O que é uma Seita: Definição e Características
Atualmente, a palavra “seita” é usada para designar religiões heterodoxas ou espúrias. É um termo desgastado e frequentemente carrega uma conotação pejorativa. Esses grupos surgem a partir de uma religião principal e seguem as normas de seus líderes ou fundadores, cujos ensinamentos divergem da Bíblia em pontos fundamentais da fé cristã. Representam uma ameaça ao cristianismo histórico e um problema para as igrejas, estando bem equipados para combater a fé cristã.
Jesus, durante seu ministério na Terra, profetizou sobre o surgimento de falsos mestres e advertiu seus seguidores sobre os perigos de se deixarem enganar por eles. Em Mateus 24:24, Ele declarou:
“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, até mesmo os eleitos”.
Essa advertência nos mostra que mesmo aqueles que se consideram fiéis e comprometidos com a fé podem estar suscetíveis à influência e manipulação enganosa de líderes e ensinamentos falsos.
Sendo assim, neste estudo bíblico, vamos conhecer o que é uma seita, suas características, alguns exemplos de seitas e como se proteger dos ensinamentos enganosos, através da Palavra de Deus.
Definição de Seita
Segundo o dicionário Dictionary.com, uma seita é definida como:
1. Um grupo ou facção religiosa pequena e distinta, considerada heterodoxa ou não convencional em relação às principais correntes religiosas.
2. Um grupo religioso que se separa de uma igreja maior ou de uma denominação estabelecida, geralmente devido a diferenças doutrinárias.
3. Um grupo ou movimento que segue um líder carismático e que pode promover crenças ou práticas consideradas estranhas, extremas ou perigosas.
O historiador Flávio Josefo e vários outros escritores antigos utilizaram a palavra “hairesis” no sentido de “escola” de pensamento, “doutrina” ou “religião”, sem qualquer conotação pejorativa.
O verbo grego “haireo“, do qual deriva este substantivo, significa “escolher“. Na literatura clássica, tem o significado de escolha filosófica ou política.
No entanto, no Novo Testamento, essa palavra também assume o sentido de “divisão” ou “dissensão“, como vemos em 1 Coríntios 11:19:
“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós”.
A Versão Almeida Atualizada traduziu como “partido”, a NVI como “divergências”, e a Tradução Brasileira como “facção”. A mesma palavra aparece em Gálatas 5:20, traduzida como “dissensão”.
No século I, essa palavra foi indevidamente usada para identificar os cristãos, mesmo durante a época dos apóstolos. O apóstolo Paulo foi chamado de “o principal defensor da seita dos nazarenos” (Atos 24:5). No entanto, Paulo rebateu afirmando:
“Mas confesso-te que, conforme aquele Caminho, a que chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei de Moisés e nos Profetas”
(Atos 24:14)
Ele não admitiu que o Cristianismo fosse uma seita, mas reconheceu que era assim chamado por aqueles que estavam de fora e não compreendiam a verdadeira natureza do Cristianismo.
É importante salientar que a palavra grega para “heresias” no Novo Testamento é a mesma para “seita”, hairesis. O termo “herege”, encontrado em Tito 3:10 (hairetikos), é um adjetivo derivado desse substantivo grego.
O sentido de erro doutrinário, como entendemos hoje no campo teológico, aparece pela primeira vez em 2 Pedro 2:1: “…que introduzirão sorrateiramente heresias destruidoras e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos rápida destruição”. É nesse sentido que estamos refutando essas heresias.
O que é uma seita segundo a bíblia?
Na Bíblia, o termo “seita” é usado para descrever um grupo religioso ou uma facção que se separa das crenças e práticas tradicionais. Geralmente, uma seita é caracterizada por ensinamentos ou doutrinas que estão em conflito com as principais correntes de pensamento religioso. A palavra “seita” é derivada do termo grego “hairesis“, que significa “escolha” ou “opção”.
O apóstolo Paulo faz referência a seitas em algumas de suas epístolas, como em Gálatas 5:20, onde ele lista as “obras da carne” e menciona “seitas” como um dos comportamentos condenáveis. No contexto bíblico, as seitas são vistas como divisões ou dissensões dentro da fé, que podem levar à distorção da verdade e à criação de doutrinas enganosas.
A Bíblia adverte os crentes a estarem vigilantes contra falsos mestres e falsas doutrinas que podem surgir através de seitas. Jesus Cristo e os apóstolos alertaram sobre a vinda de falsos profetas que enganariam as pessoas e as afastariam do verdadeiro caminho da fé.
4 Características de uma seita
1. Ignora ou distorce o Evangelho de Cristo
Uma característica distintiva e perigosa de uma seita é a sua tendência de ignorar ou distorcer o Evangelho de Jesus Cristo. Em sua busca por seguidores, muitos cultos negam a divindade de Jesus e promovem ensinamentos que levam as pessoas a uma eternidade separada de Deus.
A Bíblia é clara ao ensinar que a salvação é alcançada apenas pela fé em Jesus Cristo. Efésios 2:8-9 declara que somos salvos pela graça, mediante a fé, e não por obras, para que ninguém possa se orgulhar.
Algumas das seitas mais conhecidas, como as Testemunhas de Jeová e os Mórmons, colocam as boas obras como requisitos adicionais para a salvação, diminuindo a importância do sacrifício redentor de Jesus. Essa noção de que a fé não é suficiente é considerada heresia.
Essa característica dos cultos é tão significativa que o apóstolo Paulo expressa sua indignação contra os falsos profetas que distorcem o evangelho. Em Gálatas 1:6-9, ele adverte que qualquer pessoa, até mesmo um anjo do céu, que pregue um evangelho diferente, esteja amaldiçoada.
Essa palavra grega usada por Paulo implica uma condenação terrível, representando o destino mais sombrio e horrível que se pode imaginar.
Ao identificar essa característica de uma seita, é fundamental estar ciente das distorções do Evangelho e se apegar à verdade bíblica que ensina a salvação exclusivamente por meio da fé em Jesus Cristo.
2. Líder controlador e manipulador
Uma segunda característica comum das seitas é a presença de um líder controlador e manipulador que controla e manipula seus seguidores. Esses líderes exercem uma influência poderosa sobre a mente e as ações de seus adeptos, levando-os a cometer atos extremos em nome da seita.
Um exemplo trágico desse tipo de liderança é o caso de Jim Jones, fundador do Templo do Povo na década de 1950. Jones era um líder psicopata, manipulador e controlador, que atraiu seguidores em várias cidades dos Estados Unidos. Posteriormente, ele transferiu seu grupo para a Guiana, onde ocorreu um evento conhecido como o “Massacre de Jonestown”. Em 1978, Jones convenceu seus 918 seguidores, incluindo crianças, a cometer suicídio em massa através do consumo de uma bebida contendo cianeto.
No contexto cristão, os verdadeiros líderes são caracterizados pela humildade. Jesus Cristo, por exemplo, descreveu-se como “manso e humilde de coração” (Mateus 11:29).
A liderança cristã, orientada por Paulo a Timóteo, é baseada em qualidades. Como a irrepreensibilidade, fidelidade conjugal, temperança, autocontrole, respeitabilidade, hospitalidade, habilidade de ensinar, sobriedade, gentileza, não briguento e sem amor ao dinheiro.
Ao reconhecer essa característica de liderança manipuladora nas seitas, é fundamental buscar líderes humildes e orientados pelos princípios bíblicos, que sirvam como exemplos de retidão e amor ao próximo.
3. A maioria dos líderes tiveram origens cristãs
Uma terceira característica surpreendente das seitas é que muitos de seus líderes cresceram em um ambiente cristão. Fundadores notáveis de seitas, como Sun Myung Moon da Igreja da Unificação, Jim Jones do Templo do Povo, Moses David (David Berg) dos Filhos de Deus, Mary Baker Patterson Glover Eddy dos Cientistas Cristãos e Charles Taze Russell das Testemunhas de Jeová, tiveram origens cristãs.
Embora as razões pelas quais esses líderes abandonaram o cristianismo sejam diversas, algumas possibilidades incluem a percepção de uma suposta voz divina que os inspirou a começar algo novo, a influência de sussurros demoníacos, a manipulação intencional por parte de vigaristas que deturpam a Bíblia para confundir as pessoas, ou o orgulho e a grandiosidade que levaram à sua própria destruição.
Essa realidade serve como um lembrete importante de que nem todo líder religioso é necessariamente autêntico ou comprometido com a verdade bíblica. Portanto, é essencial discernir cuidadosamente as doutrinas e os ensinamentos propostos por essas seitas, comparando-os com a mensagem central do Evangelho e buscando uma compreensão clara e fundamentada nas Escrituras Sagradas.
4. Seus cultos são atraentes
Algumas pessoas observam a mediocridade religiosa ao seu redor e encontram nos cultos uma abordagem mais exigente, o que as torna mais atraentes.
Outros estão em busca de uma experiência espiritual nova ou mais profunda. Elas são atraídas por líderes carismáticos onde admiram sua crença de piedade superior.
Há também aqueles que são atraídos por movimentos que oferecem respostas claras e soluções sistemáticas para os problemas da vida.
Pessoas procuram mensagens que apoiam suas próprias crenças e desejos.
Muitos indivíduos passaram por experiências de divisão e desilusão em suas igrejas e juraram nunca mais voltar. Quando são expostos a um culto que parece ser novo e fresco, eles se sentem influenciados a se converter, pois estão abertos para uma mudança.
Paulo aborda esses motivos em 2 Timóteo 4:3-4:
“Pois chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo-se adaptados nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.”
Um grupo especialmente vulnerável são os jovens cristãos que podem ficar confusos com relação à verdade.
“Não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia de pessoas que induzem ao erro” (Efésios 4:14).
Ao compreender esses motivos, é importante estar atento e discernir a verdade diante de doutrinas enganosas. A busca pela sabedoria e um alicerce firme nas Escrituras ajudam a evitar cair em armadilhas de cultos e se manter na verdade.
Exemplos de seitas
Existem diferentes grupos religiosos e seitas que surgiram ao longo da história. Alguns exemplos de seitas mencionadas na Bíblia e outros movimentos religiosos são:
Fariseus e Saduceus: Na época de Jesus, esses eram grupos religiosos judaicos que tinham diferenças doutrinárias e interpretativas da Lei.
Gnósticos: O gnosticismo era um movimento religioso que surgiu nos primeiros séculos do cristianismo, combinando elementos cristãos com crenças místicas e filosóficas. Os gnósticos acreditavam em conhecimentos secretos para a salvação e rejeitavam a importância do corpo físico.
Ebionitas: Um grupo judeu-cristão que negava a divindade de Jesus e defendia a observância rigorosa da Lei Judaica.
Testemunhas de Jeová: Fundada no século XIX, as Testemunhas de Jeová são um grupo religioso que se considera cristão, mas difere das principais denominações cristãs em suas interpretações bíblicas e doutrinas, como a negação da Trindade.
Mórmons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias): Fundada no século XIX por Joseph Smith, os mórmons acreditam em um conjunto distinto de escrituras e ensinamentos que diferem do cristianismo tradicional.
Cientologia: Fundada em 1952 pelo autor L. Ron Hubbard, baseia-se nas obras de ficção científica de seu fundador para desenvolver um sistema de crenças. Os seguidos dessa religião acreditam na imortalidade e buscam evoluir espiritualmente até alcançar a iluminação. A Cientologia tem como objetivo ajudar os indivíduos a alcançarem um estado de clareza mental e espiritual, por meio de práticas e técnicas específicas. É importante ressaltar que as crenças e práticas da Cientologia são objeto de debate e controvérsias, sendo consideradas por alguns como uma seita ou uma organização controversa.
Maneiras de se proteger dos falsos ensinamentos
1. Estude as Escrituras para adquirir conhecimento sobre a verdadeira doutrina e ensinamentos bíblicos.
“A palavra de Deus é viva e eficaz, mais afiada do que qualquer espada de dois gumes” (Hebreus 4:12)
2. Não esqueça ou ignore o que você já aprendeu.
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa” (2 Tessalonicenses 2:15)
3. Desenvolva uma caminhada consistente e comprometida com Cristo, buscando crescer espiritualmente.
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” (Colossenses 2:6)
4. Ore, pense e busque o enchimento do Espírito Santo em sua vida.
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18)
5. Antes de sair de casa pela manhã, equipe-se com a armadura espiritual descrita em Efésios 6:10-18.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Efésios 6:13)
6. Use Tiago 4:7 como uma arma poderosa na guerra espiritual.
“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7)
Como ajudar alguém a sair de uma Seita?
- Reconheça o poder da oração e dependa do Espírito Santo para a cura e transformação do indivíduo.
- Entenda que, o dano causado em um contexto relacional, a cura também deve ocorrer em um ambiente seguro e saudável.
- Utilize as Escrituras como base e reserve tempo para ajudar a pessoa a identificar as distorções bíblicas específicas da seita em que estavam envolvidos, proporcionando um espaço seguro para discussões e questionamentos.
- Evite críticas, confrontos e discussões que podem fortalecer a resistência ou levar a um maior isolamento.
- Sempre que possível, dê uma dose de verdade sobre quem Deus é e como Ele nos vê, oferecendo uma perspectiva equilibrada e amorosa.
- À medida que a pessoa emerge para a liberdade, ajude-a a se conectar com uma igreja saudável e acolhedora, onde possa encontrar apoio e crescimento espiritual.
Ao seguir essas diretrizes, você pode desempenhar um papel importante na ajuda de pessoas envolvidas por alguma seita, facilitando sua desprogramação e auxiliando em sua jornada de restauração.
Conclusão
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)
Em conclusão, o estudo sobre as seitas nos leva a refletir sobre a importância de discernir a verdade, fortalecer nosso conhecimento bíblico e buscar uma relação íntima com Deus. Ao estar atento aos sinais de manipulação e má intepretação das Escrituras, podemos proteger nossa fé e encontrar liberdade na verdade de Cristo.
Que este conhecimento nos capacite a compartilhar a mensagem do Evangelho com clareza e discernimento, ajudando outros a encontrarem a verdadeira luz que está em Jesus.
Referência: Esequias Soares – Manual de Apologética.