A Obra Missionária Após o Pentecostes
A história da obra missionária da primeira igreja após o Pentecostes é uma narrativa emocionante e inspiradora, marcada pela descida do Espírito Santo e o poder transformador que isso trouxe à igreja.
Neste estudo, veremos os principais elementos que moldaram essa missão pioneira.
1. Causas da Obra Missionária da Primeira Igreja: A Descida do Espírito Santo
O ponto de partida da obra missionária da primeira igreja é um evento transcendental: a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Este acontecimento crucial não apenas marcou a transição da promessa à realização, mas também desencadeou uma revolução espiritual que reverberaria através dos séculos. Jesus, antes de ascender aos céus, instruiu Seus discípulos sobre o papel vital do Espírito Santo na expansão do Reino:
“Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8)
Este versículo revela a missão global da igreja: testemunhar o Evangelho em todas as regiões do mundo. A promessa do Espírito Santo não foi meramente uma bênção pessoal, mas uma capacitação divina para uma tarefa divina. Sem esse poder, a missão seria impossível.
O primeiro século tornou-se o palco onde essa promessa se cumpriu de maneira notável. Os primeiros oito capítulos do livro de Atos dos Apóstolos detalham o crescimento explosivo da igreja. Antes de se aventurarem além das fronteiras de Jerusalém, os discípulos receberam uma ordem específica de esperar por esse revestimento de poder conforme vemos em Atos 1:4:
“E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.”
Atos 1:4
Essa espera culminou no extraordinário evento de Pentecostes, onde o Espírito Santo desceu sobre os discípulos em línguas como de fogo (Atos 2). Esse poder transformador capacitou os discípulos para proclamar o Evangelho com ousadia e autoridade, resultando em milhares de conversões.
A descida do Espírito Santo não apenas impulsionou, mas definiu a missão da igreja. Ela não foi uma mera expansão geográfica, mas uma revolução espiritual. A obra missionária tornou-se uma resposta dinâmica ao poder do Espírito Santo, dando início a um movimento de missões que transcenderia gerações.
2. A Expansão Missionária da Primeira Igreja: Testemunhas até os Confins da Terra
A expansão missionária da primeira igreja, alimentada pelo poder do Espírito Santo, é uma narrativa empolgante registrada detalhadamente no livro de Atos dos Apóstolos.
Após serem cheios do Espírito Santo em Pentecostes, os discípulos não apenas contemplaram a mensagem de Jesus além das fronteiras da Palestina, mas tornaram-se instrumentos ativos na disseminação do Evangelho.
O apóstolo Paulo, indiscutivelmente o maior missionário da Igreja Primitiva, desempenhou um papel fundamental. Sua ousadia e dedicação o levaram a estabelecer igrejas nas quatro províncias romanas: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. O registro em 1 Coríntios 16:8-9 atesta a significativa contribuição de Paulo para o avanço do Evangelho:
“Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes, porque uma porta grande e eficaz se me abriu; e há muitos adversários.”
No entanto, a expansão missionária não se limitou ao ministério de Paulo. Atos dos Apóstolos apresenta uma galeria de homens e mulheres de Deus que desempenharam papéis vitais na propagação do Evangelho.
Barnabé, Pedro, Silas, Filipe, João Marcos, Apolo, Áquila, Priscila, entre outros, todos contribuíram para o testemunho do Evangelho além das fronteiras conhecidas.
Um destaque notável é o diácono-evangelista Filipe, que, guiado pelo Espírito Santo, foi o primeiro missionário transcultural ao compartilhar o Evangelho com o etíope eunuco (Atos 8:26-30). Esta passagem exemplifica a natureza inclusiva da obra missionária da primeira igreja, ultrapassando barreiras culturais e étnicas.
Assim, a expansão missionária da primeira igreja foi um testemunho vivo da promessa de Jesus em Atos 1:8, mostrando que o poder do Espírito Santo capacitou não apenas Paulo, mas uma comunidade diversificada de crentes a levar a mensagem redentora de Jesus a lugares distantes.
3. Deus Não Faz Acepção de Pessoas: Uma Missão Inclusiva e Global
O princípio fundamental de que “Deus não faz acepção de pessoas” permeia a missão da primeira igreja, evidenciando o amor divino por toda a humanidade. Este conceito de inclusão transcende barreiras étnicas, sociais e culturais, moldando a natureza global da missão cristã.
Pedro: Reconhecendo a Universalidade do Amor de Deus
O apóstolo Pedro, guiado pelo Espírito Santo, teve um momento crucial em sua jornada missionária ao interagir com o centurião Cornélio. Ele percebeu que o Evangelho não era exclusivo para um grupo específico, mas para todos os que temem a Deus:
“Então, Pedro, abrindo a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas.” (Atos 10:34)
Pedro, anteriormente limitado pela visão tradicionalista, reconheceu que o amor de Deus não conhece fronteiras. Isso não apenas abriu as portas para Cornélio e sua casa, mas estabeleceu um precedente para a missão global da igreja.
Paulo: Do Perseguidor ao Apóstolo dos Gentios
Saulo, que se tornou Paulo, personifica a transformação que ocorre quando alguém compreende a amplitude do plano salvífico de Deus. Escolhido para ser “apóstolo dos gentios”, Paulo dedicou sua vida a levar a mensagem do Evangelho a todas as nações:
“Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.” (Atos 9:15)
Paulo reconheceu a universalidade da mensagem redentora e, em suas epístolas, ressaltou a importância dessa verdade. Em 1 Timóteo 2:7 e Tito 2:11, ele destaca a oferta da salvação a toda a humanidade.
João: O Interesse de Deus na Salvação de Todos
O apóstolo João, em visões apocalípticas registradas no Livro do Apocalipse, testifica que Deus está interessado na salvação de todos os homens.
No Apocalipse 5:9-10, ele contempla uma multidão de todas as nações redimida pelo Cordeiro. Em Apocalipse 7:9, ele vê uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas.
Impacto na Missão da Primeira Igreja
O entendimento da natureza ilimitada do plano de salvação de Deus, aliado ao impulso do Espírito Santo, catapultou a missão da primeira igreja para uma escala mundial. Isso é visível no ministério de Pedro com Cornélio, no trabalho de Filipe em Samaria (Atos 8) e na igreja missionária em Antioquia conforme vemos em Atos 13:1-3:
¹ E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo.
Atos 13:1-3
² E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
³ Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
A missão apostólica de Paulo, conforme evidenciada em Romanos 15:22-29, ampliou-se para regiões distantes, incluindo Roma.
A mensagem unificadora era clara: o Evangelho não conhece fronteiras e é para todos. A missão da primeira igreja foi impelida por essa compreensão e se tornou um testemunho vibrante do amor universal de Deus.
Conclusão: A Chama da Missão Continua a Arder
A obra missionária da primeira igreja, após o Pentecostes, é um testemunho vibrante de como o poder do Espírito Santo pode transcender barreiras e inspirar uma missão global.
Essa chama continua a arder em nós hoje, convocando-nos a levar a mensagem transformadora do Evangelho a todos os povos, assim como aqueles pioneiros da fé fizeram há séculos.
Então, quero finalizar este estudo sobre a obra missionária após o Pentecostes deixando uma mensagem: que o impulso divino e a universalidade do plano de salvação de Deus continuem a ser nossas guias na obra missionária que ainda está diante de nós.