Quem escreveu o Gênesis na Bíblia?

O livro de Gênesis é o primeiro livro da Bíblia, sendo um dos textos mais antigos e fundamentais para as tradições judaica e cristã. Ele narra desde a criação do mundo até a história dos patriarcas, como Abraão, Isaque, Jacó e José. Mas uma dúvida comum entre estudiosos, leitores e curiosos é: quem realmente escreveu o Gênesis?

A resposta a essa pergunta envolve fé, história, arqueologia e crítica textual. Vamos explorar as principais teorias e compreensões sobre a autoria do Gênesis.

A autoria tradicional: Moisés como autor

Por muitos séculos, tanto no judaísmo quanto no cristianismo, a autoria do Gênesis (e dos outros quatro livros seguintes: Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) se atribui a Moisés. Esses cinco livros são chamados de Pentateuco ou Torá.

Por que Moisés?

Moisés foi um líder central na história do povo de Israel. Ele teria vivido por volta do século XIII a.C., sendo o responsável por libertar os israelitas da escravidão no Egito e conduzi-los até a Terra Prometida.

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A tradição aponta que, durante essa jornada, ele teria escrito os cinco primeiros livros da Bíblia, inclusive o Gênesis, com base em revelações divinas e registros orais que já circulavam entre o povo hebreu.

Além disso, há passagens na própria Bíblia que indicam Moisés como o autor de certas leis e relatos. Por exemplo:

“E escreveu Moisés todas as palavras do Senhor.” (Êxodo 24:4)

Essas e outras referências sustentam a visão tradicional da autoria mosaica.

A crítica moderna: múltiplas fontes

A partir do século XVIII, com o surgimento da crítica bíblica e dos estudos acadêmicos da Bíblia, muitos estudiosos começaram a questionar a autoria de Moisés. Surgiu então a chamada Hipótese Documentária.

O que é a Hipótese Documentária?

Segundo essa teoria, o Pentateuco, incluindo o Gênesis, foi formado por várias fontes independentes, escritas em épocas diferentes e unificadas por editores posteriores. Essas fontes teriam estilos, vocabulários e teologias distintos.

As principais fontes são:

J (javista): escrita no Reino de Judá, por volta do século X a.C. Usa o nome “Yahweh” (Senhor) para Deus.

E (eloísta): escrita no Reino de Israel, no século IX a.C. Usa o nome “Elohim” para Deus.

P (sacerdotal): com foco em genealogias, leis e rituais. Teria sido escrita durante ou após o exílio babilônico.

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D (deuteronomista): associada ao livro de Deuteronômio e à reforma religiosa do rei Josias.

Como isso afeta o Gênesis?

Segundo essa visão, o Gênesis teria sido composto a partir das fontes J, E e P. Por exemplo, os dois relatos da criação (Gênesis 1 e Gênesis 2) são diferentes em estilo e ordem dos eventos, o que seria resultado da fusão de diferentes tradições.

Contrastes entre os dois relatos da criação

Para muitos estudiosos, os dois primeiros capítulos do Gênesis são um exemplo claro de que o texto foi compilado a partir de diferentes fontes:

Gênesis 1 apresenta a criação em seis dias, com Deus criando o homem e a mulher ao mesmo tempo.

Gênesis 2 apresenta um relato mais narrativo, com Deus moldando o homem do barro, depois criando a mulher a partir da costela do homem.

Essas diferenças não necessariamente contradizem uma à outra, mas refletem estilos literários e teológicos distintos.

E quanto à arqueologia?

A arqueologia tem contribuído para o entendimento do contexto histórico do Antigo Testamento. Inscrições antigas, como as descobertas em Ugarit, Mari e Ebla, mostram que muitos temas, nomes e tradições do Gênesis têm paralelos em outras culturas antigas do Oriente Médio.

No entanto, não há evidências arqueológicas diretas que confirmem a autoria de Moisés ou a exatidão literal dos eventos do Gênesis. Ainda assim, muitos acreditam que as tradições orais podem ter sido baseadas em eventos reais reinterpretados ao longo do tempo.

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A visão das religiões sobre a autoria

Judaísmo

A tradição judaica continua atribuindo a autoria da Torá a Moisés, conforme a herança religiosa transmitida ao longo dos séculos. Nas sinagogas, a leitura semanal da Torá segue essa perspectiva.

Cristianismo

A maioria dos cristãos, especialmente os mais conservadores, também aceita a autoria mosaica do Pentateuco. Já entre cristãos mais liberais ou estudiosos acadêmicos, há abertura para a hipótese das fontes múltiplas.

Islamismo

O Alcorão menciona Moisés (Musa) como um grande profeta e reconhece que ele recebeu revelações divinas. Embora não tenha citação direta do Gênesis, há relatos semelhantes às histórias dos patriarcas.

É possível conciliar fé e crítica?

Muitos crentes veem as descobertas da crítica textual não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de compreender melhor a riqueza e profundidade dos textos bíblicos.

Aceitar que o Gênesis pode ter sido escrito por várias mãos não diminui sua autoridade espiritual, mas mostra como ele foi cuidadosamente preservado, editado e transmitido ao longo das gerações.

Além disso, a mensagem central do Gênesis, a criação por um Deus único, a dignidade humana e a aliança divina com os patriarcas, permanece intacta, independentemente da autoria exata.

SIGNIFICADO DE GÊNESIS

O termo Gênesis vem da Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento, e significa “origem” ou “começo”.

O livro justifica o título de três maneiras:

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1. Como história

Conta o desenrolar da criação, dos primórdios da civilização, do dilúvio e das origens do povo escolhido de Deus.

2. Como revelação

Ensina as verdades básicas sobre Deus e o ser humano:

  • Com respeito à salvação, fala primeiro sobre a entrada do pecado no mundo por intermédio da queda;
  • Depois, da impossibilidade total da humanidade de se salvar, culminando com o dilúvio;
  • Finalmente, da escolha que Deus fez de uma família por meio da qual abençoaria todas as famílias do mundo.

O propósito redentor de Deus, prenunciado no jardim do Éden (Gn 3:15), destaca-se aqui e ali com nitidez cada vez mais intensa à medida que o livro prossegue.

Gênesis é o relato da necessidade de salvação do ser humano.

E, das primeiras etapas do maravilhoso plano de Deus para a redenção da humanidade.

3. Como ensino prático

Apresenta-nos personalidades de grande importância religiosa e universal, tais como Abel e Caim, Noé, Abraão, Jacó e Esaú e José.

Com suas histórias inesquecíveis, o livro nos ensina lições de valores eternos, mostrando o agir de Deus na vida do ser humano.

QUEM ESCREVEU GÊNESIS

A autoria do Pentateuco, ou Cinco Livros, dos quais Gênesis é o primeiro, atribuído a Moisés pela tradição universal dos judeus.

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Foi prontamente aceita pelo Senhor Jesus, que a endossou com sua própria autoridade (Marcos 12.26; João 5.46,47).

Não discutiremos aqui as perguntas levantadas pela crítica, mas podemos fazer as seguintes considerações:

A) Datar a composição do Pentateuco para séculos depois de Moisés significa muito mais que julgar sua autoria.

É desconsiderar o Pentateuco como história verídica e questionar a veracidade de grande parte da história bíblica.

B) Existe uma comprovação externa importante que sustenta o Pentateuco como relato histórico, a saber, o retrato que ele fez dos costumes do Antigo Oriente.

A Arqueologia comprova que estes costumes eram exatamente como apresentados em Gênesis no período relatado, mas que, em vários aspectos, sofreram grandes transformações bem antes do exílio.

Quem foi o autor do primeiro livro da Bíblia?

Apesar da tradição dar a autoria a Moisés, o próprio Jesus reconhecia essa autoria. E, também há comprovações arqueológicas da data. Portanto, não há dúvidas que quem escreveu Gênesis foi Moisés.

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