7)

A oferta de culpa apresenta o primeiro aspecto da obra de Cristo na cruz. Vem ao encontro do medo do pecador que dizia ansioso: “Como me salvarei das consequências de meu pecado?”

Cada pecado é uma ofensa à majestade do céu e uma falta contra o governo santo de Deus. Mesmo que seja contra o homem, é primeiro contra Deus.

Davi pecou contra Urias, mas diz: “…contra ti somente pequei…” (Sl 51.4a). Depois clama com fé na cruz do Cristo que havia de vir: “Purifica-me com hissope, e ficarei puro: lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve” (v 7). Este é, portanto, o aspecto da cruz que nos vem com a oferta de culpa.

A razão de ser desta oferta está em Levítico 5:15; 6:7. A oferta tinha de ser “um carneiro sem mancha, conforme o valor em siclos de prata”.

Esta parte era a expiação da culpa. Ainda trazia o ofertante uma restituição especificada como “o quinto” (a quinta parte do valor do carneiro). Esta parte era para o sacerdote.

Uma coisa contra o Senhor era restituída ou paga com a oferta de pecado.

Quando o culpado reconhecia sua culpa, trazia não só o valor, mas o quinto como acréscimo para o sacerdote.

Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; (Romanos 5.20).

Deus recebia mais por causa do pecado do homem do que receberia senão houvesse pecado. Recebe mais glória do que a que perdeu.

Como a Oferta de Culpa aponta para Cristo

O valor da obra de Cristo no Calvário não vai só ao encontro de todos os pecados dos que crêem nele, mas alcança todos os arrependidos em todo o Universo.

Cumprindo a oferta de culpa é que Jesus é chamado Cordeiro.

No holocausto podia haver quatro animais a escolher, na pacífica, era gado ou gado miúdo, macho ou fêmea. Na oferta pelo pecado, era oferecido uma cabra, mas pela culpa, só “um carneiro sem mancha”.

Jesus foi apresentado como “…o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29b). É “um Cordeiro, como havendo sido morto” (Ap 5.6a). “…como um cordeiro foi levado ao matadouro…” (Is 53.7b).

O Salmo 69 é o salmo de oferta de culpa.

O versículo 9 é a confissão de nossos pecados ao Senhor.

Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim. (Salmo 69:9).

Os versículos 20 e 21 descrevem o sofrimento do Salvador.

Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo; esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei. Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre. (Salmo 69:20-21).

O versículo 31 mostra a superioridade do Calvário sobre os sacrifícios do tempo da Lei.

Isto será mais agradável ao SENHOR do que boi, ou bezerro que tem chifres e unhas. (Salmo 69:31).

Equipe Redação BP

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